The New World escrita por xMissWalkerx


Capítulo 50
A Resolução - FINAL DA PRIMEIRA TEMPORADA


Notas iniciais do capítulo

******** Músicas recomendadas para escutarem durante o capitulo: ********

Walk Amongst The Dead - youtube.com/watch?v=-TtAYfDe3BU
Coda - youtube.com/watch?v=1nsX5Vnm018

Bom pessoal...é aqui que termino a primeira temporada de "The New World". Queria agradecer imensamente a todos os comentários que recebi nesse ano e queria dizer que são vocês que me inspiram cada vez mais a escrever.

A história não termina por aqui como bem sabem, e vocês serão avisados quando a nova temporada for "estrear" hahaha. E isso não vai demorar, eu prometo!
Ah! Meu twitter está disponivel para qualquer um que queira bater um papo!
@xmisswalker

É isso...bom capitulo e...



Peguem lenços.



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PONTO DE VISTA – ROB

(12 dias desde a infecção.)

— Qual é o intuito disso mesmo?! – Maggie me pergunta aos risos. Hershel ri sentado na cama.

— É só um hobby que eu tenho! Me ajuda a distrair. – eu explico pra ela ajeitando meu caderno de desenho em meu colo. Realmente, desenhar me ajudava a não ficar estressado – Desenhar pessoas é mais desafiador do que desenhar objetos.

— Entendi! – ela diz balançando a cabeça positivamente.

— Ele fez a mesma coisa comigo quando eu cheguei! – Glenn diz atrás de mim, encostado na soleira da porta.

— Deixa eu ver!  - Maggie estica a mão para meu caderno.

— Eu quero terminar de te desenhar! Para quieta, mulher! – digo rindo pra ela, que balança a cabeça.

— Antes eu quero ver o que esse artista é capaz! Vai que você me desenha feia?! – Ela responde e eu lhe entrego meu caderno, logo após rolar meus olhos.

— Acho difícil isso acontecer! – Glenn dispara e eu olho pra ele e levanto uma sobrancelha.

SAFADO!

O sorriso dele morre quando Maggie o encara com um sorriso fraco.

— Quer dizer...er...é que ele é muito bom no que faz então...er...logo seria difícil ele te desenhar feio! – Glenn fica vermelho e põe as mãos no bolso, Maggie solta um riso frouxo e Hershel e eu trocamos um olhar.

— São bons mesmo! Olha, achei você!  – ela diz impressionada apontando para o desenho que eu fizera de Glenn. Eu me sinto orgulhoso com meu trabalho.

— Pegou cada detalhe mesmo... – ela passa as mãos pelo papel, transitando o olhar entre Glenn e o papel. Depois, ela finalmente abre o caderno em uma folha em branco.

— Manda ver! – Maggie me entrega o caderno e eu sorrio pra ela, me posicionando melhor novamente.

— OK! Vamos começar! – digo começando a rabiscar algumas linhas na folha em branco.

— Onde está sua irmã? – Hershel pergunta a Maggie, que dá de ombros.

— Ela tinha ido buscar um copo d’agua, não? – ela responde.

— Eu vi ela indo com Mary até o portão. Talvez esteja fazendo companhia pra ela na vigia. – respondo aos dois, me lembrando de trocar de turno com Mary, que naquele ponto da história estava acompanhada de Beth.

— Pode confirmar por favor? – Hershel pergunta a mim e para Glenn, que é mais rápido em ligar seu próprio rádio. O que é bom pra mim, que continuei a desenhar.

— Mary? Na escuta? – Glenn pergunta ao rádio.

— Estou aqui – Mary responde alguns segundos depois.

— Beth está com você? – ele volta a perguntar.

— Estou! – A voz de Beth sai do rádio e Hershel sorri.

— Só estava conferindo. Ordens do seu pai! – Glenn diz soltando um riso frouxo logo em seguida.

 Imaginei! — ela responde.

— Ei... – Killian chamou. Ele estava sentado em seu colchão, com uma Enid que cochilava em seu colo. – Pergunte a ela se eu posso me levantar! Não aguento mais ficar com a bunda sentada nesse colchão!

Glenn ri e aperta o rádio novamente.

— Mary, Killian está perguntando se ele pode se levantar. Disse que não aguenta mais ficar sentado. – O asiático pergunta.

 Diga a ele pra não extrapolar. Não fique andando por horas a fio, beba muita água e volte pra tomar os remédios. Se sentir dor, se sente novamente.  – Mary responde pelo rádio.

— Ouviu, né? – Glenn diz a Killian, que sorri ao balançar a cabeça.

— Em alto e bom tom! – ele diz enquanto locomovia lentamente a cabeça de Enid para o colchão, para que se apoiasse nele.

Eu continuo a rabiscar em meu papel, já tinha o molde do rosto de Maggie.

— Noticias de seus amigos? – Killian diz quando finalmente fica de pé. Percebo que ele havia lançado a pergunta pra mim.

— Não...mas está tudo bem. Eles vão voltar logo! Carley não vai deixar o grupo ficar pra fora de casa até o anoitecer. Já são quase 16h, devem estar de volta em breve. – eu respondo, e eu quero mesmo acreditar nisso. Mas na verdade, estou tão preocupado que acho que a qualquer momento posso explodir.

PONTO DE VISTA – REY

(12 dias desde a infecção.)

 

Corríamos pela rua em um ritmo organizado. Todos em silêncio, olhando curiosamente para os lados a cada esquina que passava.

Te encontro em casa? Como assim?

Eu estava achando muito estranho o fato de Carley não ter pedido para esperarmos para que pudéssemos todos ir embora juntos. Logo ela que tem toda essa precaução...

Algo não me cheira bem.

— Caralho! Eu não lembrava que a gente tinha colocado esse carro tão longe assim! – Luke diz ofegante enquanto continuava a correr.

— Estamos quase lá. – Respondo automaticamente a ele, ainda perdido em meus pensamentos.

Será que aconteceu alguma coisa?

Eu não iria sossegar tão cedo.

— Então é isso? Voltaremos pro lugar de vocês? – Ken pergunta e eu dou de ombros.

— É o que ela disse, certo? – respondo, virando a próxima esquina. Luke e Ken me acompanham.

— Mas onde ficaremos? Não podemos sair por aí a noite! O plano era achar o nosso pessoal! – Luke responde, ainda se mantendo próximo a nós.

— Eu não sei o que se passa na cabeça da Carley, Luke. Se ela disse pra voltarmos e nos encontrarmos lá, é isso que vamos fazer! – eu digo e ele fica calado.

Continuamos a correr até finalmente chegarmos a onde nossos carros estavam estacionados. Abrimos as portas e entramos. Luke no volante, eu no passageiro e Ken nos bancos traseiros.

— Certo. Já que é pra ir embora... – Luke começa a dizer enquanto ligava o motor do carro. Eu rolo meus olhos.

Se ela falou que é pra ir, então é pra ir! Que saco!

O carro começa a se movimentar, decidimos pegar a mesma rota que usamos para ir até o shopping. Um silêncio se instala no carro por alguns poucos minutos.

— Quero agradecer por ter convencido sua amiga a nos ouvir. É difícil convencer as pessoas a ouvirem dois lados de uma história... – Luke quebra o silencio.

— Não foi nada. – respondo simplesmente. Fiz apenas o que acreditava ser o certo.

— Carley me disse que todos vocês são amigos da escola! Isso é bem legal. – Luke puxa papo e eu assinto.

— Pois é. Estudamos todos juntos na mesma escola desde os dez anos. Quando a escola acabou mantivemos contato. – respondo a ele, sorrindo com a afirmação.

— Aposto que sua amiga mais próxima é a Carley. Estou certo? – ele diz e depois afasta seu olhar da estrada para olhar pro meu rosto. Eu franzo o cenho.

— O que me entregou? – eu pergunto a ele, praticamente confirmando sua suposição.

Luke ri como se eu tivesse lhe feito uma pergunta idiota.

— Vocês tem uma ligação forte. As vezes eu acho que vocês dois são esquizofrênicos! Eu consigo ver uma comunicação acontecendo sem ver uma palavra saindo da boca de vocês! – ele diz aos risos. Eu sorrio também, até o momento que percebo que o sorriso de Luke morrera lentamente.

— Eu tinha um amigo assim também. Ele não está mais entre nós. – ele diz e depois respira fundo, apertando as mãos no volante.

— Sinto muito. – é tudo que consigo dizer. Luke dá de ombros levemente.

— É o que acontece nesse mundo, certo? Sempre achamos que vamos ter mais tempo...e aí o tempo acaba. – ele diz e eu não digo nada. Simplesmente não há o que dizer.

— É por isso que acho tão bacana vocês terem esse laço. Como isso aconteceu? Já gostou dela em algum ponto é?! – ele me cutuca e começa a rir, eu rio do absurdo que ele acaba de dizer.

Imagino Carley ouvindo isso agora. Ela ia dizer logo um “dá fruta que eu gosto, ele come até o caroço!”

Rio sozinho imaginando a voz dela ali, dizendo isso.

— Não! Nunca! – respondo – Ela foi a primeira amiga que tive quando me mudei para uma escola nova. Antes dos dez anos eu estudei em uma mesma escola até o momento que tive que me mudar, e é aí que Carley entra na minha vida.

— Entendi. Essas coisas ficam marcadas mesmo. – ele diz e eu assinto – Mas ela sempre foi assim, durona? Não pode fazer uma piada com aquela garota que ela já fica puta!

HÁ! ATÁ!

Não posso evitar de rir novamente.

— Carley é uma das pessoas mais engraçadas que já conheci! – eu falo, querendo deixar bem claro que o que ele disse é um absurdo.

— Isso eu duvido! – Ken diz no banco traseiro e Luke ri.

— Pessoas mudam. – eu digo simplesmente e o sorriso de Luke se torna fraco.

— Já isso, eu posso acreditar. – ele diz afirmando lentamente com a cabeça.

— Agora eu fiquei curioso! – Ken diz se inclinando pra frente, apoiando as mãos nos encostos dos bancos de passageiro e motorista – Como ela era antes?

— Também quero saber! – Luke diz entrando na brincadeira. Os dois trocam olhares divertidos e eu rolo meus olhos enquanto sorrio.

Se soubessem da missa o terço...

— Ela só ficou mais...precavida em relação as coisas! Ela não mudou tanto assim! – digo, mas sei que isso é uma grande mentira.

Carley havia sido a que mais mudou dentre todos nós.

~Flashback

— Dá pra sair do banho, cinderela?! Tem gente aqui fora que tá se mijando! – Carley gritava na porta do banheiro, dando socos na madeira.

— Estou saindo! Estou saindo! – digo terminando de arrumar meu cabelo. Abro a porta alguns segundos depois. Dando de cara com ela.

— Finalmente! Achei que você tinha dado PT aí dentro! – ela passa pra dentro do banheiro. O som abafado da festa que acontecia no andar superior da casa de Rob podia ser ouvido mais facilmente agora que a porta estava aberta.

— Se eu tivesse apagado, eu não teria te respondido! – digo e ela dá risada.

— Vai saber! Você dorme de olho aberto, quem sabe mais o que você faz inconsciente! – ela diz rindo enquanto me empurrava porta afora, batendo a mesma logo em seguida.

Eu encosto minhas costas na porta. E fico pensativo enquanto escuto o barulho de seu cinto sendo tirado dentro do banheiro.

— Ei! – a chamo.

— Deus me ajuda com esse menino que não me deixa nem mijar mais! – ela diz e eu gargalho, agora ouvindo o som que confirmava que ela estava fazendo o número 1.

— Acha que devo terminar com ele? – pergunto passando a mão pela testa.

— Você disse que queria isso, não é? – ela diz de dentro do banheiro.

— Eu sei! Mas...não sei ao mesmo tempo. – digo confuso. Escuto o barulho da torneira.

— Se eu fosse você, já tinha terminado a décadas. – ela diz e eu suspiro.

— Mas a diferença é que você nunca gostou dele, né?! – respondo a ela e ouço a porta ser destrancada. Eu deixo de me apoiar na madeira e me viro de frente para a mesma.

A porta se abre e revela uma Carley chacoalhando as mãos molhadas ao vento.

— Isso é mentira! Eu nunca disse que não gostava dele! – ela se defende, apagando a luz do banheiro e saindo para fora.

— Nem precisa né! Você faz o sinal da cruz quando ele vira de costas, sua maldita! – dou um soquinho no ombro dela que dá risada.

— Tem tanto peixe nesse mar e você escolhe logo um baiacu! Tenha santa paciência né! – ela passa por mim e vai até a cozinha, se servir de um copo d’agua. Sento no banco em frente ao balcão da cozinha, rindo como nunca.

— Acho que você já tá ficando bêbada, isso sim!  - digo em meio aos risos.

— Tequilas me fazem dizer a verdade, Darling! – ela diz erguendo seu copo de água pra cima, se juntando a mim nas risadas.

— Agora sério... – ela põe o copo na pia e depois se vira de frente pra mim, deixando apenas um rastro de sorriso em seu rosto – Ele não faz bem pra você, Rey. Por isso eu nunca gostei dele.

— Eu sei... – digo abaixando a cabeça, ela põe a mão no meu queixo e levanta meu rosto para que eu olhasse pra ela.

— Não abaixa a cabeça, princeso. Se não a coroa cai! – ela diz e eu rio novamente de sua graça. Ela sorri, mostrando aquela fileira de dentes que constituía seu lindo sorriso.

— O cara é um necessitado! Não é só de mim que ele não é muito fã, da Mary também não! E da Maddie, do Harry, do Matt, do Derek, da Julia...todo mundo! Eu suspeito que ele só gosta do Rob porque já quis pegar ele em algum momento! – Carley diz e eu dou um tapa na minha testa, me lembrando que Rob e meu atual “quase ex-namorado” quase ficaram.

— Ele vem nas festas pra ficar de olho em você! Ele não te deixa fazer suas coisas, te limita e ainda por cima quer saber onde você está a todo tempo! O nome que se dá pra isso é CÁRCERE e não relacionamento! – ela diz abrindo os braços e eu balanço minha cabeça, em silencio.

— Sei que não sou a melhor pessoa pra dar conselho amoroso, até porque dá pra eu contar nos dedos de uma mão as pessoas com quem me relacionei. Mas uma coisa que eu consigo ver com muita clareza é quando você tá feliz e quando não está, tô errada? – ela diz e eu nego com cabeça.

— Não. – digo com toda a certeza do mundo – Você tá certa. Vou acabar com isso.

— Para de ser trouxa, resolve essa merda com ele! Vamos até tomar uma outra tequila agora! – ela diz dando um tapa no balcão, eu rio.

— Já tomamos quatro! – eu digo aos risos.

— E daí?! Foda-se! Elas não bateram ainda! Quando bater eu vejo o que eu faço...talvez beba outra em comemoração! – ela diz passando um braço em volta do meu ombro.

— E eu te acompanho! – falo, me sentindo de repente muito feliz.

— Sempre né?! – ela diz e ambos rimos.

— Sempre! – respondo em meio aos risos.

— Esqueci de adicionar em meu comentário que tem peixes mais bonitos no oceano também! – ela diz se desvencilhando do nosso abraço lateral.

— Ele não é tão feio assim! – respondo cruzando meus braços.

— Sei lá! Ele é estranho! Parece uma...barata. – ela diz e eu rio alto. Carley se mantém estática, com olhos arregalados encarando algum ponto aleatório.

— BARATA?! – falo – que criatividade!

— Uma barata. – ela diz séria sem se mover e eu não entendo.

— Tá louca, sua cachaceira?! – digo dando um tapa na nuca dela.

— Sua burra, tem uma FUCKING barata ali! – ela pega meu rosto e vira da direção que ela estava olhando.

Assim que ponho meus olhos no inseto, quase como se fosse combinado: eu e minha amiga damos passos para trás.

— Vai lá matar! – Ela me empurra pra frente enquanto eu tento fazer o mesmo com ela. Ambos rindo de nervoso.

— Vá se fuder! Vai você! – digo tentando empurra-la.

— Eu tô bêbada, não tenho equilíbrio! – ela responde rindo.

— Eu também sua, Falsiane! Você disse que não bateu o efeito pra você ainda! – digo tentando levanta-la do chão. Eu vou arremessar essa maldita!

— É mentira! Tá tudo girando! Tô bebaça! Louca! Do outro lado da bolha! Chamando Jesus de Genésio! – ela força seu peso para baixo, não me deixando levanta-la. Ficamos rindo feito idiotas, com a bebida definitivamente subindo pelas nossas cabeças.

Até que a barata voa.

— AAAAAAAAAAAAAH!! CORRE!! – ela grita, sem esquecer seu copo que continha bebida alcóolica pra trás. Eu corro atrás dela, quase aos tropeços.

 

~Flashback OFF

 

— Ela nunca me deixou na mão. E é assim até hoje! Ela pode até parecer não ser essa pessoa que eu acabei de descrever...mas ela é. – digo com firmeza.

— Acho que não deixar na mão e sempre apoiar um ao outro é mais importante que ficar fazendo piadas, não é? – Luke diz e sinto uma seriedade em seu tom.

— Com certeza. – afirmo e sorrio associando os momentos que eu e Carley fomos o apoio um do outro. Hoje mesmo aconteceu um desses momentos enquanto ela perdia a cabeça mais cedo.

A Força e o Freio, no final das contas.

 

PONTO DE VISTA – CARLEY

(12 dias desde a infecção.)

 

— Não podíamos ficar mais lá. Era muito perigoso ficar no mesmo grupo com alguém como Luke. Ele matou alguém na nossa frente! Um amigo dele! E eu tenho quase certeza que ele matou a própria esposa também! – Regina dizia a minha frente, eu estudava sua expressão perturbada.

— Calma, amor... – Robin a abraçou, encostando a cabeça dela em seu ombro.

— Foi muito difícil para nós...está sendo muito difícil. Foi a melhor coisa que pensamos em fazer. – Robin diz enquanto acaricia a cabeça de Regina – Pegar a comida e dar o fora. E foi o que fizemos.

Eu balanço a cabeça positivamente.

Eu teria feito o mesmo.

— Como vamos lidar com eles? Quer dizer...o que faremos com ele? – Ezra pergunta a todos ali e eu suspiro. Troco olhares com Regina.

— Depende da reação dele. – digo e Regina fita seus próprios pés, pensativa. – Eu nunca seria capaz de matar alguém, se é isso que quer dizer.

— Vamos ter que ver como ele vai reagir mesmo. – Robin diz, passando a mão nas costas da esposa – Acredito que ele não vá reagir...você disse que tem mais gente com você, certo? Podemos contar com eles também para nos ajudar?

— Ela é a nossa líder. Se ela for, todos vão. – Matt diz e cruza os braços. Robin balança a cabeça pra ele.

— Você é casca grossa, moça! – Aria diz , rindo com nervosismo. Harry e Matt a acompanham e eu reviro meus olhos pra eles.

— Você não viu nada! – Harry diz e Aria fica sem graça, rindo nervosa.

— Vocês tem algum veiculo? – pergunto ao grupo novo.

— Temos. Está a algumas quadras daqui! – Ezra responde pelo grupo.

— Ótimo. Estaremos esperando vocês na Shepards, não está longe daqui. Nosso carro está lá. – eu os informo, erguendo minha mão para apertar a de Robin, que estava mais próximo de mim.

— Encontraremos vocês lá. Aqui a sua arma... – Ele aperta minha mão e depois entrega minha pistola de volta. Agora é a vez de Regina.

— Desculpe de novo...por toda a insegurança e- - ela começa a dizer enquanto apertava minha mão. Eu ponho minha mão livre em cima de nosso cumprimento.

— Não há o que se desculpar. É o que eu disse, vai ter volta. – eu digo e Regina ri nasalmente – Eu teria feito a mesma coisa.

Após dito isso, eu me afasto com um gesto com a cabeça na direção de Ezra e Aria, que acenam de volta.

— Não esqueçam. Shepards! – Harry dá uma nova ênfase enquanto Ezra ergue o polegar para ele.

Eu, Harry e Matt abrimos a porta mais próxima e saímos em disparada, sem olhar para trás. Havia muitos zumbis andando de lá para cá quando saímos, então tivemos que correr o máximo possível para que ganhássemos tempo com eles.

— Vai confiar nessa gente mesmo? – Matt pergunta assim que viramos a primeira esquina. Eu olho para ele.

— Meu santo não bateu com o de Luke desde o momento que pus meus olhos neles. Temos que ter cuidado com ele. Não sei quão verdadeiro esse grupo está sendo, mas vamos resolver essa questão de uma forma ou outra. Já cansei de ficar aqui fora. – respondo a ele e enquanto continuamos a correr.

Alguns minutos se passam e finalmente chegamos ao carro. Vejo que somente o carro de Maggie está lá.

Rey já foi com Luke e Ken na caminhonete.

Um frio sobe em minha barriga com esse pensamento. Eu estou muito confusa em relação a isso.

Mas não posso perder a cabeça agora.

— Vamos esperar dentro da caminhonete. Aqui fora podemos chamar a atenção. – Harry sugere e eu afirmo com a cabeça.

— Deixa que eu dirijo. – eu digo enquanto solto a bainha da minha espada da cintura e entrego pra Harry, que acabara de sentar no banco de passageiro. Ele segura a espada entre as pernas e Matt entra no banco traseiro.

Ficamos ali esperando por alguns minutos, até que vemos um carro surgir pelo retrovisor. Estava bem atrás de nós, um Gol G4. Robin põe a cabeça do lado de fora do banco do motorista.

— Guie o caminho! – ele grita e eu ativo pisco os faróis para que ele saiba que eu havia escutado.

Finalmente começamos a nos direcionar para casa, com Robin, Regina, Ezra e Aria em nosso encalço.

 

PONTO DE VISTA – ROB

(12 dias desde a infecção.)

 

— Eu sabia que isso ainda estava aqui! – digo vitorioso ao achar a bengala do Sr. Evans atrás do closet.

— Como você sabia que isso estava aí? – Glenn me pergunta impressionado.

— Essa casa é como se fosse meu segundo lar, eu vinha toda semana pra ver filmes e séries de TV com a Carley quando ainda estudávamos juntos. O pai dela tinha problemas com gota e as vezes precisava usar isso! – eu digo pegando a bengala de madeira – tinha vezes que nós pegávamos isso pra brincar por aí!

Rio da lembrança e Glenn me acompanha.

— Os pais dela não ficavam bravos? – Glenn pergunta.

— Quando eles nos viam com isso, sim! – Digo saindo do closet e voltando em direção ao quarto onde Hershel repousava.

— Eu não sei se isso é uma boa ideia... – digo assim que chego com a bengala em mãos. Hershel está sentado na cama.

— Eu só quero caminhar um pouco. Não vou descer até lá embaixo...sei o que estou fazendo, filho. Dê aqui! – ele ergue a mão para a bengala, eu a entrego relutante.

O cara sabe mais medicina que Mary. Vou confiar nele.

Maggie e Glenn ficam um de cada lado de Hershel enquanto ele se prepara pra levantar.

— Pelo amor de Deus, pai! Cuidado! – Maggie passa uma mecha de cabelo para trás das orelhas – Não é melhor tentar isso amanhã?

— Eu consigo! – ele diz se posicionando melhor.

— Um...dois...três! – Hershel se apoia na bengala e se levanta, Glenn e Maggie dão um passo para o lado com os braços erguidos caso Hershel precisasse de algum apoio extra. Mas ele consegue ficar em pé.

Maggie sorri e põe as mãos na boca.

— Você conseguiu! – ela diz com um sorriso largo na boca. Glenn e eu também sorrimos com a cena. Hershel se posta orgulhoso.

— Eu disse que conseguiria! Agora vamos pro primeiro passo... – ele se apoia mais na bengala, fazendo seu outro pé perder peso. Ele dá um passo e quase perde o equilíbrio. Glenn o segura pelo braço, com medo de Hershel cair.

— Estou bem! Estou bem! – ele diz pra Glenn, que o solta devagar enquanto Hershel forçava seu peso em seu pé restante, passando agora a bengala pra frente, completando mais um passo.

— Ai ai ai... – Maggie põe as mãos na testa preocupada.

— Relaxe! Só preciso de prática! – Hershel diz confiante e eu acho isso admirável apesar de achar que algo vai dar errado a qualquer momento.

— Eu preciso falar com Mary... – começo a dizer – Achar Enid e Killian também...

— Pode ir, eu fico aqui e ajudo eles. – Glenn diz pra mim e eu confirmo com a cabeça pra ele.

— Obrigada. – Maggie sorri de canto para Glenn, percebo que ele fica levemente vermelho e me esforço para segurar uma risada.

Danado!

Saio do quarto deixando Hershel, Glenn e Maggie para trás. Aperto o botão do meu rádio.

— Mary? Onde está? – pergunto a ela enquanto cruzava o corredor.

— Em cima do portão. – ela responde através do aparelho.

— Estou indo para aí. – digo a ela.

Preciso achar Enid e Killian primeiro. Ok que eles parecem legais, mas eles não podem ficar fazendo tour por aqui!

Chego na cozinha e percebo, através da janela, que ambos estão olhando para o horizonte, apoiados na pequena mureta da área externa. Eles conversam sobre algo que não posso escutar. Parecem admirar a vista.

Ufa, menos mal.

Volto pelo corredor e cruzo a sala de estar/quarto de Carley. Passo pela janela e piso na passarela abaixo dela, já vendo Mary e Beth em cima dos portões.

Vou até elas.

— Ei! – me anuncio. As duas me cumprimentam.

— Alguma noticia deles? Já vai escurecer...são 18h. – digo com tom preocupado. Mary sorri.

— Na verdade, sim! Rey disse que estava voltando com o careca e o filho dele. Então suponho que não devem estar longe – ela me responde e eu suspiro.

— Graças a Deus! – digo e ambas sorriem pra mim. – E os outros?

— Ele me disse que iriam se encontrar aqui. Mas imagino que devam estar voltando também, não é? – ela me diz e eu dou de ombros. Olho para Beth e me lembro de falar sobre Hershel.

— Ei, seu pai está de pé! – digo sorrindo a ela, que abre um sorriso enorme.

— Está? – ela pergunta e Mary franze o cenho.

— Está?! – Mary também pergunta e eu afirmo com a cabeça.

— Ele disse que sabia o que estava fazendo, ele está com Maggie e Glenn no quarto! – Digo e Beth sorri para nós dois antes de sair correndo pela passarela, pulando a janela de Carley logo em seguida.

— Aprenderam rápido o macete das janelas, hein?! – brinco com a situação. Mary não ri.

— Não sei se é uma boa ideia ele ter levantado. – Mary diz séria e eu ponho a mão em seu ombro.

— Não se preocupe. Ele diz que conseguia, se ele vir que vai dar merda tenho certeza que ele voltará a repousar. Ele sabe mais que todos nós, certo? – digo e Mary afirma com a cabeça.

Ouvimos uma buzina e vemos que a caminhonete do careca se aproxima. Eu desço correndo pelo passarela, afim de abrir os portões o mais rápido possível. Quando o carro se aproxima, ele finalmente para próximo aos portões. Rey, Luke e Ken saem de dentro do veiculo e adentram o forte as pressas.

— O que houve?! – eu digo assim que eles passam correndo por mim.

— Zumbis! Provavelmente tem uma manada vindo para cá! Por isso Carley não está conosco, ela disse para nos encontrarmos aqui. – Rey me responde enquanto me puxava para um abraço. Mary também desce do portão.

— Mas está todo mundo bem? Acharam as pessoas que precisavam?! – pergunto a ele assim que nos separamos.

— Tivemos que sair antes mesmo de procurar! – Luke diz enquanto olhava curioso em volta. Eu franzo meu cenho pra ele.

Não gosto de muita curiosidade.

— Esperamos que todos estejam bem – Rey diz e isso me preocupa.

— Graças a Deus! – Mary se junta a nós e abraça Rey.

— Os outros vão chegar. Só precisamos ficar de olho caso eles precisem de ajuda – Rey diz enquanto abraçava Mary.

— Sabe o que você podia fazer? – Mary se separa de Rey e se vira pra mim.

— O que? – respondo.

— Suba no Telhado. Assim você pode ter uma visão maior daquele lado e me avisar caso Carley e os outros estejam com problemas. Assim você vê eles primeiro! Eu ficarei nos portões e Rey, você pode abrir o portão. – ela diz e eu de fato acho uma boa ideia.

— Tudo pra ajudar! – pisco pra ela e me volto a passarela, em direção aos telhados.

Tudo para ajudar.

 

PONTO DE VISTA – CARLEY

(12 dias desde a infecção.)

 

Estamos quase chegando...

Minha cabeça martela sem parar.

O que fazer quando chegar? Luke parece um cara EXTREMAMENTE imprevisível...

Ele não vai reagir.

E se reagir?

Ele vai estar cercado.

Mas como você vai avisa-los para que fiquem atentos a Luke?

Eu posso dizer pelo rádio!

Mas se você fizer isso, Luke vai saber!

Posso avisar Mary...Rob...ou até mesmo Glenn!

E se eles estiverem próximos de Luke ou Ken? Não dá pra avisar pelo rádio!

— Droga! – me expresso em voz alta, fazendo Matt e Harry me olharem.

— O que foi? – Matt me pergunta do banco traseiro.

— Estou tentando... – começo a dizer, mas não termino. Não quero preocupa-los. – Nada.

— Nada? Qual é! – Harry diz e eu rolo os olhos.

— Não é nada. Só estou pensando se Rey já chegou – decido contar uma meia verdade. E eles dois compram.

— Porque não pergunta se ele chegou? Os rádios estão consertados! – Harry diz e eu mal tenho tempo de responder quando Harry liga seu rádio.

— Rey? Na escuta? – ele pergunta.

— Estou! Onde estão vocês?!  - Rey pergunta. E eu divido minha atenção entre ouvir o rádio e desviar dos zumbis a frente.

— Estamos chegando! Você já está aí? – Harry pergunta.

— Sim! Já cheguei. Já que estão chegando, vou ficar perto do portão, ok? – Rey diz e Harry o responde com um “ok” antes de desligar o aparelho.

— Pronto! Uma preocupação a menos! – Ele diz dando de ombros.

Minhas mãos se apertam no volante, eu olho pelo retrovisor e vejo o carro de Robin me seguindo lentamente.

Merda...e agora?

Passado alguns minutos, finalmente consigo ver a guarita do Beco, mas não vejo ninguém lá.

Estão todos no Forte!

Avisto a caminhonete de Luke e paro o meu carro próxima a ela, Robin estaciona ao lado do meu veiculo.

Assim que eu saio do carro, avisto dezenas de zumbis na esquina.

Atraímos parte da manada! Porra!

— Rápido! – grito em direção ao grupo de Robin e todos nós começamos a correr portão adentro. Luke está no meio do quintal, próximo a casa B, enquanto Rey abria o portão. Ele fecha o portão logo em seguida.

Os olhares tensos de Luke e do grupo novo que acabara de chegar se trocam. Regina leva a mão até sua pistola, mas não a tira do coldre. Luke dá um sorriso.

— Amigos! Vocês acharam eles! – Luke abre os braços e começa a andar para frente com Ken ao lado. Seu filho não fingia expressão alguma, ele olhava para Robin, Regina, Aria e Ezra como se eles fossem a reencarnação de satanás.

— Não dê nem mais um passo! – Regina cospe as palavras e Luke ergue as mãos pra cima.

— Wow! Wow! Sou eu! Se lembram? – Luke aponta para o próprio peito – Lembram do meu filho? Ken? Diga oi, Ken!

— Olá. – Ken diz sem tirar os olhos deles.

— Escuta. Precisamos conversar. - eu dou um passo a frente. Luke também dá alguns passos, ficando próximo de Rey agora. Mary desce do portão. Vejo as cabeças de Hershel, Maggie, Beth e Glenn surgirem pela minha janela, logo depois, Glenn atravessa a janela, ficando em cima da passarela.

— Que bom que nos encontramos! – Luke abre os braços. Eu vejo a falsidade de forma muito perceptível nele.

— Graças a Deus, você está aqui! – Mary abraça Harry fortemente.

— Você está bem? – ouço ele perguntar a ela.

— Estou...mas não entendo! O que é isso? – ela pergunta e Harry a abraça lateralmente, gesticulando com a cabeça para que ela olhasse para mim.

— Pode parar com tudo isso. Eles me contaram algumas coisas, e agora quero ouvir o seu lado da história, Luke. – Dou mais um passo a frente e Luke congela, ainda com um sorriso no rosto. Ao longe, vejo Killian e Enid surgirem pelo quintal menor. Devem ter descido as escadas da área externa.

— Contaram o que? – Luke diz ainda paralisado, com um sorriso macabro no rosto.

— Não seja cínico! – Aria grita em sua direção.

— O que está havendo? – Rey pergunta confuso.

— Esse homem não é o que parece! – eu falo pra Rey.

— Peraí! O que eles te contaram?! – Luke ri nervoso. Ken se aproxima do pai com a mão no coldre.

— Eu só quero resolver isso o mais rápido possível, então eu vou pedir pra você se explicar, Luke! E não quiser fazer isso, basta se retirar desse lugar e não voltar nunca mais! – digo firme.

— EU me retirar?! Eu não fiz nada! – ele dá um passo pra trás. Rey o olha com curiosidade.

— Você sabe o que fez! Você surtou e matou o Theo a sangue frio! – Robin grita pra Luke.

— E confesse que você matou a Alana! Você é louco! – Aria se junta a Robin.

— Mamãe?! Do que eles estão falando? – Ken pergunta a Luke.

— Eles estão loucos! Mataram sua mãe e querem jogar a culpa em mim, filho! Vocês não sabem que estão se metendo com ladrões?! – Luke grita para todos nós.

Me assusto ao ouvir grunhidos e corpos se batendo contra os portões, isso faz com que Eu, Harry, Mary, Robin, Regina, Aria e Ezra déssemos alguns passos para frente, nos afastando dos portões lotados de zumbis.

— Esse pessoalzinho aí roubou a minha comida! Mas olhe...estou disposto a perdoar! – ele diz abrindo os braços novamente.

— Saia daqui. Agora! – Regina grita.

— Você não manda nesse lugar! – Luke grita contra ela. Ele fica vermelho

— Sabemos o que eles fizeram, e sabemos o PORQUÊ eles fizeram isso! Ou você começa a falar ou vamos ter que tirar a força! – eu grito na direção dele, e ele ri nasalmente.

— Rey, qual é! – Ele se vira pra Rey, eu dou um passo pra frente e levo minha mão no coldre – Você vai me ouvir, certo?

Rey troca olhares comigo e depois volta a encarar Luke.

— Eu... – ele começa a dizer, olhando para mim e depois para Luke e Ken novamente.

Qual é! Vamos Rey...encontre sua força, assim como eu tive que achar meus freios...

— Você ouve o lado das pessoas Rey. Você convenceu sua amiga a me ouvir antes! Eu sou inocente! – ele diz e Rey o olha de cima abaixo. Depois ele se vira lentamente e me encara por longos segundos, engolindo seco logo em seguida.

Sabia que ele ia fazer a coisa certa!

Rey não precisa me dizer nada. Sei que ele acredita em mim.

— Lamento Luke, mas... – Rey começa a dizer enquanto me olhava, mas antes que pudesse terminar, Luke rapidamente passa um braço pelo seu pescoço e com a outra mão tira a arma de Rey do coldre, a apontando para sua cabeça logo em seguida. Eu imediatamente saco minha arma, assim como todos os outros ali. Todos agora tem uma pistola na mão, exceto Hershel, Maggie, Beth, Killian e Enid. Até mesmo Glenn saca sua arma, mesmo estando em cima da passarela.

— LARGA ELE! – eu grito dando um passo pra frente.

— Fala mais alguma coisa! Vamos! Fala QUALQUER coisinha que eu estouro a cabeça do seu amigo! – Luke começa a puxar Rey pela minha frente, nos fazendo trocar de posição. Ele ficando a alguns metros de costas pro portão e o resto de nós ficando em frente ao mesmo. Ken está logo ao lado do pai, apontando sua arma pra mim.

— Carley, não se mexa! – Rey diz pra mim sufocando e aquilo aperta meu coração. Lágrimas querem se formar em meus olhos, mas eu não permito.

— Está vendo?! É isso quem ele é! – Regina grita e os zumbis se agitam mais ainda a alguns metros de Luke, Rey e Ken.

— Você se acha muito, não é dona?! Com essa porra na cabeça, fingindo ser uma militar andando por aí com essa merda de espada samurai...acha que estamos num jogo?! HEIN?! – ele grita pra mim e minha raiva sobe cada vez mais.

— SOLTA. ELE. – eu cuspo minhas palavras com todo meu ódio entalado.

— Ca-calma Luke! Vamos conversar e.. – Rey começa a dizer sufocante. Luke o aperta mais e dá alguns passos pra trás o impedindo de falar. Os zumbis se agitam mais ainda com a proximidade. Gotas de suor frio escorrem pela minha cabeça.

— JÁ TENTAMOS CONVERSAR, VOCÊ NÃO ME APOIOU! VOCÊ IA NA LÁBIA DESSA PUTA! – ela grita em minha direção, dando mais um passo pra trás. A proximidade deles com os zumbis me faz dar um passo a frente. Ken destrava sua pistola ainda apontando em minha direção.

— TEMOS MAIS GENTE QUE VOCÊ! SAIA DE PERTO DO- - tento avisa-lo que ele está próximo de mais do portão lotado de zumbis que tentavam esticar as mãos para arranha-los, mas ele me interrompe.

— EU SÓ PRECISO DE UMA BALA, SUA DESGRAÇADA! UMA! – ele volta a apontar a arma pra cabeça de Rey e eu seguro meu impulso de dar um passo a frente, com medo dele recuar mais.

Por favor...

— Se-se der um passo, eu atiro em você! – Ken diz com sua voz e mãos trêmulas. A arma fazia um barulho metálico de tanto que ele tremia.

— É só ir embora, Luke! Larga o rapaz e vai embora! Não vamos atirar em você! – Robin diz.

— Engraçado que dizem isso com uma arma apontada pra mim! – ele grita para nós.

— Você tem nosso amigo de refém! – Mary grita destravando sua arma - LARGA ELE!

Aquela situação toda estava elevando meu nível de ansiedade. Eu e Rey nos olhávamos e eu conseguia ver seu desespero, lágrimas se formavam em seus olhos e eu estava a um fio de começar a chorar ali mesmo.

Me leve no lugar dele...me leve no...

— lugar dele... – eu falo baixo.

— Eu não te ouvi! – Luke grita pra mim, eu desvio meu olhar de Rey e o encaro com lágrimas presas em meus olhos.

— Se quer levar alguém, me leva no lugar dele! Só...não machuca ele! – eu imploro e minha voz chega até mesmo a falhar. Vejo uma lágrima escorrer no rosto de Rey e ele apertar os olhos.

— Não! Não vai levar ela! Eu vou! Só me leva cara! É isso que quer? – Rey diz sufocante.

— Você sabe que se fizer merda, as coisas vão acabar ruins pra você, Luke. Você SABE disso! Somos maioria, aqui! – eu grito cheia de ódio e desespero em sua direção.

— Se eu morrer, ele morre junto! – Luke grita.

— É isso que você quer pro seu filho?! – Harry diz pra Luke, ele também treme muito. Todos ali estão com os níveis de tensão altíssimos.

— É só...me ouvir. – eu abaixo meu tom de voz, atraindo a atenção de Luke.

— Me leve...tá legal? – digo a ele que se mantém em silencio, com as mãos trêmulas e olhos arregalados. Parecia um psicopata.

— Carley, não! – Rey diz e eu o ignoro.

— Eu sou mais valiosa pra você! Eu lidero essa gente...se você me levar, vai prejudicar todo mundo... – dou um passo bem lento em sua direção, Luke se mantém imóvel. Pareço estar ganhando esse cara.

Só preciso me aproximar o suficiente para tentar fazer um ataque em seu filho. Aí ele vai me ouvir.

— Você está certo. Eles me contaram o que você fez, mas no meu ponto de vista você estava apenas fazendo o que precisava fazer! – digo a ele guardando minha arma no coldre, dando mais um passo. Luke se mantém imóvel, ainda apertando Rey contra si.

— Que porra?! – Ezra grita em minha direção, eu o ignoro.

Preciso dizer o que ele quer ouvir.

— Quero dizer, aquele Theo te traiu! Eu teria feito o mesmo! – eu aponto para meu peito e dou mais um passo em direção a eles, troco olhares rápidos para Ken que ainda apontava sua arma pra mim.

— Se tentar alguma coisa... – Ken começa a dizer pra mim.

— Shh! – Luke o silencia e continua com seus olhos focados em mim.

— É só me levar cara. Eu vou te apoiar, e farei eles te apoiarem também se você quiser. – dou mais um passo pra frente.

— Carley! – Rey tenta me chamar, e eu luto para não encara-lo.

— É só...me levar. – eu digo mais uma vez, encarando seus olhos. Um longo silencio se instala no ambiente, sendo apenas preenchido pelos grunhidos dos zumbis.

Luke me olha de cima a baixo e fica mais um tempo em silencio.

Eu tento entender seu pensamento. Ele volta a me encarar e sua face se molda em uma expressão de raiva.

— MENTIROSA! – ele grita e dá um longo passo pra trás, levando Rey consigo. Antes que eu pudesse gritar vejo as mãos dos zumbis os pegarem.

Todos olham chocados. Ken começa a chorar.

— NÃO!! – Ken grita na direção do pai.

— AAAAAAHHHH!! – Luke grita e logo em seguida...

*PKOW!*

Um tiro vem de longe, bem acima dos telhados, acertando bem na cabeça de Luke. Que começa a ter suas costas devoradas, fico feliz momentaneamente até ver Rey gritar também.

E é ai que meu mundo para de girar.

— NÃÃÃO! – Mary grita e por um momento meus ouvidos começam a chiar. Tudo fica em câmera lenta.

Percebo que os zumbis não só pegaram Luke, como também...

Pegaram Rey.

Lágrimas brotam nos meus olhos, eu dou um passo gigante para frente e puxo o braço de Rey, para longe dos zumbis, na tentativa de salva-lo. Eu consigo puxa-lo, mas vejo suas costas encharcadas de sangue e arranhões, até que de repente...

*POW!*

Uma dor trucidante invade meu corpo, sinto meu ar falhar e minhas pernas fraquejam, me fazendo cair de joelhos no chão. Ken tremia enquanto fumaça saia do cano de sua arma, ele me encarava com ódio. Sinto gosto de sangue surgindo em minha boca.

Rey cai de costas ao meu lado, com sangue espirrado no rosto. Ele aperta os olhos enquanto exprime um grito com sua garganta. Luke era devorado.

Olho pro meu corpo e vejo minha camiseta encharcada de sangue, avisto um buraco bem próximo de minha costela. Lágrimas de dor brotam de meus olhos.

— NÃO! – Harry grita.

*POW!*

Harry dispara sua arma contra um Ken hesitante, o atingindo bem na perna. O menino grita e cai de joelhos, soltando sua arma logo em seguida. Uma fúria descomunal enche meu peito, e com minha mão livre tiro minha arma do coldre e aponto para ele. A dor faz com que cada movimento de meu corpo seja como se 80 facas estivessem sendo perfuradas em meu corpo.

— Não! Não, por favor! Foi sem querer! Foi... – ele começa a falar e eu grito em sua direção, apertando meu gatilho logo em seguida. Minha bala pega bem em seu pescoço, ele cai com as mãos na garganta, cuspindo sangue. Como eu segurava a arma fracamente, seu tranco me faz cair de costas do chão, bem ao lado de Rey.

Todos a minha volta começam a gritar e ouço pessoas chamarem meu nome, o de Rey e o de Hershel, mas meus ouvidos estão um chiado eterno. Rey me olha com seus olhos cheios de lágrimas e eu o olho de volta completamente destruída e desacreditada do que acabara de acontecer.

Eu o perdi.

Rey leva sua mão lentamente para a minha, onde eu ainda segurava minha arma. Ele tenta falar, mas acaba cuspindo mais sangue.

E por uma última vez, eu consigo entender o que ele quer dizer apenas de olha-lo.

Ele sorri fraco, com os dentes sujos de sangue e as pálpebras pesadas, respirando com dificuldade. Rey balança a cabeça lentamente e eu, relutante, consigo levantar meu pulso e apontar minha pistola em sua cabeça.

Eu te amo e não vou deixar você virar uma daquelas coisas.

Ele fecha os olhos e aperta minha outra mão, misturando nosso sangue. Eu começo a soluçar de tanto chorar, meu peito dói mais que meu ferimento e eu sinto que posso morrer a qualquer momento. Os gritos ao meu redor continuam. Meus olhos doem e eu sinto braços me tocarem. Mas eu não consigo parar de olha-lo agora.

Viro meu rosto e puxo o gatilho.

O tiro sai abafado em meus ouvidos, mais gritos começam a surgir, mais mãos, mais sombras.

Eu encaro o céu, e vejo a silhueta de meus amigos surgirem em minha visão, meu ar continua a falhar e eu não consigo identificar uma palavra do que falam pra mim. Meu mundo parou de girar e meus ouvidos chiam sem parar, ouço apenas minha própria respiração e fico presa em meus delírios.

“Amo você, sua surtada. Não me assuste assim de novo

“Enquanto eu tiver os meus freios, não vou.”

 Ouço nossas vozes em minha cabeça e sinto seu abraço me envolver naquela pequena loja. Ouço sua risada, vejo seu sorriso, escuto sua voz, vejo seu rosto, me lembro de beber tequila com ele e o me recordo até mesmo dele vestido com o uniforme escolar sentado na cadeira logo atrás de mim, me ajudando a resolver exercícios de matemática.

Vejo tudo isso antes das silhuetas a minha frente começarem a se parecer com borrões e minha visão começar a se escurecer, me fazendo perder a consciência.


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Notas finais do capítulo

É isso galera! Vejo vocês na season 2!



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