The New World escrita por xMissWalkerx


Capítulo 48
Amigos de Estacionamento


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora! Capitulo beeeeeeeeeem longo hoje!

Aproveitem!



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PONTO DE VISTA – MARY

 

(12 dias desde a infecção.)

 

— Como se sente? – pergunto com a mão na testa de Hershel.

Mal posso descrever como me sinto de ver esse homem de olhos abertos finalmente! Cheguei a achar em certos momentos que nunca te fato o conheceria ou ouviria sua voz...

Mas claro que eu não disse isso pra ninguém.

— Já estive melhor, heh...mas estou vivo, e é isso que importa! – Ele responde com um sorriso fraco no rosto. Eu sorrio de volta.

— Daqui a algumas horas, vai tomar os remédios de novo, ok? Vamos controlar a febre. – eu digo e ele assente – Se me der licença, eu vou trocar a sua bandagem.

Antes que eu pudesse me levantar e ir até o closet com as toalhas, ele segura fracamente meu pulso, me impedindo de continuar meu caminho.

— Ainda não fomos apresentados. – ele diz sorrindo torto e logo em seguida larga meu pulso.

— Ah! – eu rio nasalmente – Claro...meu nome é Mary, senhor. – eu estendo a mão para que ele possa aperta-la e assim ele o faz.

— Mary....sei que sabe que meu nome é Hershel. Então o que me resta fazer aqui é agradecer a você por salvar minha vida. – ele diz apertando minha mão e colocando sua outra mão livre em cima de nosso cumprimento, balançando levemente nossas mãos.

— Não fiz isso sozinha Hershel. Maggie nos ajudou a pegar os remédios que agora estou dando a você, e Carley- – começo a tentar dividir o mérito com meu grupo, mas Hershel me interrompe.

— Sei que todos me ajudaram, e eu vou agradecer a cada um deles. Agora, estou agradecendo a você. – ele diz bem calmo, eu me deixo sorrir novamente.

Ele me lembra meu avô...parece tão gentil.

— Ela salvou sua vida duas vezes, sabe? – Enid fala atrás de mim, eu viro minha cabeça em sua direção, surpresa por ela ter dito alguma coisa. Killian estava com a cabeça deitada em seu colo, e ainda não havia acordado. Ambos estavam no colchão posto no chão.

— Antes de acordar, o senhor parou de respirar. Ela te reanimou! – Enid diz e vejo a garota sorrir pela primeira vez.

Ela não parece aquela “ladrazinha” que Carley desdenhava, na verdade até acho ela fofa!

— Oh! Por isso que vocês estavam com caras de assustadas! – Ele diz soltando um riso no final de sua frase.

— Não sei ela, mas eu achei que o senhor tinha...se transformado. – Enid diz dando de ombros.

— Pensei a mesma coisa! – eu respondo a ela, que sorri de canto.

— Agradeço em dobro então, heh! – Hershel diz por fim e todos nós rimos no quarto.

Eu volto a caminhar em direção a onde eu havia deixado as bandagens novas na ultima vez. Pego maleta branca, onde estavam as bandagens e a agua oxigenada e as levo de volta pra onde Hershel estava.

Começo a tirar a bandagem velha.

— Você era médica antes? Ou enfermeira? – ele pergunta.

— Não, eu fiz um curso técnico de enfermagem uma vez...não sei tantas coisas assim. – respondo a ele enquanto desamarro as tiras.

— Puxa! Soube se virar bem! – ele responde e eu me sinto orgulhosa de mim mesma.

Assim que tiro as bandagens, encaro seu ferimento agora sem pus. Pego a água oxigenada.

— Beth, pode dar algo pra ele morder, por favor? Vai doer. – eu digo pra filha mais nova do meu “paciente”. Ele respira profundamente antes de ter um pano posto em sua boca. Maggie segura sua mão.

Jogo a água oxigenada no ferimento e ele fecha os olhos fortemente, segurando um grito com a garganta. Eu me apresso pra limpar o resto do sangue que escorria e já começo a amarrar as novas bandagens em volta de sua perna. Hershel abre seus olhos, agora lacrimejados.

— Acabei por aqui! – digo voltando a apoiar sua perna na almofada que deixava sua perna erguida. Beth tira o pano da boca do pai e seca suas lágrimas.

— Graças a Deus... – ele diz respirando fundo.

— Paciente numero dois! – eu digo e giro meu corpo em direção a Killian. Enid tira a cabeça do pai de seu colo e a apoia no colchão.

— Ele não acordou ainda! – ela diz, percebo uma preocupação em sua voz.

— Não se preocupe, isso era esperado. Vamos faze-lo acordar assim que eu der uma olhada na mão dele. – digo a ela e me sento de frente a Killian, com a maleta branca em mãos.

Glenn surge na porta entreaberta, ele dá duas batidinhas e entra no quarto.

— Er...vim ver como tudo estava. – ele diz olhando para todos no recinto rapidamente e depois voltando a focar o chão.

— Estamos bem, só estou cuidando dos pacientes aqui. – respondo a ele enquanto vou desamarrando as bandagens de Killian.

— Precisa de ajuda com alguma coisa? – ele me pergunta e eu nego com a cabeça.

— Estou bem, obrigada Glenn. – sorrio pra ele. Por mais que eu conhecesse pouco Glenn, ele sempre tentava ser útil e gentil. Esse pensamento me fez me ligar de uma coisa...

— Porque não descansa um pouco, hein? Você saiu hoje e até agora não parou quieto! – digo aos risos pra ele, que sorri sem graça de volta.

— Não consigo ficar sem fazer nada, estava descansando um pouco e depois vi que não conseguia mais fazer isso! – ele responde com um meio sorriso.

— Me identifico com isso! – Maggie diz a ele, que troca olhares tímidos com ela.

— Oh...você me fez lembrar... – ele dá dois passos na direção da cama de Hershel – Precisam de ajuda pra levar as coisas de vocês? Posso fazer isso agora se deixarem.

— Levar as coisas? – Hershel pergunta confuso.

— É papai, se lembra que eu disse que Carley nos cedeu um quarto? Fica na casa de baixo. – Maggie diz para Hershel que fez uma careta logo em seguida, parecia ter se recordado agora.

Me concentro em minha tarefa enquanto ouço a conversa, agora erguendo o pulso de Killian para passar a água oxigenada.

— Sim, eu estou lá também! Digo, na casa! Não...er...não no quar-quarto. – Glenn se atrapalha e eu seguro uma risada, tenho certeza que se tivesse virada de frente pra ele teria rido ali mesmo.

— Você não vai levar sozinho! Não vou ser folgada! – Maggie se levanta da ponta da cama e passa por Glenn, pegando uma das mochilas ali jogadas no canto – Essas outras três são nossas também, eu levo duas e você leva duas!

Maggie pega mais uma mochila e Glenn pega as outras duas restantes. Ele aponta pra porta, indicando que Maggie deveria ir na frente. Eu começo a amarrar a bandagem de volta no pulso de Killian, já havia acabado com ele também.

— Já volto! – Maggie diz para o pai e passa pela porta, com Glenn logo atrás dela.

— Ele é amigo de vocês também? Já estava aqui ou chegou agora, como esses? – Hershel diz e gesticula logo em seguida para Enid e Killian.

— Ele chegou alguns dias antes de vocês na verdade, não está conosco a tanto tempo. Acabamos o encontrando...bom, na verdade, ELE nos encontrou. Fugia de alguns zumbis quando acabou sendo acolhido. – respondo a Hershel enquanto procuro amônia na maleta.

— Ele é legal! – Beth fala ao pai que lhe dá um pequeno sorriso de resposta.

É bom pensar que pelo menos, ainda restam pessoas que ainda podem estar junto com suas famílias...

A tristeza enche meu coração, mas eu não a deixo extravasar.

Finalmente encontro o vidro de amônia e o destampo.

— Se afaste daí, ele pode acertar você sem querer. – digo pra Enid, gesticulando para que ela se afastasse do pai um pouco, a amônia vai faze-lo acordar de súbito e ele pode acabar se assustando de alguma forma, acertando a filha que estava tão próxima a ele.

Pego um pedaço de bandagem velha e despejo um pouco de amônia ali, depois levo a bandagem até debaixo do nariz de Killian, que abre os olhos subitamente e levanta parte do corpo respirando desesperadamente, como se tivesse acabado de submergir do oceano após muito tempo em baixo d’água.

— Pai! Calma! Calma! – Enid põe a mão sobre o peito de Killian que começa a olhar para os lados, piscando rapidamente.

— A-Ainda...?! – ele começa a dizer.

— Ainda estamos aqui. Naquela casa gigante, com o grupo novo. – ela explica para o pai tenta se sentar.

—Wow! Wow! Vai com calma, não force! – Eu estico minhas mãos até ele, que se senta no colchão.

— Bem vindo de volta, moço! – Beth diz a Killian, que a olha com curiosidade por não ter visto ela antes ali.

— Por...por quanto tempo eu apaguei? – ele diz esfregando os olhos com a mão boa.

— Algumas horas. Tem fome? – pergunto a ele, que apenas balança a cabeça como resposta.

— Sente alguma coisa diferente? Quero dizer, algo que não sentia antes? – faço outra pergunta e Killian faz uma careta e leva a mão até o pulso enfaixado.

— Parece que minha mão está pegando fogo! – ele diz.

— É a água oxigenada. Ela usou pra desinfetar sua mão, estou com a mesma sensação na perna! – Hershel responde a ele, Killian o olha por inteiro e sorri.

— O senhor acordou! – ele sorri – Quando cheguei, você estava desmaiado nessa cama, senhor...?

— Hershel. – meu primeiro paciente responde.

— Certo! – Killian sorri novamente – Sou Killian e essa é minha filha Enid.

Os três trocam sorrisos e eu fico com cara de boba no meio deles, vendo toda aquela confraternização.

— Vou buscar um prato de comida para você. – digo a ele, me levantando e pondo a maleta branca em minhas mãos na cômoda.

— Já comeu, estrelinha? – Killian pergunta a filha, que revira os olhos.

— Pai! Eu...já. Já comi sim. – ela põe a mão na testa e olha ao redor rapidamente, cobrindo levemente o rosto.

— O quê? O quê foi que eu disse de errado, estrelinha? – Killian pergunta e Enid se levanta bufando.

— Deixa que eu pego a comida! – ela passa por mim e eu fico ali sem entender nada. Killian me olha e estica uma sobrancelha pra cima, eu penso um pouco sobre o que que houve.

....OH CLARO!

Começo a rir e Killian me olha curioso.

— Filhas! Sei pelo que está passando! – Hershel diz a Killian.

— Eu sinceramente não entendi o que acabou de acontecer! – Killian diz aos risos, esfregando os olhos novamente. Eu ponho a mão em sua testa pra ver se havia febre.

Diminuiu, com certeza.

— Não faz isso com ela sendo que a menina tá rodeada de estranhos! – eu digo rindo e ele me franze o cenho, até sua expressão finalmente se aliviar, como se tivesse acabado de ter uma epifania.

— Aaaaaah! É sobre isso que se trata?! – ele diz pondo a mão na boca, rindo.

— Ela também tem os apelidos que não gosta de ser chamada em público, certo? – Hershel diz apontando para Beth com a cabeça, que por sua vez esbugalha os olhos.

— Não precisamos fala-los, né?!— ela diz semicerrando os dentes.

— Viu só? – Hershel diz e começa a rir logo em seguida. Eu rio também.

Quem diria! Momentos divertidos enquanto tá todo mundo na bosta!

Isso é que é ser irônico!

— Bom... – digo depois de cessar meu riso – Vou dar uma volta e checar se tudo está bem, volto daqui a pouco!

Os três ali assentem com a cabeça.

— Obrigado, Mary. Salvou minha vida! – Killian diz pra mim antes que eu pudesse sair, eu apenas sorrio assentindo lentamente.

Estou nas alturas! Se teve algum momento no qual meu ego ficou lá em cima, esse momento acabou de ser esmagado pelo fato de eu ter salvo duas vidas!

Isso aí, queridões!

DU-AS!

Me sinto quase a ponto de sair desfilando pela sala de estar, se eu pudesse escolher uma música tema pra mim agora, seria I’m Boss Ass Bitch!

Atravesso o corredor e passo pela cozinha. Dou uma olhada na lista de alimentos que temos enquanto Enid termina de pegar o almoço do pai.

— As vezes isso me dá tanta vergonha! – ela diz enquanto eu lia, eu a olho a tempo de vê-la extremamente sem graça. Rio de seu jeito, enquanto memórias passam pela minha cabeça...memórias de um certo alguém....

— Não devia sentir vergonha disso! Quer dizer, entendo que sinta, porque eu já fui adolescente um dia, mas...ele não faz por mal. – eu digo a ela, e realmente acredito nisso.

— Eu sei que não! Mas é que as vezes...sei lá, me sinto um recém nascido! – ela diz e eu balanço negativamente a cabeça.

— Você está longe de ser um recém nascido! E ele sabe disso também, tenho certeza. – digo a ela, e mesmo não conhecendo Killian, é como eu acho que ele pensa.

— Eu também estou passando no meio dessas merdas todas, sabe? Eu cortei a mão dele, pô! – ela diz e eu decido ir até ela, pra olha-las nos olhos para que ela levasse em conta o que eu estava prestes a falar.

— Escuta, eu não te conheço tanto assim, mas...posso te dar um conselho? – pergunto educadamente. Ela solta a colher de arroz para me olhar melhor.

— Claro. – ela responde

— Não é todo mundo que tem a chance de ver o próprio pai nesses dias...que pode estar com a família e ouvir os apelidos que eles costumavam chamar você. Não estou te chamando de ingrata ou algo do tipo, não é isso! O que quero dizer é...aproveite o fato que você tem a presença de seu pai. – eu digo e ela fica reflexiva, encarando seus próprios pés.

— Você mesma disse que passou por muita merda. Então você sabe que é muito fácil isso mudar certo? Que qualquer coisa pode acontecer e você pode... – paro de falar ao ver que ia cruzar um limite, Enid me olha, mas eu calo minha boca.

— Pode falar. Ele pode morrer. Era isso, né? – ela diz calmamente e eu assinto devagar com a cabeça.

— Vou tentar mais, eu acho... – ela diz e ficamos as duas em um silencio constrangedor por um tempo.

— Mas...vou conversar com ele sobre esse negocio de estrelinha! – ela diz com um riso nervoso antes de começar a se direcionar pra fora da cozinha, me deixando ali com um sorriso bobo.

Volto a lista de alimentos e engulo seco ao vê-la com um estoque baixo.

Logo não teremos o suficiente para todos...teremos que sair mais...fazer alguma coisa.

Tento me distrair da conversa que tive com Enid, mas a imagem de um homem alto, ruivo, com barba por fazer e olhos escuros invade minha mente.

“Porque está chorando, Caipora?”

“Ah não! Me deixa!”

“O que aconteceu? Como foi o encontro?”

“Eu não quero falar sobre isso! Por favor, me deixa sozinha pai!”

“Ele fez alguma coisa?! Fala pro papai...”

“Eu já disse que não quero falar! Eu sou um lixo!”

Eu grito e escondo meu rosto no travesseiro. Ele suspira e se senta do meu lado, entrelaçando os dedos e se virando para frente.

“Tá bom então.”

Ele ficou lá...sentado do meu lado na cama...como cobri meu rosto com o travesseiro, não podia ver sua expressão. Ele respirava tranquilamente.

“Você sempre gostou de flores, não é? Sempre quis ter flores na janela...desde quando você era uma mini Caiporinha!”

Um estresse sobe pelo corpo, passando pelo meu peito que guardava meu coração partido. Decido não falar nada pra não piorar as coisas.

“Que lindas flores temos este ano...” sinto a cama se mexer, olho de soslaio e percebo que ele se levantou, e ia até minha janela, que ficava de frente pra grande e alta roseira do vizinho.

“Olha só! Só falta aquela ali...” ele disse e eu me permiti olhar pra onde ele estava observando. Um botão de rosa prestes a desabrochar.

Ele esticou a mão e pegou uma pequena rosa dali, e depois começou a andar de volta pra mim.

“Mas eu sei que quando ela desabrochar, ela será a mais bela de todas...” ele passa uma mecha do meu cabelo para trás e coloca a rosa sob minha orelha. Uma lágrima desce e ele a apara com o polegar. Eu choro em seu quente abraço.

“Porque eles são assim?” digo com a voz fraca.

“Nem todos merecem ter uma roseira na janela e ver o seu desabrochar...alguns são estúpidos demais pra isso.”

“Ele me deixou lá pai...disse que foi bom mas que não queria compromisso, sendo que ele tinha dito que queria antes!”

Sinto as mãos de meu pai se enrijecerem em meus ombros.

“Ele que está perdendo, Caipora...tudo vai ficar bem. Ele não era o cara certo.”

“Não sei se foi algo que eu fiz ou...”

Ele segura meu rosto em suas mãos e me olha seriamente.

“Nunca duvide de si, Mary. Você vai fazer coisas incríveis na vida filha, e se for pra ter alguém do seu lado, essa pessoa não vai te prender a nada! Ela vai é te impulsionar pra frente! Você realmente acredita que o Brice era alguém que te impulsionava?”

Eu demoro, mas nego com a cabeça.

“Nunca, jamais, em hipótese alguma, se menospreze. Ele mentiu pra você e te enganou. ELE é o que não presta. ELE é o que fez algo errado, não você. Está me entendendo?”

Afirmo com a cabeça e aparo uma lágrima que caia no meu rosto. Ele me abraça de novo.

“Eu gostava dele, pai...”

“As vezes leva um tempo até enxergamos algumas coisas filha...amor é complicado.”

Ficamos abraçados por mais um tempo até que ele decide se desvencilhar e pegar meu rosto novamente.

“E se precisar se lembrar, saiba sempre que você é o amor da vida de alguém.”

“Sou?”

Ele sorri pra mim e me dá um beijo na testa.

“O amor da minha vida, querida.”

— Mary? – sinto uma mão tocar meu ombro e me assusto, me afastando dos meus pensamentos. Beth me olhava preocupada.

— O que aconteceu? – ela me pergunta e eu começo a passar as mãos rapidamente sobre meus rosto, só havia percebido agora que eu estava chorando. Meus olhos doíam de leve, o que indicava que muitas lágrimas haviam caído.

— Não é nada. Eu só...me lembrei de algumas coisas. Só isso. – respondo rapidamente a ela, e me volto novamente pra lista que antes eu estava analisando.

— Oh...certo. Eu só vim pegar um pouco d’água... – Beth parecia triste, ela dá alguns passos pra trás, pegando uma garrafa. Ouço seus passos pararem e vejo de relance que ela me olhava, depois, ela relutantemente se volta ao corredor.

Eu respiro profundamente.

Que saudades que tenho de você, pai.

 

 

PONTO DE VISTA – MATT

 

(12 dias desde a infecção.)

 

— Já estava quase indo atrás de vocês! – eu exclamo ao ver Carley, Harry, Rey e Ken voltando até a caminhonete.

Os quatro estavam levemente ofegantes, Carley passou reto com Rey e colocou as mochilas que carregavam no porta malas do carro de Maggie.

— Acharam alguma coisa? – Luke perguntou por mim enquanto dava um tapinha no ombro do filho.

— Pai! Olha só! – Ken abriu a mochila e mostrou diversos enlatados que havia encontrado, desde verduras até sardinhas. Ele meche um pouco na bolsa e revela mais coisas ao fundo – Falei que era uma boa ideia entrar na loja de doces! Sempre tem uma parte de enlatados nos fundos! Pelo menos na minha rua era assim...

— Tá bom, mas você tá falando como se a gente tivesse achado grande parte dos enlatados lá mesmo! Sendo que uns 60% disso aí foi achado naquele self-service que eu entrei! – Harry responde abrindo a mochila dele, revelando pães de forma, frutas, legumes e é claro, mais enlatados.

— Nós também achamos algumas coisas. Bolinhos, latas de atum, cookies, alguns chocolates e pegamos algumas coisas úteis, tipo fita adesiva, pregos, etc. – Carley passa por mim e coloca a mochila dela no porta malas do carro, Rey faz o mesmo.

— Então...nem sinal deles? – Luke pergunta mais pra seu filho do que pros meus amigos que acabaram de chegar.

Ken balança negativamente a cabeça e os dois trocam um olhar semelhante ao que eu e Rob trocávamos...aquele tipo de olhar que não é necessário palavras para compreender o que o outro queria dizer.

— Então é melhor caminharmos mais pra frente, se eles não estão aqui então acho que devemos dar uma olhada naquele shopping! – Luke diz e Carley dá um suspiro.

— Sabe que não é tão simples certo? Precisamos ver se é POSSÍVEL ao menos chegar perto daquele shopping. Lugar cheio significa muitos mortos. – Carley diz e Luke revira os olhos.

— Qual é! A gente consegue! É só a gente chegar perto o suficiente pra ver no que que dá, qualquer coisa, pulamos fora! – Luke diz como se fosse a coisa mais simples do mundo – Algum de vocês conhece aquele shopping?

— Eu fui lá uma vez. – respondo levantando minha mão.

Lembro que eu, Rob e Mary fomos lá ver Poltergaist uma vez com alguns outros colegas nossos...foi uma zona!

— Ótimo! Então façamos o seguinte... – Luke caminha até Carley e estende a mão – Pode me dar o mapa?

Carley entrega o pedaço de papel nas mãos dele e ele o abre no capô do carro.

— Olha, aqui fica o shopping. Com certeza tem mais de uma entrada! A gente pode se dividir em dois grupos e checar se tem alguma entrada viável! Agora que eu arrumei o radinho de vocês, vai ser moleza! – Luke diz dando alguns tapas no mapa.

— Não sei...se tiver muitos lá, fodeu! – Carley diz coçando o queixo enquanto analisava o mapa.

— Qual é! – Luke dá um tapa no capô, parecia irritado. Carley se indireita para olha-lo melhor – A gente veio até aqui! E eu não volto sem pegar eles!

Um silêncio se estabelece. Luke dá algumas piscadas rápidas e fecha os olhos logo em seguida, parecia que queria se acalmar.

— Eu não volto sem eles. – ele disse por fim e depois abriu os olhos. Ele e Carley tiveram uma conversa silenciosa pelos olhares. Até que Carley se aproxima mais dele, ela parecia furiosa.

— No momento que eu perceber que a merda está comendo solta, eu pego o meu grupo e vou embora, tá ouvindo?! – Ela ergue um indicador para Luke, que parece trincar o maxilar.

— Beleza. – ele responde ríspido.

— Certo... – ela se afasta e olha em volta – Você disse separar grupos? Ok.

— Vai ser Eu, Matt e Rey. O outro grupo vai ser vocês e.. – Carley começa a separar os grupos mas Rey dá um passo a frente e põe a mão no ombro de Carley.

— Eu vou com o Luke e o Ken. Leve o Harry e o Matt com você. – ele diz e Carley esbugalha levemente os olhos. Rey esbugalha novamente os olhos pra ela, e percebo ele gesticulando em direção a Luke.

O que está havendo?

— O quê?! – Carley diz pra Rey, ela troca olhares nervosos com ele.

— Eu. Vou. Com o Luke. – ele diz pausadamente e eu honestamente não consigo entender o tipo de comunicação que eles estão tentando estabelecer ali.

— Se acontecer alguma coisa, eu te ligarei no rádio. Qualquer coisa a gente freia a operação. – ele diz ainda com a expressão intacta de olhos esbugalhados.  – Ficarei de olho.

Aah! Será que ele está querendo ir com o Luke pra ficar de olho nele?

Eles ficam se encarando por um tempo, parecem estar se comunicando por pensamentos. Até que finalmente:

— Tá. – ela diz e Rey pisca pra ela.

— Certo. Então vai ser eu, Ken e Luke.– Rey diz voltando-se para o mapa - A gente pode ir pela entrada da farmácia do shopping e você, o Matt e o Harry podem ir pela entrada do estacionamento.

— Beleza! Vamos lá então, parceiros! – Luke bate uma palma empolgado, depois vai até a caçamba da caminhonete e pega um fuzil dali – Vamos achar eles!

— Acabar logo com esse sofrimento! – Ken diz dando dois tapas no ombro do pai. Rey vai até Harry e o abraça, desejando boa sorte.

— Cuidado gente... – Rey diz ao se soltar do abraço de Harry – Não vai fazer bosta que você tem uma ruiva te esperando!

Harry dá um soquinho no ombro de Rey enquanto ria da piada, eu também acabo rindo, parando apenas quando é a minha vez de ser abraçado.

— E você também, toma cuidado. – digo a ele quando o mesmo me abraça apertado.

— Pode deixar. Vamos achar logo essa galera e acabar com isso! – Rey diz se desvencilhando do abraço e indo agora em direção a Carley, que balançava a cabeça negativamente pra ele.

Os dois se abraçam forte, vejo Carley fechar os olhos e apertar a camiseta pelas costas de Rey.

— Se acontecer alguma coisa ou se ele fizer algo... – Carley começa a dizer de olhos fechados mas Rey a aperta mais e a interrompe.

— Eu vou ter que usar a força! – ele diz dando bastante ênfase na palavra e Carley solta um riso, se desvencilhando de seu abraço.

— Eu ajudo! – ela diz pra ele, que ri de volta. Eu não estava entendendo nada daquele papo.

— Porra! Aí fodeu! Se eu estiver usando a força, quem vai ser seu freio? – ele responde e eu fico confuso.

Que porra é essa de freio?!

Carley ri.

— Talvez eu precise consertar os meus freios! – Ela responde a Rey, depois se aproxima e fala mais baixo dessa vez – Ou não, dependendo do que ele pode fazer!

Os dois riem um pro outro enquanto Rey brincava com a mão de Carley, ele encara aquele bolo de mãos.

— Toma cuidado você também tá? Não faça nenhuma idiotice. – ele diz dando um meio sorriso pra ela que revira os olhos.

— Você também. Olhos atentos sempre. Isso não é uma rua qualquer, é um shopping. Se vir que a barra está preta, saia dali.

— Eu vou. – Rey se aproxima e dá um beijo na testa de Carley, meu coração derrete com a cena que parecia fazer eras que eu não via – Até.

Os dois soltam as mãos e Rey começa a caminhar em direção a Luke.

— Vejo vocês depois! – Luke diz para nós enquanto acenava. Ele se vira pra frente com seu filho e Rey e começa dar uma leve corrida. Carley fica parada um pouco antes de finalmente se mexer.

— Vamos. – ela diz gesticulando para Harry e para mim, e assim, começamos a correr também, pegando um caminho diferente de Rey e os outros.

PONTO DE VISTA – REGINA

 

(12 dias desde a infecção.)

 

— Acho que é seguro sairmos daqui em breve, certo? – eu pergunto para Ezra enquanto o ajudo a prender melhor as tábuas na porta de vidro.

Estávamos nesse lugar há horas, acho que poderíamos sair assim que as coisas se acalmassem um pouco...afinal de contas, ficar parado em um mesmo lugar é uma tática para ser encontrado, e não é isso que queremos.

— Com certeza. Só vamos esperar mais um pouco, Aria e Robin devem estar voltando. Vemos o que eles tem com eles e partimos pelo estacionamento. – ele me responde.

Finalmente conseguimos prender a porta de vidro. Havia dezenas de zumbis ali batendo, mas o vidro era grosso demais para se quebrar com o contato físico deles. Pego minha pistola e tiro o cartucho, verificando as balas.

— Eu tenho só mais seis balas. – digo a ele, que parece ficar curioso com minha informação. Ele pega seu próprio revólver e o abre.

Vejo uma careta se formar.

— Hunf! Sortuda! Eu tenho duas! – ele diz e eu dou de ombros.

— Se tivéssemos ficado com as armas, não estaríamos passando por isso! – digo cruzando os braços, me afastando da porta de vidro.

— Se as coisas não tivessem saído do controle não estaríamos passando por isso. – ele me corrige.

— Isso tudo é culpa dele! Quero dizer...não era pra essa gente nos proteger, porra?! – digo irritada e Ezra suspira.

— Acho que nem todo estereótipo é válido, certo? Julgamos rápido demais. – ele diz se sentando no chão, esticando as pernas.

— Isso é inacreditável. Eu lembro que eu cheguei a falar pro Robin que era bom ter um cara daqueles no grupo! Que sabe se virar, tem princípios...tinha! TINHA princípios! – eu começo a andar de um lado pro outro, Ezra não diz nada, fica apenas pensativo encarando o vidro.

Um silencio reina sobre nós, com apenas sons de zumbis para nos confortar. Eu decido me sentar ao lado de Ezra e dividir sua melancolia.

— Ainda te pertuba, né? – ele me diz baixo, me viro para encara-lo. Ele me olha com pena.

— Sim. A você não? – pergunto a ele que suspira e põe a mão na testa.

— Lógico que me pertuba. Já não basta você conviver com os mortos, agora você é obrigado a ver alguém ser assassinado?! E por motivos idiotas! – ele diz apreensivo.

— Eu nunca conseguiria matar alguém. Nunca! – Ezra começa a balançar rapidamente a cabeça, parecia querer afastar o pensamento.

Eu fico pensativa.

Me lembro da cena por inteiro e sinto o peito apertar.

Foi tudo tão rápido...

Ele estava bem ali, 2 segundos depois e só havia sangue! Havia miolos...

— Deus... – coloco a cabeça entre as pernas com o pensamento, sentindo meu estômago revirar.

— Tá tudo bem? – Ezra pergunta.

— Está. É só... – eu tento completar minha frase, mas não consigo. Ezra apoia a mão em cima da minha.

— Eu sei. Eu sei... – ele me fala com aquela cara de cachorro pidão dele. Me permito sorrir de lado.

Ficamos novamente em um silencio constrangedor por mais um tempo, até que decido voltar a comentar sobre um assunto no qual ele havia mencionado brevemente.

— Eu conseguiria. – digo, o fazendo me olhar curioso.

— O quê? – ele pergunta.

— Matar. Principalmente depois do que aconteceu. – eu o olho e vejo seu cenho franzir.

— É sério? – ele me pergunta e eu assinto.

— Ele falou que iria nos proteger! Em vez disso ele mata um dos nossos? Um cidadão comum? Se estamos no ponto de sermos a caça ou o caçador, porque discutir sobre isso?! – eu falo enquanto Ezra me olhava com atenção.

— Estou te falando. Eu só confio neste grupo aqui. É como você mesmo disse! Nós julgamos rápido demais, só porque o cara era militar não significava que ele iria nos levar pro Centro de Sobrevivência! Ele foi um mentiroso, assassino, arrogante, filho da pu...

Sou pega desprevenida quando Robin e Aria entram correndo por uma das portas que nós não havíamos lacrado daquele corredor do shopping. Os dois estavam ofegantes e fecharam a porta rapidamente atrás de si.

— O que aconteceu?! – Ezra e eu nos levantamos rapidamente após praticamente perguntarmos o que havia ocorrido em uníssono.

— Eles...eles...muitos zumbis! Do-dominaram a fá...farmácia! – Aria disse enquanto apoiava as mãos nos joelhos, Ezra corre até ela e segura seu rosto.

— Você está bem? Estão bem? – ele pergunta a ela e depois se vira pra Robin que se apoiava em meu ombro.

— Precisamos sair daqui! Agora! – Robin diz e eu balanço a cabeça afirmando o que ele dizia. Eu queria sair daquele inferno mesmo!

— Peguem tudo, vamos rápido! – Robin diz e todos nós começamos a nos mexer. Ponho a mochila nas costas e pego minha faca que estava no chão.

— Vão indo pelo estacionamento! Alcançamos vocês! – Ezra diz enquanto corria até sua mochila, ajudando Aria a colocar sua própria bolsa nas costas. Ela estava muito cansada, Robin também estava vermelho porém ele me empurrava suavemente pra frente, na tentativa de nos tirar dali antes de mais nada.

— Pe-pelo duto. Entra no duto! – Robin aponta para o duto de ar que ficava no teto, ele junta as mãos, me fazendo um “pezinho” para que eu subisse. Eu apoio em seu ombro e consigo alcançar o duto de ar. Estico minha mão pra baixo para poder busca-lo.

— Você me aguenta?! – Ele me pergunta.

— Vou ter que aguentar! – respondo a ele chacoalhando minha mão no ar. Ele pega um impulso e segura minha mão, sinto seu peso sobre mim e começo a puxa-lo, ficando vermelha em segundos.

Consigo subir Robin até sua mão finalmente alcançar um dos cantos do duto, assim que ele o faz eu respiro profundamente ofegante enquanto Robin termina de se puxar pra cima. Ele parecia quase um dos zumbis de tão cansado que estava.

— V...vamos! – ele diz com falta de ar. Me viro para frente para continuar caminhando pelo duto, quando vejo a luz no fim do duto, ouço um som atrás de mim e Robin. Para meu alivio, era Ezra e Aria que se juntavam a nós, porém ainda estavam um pouco mais pra trás.

Coloco a cabeça para fora do duto, checando se a barra estava limpa. Havia alguns zumbis, porém nada com que não pudéssemos lidar.

— Vou descer! Tem zumbis, podemos pega-los! – Eu digo para Robin, Ezra e Aria que balançam a cabeça para mim.

Pulo de dentro do duto, caindo com as mãos no chão. Sinto uma leve dor na palma, mas me levanto rapidamente fazendo uma careta.

Um primeiro zumbi se aproxima e eu tiro minha faca do cinto, acertando sua testa em segundos.

— Vamos! – falo baixo para o duto, Robin agora estava prestes a sair.

Fico olhando em volta, eliminando mais um zumbi que se aproximava. Quando seu corpo bate no chão, escuto passos pelo estacionamento.

Passos rápidos.

Pessoas!

— Se escondam! – forço minha voz para que a mesma saia baixa e ao mesmo tempo para que meu grupo me ouça. Eu vou até o carro mais próximo de mim e me escondo atrás dele, guardando minha faca no cinto e puxando minha pistola.

— Regina! – Robin me chama baixo, finalmente chegando ao chão.

— Shh! Quieto! – Coloco meu dedo indicador sob meus lábios, indicando silencio e fico preparada para o que vier.

Vejo três pares de pés se aproximarem, passos bem coordenados e rápidos.

— Eu tenho certeza que ouvi! – uma voz de mulher surge no ar. Escuto um zumbi se agitar e logo ele é silenciado.

— Filho da...argh! Esse puto sujou minha calça! – ouço um homem dizer.

— Tenho certeza que devia ser um zumbi! – uma voz de homem diferente aparece dessa vez.

— Zumbis sussurram agora?! Por favor! – a mulher diz – Vá por ali! Harry, vá você por lá!

Vejo pelo retrovisor as três pessoas se dispersarem, porém um dos pares de pés se aproxima, andando lentamente pra frente. Robin estava num carro do lado oposto do meu, ele vê que a pessoa misteriosa se aproximava do carro onde eu estava escondida, seguro minha arma fortemente até ouvir um barulho vindo da direção de Robin.

Olho assustada pra ele e percebo que ele acabara de dar um tapa mediano na lateral do carro dele. Os pés param próximos ao meu carro, e depois, se viram lentamente para o carro no qual Robin estava escondido.

Ele ergue três dedos pra mim, e consigo ler seus lábios dizendo “ataca!”. Ele abaixa um dedo, mostrando agora apenas dois deles.

Entendi, meu amor.

O par de pés misteriosos começa a caminhar lentamente para o carro de Robin, escuto a arma ser destravada, vou andando silenciosamente pela lateral do carro até sair completamente dele, ficando próxima as costas do que vi ser uma mulher.

Era aparentemente mais alta que eu, tinha uma arma branca nas mãos e...

Isso é uma espada?!

Ergo minha pistola bem lentamente e encosto o cano em suas costas:

— PARADA AÍ! – eu grito e a mulher em minha frente leva um susto, tendo um espasmo. Ela paralisa ali mesmo.

Robin sai de trás do carro e Ezra e Aria colocam a cabeça para fora do duto, começando a sair um de cada vez.

— Mãos pra cima! – Robin diz.

— Calma, não precisa disso! – a mulher diz – estou aqui pra ajudar!

— Larga a arma! Todas elas! – eu grito pra ela e logo escuto passos se aproximarem. A mulher que ainda estava de costas pra mim joga sua pistola no chão, Robin a recolhe e em seguida puxa a espada do cinto dela.

— EI! SOLTA ELA! – ouço uma voz masculina atrás de mim, e então Robin rapidamente vira a mulher de costas pra ele, passando o braço sobre seu pescoço e a usando como um escudo.

Finalmente vejo o rosto da mulher.

Parecia estar nervosa com a situação, mas eu não diria que estava com medo. Parecia mais frustada do que receosa. Tinha profundos olhos negros e era atraente. Mas algo nela me chamou mais a atenção do que suas características físicas.

Na cabeça, ela tinha uma bandana amarrada.

Uma bandana militar.

Uma raiva sobe pelo meu peito.

Ajudar?! Ajudar é o caralho!


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Notas finais do capítulo

A coisa tá esquentando! No proximo capitulo, saberemos como isso vai se seguir!



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