The New World escrita por xMissWalkerx


Capítulo 43
Nos Ajudando a Sobreviver


Notas iniciais do capítulo

Estou muito empolgada com esse capitulo gente! Agora entraremos num arco fundamental para a história!

Ah! Lembrando que em breve a fic terminará sua primeira "temporada"! Não, a história não vai acabar. Ela só vai ser dividida em seasons! Os personagens originais apresentados aqui continuarão na season seguinte!

Bom capitulo!



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PONTO DE VISTA – HARRY

 

(12 dias desde a infecção.)

 

Algum sinal deles, câmbio?— Mary falava no rádio pra mim. Eu estava encarando a ponte a distância já fazia algum tempo...e nada deles voltarem.

— Ainda não. E Glenn e Rey? – pergunto de volta.

Você não disse câmbio, câmbio. – ela me diz e eu balanço a cabeça negativamente, sorrindo feito um idiota.

— Não estamos num filme! – respondo.

Não ouvi o que disse, câmbio!— ela diz e ouço ela rir do outro lado do rádio.

— Algum sinal de Glenn e Rey? – pergunto novamente.

Ela não me dá nenhuma resposta. Eu bufo aceitando a derrota.

— .....câmbio? – digo e assim que solto o botão do rádio a resposta é quase imediata.

Agora sim! E a resposta é não. Nenhum sinal deles...mas devem estar de volta logo, Glenn me disse que se não achassem anda eles iriam voltar, câmbio. – ela me responde.

— Você conhece o Rey, talvez ele tenha sido insistente em relação a ficar procurando por aí...espero que não demorem muito de qualquer forma. Enfim, onde você deixou a loirinha? – pergunto.

Silêncio. Eu bufo novamente.

— Onde você deixou a loirinha...câmbio. – digo devagar, consigo ouvir alguns risos como resposta.

Ela disse que faria o almoço. A última vez que a vi estava na cozinha, câmbio. – ela me responde.

— E o pai dela? – pergunto e espero a resposta, que não vem.

— CÂMBIO! CÂM-BIO! – digo de saco cheio, arrancando uma explosão de risadas do outro lado do rádio.

Eu fui checar ele agora pouco...a febre continua e ele tosse muito...estou preocupada que ele não possa durar muito...câmbio. – ela responde com um tom mais baixo e preocupado.

— Bom...é tudo que podemos fazer agora...câmbio. – digo olhando para o horizonte a procura dos meus amigos.

É...odeio essa sensação de impotência. Câmbio. – ela diz através do rádio.

Olho para a pequena guarita ao meu lado, com as escadas que levavam pra cima inacabadas.

Precisamos terminar logo essa guarita...que aí ninguém que for vigiar vai ter que ficar parado feito dois de paus aqui olhando pro horizonte! Assim que terminarmos vamos poder ficar lá em cima, dentro da guarita...como se fossemos agentes penitenciários.

— Acha que demoraremos muito pra terminar essa guarita? Digo...com todas essas distrações, nem fomos mais pegar materiais pra termina-la...Câmbio. – digo a Mary. Me viro novamente para a ponte esperando algum sinal de nossos amigos.

Logo acabaremos, não se preocupe. No final da semana, se tudo der certo. Vamos ter mais três membros no grupo que vão ajudar bastante e...

— Cinco. – eu a interrompo olhando confuso para onde vi o semblante de Matt aparecer. Ao longe, finalmente consigo avistar meus amigos vindo até a ponte de uma maneira inusitada.

Eu não disse câmbio ainda, seu grosso! Não me interrompe! — Mary reclama do outro lado do rádio.

— Não! São eles! Carley está chegando com os demais acompanhada de mais duas pessoas! Estão vindo de carro! – eu exclamo e começo a correr de volta para casa. De volta para o Forte.

Maggie dirigia o carro, vi que dentro do carro estava lotado. O porta malas estava aberto e foi ali que vi Matt e Rob sentados com as pernas de fora, todos eles vindo como se estivessem em uma espécie de Jipe ou algo do tipo.

O quê?! De carro?!— Mary me pergunta pelo rádio mas eu não respondo, corro pelo telhado até finalmente chegar ao Forte, cruzando a passarela. Mary, que estava em cima do portão fazendo vigia, vira a cabeça com rádio na mão me observando correr e começar a descer escada abaixo.

— Não vejo ninguém atrás deles! – ela grita de cima do portão enquanto eu finalmente atinjo o chão do quintal, indo com minhas mãos em direção aos cadeados do portão para que eu finalmente possa abri-lo.

Escuto o barulho do carro se aproximar enquanto finalmente livro o cadeado das hastes do portão, abrindo um lado dele apenas. Tiro meu canivete e mato um zumbi que conseguira passar pelo meio das estacas de madeira que havíamos colocado semanas atrás em volta da área do portão. O carro passa devagar pela frente das estacas e estaciona a alguns metros a direita do portão menor que havia na casa, ficando na frente de um portão de uma casa vizinha.

Matt e Rob descem do carro com um facão e um pedaço de cano respectivamente em mãos. Eles matam mais dois zumbis que estavam por ali.

— Não desperdiça munição! Nós pegamos eles! – Carley abre a porta do passageiro erguendo uma das mãos em direção a Mary que já estava com os olhos na mira do rifle.

Juntos, Eu, Carley, Rob, Matt e Maggie acabamos com meia dúzia de zumbis que estavam ali. A menina e o homem desconhecidos finalmente descem do carro, a garota tira uma faca mediana da cintura e começa a nos ajudar. Olho de relance para o homem e tenho a impressão que ele vai desmaiar a qualquer momento.

Caramba! Aquele ali se não tivesse vindo junto com o carro eu juraria que um dos mortos!

O homem era menor que eu, devia ter por volta dos 1.77. Cabelos negros, barba por fazer igualmente preta e profundos olhos azuis. Usava uma jaqueta de couro preta toda suja, com jeans pretos e sapatos sociais, estava tão pálido que podia ser confundido como um fantasma por minha parte. A mão direita estava encostada no próprio peito, dentro da jaqueta, enquanto a mão esquerda tateava o próprio cinto a procura de alguma coisa. Ele apertava os olhos e fazia algumas caretas.

Um dos mortos se aproximou dele, que não conseguiu tirar o que quer que seja do cinto, foi aí que ele teve que usar a outra mão.

E foi aí que percebi que ele tinha um gancho no lugar da mão direita.

QUE PORRA É ESSA?!

O homem enfiou o gancho no meio da testa do zumbi que tentou ataca-lo. Assim que o retirou de lá, ambos, tanto zumbi como homem, cambalearam. O zumbi foi para o chão e nunca mais se mexeu, e o homem caiu sobre um joelho enquanto soltava um grito de dor.

O que está acontecendo?! O que há de errado com esse cara?!

— Papai! Não faça isso! Estava tudo sobre controle! – a menina correu até o homem que aparentemente era seu pai e pôs um dos braços dele sobre o próprio ombro. Meu olhar encontrou o olhar agora indignado dela.

— E você aí? Vai ficar olhando?! – aquilo foi como um tapa na minha cara. Eu apressei o passo e fui para o lado do homem, colocando seu braço livre sobre meus ombros para ajuda-lo a levantar.

— Loooonga história. – Carley diz dando tapinhas nos meus ombros, depois ela se virou para a garota – Deixa comigo, garota.

Ela negou com a cabeça.

— Não. Tá tudo bem. – a menina disse quase como um reflexo. Eu olho para Carley e subo uma sobrancelha. Ela revira os olhos e dá de ombro pra mim, se virando de costas para nós logo em seguida.

— Ok vamos sair da rua, sim? – Ela diz para todos em volta e começa a andar em direção ao portão que eu deixara aberto. Ajudo o homem a andar até lá.

— Noticias do Rey? E Glenn? – Carley pergunta para Mary assim que cruza o portão.

— Não. Nada... – Mary diz lá de cima. Ela joga um pequeno molho de chaves para Carley, onde ela encontraria a chave que abriria a sala de armas, agora trancada. Finalmente eu entro portão adentro com o homem e Rob fecha o portão atrás de nós.

— E meu pai? Minha irmã? – Maggie pergunta para Mary.

— Sua irmã está na cozinha, seu pai...já esteve melhor. – Mary diz e Maggie fica cabisbaixa.

— Quero que Rob troque de lugar com Mary assim que guardarmos nossas coisas. – Carley diz e depois aponta para Mary acima do portão – Você. Me encontre na sala.

Mary assente. Todos começam a subir pela escada para ir para a plataforma e entrar pelas janelas, afim de chegarem mais rápido até lá em cima. Eu me viro para a garota ao meu lado que parece preocupada em subir aquilo.

— Eles só estão sendo apressados. Temos portas de verdade, venha. – digo e começo a puxar seu pai até a pequena escadaria que dava na sala, de frente com o portão menor.

— Vamos por essa pra não precisarmos caminhar por toda a extensão do quintal. – digo apontando para as escadas com a mão livre. Ela assente, o pai dela tosse.

— O-obrigado. – escuto o homem falar pela primeira vez.

Quando estamos próximos da porta, a mesma se abre sozinha. Era Maggie que abria a porta.

— Valeu. – digo a ela que abre espaço para passarmos.

— Sentem-se aqui. – Carley diz de dentro da sala. Havia duas cadeiras de frente com a mesa de madeira dela, onde havia vários papeis rabiscados. Ela reúne todos rapidamente e põe na gaveta, depois, ela tira a alça da espada e apoia a mesma no criado mudo ao lado da cama não muito distante dali.

Ela se senta atrás de sua mesa, coloco o homem sentado de frente a ela, a filha recusa o assento quando eu o puxo pra ela.

— Vou ficar em pé, obrigada. – ela diz pra mim enquanto olhava em volta.

Pro inferno com cavalheirismo.

Olho pra Carley em busca de mais orientações, Maggie sai da sala.

— Harry, pode apressar Rob para que Mary venha logo pra cá? – ela diz pra mim e eu assinto antes de sair da sala. Eu tinha tantas perguntas.

Não demoro muito pra achar Rob na sala de armas papeando com Matt.

— Imagine o cara sem estar doente! Jesus me abana! – ele diz e Matt ri, os dois se viram pra mim aos risos assim que me veem entrar na sala.

— Rob, Carley quer que você troque logo com a Mary. Ela precisa dela. – eu digo pondo a mão nos bolsos.

— Ok, ok! Já estou indo! – ele ergue as mãos em rendição e guarda o fuzil que carregava. Ele dá um high five com Matt aos risos antes de sair.

— Como de repente tem mais duas pessoas nessa casa?! – eu pergunto cruzando os braços. Matt suspira profundamente.

— Nem me fale! A garota é a ladrazinha que quase matou a gente de tanto correr! No meu caso, foi literal! – ele aponta para si mesmo indignado e eu inclino minha cabeça para o lado.

— Tentou matar vocês?! E como essa garota não tá morta? A Carley estava lá! – eu digo ainda mais chocado.

— Ahhh Acredite! Se dependesse da Carley eu acho que a menina tinha se machucado feio! Mas Maggie interviu. – Matt diz revirando os olhos – Eu queria ver aquela garota se foder! Na hora que ela estava correndo, ela simplesmente jogou um zumbi em mim! EM MIM! – ele dá dois tapas no próprio peito e logo depois passa a mão pelos cabelos suspirando.

— Meu Deus! E depois o que houve?! – eu digo dando um passo pra frente, completamente chocado pela história.

— Bom...achamos o carro, aí depois achamos a garota. Só que ela começou a correr feito uma condenada e todos fomos atrás dela. Mas aí, a malandra começou a por obstáculos pra gente! E isso inclui a porra de um zumbi a centímetros da minha cara! Maggie ficou pra trás na hora pra me ajudar enquanto Rob e Carley continuaram correndo. Quando encontramos eles, Rob me disse que a garota também jogou DOIS zumbis em cima dele, mas a Carley foi ligeiríssima e conseguiu voar na cabeça da menina, derrubando ela no chão! – ele me narra a história e eu me encontro de olhos arregalados no final.

— Eu queria ter visto! Imagina a Carley tipo a Super Girl em cima dela! – Matt diz empolgado e eu rio da sua empolgação.

— Mas você ficou bem, certo? Ninguém foi arranhado nem nada? – eu pergunto e ele balança negativamente a cabeça.

— Hã-ham. Ninguém. Tudo ficou bem, mas eu ainda tô puto com ela! Enfim, depois Maggie conseguiu arrancar da menina o porque ela não queria nos devolver os remédios, porque acredite! A filha da puta ainda não quis devolver os remédios e ainda se fez de João sem braço! – ele diz pondo as mãos na cintura

— No final, Maggie conseguiu convencer a garota, que disse que o pai tinha perdido a mão recentemente e que estava com febre e fraco. A menina foi convencida a nos levar até ele, quando chegamos lá Maggie disse que o pai dela era médico e o cara quis vir com a gente, pedindo por ajuda. Ele disse que iria embora depois. Carley aceitou. – ele diz e essa ultima informação me pega de surpresa.

— Carley aceitou?! – repito a afirmação dele.

— Sim. Depois dele dizer que ajudaria nos custos, que não iria deixar a gente sair no prejuízo. Rolou todo um papo sobre não querer deixar a filha sozinha, Carley soltou umas ameaças falando pra ele não tentar ser engraçadinho e agora estamos aqui! – Matt abre os braços e eu balanço a cabeça em concordância.

— Caralho... – é tudo que consigo dizer.

— Pois é... – Matt diz enquanto tirava sua machete do cinto e colocava em cima da mesa ali próxima.

— Será que a gente pode ir lá pra sala? Pra ouvir o papo? – pergunto curioso.

— Só vamos! – Matt diz já me dando tapinhas nos ombros e se direcionando até a saída da sala de armas.

 

PONTO DE VISTA – MAGGIE

 

(12 dias desde a infecção.)

 

— Você está bem! – Beth me abraça forte sem encostar as mãos sujas de tempero em minhas costas.

— O que é isso?! – me afasto do abraço depois de alguns segundos e encaro as mãos da sujinha.

— Ah...isso! – ela mostra as mãos pra mim e ri fraco – pensei em fazer uma coisa legal pra eles...você saiu lá pra fora e eu não queria ficar de braços cruzados sem fazer nada, então me ofereci pra fazer o almoço.

— Oh... – eu digo e balanço a cabeça lentamente. Beth franze o cenho.

— O que foi? – ela pergunta – Aconteceu alguma coisa?

Eu olho para os lados para ter certeza que não há ninguém, depois eu encosto na bancada ao seu lado, próxima ao frango que estava ali sendo temperado.

— Não aconteceu nada mas...pude ver como são lá fora, sabe? Eles não fizeram nada de errado mas... – não consigo terminar minha frase, eu dou de ombros sem saber muito bem o que dizer.

Eu não queria ser muito dramática com Beth...tudo estava correndo muito bem até eu ver a maneira que Carley tratou a menina. Ok, ela estava com raiva. Mas ela estava seriamente ameaçando a garota! Se esqueceu completamente que é isso o que a menina era! Apenas uma garota!

— Mas...o que Maggie? Me fala logo! – Beth ficou de frente pra mim enquanto dizia isso.

— Tudo correu bem...só que... – eu suspiro – teve uma coisa que me incomodou um pouco.

— O que? – ela pergunta.

— Bom...achamos a ladra e o pai dela também. Os dois estão na sala com a Carley agora. – eu digo e Beth abre o maior sorriso que eu a vi dar em semanas.

— ACHARAM?! ÓTIMO! Quer dizer que pegaram os remédios, certo?! – ela diz e eu balanço a cabeça positivamente, e me obrigo a sorrir.

— Achamos! Mas...eu não sei...a líder deles, Carley...me parece ser uma pessoa muito instável. – eu digo e realmente acredito nisso.

— O que quer dizer? Ela fez alguma coisa com você? – Beth pergunta e percebo em seu tom que ela está preocupada.

— Não! Comigo não! Ela me tratou normal mas...quando ela pegou a garota, rolou umas ameças vindas da parte dela e eu acredito que se eu não tivesse intervindo talvez a menina poderia estar machucada agora. – eu digo pra Beth que fica boquiaberta.

— O que ela disse pra garota? – Beth disse e eu passo as mãos nos cabelos.

— Ela meio que pôs a menina na parede sabe? Dava pra ver que a garota ficava mil vezes mais assustada quando falava com ela do que quando falava comigo! – eu digo e Beth morde o lábio inferior, atenta.

— Disse que se mentisse pra ela, ela acabaria tendo problemas mais sérios...falou isso num tom muito sombrio e frio. Ela disse que não queria machucar a garota, mas assim que a menina resistiu um pouco ela já estava indo com a mão em direção a própria arma! Se eu não dou um passo pra frente ela teria feito sabe Deus o quê! – completo e ponho as mãos no rosto.

— Jesus! E foi você que acabou falando com a menina no fim das contas? – Beth pergunta e eu confirmo com a cabeça.

— Foi. A menina parecia calma falando comigo...eu não sei muito bem o que pensar sobre Carley. Ela definitivamente é muito inteligente e muito precavida como bem sabemos – eu digo e Beth balança a cabeça em concordância – mas me parece ser uma pessoa muito intensa...de pavio curto.

— Intensa nós sabemos que é, certo? Quero dizer...ela cortou o pé do papai fora! – Beth me diz e eu dou de ombros – Sei que foi necessário mas com certeza não foi uma coisa que qualquer um ali faria!

— E o resto do grupo? Foram gentis com você? – pergunto a ela.

— Bom...todos parecem realmente querer ajudar. A outra mulher, a ruiva...Mary? É esse o nome? – ela me pergunta e eu assinto – Mary! Ela toda hora dava umas conferidas em nosso pai, vendo como ele estava. Encontrei o outro moço que estava aqui uma única vez quando vocês estavam fora e ele me perguntou como eu estava...acho que não nos fariam mal. – Beth diz e depois ambas começamos a fitar o chão.

Não sei o que pensar sobre tudo isso. Esse grupo parece bom...parece forte e disposto a sobreviver. Mas há certas coisas que eu não estou acostumada a ver ou fazer...

Estou confusa.

— Já sei o que podemos fazer. – digo

— O que? – minha irmã me pergunta.

— Vamos ver o que as pessoas daqui acham da Carley...aparentemente pelo que você me disse, nenhum deles tem um comportamento parecido com o dela...

— As vezes, pelo fato dela conseguir se comportar assim sem remorso , pode ter sido o porquê dela ser a líder deles. – Beth fala e eu concordo com ela.

 - Eu digo que devemos tentar descobrir o máximo possível sobre essas pessoas do grupo, especialmente de Carley, mas com muito cuidado...eles não podem suspeitar de nada. – digo a ela que morde o lábio inferior novamente.

— Não sei Maggie...e se descobrirem que estamos fazendo algumas perguntas e suspeitarem de alguma coisa? – ela me pergunta.

— Vamos ter que fingir que estamos apenas tentando saber mais sobre a vida deles mesmo...como forma de distração. É só não exagerar! – eu digo pra ela que suspira.

— Acho melhor... – Beth começa a dizer, mas depois ela para imediatamente e muda a expressão – temperar isso com alho, certo?!

Eu franzo meu cenho até perceber que Rob acabara de entrar na cozinha.

— Er..É! Alho e cebola acho que vai dar um gostinho bom nesse frango! – digo apontando para o frango, Beth começa a remexe-lo como se não tivesse o temperado o suficiente. Rob para entre nós e sorri.

— Ali naquela gaveta eu acho que tem um pouco daqueles temperinhos misturados! Que você usa pra temperar carne de churrasco sabe? Pode usar se quiser! – Ele sorri para nós que sorrimos de volta. Ele sai da cozinha e vai até a área externa, eu encosto na soleira da porta, ficando entre a cozinha e a areazinha.

Rob leva sua mão até o rádio, preso em seu ombro.

— Abóbora! Tá na escuta? – ele chama no rádio, com um sorriso no rosto.

Tô na escuta quenga, pode falar, câmbio. – ela responde.

— Mas respeito comigo que eu achei CDs pra você escutar, sua maldita! – ele responde rindo e ela dá um gritinho histérico do outro lado do rádio.

— Enfim! Já pode ir até a sala, me encontra aí no meio da passarela e me passa essa espingarda. Eu acho que querem que você dê uma olhada no boy magia máster. – ele diz e quando está prestes a se virar para a cozinha novamente eu fixo meu olhar em Beth, como se não tivesse prestado atenção na conversa.

Ele passa por mim e vai pra cozinha.

Boy magia máster? Como assim?! Tá falando do defunto que entrou aqui dentro? E por falar nisso quem é essa galera nova hein?! — escuto ela responder pelo rádio.

— Carley te explica tudo depois, só me encontra na passarela! Tô indo pelo quarto e... – não consigo mais escutar Rob. Ele se afastou pelo corredor, entrando no primeiro quarto a esquerda. Beth me olha assim que percebe que ele se afastou.

— Vão chamar a ruiva pra cuidar de quem? Que defunto que ela tava falando? – Beth me pergunta e eu dou dois tapinhas nas costas dela.

— Senta que lá vem a história... – digo a ela.

 

PONTO DE VISTA – GLENN

 

(12 dias desde a infecção.)

— Acho que peguei tudo que dava pra pegar. – eu digo pra Rey depois de dar uma boa olhada em minha mochila.

— Não nos saímos bem! Quer dizer...pegamos algumas coisas mas... – Rey suspira – Eu não entendo muito de remédios, mas tem que ter ALGUM desses que seja forte o suficiente!

Neolfrenin, Sonridor, Dalfagan... é... se for uma quantidade alta de remédios, deve dar! – digo a Rey passando minhas mãos pelos frascos.

— Pelo menos achei mais algumas coisas que estavam pedindo pra gente pegar! Higiene pessoal, pilhas, esse tipo de coisa. – ele responde fechando a própria bolsa logo em seguida.

— Devemos ir. Se corrermos chegamos pro almoço! – digo e ele balança a cabeça positivamente.

— Vamos embora! – ele começa a se direcionar pra porta e eu o sigo pra fora da pequena farmácia.

— Esse lugar tem algumas coisas que estamos deixando pra trás...podemos falar pra Carley não riscar completamente esse lugar do mapa, voltar depois pra pegar qualquer outra coisa quem sabe... – digo pra Rey que havia deixado a porta pra mim passar.

— Pode crer! Tem coisas ali que podem ser utilizadas! – ele responde e já começa a caminhar

Caminhamos em silencio, apenas matando alguns zumbis que apareciam no caminho. Seria uma pequena caminhada até em casa.

Heh...casa? Já está chamando de casa, Glenn?

Cale a boca.

Passamos por um cruzamento e vejo algo um pouco...peculiar. Algo que não estava ali antes...

Uma caminhonete ligada.

Cutuco Rey para que ele a veja.

— Olha. Alguém deixou o carro ligado...acha que deveríamos checar? – eu digo apontando pra caminhonete.

— Pode ser! Odeio voltar pra casa de mãos vazias...Só dá uma olhada em volta pra ver se tem alguém por perto...não queremos ser os ladrões da história, certo? – Rey diz e eu acho essa frase meio contraditória levando em conta que acabamos de “assaltar” uma loja e que sempre pegamos coisas por aí. Mas preferi ficar quieto.

Olho em volta do carro e não vejo nenhum rastro de nenhuma pessoa. Porém, havia uma loja de grãos que estava com a porta fechada a alguns metros de mim, dou um passo a frente com a arma apontando para frente.

— Olá? Tem alguém aí? – digo alto em direção a porta fechada.

— Cara olha isso! – escuto Rey dizer atrás de mim, eu olho em sua direção confuso. Não sabia se prosseguia para a porta ou se me virava pra ver o que ele queria que eu olhasse.

Acabei indo até ele.

— Você achou alguém? Cara eu espero que não! – Rey me perguntou assim que cheguei próximo dele e apontou para a caçamba da caminhonete. Quando olhei para onde ele havia apontado, meu queixo caiu.

Havia VÁRIAS caixas de munição junto com algumas pistolas, um rifle de caça e três facas militares.

— Puta merda! Ganhamos na loteria! – eu digo já indo com minhas mãos em direção ao pote de ouro, quando Rey me para.

— Você viu ou não alguém? Podemos levar isso pra casa caso não tenha visto! – ele me pergunta. Eu suspiro e olho pra porta.

Eu sou péssimo em mentiras.

— Não vi ninguém mas...eu estava prestes a entrar ali pra- - antes mesmo de terminar de explicar, escuto a porta da loja de grãos se abrir com força. Eu e Rey apontamos naquela direção de imediato.

— EI! EI! O que pensam que estão fazendo?! – um homem careca, de cavanhaque castanho claro sai de dentro da porta vestido com uma regata branca e calça militar. Ele engatilha a escopeta em nossa direção. Logo atrás dele sai um garoto que parecia ter a idade de Beth, de olhos pretos e cabelo castanho. Ele sai com as mãos trêmulas segurando um fuzil maior que ele próprio.

— Wow! Wow! Calma aí! Não pegamos nada! – eu digo pra eles dois.

— Só estávamos vindo checar pra ver se tinha alguém aqui, já vimos que tem. Não precisamos nos exceder, certo? – Rey disse e o homem careca deu um passo a frente. O homem tinha uma expressão dura, parecia estar nos avaliando. O garoto ao lado parecia assustado.

— Então se afastem do carro! Lentamente! – o careca diz.

— Ok! Ok! Vamos nos afastar, certo? Vamos nos afastar! – eu digo recuando e gesticulando com a cabeça na direção de Rey para que ele me acompanhe.

Assim que estamos longe o suficiente o homem grita novamente.

— O que fazem aqui?! – ele pergunta.

— Não vamos falar nada pra você enquanto não baixarmos as armas e conversamos como pessoas civilizadas! – Rey grita de volta e eu engulo seco, sem saber se aquela era a melhor resposta.

O homem reclina a cabeça para o lado, olha para o garoto próximo a ele. Depois nos olha novamente e sorri. Julgo seu sorriso como sendo meio macabro.

— Depois de vocês. – ele diz com o tom de voz mais baixo.

— Glenn. – Rey chama a minha atenção, enquanto ele começa a abaixar a arma. Eu a mantenho em pé, assim como o careca, que ao ver que eu ainda estava com a arma levantada, riu.

— Um por um? Ok. Abaixa a arma Ken. – o careca diz para o menino ao seu lado, que obedece e abaixa a arma.

Glenn. – Rey chama a minha atenção novamente. Eu seguro minha arma firme.

Não gostei desse sujeito.

— Juntos no três? – eu proponho.

— Certo. – o careca me responde.

— 1,2,3... – digo e finalmente começo a abaixar minha arma, mas só depois de perceber que ele realmente estava abaixando a dele.

Depois de todos estarem com as armas baixas, o homem dá um passo a frente com as mãos pra cima.

— Agora dá pra responderem algumas perguntas? – ele diz.

— Contanto que você não se importe em responder algumas também. – Rey diz e o homem que  assente com a cabeça.

— Justo. Mas eu perguntei primeiro então se fizerem a gentileza... – ele gesticula com as mãos e eu franzo minha sobrancelha.

— Moramos próximo daqui. É a resposta. E vocês? – Rey responde e já manda a mesma pergunta a eles.

— Estamos procurando alguns...amigos. – o careca diz pondo as mãos no bolso. Eu fico alarmado.

— Mãos aonde eu posso ver, por favor. – eu respondo calmamente e o careca ri, as tirando do bolso.

— Calma aí, japonês! Já estamos no meio de uma conversa! – ele responde aos risos e eu tranco meu maxilar.

Japonês é o caralho!

— Coreano. – digo a ele.

— Tanto faz. – ele responde.

Quando penso em responder, Rey faz outra pergunta.

— Como são esses amigos de vocês? – Rey diz – caso tenhamos os visto.

— São dois caras e duas mulheres. Um dos caras é alto, moreno tem os olhos azuis, meio fortinho. – ele gesticula fazendo força com os bíceps – O outro cara é quase loiro e também tem o olho azul, barba por fazer e tudo mais.

— Uma das meninas é baixinha, olho verde, cabelos até os ombros levemente encurvados, rosto quadrado...e a outra mulher é mais alta, cabelo preto e olho castanho. Tem uma cicatriz no lábio superior. São dois casais. Viu eles? – ele termina a descrição e eu Rey nos olhamos.

— Não vimos ninguém assim. – respondo.

— Tem certeza? Eles foram vistos por aqui... – o careca cruza os braços.

— É certeza. Não vimos ninguém. – Rey responde.

— Oh...certo. – o careca diz revirando os olhos.

— Ta-talvez correram pro outro lado? Poderíamos até mesmo procurar comida...estou morrendo de fome, pai... – o menino abre a boca pela primeira vez pra falar com o careca.

— Já não temos tanta comida assim Ken, não podemos ficar arriscando ficar cansados andando de lá pra cá! – o careca responde. O garoto ao lado do homem fica cabisbaixo, Rey morde o lábio inferior e inclina levemente a cabeça, claramente em condolência.

— Onde conseguiram tantas armas? – eu pergunto, os dois se viram pra mim.

— Eu sou militar. Consegui a maioria com alguns “colegas” que passaram pro outro lado do time sabe? Do time dos mortos... – o careca diz e eu afirmo com a cabeça.

— Vocês não viram o que os outros levaram! – o garoto responde e leva um olhar feio do homem.

— Levaram? – Rey pergunta confuso.

— É! – o careca se vira novamente pra nós – O que eles tem com eles! Obviamente eles não saem pra fazer rondas sem nenhuma arma em mãos, certo? – ele diz sorrindo para nós.

Estranho...

— Que tal um acordo? – Rey propõe e eu o olho arregalando os olhos.

— Acordo? – o careca nos diz.

— É. Nós damos algumas latas de comida pra vocês e vocês nos dão munição e algumas armas...o que pudermos combinar. Que tal? – Rey diz aos estranhos e eu até acharia uma boa ideia caso meu santo não tivesse batido com o careca idiota.

— Filho...considere feito! Está salvando vidas aqui! – o careca se aproxima de nós e estende a mão.

— Precisamos falar com Carley primeiro, Rey. – eu sussurro para Rey e o careca me olha de soslaio. O garoto se põe ao lado do homem estranho.

— Não estamos dizendo a eles para ficarem. Só estamos nos ajudando a sobreviver, certo? Será rápido. Eles estão com fome... – Rey sussurra de volta pra mim e eu mordo meu lábio inferior.

Não sei se é uma boa ideia.

— Você pode ficar em um ponto próximo de nós. Não levaremos vocês pra dentro de nossa casa porque temos uma pessoa lá que talvez não vá gostar disso, combinado? – digo alto tentando achar uma maneira de agradar tanto Rey como Carley.

Rey bufa.

— Certo. – ele suspira – Feito?

Rey pergunta para o careca que ainda mantinha a mão estendida. Ele balança a cabeça rapidamente.

— Que seja! – ele diz, e com isso Rey aperta a mão dele – Meu nome é Luke!


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Notas finais do capítulo

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