The New World escrita por xMissWalkerx


Capítulo 49
Julgamentos e Revelações


Notas iniciais do capítulo

Quero começar pedindo mil desculpas por não ter postando ontem! Tive uma prova na segunda e na terça feira que eram super importantes, eu estava estudando pra elas nesses últimos meses todos e eu queria me concentrar inteiramente nelas.

Minha segunda desculpa é pelo capitulo ENORME abaixo! Havia muita coisa pra ser dita e esclarecida....

Aproveitem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/751509/chapter/49

 

PONTO DE VISTA – LUKE

(no dia do surto da infecção)

 

— NÃO PODE ME IMPEDIR! – Abraham agarra minha camiseta e tenta me dar um soco, no qual eu desvio rapidamente. Ele me empurra contra a parede, batendo minhas costas fortemente.

— NÃO PODE ABANDONAR SEU POSTO! – Ele grita enquanto o empurro para longe, chutando uma de suas pernas.

— EU VOU ACHAR MINHA FAMILIA! NÃO ME TOQUE! – grito contra Abraham enquanto ele se agarra a minha cintura, tentando me derrubar. Eu me equilibro e tento afastar as mãos dele de mim.

— NÃO VOU DEIXAR VOCÊ ABANDONAR SEU POSTO! PRECISAMOS FECHAR AS RODOVIAS! IR PARA O CENTRO! – tento dar um soco em seu rosto, mas ele desvia também, me prensando ainda mais contra a parede.

— SINTO MUITO! VOCÊ FARIA O MESMO! – eu grito e lhe dou um chute no meio das pernas, o que o faz gritar. Quando ele se ajoelha eu finalmente acerto um soco em seu rosto, o fazendo cair com uma mão nos “países baixos” e outra no rosto.

— Sinto...muito... – digo ofegante enquanto me afasto aos tropeços.

Corro até a minha caminhonete, me afastando de toda a confusão que se instalava no quartel. Alguma merda estava acontecendo e eu sei que isso não vai ser resolvido rapidamente.

Preciso tirar meu filho e minha esposa daqui!

Eu estava crente em relação a todo esse vírus que estava tendo...mas se chegou ao ponto do presidente pedir para o exercito se envolver junto com a SWAT é porque a porra ficou séria.

Nossas ordens foram especificamente de “exterminar o vírus”, e pelo que ouvi, assim que a infecção se instala não há maneira de reverter, ou seja, teremos que matar cidadãos.

E eu não vou deixar minha família ter uma gripe confundida com o vírus! Eles podem morrer lá fora!

Ligo o carro e começo a dar a ré. Vejo batalhões e mais batalhões se juntarem pelo quartel, todos com os mesmos objetivos: Fechar as fronteiras, levar os não-doentes ao Centro de Sobrevivência e exterminar os infectados, começando pelo centro da cidade.

Saio do quartel primeiro que todos, abro o porta luvas e pego ali um rádio militar que estava desligado. Eu mudo a frequência pra uma outra que eu conhecia muito bem.

— Alana?! Alana! Onde você está?! Pegue o rádio, meu bem! – eu digo e aguardo ansiosamente uma resposta. Tudo que ganho é silencio.

— ALANA?! Pegue o rádio agora mesmo! Onde você está?! – pergunto novamente preocupado, desvio bruscamente de alguns carros a minha frente, chegando até mesmo a quase bater a caminhonete. Continuo meu caminho com a adrenalina a flor da pele.

Quando estou prestes a tentar me comunicar de novo, finalmente tenho resposta:

— LUKE?! LUKE! – ela grita pro rádio, eu escuto uma gritaria vindo pelo rádio e o desespero me sobe pelo estômago.

— ONDE VOCÊ ESTÁ?! – Eu pergunto desesperado.

— CENTRO! ESTOU NO CE-CENTRO! ESTOU PRÓXIMA DE CASA! – ela grita enquanto parecia ofegante, mais gritos são ouvidos através do rádio. Sinto o suor frio escorrer por minha testa.

— VÁ PARA CASA! EU TE ENCONTRO LÁ! – eu grito e continuo a dirigir, cortando todos os carros a minha frente.

Saia logo daí, Alana...uma carnificina está prestes a começar!

 

PONTO DE VISTA – HARRY

(12 dias desde a infecção.)

 

— EI! SOLTA ELA! – eu grito assim que vejo uma mulher apontando uma arma pra Carley. Meu grito faz um homem dar uma chave de braço em Carley, a segurando pelo pescoço. Eu destravo minha arma, e logo percebo mais duas pessoas saindo por um duto mais próximo de Carley e dos dois desconhecidos que a estavam ameaçando.

— Pra trás! Pra trás! – o homem grita pra mim e pra Matt.

— DISSE PRA SOLTAR ELA! – eu grito de volta.

— SE DER MAIS UM PASSO EU VOU ESTOURAR A CABEÇA DELA!  - a mulher desconhecida grita pra mim e eu sinto um frio na barriga. Olho pra Carley que respira rapidamente.

— Não tem necessidade de violência! – Carley diz entredentes.

— CALA A BOCA! – a mulher desconhecida grita pra Carley que a olha furiosamente.

— Vamos todos nós nos acalmar e conversar feito gente, que tal?! – Matt diz alto para eles, eu escuto grunhidos próximos  e meu medo aumenta mais ainda.

Estamos gritando aqui!

— Os zumbis vão chegar e não vai ser bom pra ninguém aqui! Soltem ela! – Eu digo a eles, o homem dá um passo pra trás enquanto ainda segurava Carley.

— Nós vamos sair daqui! Vocês vão ficar exatamente onde estão! – o homem diz enquanto dá passos pra trás, levando Carley consigo.

— NÃO! NÃO! ESPERE! NÃO A LEVE! – Matt diz levantando ambas as mãos em rendição, apontando sua arma pra cima. O homem para de caminhar.

— Vamos embora, Robin! – a mulher desconhecida diz para o homem que parecia hesitar em ouvir o lamento de Matt.

— Conhecemos os amigos de vocês! Não somos ameaça! – Matt diz dando um passo a frente, a mulher desconhecida aponta a arma pra Matt agora.

— HAH! AMIGOS?! – ela grita com a mão trêmula – Você tá brincando comigo?!

Eu franzo meu cenho e Carley olha pra mim e arregala levemente os olhos. Vejo o rosto de Carley ficar tão vermelho quanto o da mulher que apontava a arma para Matt, ambas muito irritadas.

Que reação foi essa?! Não são amigos?!

— Regina, vamos! – um outro homem de cabelos negros grita para a dupla que continha Carley.

— Nã-Não são?! – Matt disse enquanto a mulher, que descobri se chamar Regina dá um passo pra frente com lágrimas presas nos olhos. Ela tinha ódio no olhar.

— NÃO SE FAÇA DE IDIOTA! – ela grita chacoalhando a arma na frente de Matt, que dá um passo pra trás. Vejo suas mãos começarem a tremer.

— EI! SE AFASTE DELE! – eu grito pra ela enquanto os grunhidos parecem estar mais altos.

— É bem do feitio de vocês se fazerem de bonzinhos mesmo! Vocês não me enganam mais! – ela grita agora mudando o foco de sua arma pra mim.

 

PONTO DE VISTA – LUKE

(no dia do surto da infecção)

 

— GRAÇAS A DEUS! – abraço Ken que tinha sangue no rosto, ele me abraça em prantos.

— Achei que nunca mais fosse te ver, pai! – seguro meu filho nos braços enquanto ele me aperta em seu abraço. Alana corre até nós, fazendo nós três ficarmos abraçados. Eu beijo a testa dela.

— Estamos em casa. Está tudo bem! Vamos sair todos daqui, juntos! – eu digo pra minha família.

— Luke, o que está havendo?! – minha esposa me pergunta enquanto nós todos desvencilhamos de nosso abraço coletivo.

— O vírus se espalhou de fez, não tem cura. Todas as unidades estão fechando as rodovias e indo pro centro da cidade pra lidar com a situação. – eu começo a explicar.

— Teve um cara na frente da minha escola que estava com metade do braço, pai! Estavam dando tiros nele e ele não morria! – Ken me diz desesperado e eu o puxo para um novo abraço.

— Eu sei, garoto. Mas não são mais pessoas, tá bom? Eles morrem e voltam a vida! – eu explico e Alana arregala os olhos.

— O quê?! – Alana e Ken dizem ao mesmo tempo. Fico agora de frente pros dois.

— Escuta, a história é longa então vou resumir! – digo coçando a cabeça – Um biomédico disse para nós do quartel que a única maneira de matar esses mortos-vivos dos infernos é acertando o cérebro. Quando a pessoa morre, acabou. O que volta é uma versão horrorosa dela que vai ficar perambulando por aí até algum idiota acertar a cabeça dela, então será que dá pra sairmos daqui o mais rápido possível?! Essas coisas são perigosas! – eu digo pra eles batendo duas palmas nervosas logo que termino.

Alana e Ken se olham antes de voltarem a me encarar.

— E pra onde iremos? – Ken me pergunta.

— “Como vamos saber pra onde ir?”, essa seria a pergunta certa! Não temos ideia de quais rodovias estão obstruídas ou onde é seguro porque você saiu do quartel antes de pegar mais informações! – Alana me aponta o dedo e eu rio nasalmente.

— Estava demorando pra você me criticar de novo! É sempre assim! Nem quando o mundo acaba você me dá sossego! – eu grito em sua direção.

Eu estava aqui cagando nas calças com medo de ferirem minha família e eu não ganho nem um “OBRIGADO AMOR”?! Nem um beijo?! Essas brigas estão ficando cada vez mais ridículas!

Me lembro de todas as brigas que eu e Alana tivemos. Sempre brigávamos por motivos idiotas, mas eu ainda ficava impressionado com a capacidade dela de não saber escolher o momento certo para briga.

— Não briguem! Pessoal! – Ken se põe entre nós dois, limpando as lágrimas dos olhos – Vocês não podem brigar agora!

— Pra SUA informação, cara Alana...eu tenho uma maneira de saber pra onde iremos e como andam as coisas na cidade! – eu digo e retiro o rádio do meu bolso trazeiro.

Quando de repente....

*PZIIIT*

Todas as luzes se apagam. Nos deixando totalmente no escuro. Uma luz se acende depois de alguns segundos, saindo do celular de Ken.

— Ah! Ótimo! – Alana revira os olhos.

— Aponta isso pra baixo! – eu corro rapidamente até Ken e abaixo sua mão que segurava o celular – Eles podem ver a luminosidade!

Ken engole seco e corre até a janela, fechando as cortinas.

— Então?! Qual a sua solução? – Alana me pergunta enquanto eu volto minha atenção ao meu rádio militar.

— Eu ainda tenho amigos que provavelmente entenderiam minhas razões de abandonar o quartel. Me dê um segundo... – giro o botão principal do rádio, tentando achar a frequência correta.

— Filho, pegue aquele radinho velho na gaveta, sim? – Alana diz para Ken que começa a andar em direção a gaveta da escrivaninha que ficava em minha sala de estar.

— Não podemos fazer barulho! Também atrai eles! – eu digo a ela.

— Eu vou colocar bem baixinho! Quero ouvir o que o rádio tem a dizer sobre isso! – Alana me responde e eu reviro os olhos, olhando meticulosamente pela persiana da janela próxima a mim. Havia mortos caminhando pela rua, próximos a minha caminhonete.

Balanço minha cabeça e continuo tentando achar a frequência correta, em meio aqueles ruídos todos.

Finalmente acredito ter achado a frequência certa, levo o rádio na boca e é nesse momento que noto uma coisa importante: Eu estava procurando determinada frequência, mas para isso, eu passei por várias outras frequências utilizadas por soldados...

E nenhuma delas deu sinal de vida....?

O medo sobe pelo meu estômago.

Porque não havia sinal de vida em nenhuma das outras frequências? As que deverias estar sendo utilizadas?

Engulo seco e me viro lentamente para olhar Alana e Ken, que tentando achar uma estação de rádio que funcione. Todas estão fora de área.

— Não funciona? – Ken pergunta.

— Mas é claro que funciona! Só preciso achar alguma que esteja falando... – Alana continua a procurar alguma emissora e eu continuo com aquela sensação de derrota.

Não tem ninguém.

Um pânico se instala em mim. Eu não conseguia achar ninguém no rádio militar, nenhuma voz...e Alana não ouvia nenhuma noticia do rádio porque também não havia ninguém.

Acabou.

Fodeu tudo.

Respiro profundamente.

Uma ultima tentativa.

Giro o botão, colocando meu número favorito.

Ele vai atender. É a nossa frequência.

— Theo? Na escuta? – eu digo no rádio.

Silencio.

— Que droga! Não acho ninguém! – Alana diz e sinto sua voz tremer.

— Não tem ninguém na rádio?! – Ken pergunta a mãe.

— Theo? Theo me responda! – pergunto novamente para o rádio.

— Deve ter dado algum problema na antena, vamos tentar de novo! – minha esposa continua a tentar.

Nada além de ruídos vindos de ambos os rádios. Uma lágrima começa a se formar em meus olhos, meu filho e esposa estão ocupados demais pra perceber.

Qual é cara, você tem que estar vivo! Você tem que me responder!

— Theo?! – falo um pouco mais alto e me auto repreendo por isso, pois causou um certo alvoroço do lado de fora da casa.

— Pai! Fala baixo! – meu filho me diz e eu o ignoro.

Calma Luke! As vezes ele não está com o rádio!

— Theo! – chamo mais uma vez, o desespero aumentando.

É só atender!

— Luke! Fale baixo! – minha esposa agora é a que me chama a atenção.

— Theo! – me nego a acreditar que meu amigo não estava mais lá.

Custa muito atender a porra do-

 Luke! – uma voz familiar sai do rádio. A voz de Theo, meu amigo desde a época da escola. Suspiro aliviado.

— Oi! Olá! Estou aqui! Onde você tá?! – pergunto de volta.

— É o Theo? Ele está bem?! – Alana se aproxima de mim e eu fico apenas atento ao rádio.

— Estou bem...estou com um grupo de cidadãos, fechado dentro de uma garagem no centro da cidade! Acabou, cara. A cidade já era! Onde você está?! – ele me responde.

Fico um tempo em silencio, apenas confirmando na minha cabeça o que acabara de ser confirmado...aquilo que eu já sabia. Ken se joga no sofá e deita as mãos na cabeça.

— Estou em casa, precisava ver se eles estavam bem...Pra onde você vai? Podemos nos encontrar em algum lugar e unir forças! – proponho a ele.

— Seria bom ter mais soldados mesmo! Poderíamos eu e você juntar o máximo de cidadãos que conseguirmos e levar eles pra Hardgroove! De lá, poderíamos seguir pelo campo até o Centro de Sobrevivência! – Theo me responde e eu acho aquilo uma ótima ideia.

 Pelo campo?! Vamos todos a pé até lá?! – pergunto chocado.

 Você não entendeu ainda, seu idiota?! A cidade já era! Os militares já eram! Eles perderam feio! Todos estão mortos! Você tem que sair daí agora mesmo! – meu amigo me diz e é como se eu tivesse tomado um soco no estômago. Alana se afasta de mim e põe as mãos no rosto, chorando.

 

PONTO DE VISTA – HARRY

(12 dias desde a infecção.)

 

— Quem está enganando quem?! De quem você tá falando?! – Carley se pronuncia e a tal de Regina se vira furiosamente pra ela, apontando a arma quase que em seu rosto.

— CALA A BOCA! – ela grita pra Carley.

— PRECISAMOS IR! – uma outra mulher desconhecida que estava próxima a eles grita pra Regina e para o homem chamado Robin.

— SE ABAIXA! – Matt grita pra mim, eu me assusto, mas faço o que ele pede. Matt desce rapidamente o braço e acerta a cabeça de um zumbi que estava a centímetros de mim.

— Estão vindo! – Eu digo em voz alta, para ninguém exatamente.

— Escuta, está rolando algum mal entendido aqui! Vocês estão nos confundindo com alguém e... – Carley começa a falar, mas Regina lhe dá um tapa na cara. Eu fico completamente estático.

Ela está morta. Essa mulher vai morrer.

— Qual a parte de CALA A BOCA que você não entendeu hein, militarzinha de merda! – ela grita pra Carley.

— EU SOU NÃO MILITAR! – Carley grita de volta. Mais zumbis se aproximam.

Dois...três....quatro...cinco!

Começo a empurrar os zumbis uns contra os outros, meu pânico aumenta ao ver mais surgindo aos poucos. Não posso usar minha arma, ou irá atrair mais ainda!

— Não se faça de cínica! O que é isso, então?! – Regina pega a bandana de Carley e a puxa para fora de sua cabeça, soltando os longos cabelos negros de minha amiga – Tem o símbolo do exército!

— Tem muitos deles! – o homem desconhecido grita enquanto eu e Matt continuamos a nos afastar aos poucos, matando os zumbis que apareciam. Logo estaríamos sobrecarregados, eu olhava para os lados e para o grupo as minhas costas, pedindo ajuda com os olhares.

Os outros dois membros do grupo pareciam estar confusos entre correr para salvar suas vidas ou esperar por Robin e Regina.

— Eu A-CHEI! Você não quer morrer aqui e eu sei disso! Eu não sou quem você pensa! Vamos conversar, por favor! – Carley grita pra mulher, Robin parece confuso.

— CORRE! – Matt me empurra pra trás, agora havia definitivamente muitos zumbis. Eu pego um carrinho uma lata de lixo que estava próxima e a jogo no chão, fazendo os mortos tropeçarem. Eles estavam parecendo um formigueiro e eu estava definitivamente em pânico.

— ROBIN VAMOS! VAMOS! – o homem desconhecido puxa Robin que por consequência leva Carley com ele. Regina olha pra mim e para Matt e depois corre seguindo seus amigos.

— ATRÁS DELES! – grito enquanto Matt e eu corremos jogando tudo que podemos para trás, visando o atraso dos zumbis.

— NÃO DEIXE ELES ESCAPAREM! – continuo a dizer, seguindo as pressas o grupo que levava minha amiga.

— Ali! Eles estão...

 

PONTO DE VISTA – LUKE

(3 dias desde a infecção)

 

— Ali! – eu grito com um sorriso no rosto esticando ambas minhas mãos para cima – Estamos aqui!

Vejo Theo se virar ao longe para nós, ele sorri quando me vê acenar feito idiota.

Depois de três dias tentando chegar na Hardgroove...sempre se comunicando com Theo, pedindo para que ele me esperasse, finalmente estávamos aqui! Passamos por algumas dificuldades para eu finalmente consegui trazer minha esposa e meu filho para junto de meu amigo.

E agora, eu sei que podemos fazer qualquer coisa.

— Theo! Graças a Deus! – Alana abre os braços e abraça meu amigo, que a aperta – Temi o pior!

— Está tudo bem! Eu disse que esperaríamos, não disse?! – Theo diz enquanto se desvencilhava do abraço – E como vai você, garoto?!

Meu amigo e Ken se abraçam, Theo dá alguns tapinhas nas costas de Ken.

— Uma merda, obrigado! – Ken diz e Theo ri.

— Estamos todos! – ele agora finalmente se vira pra mim e me estende um braço, eu o cumprimento com um toquinho e logo em seguida ele me puxa pra um abraço.

— Como vai segurando essa barra? – ele me pergunta enquanto ainda estamos abraçados.

— Ainda não acredito que isso está acontecendo. – respondo a ele quando nos separamos, ele me segura pelos ombros.

— O mais importante é fazermos nosso dever, Luke. Somos aqueles que tem que defender o povo, então é isso que vamos fazer. Eu só consegui achar quatro cidadãos na cidade, de tão crítica que estava a situação! Acredito que muitos fugiram, mas esses não. Eles querem segurança. - Theo me diz enquanto me põe de frente com dois homens e duas mulheres.

— E é isso que terão. Eu prometo. – eu digo aos cidadãos.

— Ele era Segundo Tenente, pessoal. Vamos deixar vocês seguros. – Theo aponta pra mim com um sorriso fraco.

— Sou Luke. Esse é meu filho Ken e minha esposa Alana. – nos apresento para os estranhos. Um homem de cabelos negros se aproxima e me encara com seus olhos azuis. Ele sorri.

— Me chamo Ezra. Esses são Regina, Aria e Robin. – ele me diz, apresentando seus outros colegas. Eu os cumprimento com um gesto com a cabeça.

— Como vão? – pergunto a eles.

— Cansados...não entendemos muito bem como isso foi acontecer. Theo nos explicou como os mortos funcionam mas...céus! – Regina põe a mão no rosto, Robin a abraça por cima do ombro – É muita coisa!

— Acreditem em mim, nós vamos proteger vocês. Vamos todos ao Centro de Sobrevivência, andaremos pelo campo até chegarmos lá. – digo a eles.

— Deixou a caminhonete em um lugar seguro como eu disse? – Theo me pergunta e eu assinto.

— Ótimo. Vamos juntar nossas coisas então! Ah...eu preciso falar com você. – Theo me puxa para um canto enquanto todos se dispersam aos poucos, reunindo algumas mochilas e garrafas d’agua.

Quando estamos afastados o suficiente, Theo para e me olha:

— Não é certeza que o Centro vai estar lá. – ele me diz e eu arregalo os olhos.

— O que?! – pergunto chocado.

— Fiquei pensando...se a cidade caiu e os militares morreram, as chances de não ter mais Centro é muito grande. Por isso eu pedi pra deixar a caminhonete em um lugar seguro, pode ser que voltemos para a estaca 0. – Theo me diz e eu suspiro profundamente, bem irritado.

— Porque não me disse antes, porra?! – falo pra ele agressivamente, enquanto ele olhava para os lados para ter certeza que ninguém estava ouvindo.

— Foi um pensamento que tive! Posso estar errado! Teremos que ver pra crer... – ele me explica e eu balanço a cabeça.

— Se não tiver nada lá, o que faremos? – pergunto.

— Sobreviveremos. – Theo me responde.

 

PONTO DE VISTA – HARRY

(12 dias desde a infecção.)

 

— Entraram ali! Vamos! Vamos! – Matt me grita enquanto corremos por uma longa rua, longe da saída do shopping. Desviávamos de zumbis, e aqueles que chegavam perto demais eram mortos rapidamente por ataques de nossas facas. O grupo de sequestradores entrou com Carley dentro de uma espécie de academia, estávamos bem ao seu encalço.

Quando Regina tentou fechar a porta eu meti meu corpo lá dentro, a impedindo de fechar. Matt terminou o serviço me empurrando para dentro e me seguindo sala adentro, unindo forças contra a mulher que havia tentado segurar a porta.

— Vai nos matar! – ela diz soltando a porta e apontando a pistola para Carley novamente, que ainda estava sendo segurada por Robin.

Matt fecha a porta, nos trancando dentro da academia. Sete pessoas com os ânimos a flor da pele no mesmo recinto.

— É só falar baixo que nada acontece! – eu falo entredentes apontando minha pistola pra mulher.

— Porque não nos deixam em paz?! – a outra mulher baixinha do grupo nos diz.

— Do que estão falando?! Nós nunca vimos vocês antes! – Matt diz com os braços abertos.

— Isso está sendo um grande mal entendido, eu estou dizendo! – Carley fala e Regina bufa.

— O amiguinho militar de vocês já! Ele quer nos matar! – Robin diz e eu fico estático. Matt também tem a mesma reação e Carley afrouxa sua expressão. Ficamos os três com cara de tacho.

— Se lembraram agora, é?! – Regina nos pergunta cheia de deboche.

— Ele quer matar vocês?! – Carley pergunta e Regina se vira irritada pra minha amiga.

— Como você bem sabe! – ela rebate.

— Eu não sei! Por isso é um mal entendido! Conhecemos o Luke hoje! – Carley diz e Regina fica confusa ao ver a expressão de Carley.

— Ele apareceu perto do local onde sobrevivemos e ofereceu um acordo: armas ao troco de comida! Pediu para acharmos os amigos dele, é tudo que sabemos! – eu digo e ganho a atenção deles.

Os quatro membros do grupo que retinham Carley trocam olhares confusos.

Será que finalmente eles estão começando a desconfiar que ELES ESTÃO NOS JULGANDO DE FORMA ERRADA?!

— Vou pedir, mais uma vez. Será que dá pra abaixarmos as armas e CONVERSAR? – Matt pergunta para nós.

— Regina... – Robin fala e ela balança a cabeça negativamente.

— Como tem tanta certeza?! – ela fala e eu sinto que perdi parte de uma conversa inexistente.

— Eu vou soltar sua amiga, mas qualquer coisa que vocês fizerem a gente não vai hesitar em atirar! – Robin diz e nós concordamos com a cabeça. A mulher baixinha e o outro homem de cabelos negros tiram suas armas e apontam para nós.

— Se atirarem nele durante a troca, ela morre em seguida. – a mulher baixinha diz.

— Não vamos. – eu digo e Robin troca olhares com seu próprio grupo mais uma vez.

— Vou te soltar agora. – Ele diz lentamente e Carley assente com dificuldade.

Robin afrouxa o braço e o retira do pescoço de Carley, a empurrando em nossa direção logo em seguida. Matt a segura quando ela parecia que estava prestes a cair depois de um acesso de tosse causado por ter sido sufocada até agora pouco.

— Você tá bem? – Matt pergunta a ela enquanto a segurava pelos ombros. Carley tinha uma mão na garganta enquanto balançava positivamente a cabeça.

— Tô... – ela se vira lentamente, todos estavam com suas armas apontadas uns para os outros. Ela dá alguns passos pra frente, ficando entre os dois grupos.

— Vamos todos abaixarmos as armas. – ela diz seriamente.

Todos ficam em silencio por um tempo, até que eu decido fazer algo ousado que talvez Carley não aprovaria por talvez querer que os “inimigos” abaixassem as armas primeiro. Eu guardo minha pistola na cintura e mostro minhas mãos. Carley me olha apreensiva e depois encara Regina, erguendo uma sobrancelha.

— Vamos. Todos. Abaixar. As armas. – ela diz pausadamente pra Regina que troca olhares com seu grupo. Robin assente e guarda sua pistola. Em alguns segundos todos estão com suas pistolas guardadas.

— Agora...quem são vocês? – Matt pergunta.

— Sou Robin. Minha esposa Regina, Ezra e Aria. – Robin apresenta rapidamente os membros de seu grupo.

— Carley. Esses são meus amigos Matthew e Harry. – Carley nos apresenta também.

— Então...como o que aconteceu entre vocês e o Luke? – Carley pergunta logo em seguida. Robin, Ezra , Regina e Aria se olham.

— Vocês...? – Regina pergunta e Carley bufa.

— Não, querida! Nós não fazemos IDEIA do que está acontecendo! Então se fizer a bondade de explicar seria MUITO bacana! – Carley diz enquanto cruzava os braços, Regina olha pra Robin e depois respira profundamente.

— Conhecemos o Luke através de um amigo dele...o Theo, que também era militar. Foi aí que aconteceu...

 

PONTO DE VISTA – LUKE

(10 dias desde a infecção)

 

— Estou falando, porra! Não tem como ir para o Sul! – bato na mesa irritado. Theo é um idiota!

— Mas se não formos não vamos saber o quão seguro é! Se der errado a gente volta! Fizemos isso com o Centro e podemos fazer de novo! – ele grita de volta.

— “Não” é não! – eu digo e saio batendo a porta daquele velho escritório de advocacia onde estávamos alojados. Todos do grupo me olhavam sem graça.

— Tão olhando o que?! – digo irritado a eles. Minha esposa se levanta e entra na sala que eu acabara de sair.

Foda-se ela! Quer ouvir o lado do Theo a todo momento e nunca me apoia!

Saio irritado do recinto e fico do lado de fora do escritório. Dou tapas em minha própria cabeça.

Estou cansado dessa porra! Eu sei o que temos que fazer! Theo é um sonhador que acha que tudo vai dar certo! Nada que ele propôs funcionou! Centro de Sobrevivência?! PORRA NENHUMA!

Agora fica com essa graça pra perto do meu filho e da minha esposa! Sempre fomos amigos mas parece que...eles nunca me apoiam!

Minha cabeça passa todos os sentimentos que tive quando vi os portões do Centro derrubados, com nenhuma alma viva dentro. O desespero foi grande, mas a decepção no rosto de minha família e de meu grupo foi maior. Theo fica nessa besteira de falar que “vai proteger” todos os cidadãos sendo que não consegue nem manter O GRUPO em segurança!

Vejo um zumbi cambalear em minha direção, ele está levemente distante. Eu levanto enfurecido e pego minha faca, acertando sua cabeça com força.

— Filho da puta! – grito contra o zumbi enquanto o esfaqueio sem parar.

— Pai! – escuto meu filho chamar e me viro surpreso. Ele me observa curioso.

— O-o que está fazendo? – ele pergunta e eu limpo o sangue da faca em minha calça.

— Estava matando esse filho da puta, o que foi?! Não pode?! – eu digo e tenho certeza que soei grosseiro.

Foda-se! Eu não criei filho pra ele ficar ofendido com tudo que eu digo!

— Não! Quer dizer, tu-tudo bem...eu só... quero avisar que vou sair em ronda. – ele diz e eu fico preocupado. Minha irritação passa momentaneamente.

— Sair? Com quem? Não é sozinho, né?! – o encho de perguntas.

— Comigo. – Theo sai de dentro do escritório e responde minha pergunta antes que Ken possa. Minha raiva volta na hora.

— Porque você? — trinco meu maxilar ao me direcionar a ele.

— Porque eu pedi. – Alana sai e cruza os braços, eu rio na cara dos dois.

— O que é isso?! VOCÊ prefere que ele saia em ronda com um idiota em vez de sair com o próprio pai?! – eu exclamo, impressionado.

— Você distorce as coisas e pressiona ele, Luke! Ele nunca me fala o que acontece nesses rondas porque você diz exatamente o que é pra ele dizer! Sei que com Theo não acontece isso. Precisamos de você em outra ronda! – Alana me diz e eu me ponho a rir de novo.

— Você disse isso pra ela, moleque?! – eu viro pra Ken.

— Err-er...pa-pa-pai nã-não foi be-bem isso que eu – Ken começa a falar e eu lhe dou um empurrão no peito para ele se recompor.

— Luke! Pare! – Alana tenta segurar meu braço e eu a tiro de perto de mim.

— Fala que nem homem! – grito pra ele que treme levemente antes de se recompor.

— Não foi bem isso que eu disse pai. – ele diz de uma vez e eu fico próximo de seu rosto.

Da onde está vindo essa atitude dele agora? Ele não me respeita mais?!

— Já chega! – Theo me afasta e eu tiro rapidamente suas mãos de mim.

— Vai me ensinar a educar meu filho agora?! – grito pra ele.

Fodam-se eles todos!

— Vamos garoto... – Theo puxa Ken pelo braço e quando eu dou um passo em sua direção, Alana se põe entre nós. Deixando Theo caminhar para longe com meu filho.

MEU filho!

— Se ele se machucar, você é um homem morto! – eu grito pra Theo que nem se dá o trabalho de me olhar nos olhos. Ele continua caminhando de costas para mim.

— PARE! Já chega, Luke! – Alana põe a mão em meu peito, me empurrando pra trás.

— E você?! Vai defender ele?! Que história é essa de distorcer as coisas?! Eu só não quero preocupar o grupo a toa! – eu digo e ela ri nasalmente.

— Você não nos fala a verdade nunca! Acha que o grupo é fraco demais e que não podemos procurar lugares melhores pra sobreviver porque você sempre quer as coisas DO SEU jeito! Eu estou cansada de você! – ela bate as palmas da mão em meu tórax, me empurrando mais ainda pra trás. Fico vermelho de raiva.

Não se bate em mulher. Não se bate em mulher.

— Eu que estou cansado de você! – eu grito pra ela, que balança a cabeça pra mim.

— Você é ridículo! – ela diz e entra batendo o pé no escritório novamente.

— PORRA! – eu grito pro nada. Chuto uma lata no chão. Escuto o barulho da motocicleta de Theo e vejo Ken subindo na mesma. Eis que vejo um pedacinho de papel escapar do bolso lateral da bermuda de Theo, caindo no chão. Ele arranca com a moto sem perceber que perdeu algo. A porta do escritório se abre novamente e Alana sai com um rifle em mãos.

— Onde vai?! – pergunto quando ela passa por mim, caminhando na direção contrária que Theo partira.

— Não te interessa! – ela responde sem me olhar na cara. Eu sinto meus nervos a flor da pele e acabo me dando mais um tapa na cabeça.

Ando em ziguezague tentando contar até 50. Acabo contando três vezes na tentativa falha de me acalmar.

É aí que minha curiosidade ataca e eu acabo indo em direção ao estúpido papel que meu “amigo” deixara cair. Nesse momento só havia eu na rua, e eu tinha certeza que ninguém do grupo iria sair pra ver se eu estava bem ou algo do tipo.

Ninguem gosta de mim nessa porra mesmo!

Me abaixo e pego o bilhete e o abro.

Achei que iria explodir de ódio.

Te espero no represeiro. Preciso de você.

 - Al.

PONTO DE VISTA – HARRY

(12 dias desde a infecção.)

 

— Ela traía ele. Quase todos os dias depois que descobrimos que o Centro de Sobrevivência não existia mais. – Robin continuava a explicar.

— Nós nunca falamos nada porque...não era da nossa conta. – Regina complementa, abaixando a cabeça.

— Por isso que ele parecia irritado com a esposa... – Carley comenta baixo, sinto que era apenas um comentário que fazia pra si mesma.

— Temos quase certeza que ele seguiu ela. – Aria nos diz, atraindo nossa atenção novamente.

— Porque diz isso? – Matt pergunta. O grupo a nossa frente se encara novamente.

— Ela apareceu morta. – Regina responde.

 

PONTO DE VISTA – LUKE

(10 dias desde a infecção)

 

— Procurando alguém? – pergunto com os nervos a flor da pele. Lá estava ela, de frente ao represeiro que havíamos passado dias atrás na busca de alimentos. Ela havia comentado com Regina que o achava muito bonito e eu nunca entendi os olhares que ela trocava com Theo.

Como fui burro!

— Luke?! O que faz aqui?! – Ela me responde, encostando suas costas ao represeiro.

— O que eu faço aqui? Bom vamos ver... – começo a debochar dela, colocando minha mão debaixo do queixo – Estou empacando sua foda, pra começo de conversa!

Ela abre a boca lentamente pra falar, mas eu a interrompo.

— Estou aqui pra confirmar se era mesmo você que assinou aquele bilhete. Al? – eu a lembro de sua assinatura no papel destinado a Theo.

— Não é o que você está pensando! – ela se defende e eu rio. Todos os momentos que ela trocou olhares calorosos com Theo se passam na minha cabeça e minha raiva vai se aumentando segundo após segundo.

— Claro que não! Estou pensando que você se reúne com Theo para jogar truco debaixo da árvore! Se NÃO é o que estou pensando, minha segunda opção é que você é uma vagabunda! – eu grito em sua direção e minha mente se apaga por um momento.

Quando percebo, minhas mãos estão em volta de seu pescoço. Ela tenta me bater, acertando meu rosto algumas vezes. Meu ódio sobe cada vez mais e eu a jogo no chão, caindo sobre ela com minhas mãos em seu pescoço.

— VOCE NUNCA ME AMOU, SUA PUTA! – eu grito contra ela.

— Pa-PARE! – ela diz quase sem ar.

— É ISSO QUE NÃO É DA MINHA CONTA? É POR ISSO QUE VOCÊ NÃO ME APOIA? TÁ DE NAMORADINHO NOVO É?! – perco meu controle e aperto mais minhas mãos, enquanto ela tentava se afastar cada vez mais, percebo seus socos perderem força.

— JÁ APRESENTOU O NOVO PADRASTO PRO KEN? IMAGINA O QUE ELE VAI ACHAR SOBRE A MÃE DELE SER UMA PUTA! – eu grito contra ela.

— Por favor... – ela diz aos suspiros enquanto ia ficando roxa.

— Eu. Não. Consigo. Te ouvir! – aperto mais minhas mãos e percebo seus olhos se arregalarem, ela para de me bater aos poucos até que a sinto ficar sem resistência alguma.

Eu grito para seu corpo e me jogo ao seu lado, trêmulo. Fecho meus olhos ofegante e processo tudo.

Depois de um minuto eu percebo o que fiz de fato. Olho para Alana e...

Não sinto remorso algum.

Ela só te atrapalhava mesmo.

 

PONTO DE VISTA – HARRY

(12 dias desde a infecção.)

 

— Ele chegou com o corpo dela em mãos. Tinha lágrimas nos olhos e tudo mais, disse que a encontrou daquele jeito próxima a uma faca. – Regina conta limpando uma lágrima dos olhos.

— Ela...tinha cortes nos pulsos, parecia ter se matado, na verdade. – Ezra comenta e Regina o olha com dureza.

— Você sabe que ela não se matou. Ela não estava em um colapso ou algo do tipo! Ela era mais durona que o Luke! – Regina rebate Ezra.

— Nunca saberemos, Regina. – Ezra responde de volta, dando de ombros.

— A gente nunca sabe quando alguém está pra se matar, isso é verdade. Mas...sei lá, foi tudo muito estranho. – Robin suspira profundamente e eu me encontro sem palavras.

— E como o pessoal reagiu? – Carley pergunta.

 

PONTO DE VISTA – LUKE

(10 dias desde a infecção)

 

— Por favor! Não quero que meu filho a veja assim! Ele vai entrar em qualquer momento! – Forço lágrimas para fora do meu corpo, meu grupo se encontra devastado. A voz de Theo começa a aumentar gradativamente do lado de fora, Robin pega o corpo de Alana e o leva pra dentro da pequena salinha do escritório, entrando logo depois que a porta de entrada do escritório se abre.

Eu me viro em uma mistura de raiva e falsa tristeza quando...

Theo entra pela porta, segurando Ken nos braços. Meu filho...

Ken estava inconsciente, com a cabeça sangrando em sua lateral.

— FECHEM A PORTA! – Theo grita e Ezra rapidamente fecha a porta. Robin surge novamente na sala, com sangue em sua camisa.

— O QUE VOCÊ FEZ?! – eu grito quando Theo deposita Ken no chão, eu me atiro sobre meu filho segurando seu rosto nas mãos.

— FILHO! FALA COMIGO! – chacoalho seu rosto, que não reage. Vi seu peito subir e descer e isso me dá um alivio.

O QUE ELE FEZ?!

— Estávamos em uma farmácia quando fomos atacados! Havia muitos zumbis e na hora da correria eu...eu esbarrei em uma estante e a madeira bateu na cabeça dele. Ele desmaiou na hora! – Theo explica e eu vejo algumas lágrimas em seus olhos.

Lagrimas falsas!

— OLHA O QUE VOCÊ FEZ! – eu nem tenho tempo de pensar, vou com minhas mãos na direção do colarinho de Theo e o jogo contra a parede.

— LUKE! – Escuto o resto do meu grupo gritar.

— Não foi por querer, cara! – Theo grita em minha direção, ele segura minhas mãos que estavam agarradas em seu colarinho.

— Solta ele! – Ezra e Robin me puxam para longe a força.

— ME LARGUEM! – me debato enquanto os dois me afastam para longe de meu ex-amigo.

— Fomos em direção a Castery porque eu lembro de ter visto uma saída que dava no campo lá! Eu queria ter certeza que ela não estava corrompida e...

Na hora que ele cita “Castery” sinto minhas veias pulsarem do corpo. Assim que estou mais afastado, Robin e Ezra me soltam.

O FILHA DA PUTA FOI PARA O SUL!

— Eu te disse que não iríamos pro Sul! – grito contra ele.

— Pare com isso! – Aria grita para mim.

— Quase matou ele! Você tem noção?! OLHE! – aponto para Ken, ainda desacordado. Regina está ajoelhada próxima a ele, vendo a discussão.

— Eu não o feriria por mal, eu juro! Sua família é importante pra mim também, Luke! – Theo me responde dando um passo pra trás.

Aquilo foi a gota d’agua.

Minha família, né?! Até minha esposa!

Aqueles sentimentos me arrebatam com uma força inacreditável. Eu acredito nunca ter sentido tanto ódio em minha vida! Ele era meu amigo!

MEU AMIGO!

Agora ele quer roubar minha família de mim?!

Pois irá rouba-los no inferno!

Saco minha pistola rapidamente e aperto o gatilho na cara daquele filha da puta.

PONTO DE VISTA – HARRY

(12 dias desde a infecção.)

 

— Meu Deus! – é tudo que consigo dizer. Todos nós ficamos em um silencio constrangedor.

— Essa imagem nunca sai da minha cabeça... – Regina diz suspirando profundamente.

— Nem da minha. – Ezra fala.

— A minha também. – Robin diz enquanto Aria se vira de costas para nós, passando a mão nos olhos. Ficamos em silencio novamente.

 Carley? Na escuta? – A voz de Rey sai do rádio que Carley carregava no ombro. Os membros do grupo a nossa frente se assustam.

— Estou. Onde vocês estão? – Carley responde enquanto trocava olhares com Regina e o seu grupo. A voz dela parecia séria.

— Deu uma merda gigantesca com os zumbis! Não conseguimos entrar porque devia ter alguma coisa no shopping que atraiu eles! Cadê vocês?! – Rey pergunta.

Todos nós ficamos encarando Carley, pra ver o que ela iria responder. Robin encara Carley seriamente. Até mesmo eu não sabia se minha amiga iria falar alguma coisa sobre o que estávamos passando.

— Tivemos que correr também. Não sei o que aconteceu. – ela responde e percebo Regina, Ezra, Aria e Robin suspirarem.

— Não é seguro ficar aqui, acho melhor vazarmos! — Rey diz.

— Espera! – Carley diz inesperadamente.

— O que? — Rey responde.

Vejo a expressão de Carley se tornar pensativa. Eu entendo o que provavelmente ela está pensando.

Luke está com Rey. Não fazíamos ideia de quem Luke era ou o que ele era capaz, e agora ele tem um dos nossos.

Isso tem que ser resolvido! Mas se ela falar alguma coisa pelo rádio...Luke escutará.

— Nada. Eu te encontro em casa! – Carley responde.

— Certo! Te vejo em casa! Se cuida, palhaça! — Rey responde brincalhão e a conexão se encerra.

— Obrigado por não ter dito nada. – Aria diz assim que Carley volta a olha-los.

— Meu amigo está junto de Luke. O que Harry disse era verdade, o careca apareceu para nós dizendo que procurava alguns amigos. Ele tinha fome e trocamos comida por armas, viemos ajudar ele a achar os amigos, mas não fazíamos ideia de que o demônio da história era ele! – Carley começa a dizer enquanto dá um passo na direção do grupo.

— Luke e Ken estão voltando para minha casa junto com meu amigo. Eu tenho mais sete pessoas lá... Podemos ajudar vocês a resolverem essa questão. Vocês são bem vindos. – Carley fala pro grupo e eu fico completamente surpreso. Troco olhares nervosos com Matt que parecia igualmente chocado.

Alguém me belisque! Carley oferecendo abrigo?! O que houve?!

— Porque está fazendo isso? Eu...até te bati. – Regina diz para Carley, que ri nasalmente.

— Isso vai ter volta, acredite! Mas...alguém me disse uma vez que as vezes é necessário olhar com outra perspectiva...que “temos que sobreviver juntos”. – Carley explica e minha boca se abre lentamente.

Quem te viu, quem te vê!

— Estou tentando fazer a coisa certa. – Carley estende a mão para Regina que a olha curiosa. Depois ela troca olhares com Robin, Ezra e Aria que balançam a cabeça positivamente pra ela.

Carley e Regina apertam as mãos.

— Mas ainda tenho uma pergunta. – minha amiga diz – Porque ele está atrás de vocês?

 

PONTO DE VISTA – LUKE

(10 dias desde a infecção)

 

— AAAAAH! – todos a minha volta gritam quando o corpo de Theo cai duramente no chão. O sangue começa a escorrer pra todos os lados.

Esse filho da puta ainda ganhou um tiro limpo, na cabeça!

Eu me viro para meu grupo de sobreviventes.

— É assim que as coisas vão funcionar agora! Eu faço o que eu preciso fazer para nossa sobrevivência! Ele pôs alguém do grupo em risco, então eu o eliminei! – grito pra eles, que olham pra mim totalmente chocados. Quando dou um passo a frente, Robin saca a arma e aponta em minha direção.

— NEM MAIS UM PASSO! – ele diz com lágrimas nos olhos pra mim, e eu dou risada dele.

— Vai atirar em mim, Robin? Quer impressionar a patroa?! – eu digo a ele, que segura a arma com a mão trêmula.

— Só se você se aproximar! – ele me responde e eu ponho a mão em minha cabeça.

— Eu faço de tudo pra deixar esse grupo vivo! Acabei de perder minha mulher, e meu amigo quase matou meu filho! Isso é errado? – dou um passo a frente e Robin engatilha sua pistola.

— Estou avisando! – ele grita pra mim e eu paro de andar.

— Vocês estão do lado dele?! Ele tá apontando uma arma pra mim e vocês não vão me apoiar aqui?! – fico chocado com o fato de Regina, Ezra e Aria não fazerem nada além de chorar e tremer.

Eles não me apoiam também!

NÃO GOSTAM DE VOCÊ!

— Seu filho está sangrando! Acho que você devia se preocupar com a única família que restou pra você! – Robin rebate e eu sinto uma raiva subir no peito, mas assim que ponho meus olhos em Ken sinto que Robin citou um ponto importante. Corro na direção de meu filho e o seguro nos braços.

— Vai ficar tudo bem, filho! Papai vai cuidar de você! – vejo o corte lateral na cabeça de meu filho e corro até minha mochila, onde havia um mini kit médico – Vai ficar tudo bem!

Não sei em que momento isso aconteceu, mas sinto uma pancada na cabeça e caio de joelhos. A última coisa que vejo antes de desmaiar é Aria segurando um pedaço de madeira.

.....................

Acordo com uma dor de cabeça dos infernos. Tudo está escuro.

— Porra! – ponho a mão em minha cabeça dolorida. Tateio minha mochila em busca da lanterna até que finalmente a encontro. Vejo que não há ninguém na sala, e que todas as outras mochilas sumiram.

— NÃO! NÃO! – corro porta a fora e percebo que não há nada além de minha caminhonete e a motocicleta de Theo ali. Todos os outros veículos sumiram.

— FILHOS DA PUTA! – grito irritado contra o ar ao perceber que os covardes fugiram.

Quem precisa deles?! FODA-SE!

Volto para dentro do escritório e minha ficha cai.

Levaram as mochilas, ou seja...

— LEVARAM A COMIDA! – grito pra mim mesmo, reviro o escritório inteiro em busca de algo que deixaram pra trás.

Os filhos da puta querem te matar de fome! Eles levaram a comida!

— Pai? – escuto uma voz fraca surgir na escuridão e eu me viro feliz ao ouvi-la.

Ken!

— Filho! – corro em sua direção e percebo, com a ajuda de minha lanterna, que ele tem um curativo na cabeça. Ele parece atordoado.

— O que...? THEO?! – ele vê o corpo de Theo estendido no chão e vejo lágrimas se formarem em seu rosto.

Eu estava recheado de ódio.

Theo quase matou meu filho e ainda por cima me traiu, dormindo com minha esposa! E quando acho que vou ter apoio, sou roubado e deixado sem comida para morrer de fome como um animal!

Eles vão pagar caro!

Ken começa a chorar e eu seguro seu rosto em minhas mãos.

— ESCUTA! – o chacoalho – Precisamos matar eles!

Ken arregala os olhos.

— O quê?! – ele pergunta aos prantos.

— Eles mataram Theo! Mataram sua mãe! E quando tentei impedir, me bateram na cabeça e levaram a comida! Eles queriam nos matar, filho! – chacoalho seu rosto, praticamente cuspindo em seu rosto.

Vamos lá, não seja covarde Ken!

— MATARAM A MAMÃE?! – ele começa a chorar mais ainda e eu lhe dou um tapa na cara. Não era hora pra isso.

— ELA ESTÁ MORTA! E AGORA, VOCÊ VAI ME AJUDAR A VINGAR ELA! – eu grito pra ele, que me encara estático, engolindo o choro.

Estão tentando me matar! Eles não me apoiaram! Preferiram Theo!

Agora vou juntar todos eles no inferno!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

TCHAM!!! Esperavam por essa? E agora? O que vocês acham que vai acontecer no capitulo final?!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The New World" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.