The New World escrita por xMissWalkerx


Capítulo 40
A Jovem Ladra




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/751509/chapter/40

PONTO DE VISTA – CARLEY 

 

(11 dias desde a infecção.)

 

— Ei... – digo empurrando a porta com o pé, já que ambas minhas mãos carregavam pratos cheios de espaguete.

— Oh! Oi...você quer ajuda? – Beth disse já se levantando, ela apontava para os pratos.

— Não preci- - eu nem precisei responder a pergunta, porque Beth já tirou um dos pratos da minha mão. Ela sorriu pra mim logo em seguida.

— Obrigada. É muito gentil da parte de vocês estarem fazendo isso por nós...eu sei que minha irmã já agradeceu, mas agora é minha vez e... – ela começou a dizer, mas eu levantei um dedo indicador, querendo que ela parasse de falar.

— Como eu disse pra sua irmã: Me agradeça quando ele sair da cama, certo? Agora vocês devem comer, devem estar com fome... – digo e vou com o prato restante em minha mão até Maggie, que o pegou e sorriu pra mim de volta. Pus minhas mãos nos bolsos e retirei os garfos, entregando um pra cada uma das irmãs ali presentes.

— Obrigada...nossa, faz tempo que eu não vejo macarrão... – Maggie começou a dizer enquanto sentava do lado de Beth, que agora estava devorando seu macarrão sentada no colchão que Glenn provavelmente trouxera pro quarto.

— É...temos tentado aproveitar o máximo...mas sabem como é, sempre temos que ficar fazendo rondas pra procurar mais comida. – Explico a elas, ambas assentem.

Me viro pra Hershel e ponho a mão em sua testa.

Ele está quente.

— Vou pedir para Mary dar um remédio a ele. Acho que está com febre. – digo e elas abaixam a cabeça. Não dizem nada, mas a expressão delas claramente mostra sua tristeza.

Vou até a perna de Hershel e vejo o curativo. Está limpo.

— Alguém já trocou isso? – pergunto a elas, Maggie assente.

— O rapaz moreno...hãn... – Maggie fecha os olhos, parece tentar lembrar dos nomes de todos da casa – R...Rob? É isso né? Um cara moreno, meio alto, com um brinco prata na orelha direita?

— Isso. – afirmo com a cabeça pra ela. Ela balança a cabeça de volta.

— Foi ele que trocou. Estava aqui por último. – ela volta a se concentrar em seu macarrão.

O quarto estava com algumas manchas no chão, provavelmente era sangue seco, mas eu estava com preguiça de averiguar agora. Havia apenas uma vela iluminando o cômodo, logo acima do criado mudo, presa a um píres. Depois de dar uma boa olhada pelo ambiente, decido fazer o que realmente vim fazer, além de trazer comida.

— Vou ter que pedir uma coisa pra vocês. – digo firmemente. As duas olham pra mim com atenção.

— Vou pedir para que por favor me entreguem a suas armas. – eu digo e elas duas franzem a testa.

— O quê? – Maggie diz ainda de testa franzida. Parece chocada de certa forma.

— Por mais que tudo isso tenha acontecido... - começo a dizer, gesticulando para o pai delas – Eu não conheço vocês. Eu não sei o que podem fazer. Acredito que não sejam perigosas, mas eu tenho essa politica de sempre fazer o que é melhor pro meu grupo, e isso inclui se precaver de possíveis perigos, então vou pedir mais uma vez para que me entreguem suas armas brancas e suas pistolas. Vou guarda-las até ver o que acontece.

As duas se olham, parecem discutir mentalmente.

A reação sempre é essa.

— Tem razão. – Maggie se vira pra mim e eu levanto minha sobrancelha. Isso não deveria ser tão fácil assim...

— Você não nos conhece e nem nós conhecemos você e seu grupo. Porque confiaríamos em vocês se vocês não confiam em nós? – Ela diz e vejo que seus olhos verdes são desafiadores.

Heh.

Eu sorrio de leve e abaixo a cabeça. Ela se mantem firme, assim como sua irmã.

E lá vamos nós.

— Não é a mesma coisa. – Levanto a cabeça e a encaro novamente.

— Como não? – Beth diz, Maggie continua a me encarar.

— Digamos que se eu fosse um perigo pra você eu não teria trazido vocês até aqui vivos. – digo simplesmente, e tenho a impressão que soei fria.

— Você nos trouxe pra cá porque seus amigos estavam em perigo com a gente. Não foi bem uma decisão já que você mesma disse que faz de tudo pra deixar seu grupo vivo! – Maggie rebate.

— Mas quando seu pai foi mordido na rua, eu já estava com meus amigos. Podia deixa-los morrer na rua! Eu podia ter matado vocês e tomado tudo que vocês tem no momento que pisaram aqui dentro...dentro da MINHA casa. Mas cá estou eu, dando espaguete pra vocês e desperdiçando meus antibióticos pra ajudar seu pai, não é mesmo? – aumento um pouco meu tom de voz e encaro Maggie da mesma forma desafiadora na qual ela me encara.

Ambas as irmãs parecem estudar minha expressão, acho que tirei o argumento delas.

— Eu podia ter matado vocês só nesse espaguete aí. – eu digo e ambas olham pro próprio prato – Se sentem envenenadas?! Não?! – falo ironicamente. As duas voltam a me encarar.

Eu respiro fundo e me levanto.

— Tudo que estou pedindo é uma precaução. Eu vou guardar a arma de vocês, não tomar. Até sabermos o que acontece, é assim que vai funcionar. – digo simplesmente. Maggie parece afrouxar o olhar, Beth a olha com incerteza. Depois, finalmente o olhar das duas se encontra e Maggie põe o próprio prato de lado, vai com a mão até seu cóccix e retira um revolver .38 preto e estende pra mim. Eu o pego.

Beth continua olhar Maggie, e depois ela encara a pistola da irmã em minhas mãos. Até que ela suspira e repete o mesmo movimento feito por Maggie segundos atrás e me entrega uma pistola, dessa vez um Taurus 838C.

Seguro as duas armas na mão e as olho uma última vez.

— Se precisarem de qualquer coisa, chamem. Estarei bem na sala ao lado. – aponto para a porta e saio do quarto.

— Boa Noite. – digo antes de fechar a porta.

PONTO DE VISTA – ROBB

 

(11 dias desde a infecção.)

— Eu tô falando! Eu vi! – começo a dizer empolgado.

EU NÃO TÔ CRENDOOOO!!

— Mas como assim?! Foi do nada?! – Matt tinha até parado de comer para ouvir a história, Glenn comia com os olhos pregados em mim.

EU NÃO ACREDITO QUE EU TENHO O BAFÃO DO SÉCULO!

— Ele estava colocando a correntinha que a gente viu mais cedo, no pescoço dela enquanto ela estava de olho fechado! Foi cena digna de fanfic! – eu digo e dou um tapa na minha própria perna – E aí, eles...

— SE BEIJARAM! – Matt complementou e eu comecei a rir balançando a cabeça igual um retardado. Ficamos nós três ali, Glenn, Matt e eu rindo da situação.

— E ele ainda me falou que não tinha nada com ela! Mentiroso! – Glenn disse aos sorrisos voltando sua atenção pro seu macarrão.

— E depois o que aconteceu?! – Matt perguntou animado.

— Sei lá! Não fiquei lá vendo eles se pegarem né?! Eu vi eles se beijarem, ela com a mão no rosto dele e ele segurando a cintura dela. Aí eu tive que sair de lá pra não berrar! – começo a contar atropelando minhas palavras, o que faz Matt rir mais ainda.

— Caralho! – ele diz meio a risos.

— Mas escuta! Não vamos comentar nada, tá? Não vimos nada! – começo a dizer.

— Não vão comentar o quê? – tomo um susto com Carley aparecendo feito um fantasma do meu lado da sala, ela olhava para nós procurando algum motivo para tantas risadas.

— Harry e Mary tavam se beijando na cozinha! – Matt responde por mim e Carley levanta as sobrancelhas.

— O quê?! – ela diz sentando-se ao meu lado, encarando Matt com um meio sorriso.

— Rob viu! – Matt aponta pra mim e eu confirmo com a cabeça pra Carley.

— De camarote! Aí eu estava comentando que é melhor a gente fingir que não sabe, eu peguei eles na cozinha sem querer, vai que eles pensam que eu estava espionando? – digo e volto a comer. Carley ri nasalmente e cruza os braços.

— Caramba, eu estava achando que ia acontecer no aniversário dela mesmo. Droga, perdi minha aposta mental. – ela diz e todos nós rimos ali.

Ficamos alguns minutos conversando sobre coisas que faríamos amanhã. Carley estava planejando limpar os zumbis que estavam na frente do portão e ir buscar o carro de Maggie, que ficou parado depois da ponte. Ela também disse que olharia o mapa na procura de alguma outra loja de conveniência ou algo do tipo para procurarmos mais comida e remédios...principalmente remédios.

Chega o momento que Mary entra na sala com um prato de comida, sendo seguida por Harry que também tem um prato. Os dois tem a cara de quem não fez nada demais.

Assim que ponho meus olhos em Mary, abaixo minha cabeça rapidamente, me concentrando com todas as minhas forças para não dar risada agora mesmo.

Vejo alguns sorrisos se formarem no rosto de Matt, Glenn e Carley. Eles simplesmente começam a prestar MUITA atenção no próprio macarrão, fazendo o assunto morrer no momento que o casal chega na sala.

Claramente sabemos disfarçar muito bem a situação...bando de idiotas!

Subo minha cabeça para começar um assunto aleatório, mas meus olhos encontram o de Matt e nós dois acabamos fazendo um barulho com a garganta, graças a um riso que foi segurado de ultima hora. Sinto lágrimas se formarem nos meus olhos.

Eu não posso olhar pro Matt.

Eu não posso olhar pro Matt.

Não posso! Se não eu vou rir!

— Que foi? – Mary pergunta transitando seu olhar entre Matt e Eu.

— Nada nada! Er...Alguém já foi...levar o prato do Rey no Portão?  - pergunto dando uma leve pausa no meio de minha frase, pois estava prestes a rir.

— Nã-não. Eu não vi pelo menos. – Glenn responde rapidamente. Seu nervosismo é evidente.

— Quer que eu vá levar? – Harry diz.

— DEIXA QUE EU LEVO! – falo mais animado do que o normal e já me levanto subitamente. Glenn quase engasga quando vai tomar um pouco d’agua. Matt morde o próprio lábio e fecha os olhos.

Caralho preciso sair daqui, não vai dar pra ficar no mesmo ambiente que o Matt sem querer zoar o Harry e a Mary.

— Nossa! Er...tá bom. – Harry disse e depois riu

E como um jato, eu saio da sala o mais rápido possível.

Assim que chego na cozinha e ponho meu prato na pia, coloco ambas as mãos na boca e começo a rir abafadamente.

Deus! Socorro!

Depois de recuperar o fôlego, faço o prato de Rey, pego a lanterna que estava em uma das gavetas da cozinha e caminho até o quarto, na intenção de sair pela janela para chegar na passarela.

Saio do quarto no maior cuidado para não derrubar o prato, assim que piso na passarela, já é possível ver a silhueta de Rey logo acima do portão, fazendo sua vigia sentado em um banquinho, com uma lanterna em mãos. Vou até ele e quando estou perto o suficiente, dou duas batidinhas com minha lanterna no prato, chamando sua atenção.

— Olha a bóia! – falo pra ele que sorri.

— Glória Deus! Achei que tinham esquecido que eu tava aqui! – ele coloca a lanterna que estava em suas mãos num pequeno encaixe que tínhamos montado em cima das telhas do portão. A lanterna ficou parecendo um holoforte. Rey pega o prato.

— Já estava aqui pensando que Harry tinha queimado a comida! – ele diz começando a enrolar o macarrão no garfo. Eu sento nas telhas, do seu lado.

— Falando em Harry... – começo a sorrir maliciosamente, Rey me encara enquanto mastigava e franze o cenho, dando de ombros logo em seguida querendo que eu fale o que tinha pra falar.

— Ele e a Mary se beijaram. – digo sorrindo pra Rey, que arregala os olhos.

— ...urgnh! – Rey engole rapidamente o macarrão, quase se engasgando e eu rio – O quê?!

— É isso mesmo. Eu vi. Os outros já sabem, mas a gente vai fingir demência, então não fala nada pra eles. - digo pra Rey.

— Geeeente! – Rey fica boquiaberto – O poder de uma correntinha, hein!

Eu rio.

— Pois é! A Mary já estava usando no jantar, todos vimos! Foi muito embaraçoso, eu tive que sair da sala se não eu ia acabar rindo na cara deles! – digo aos risos e Rey me acompanha.

Ficamos em silencio depois de um tempo, até Rey suspirar e dizer:

— Fico feliz por eles. É bom ter uma coisa boa em meio a tanta merda... – Rey diz com um sorriso de canto. Eu afirmo com a cabeça.

— Com certeza...também fico feliz. Só estou fazendo minha função de amigo e aloprando eles secretamente, mas estou feliz! – digo e Rey ri nasalmente. Ficamos mais um tempo em silencio.

— E a galera nova? O que acha deles? – pergunto a Rey. Acho que ele pode ter uma opinião relevante sobre as garotas e o velho, já que foi ele e Mary que encontraram eles em primeiro lugar.

— São boas pessoas. Eu sei. – Rey diz enquanto finalizava seu prato – Mas tenho certeza que Carley não vai ser tão aberta a eles, como sempre. – seu tom parecia levemente irritado.

— É...talvez... – começo a pensar na situação – Ou talvez não.

Rey me olha.

— Ela disse alguma coisa? – ele me pergunta. Eu nego com a cabeça.

— Nada que você não tenha ouvido. Talvez ela fale com a gente amanhã...ela deve estar... – tento achar as palavras certas – eu não sei...”estudando” eles.

— Seria ótimo se tivéssemos eles no grupo. Mais gente, mais pessoas pra procurar suprimentos! E além do mais, Hershel é médico. – Rey diz.

— Veterinário. – corrijo o que ele mesmo havia me dito mais cedo.

— É o mais perto de um doutor que vamos chegar, mesmo sendo um doutor de animais! – Rey refuta e eu dou de ombros.

— Alguma novidade sobre ele? – Rey pergunta me estendendo o prato para que eu o pegasse.

— Não...sou eu que vou ficar lá com elas de noite, se eu descobrir alguma coisa eu aviso... – pego o prato de Rey e me levanto, batendo minha calça levemente. Rey estende minha lanterna do chão, para que eu a pegue.

— E quem vai vir me substituir de madrugada? – ele pergunta.

— Carley, eu acho. – pego a lanterna e Rey assente.

Olho para o Portão abaixo de mim, com algumas dezenas de zumbis batendo nas grades. Suspiro em descontentamento.

Estávamos indo tão bem...agora iria começar tudo de novo.

— Bom...boa noite. – digo para Rey.

— Boa noite. – ele diz e volta seu olhar pra frente.

Eu começo a sair da passarela.

Acho que vou desenhar um pouco...quem sabe se eu desenhar as pessoas novas desse lugar?

 

PONTO DE VISTA – HARRY

 

(11 dias desde a infecção.)

 

— O que está fazendo?! – pergunto aos risos. Eu estava sentado em um dos degraus da escadaria da área externa, que levava ao pequeno quintal. Mary estava no degrau acima, mexendo no meu cabelo.

 - Você precisa cortar esse cabelo! – ela diz passando os dedos no meu cabelo embaraçado.

— Tá vendo algum “cabelerero” aí? – ei digo olhando para os lados, ela ri e tira a mão do meu cabelo.

— Cabelereiro. – ela fala e eu franzo o cenho.

— Hã? – digo.

— CabeleREIro. – ela repete aos risos.

— Ué, foi o que eu disse! – eu falo agora me virando de lado para poder olha-la.

— Não. Você disse cabeLERERO! – ela respondeu ainda aos risos. Não pude deixar de rir junto com ela. Eu rolo os olhos e viro pra frente novamente, apoiando minha cabeça em sua perna flexionada.

— Logo você vai me corrigir? A Srta. “bibrioteca” ?! – eu digo e ela dá uma ultima risada.

— Eu tinha doze anos! – ela dá um tapa no meu ombro.

— Ninguém fala “bibrioteca” com doze anos! – refuto.

— É melhor falar “bibrioteca” com doze do que falar “trusse” e “cabelerero” com vinte e dois! – ela diz e nós dois acabamos dando risada agora.

Droga, porque ela foi lembrar do “trusse”?! Foi uma vez só...mas foi bem burro...

Ficamos em silencio por um tempo, Mary esticou as pernas, o que fez minha cabeça vir parar no seu colo. Ela voltou a mexer no meu cabelo e eu a fiquei olhando da onde estava.

Ela é tão bonita...

— O que acha que aconteceu com o pessoal no jantar? – pergunto a ela, que dá de ombros.

— Sei lá...eles já são estranhos por natureza mas...hoje foi demais! – ela diz e dá um riso fraco.

Encaro o colar em seu pescoço e deixo escapar um sorrisinho. Ela percebe e sorri de volta.

— O que foi? – ela passa a mão em minha testa, tirando um cabelo que estava ali.

— Nada...é só... – começo a dizer, sorrio pra ela mais uma vez antes de continuar – É que...com tudo que houve hoje, estou surpreso de estar me sentindo feliz agora...tipo em meio a isso tudo.

Mary não diz nada. Ela só sorri e se inclina, me dando um selinho demorado e delicado. Vou para o céu por alguns segundos até ela se separar lentamente, ficando apenas alguns centímetros do meu rosto. Vejo seus olhos de ponta cabeça.

— Eu também estou surpresa comigo mesma. – ela diz e eu sorrio. Ela se posiciona igual a minutos antes, com a mão em meus cabelos e olhando para o horizonte.

— Acho que sempre tem alguma coisa boa que pode acontecer em meio a tanta merda... – ela diz e eu sorrio de canto.

Então ela também acha que eu sou uma “coisa boa” acontecendo...ufa!

Passamos mais um tempo em silencio, apenas naquela posição, na noite quente.

— Você nem me falou nada do meu macarrão! – eu digo a ela, que ri nasalmente.

— Tava comestível. – ela disse e eu rio.

— “Comestível”?! Você pegou outro prato! – eu provoco. Ela rola os olhos.

— Eu nunca vou falar o que você tá querendo que eu fale! – ela diz, e eu me levanto do seu colo, ficando de frente pra ela.

— O que eu quero que você fale? – digo com um sorriso no rosto. Ela balança a cabeça contendo um sorriso.

— Não vou cair nessa! – ela me diz.

— Fala! – eu digo me aproximando mais dela, ela se mantém parada ainda com aquele sorriso contido.

— N ã o. – ela fala lentamente, estou a centímetros do rosto dela com nossos olhos grudados um no outro. Eu fecho um pouco meus olhos fingindo indignação e ela ri, jogando o braço direito por cima do meu ombro.

— Não vou estragar o encanto elogiando uma coisa que foi mais do que sua obrigação! – ela diz e eu rio.

— Você é impossível! – falo pra ela que sorri e dá de ombros, revirando os olhos de uma maneira bem fofa que me fez rir. Finalmente me inclino pra frente e selo nossos lábios, indo para o céu novamente. A mão dela sai do meu ombro e vai parar no fim do meu cabelo.

De repente, enquanto estávamos nos beijando, escuto a porta da área externa se abrir e nós dois nos separamos, mas aparentemente não fomos tão rápidos.

— Eita! Desculpa ae! – vimos que foi Carley que abriu a porta.

Caralho Carley, é a segunda vez que você nos assusta com uma porta! Será que é marcação?!

Sinto meu rosto corar de imediato, Mary começa a limpar a garganta enquanto passa uma das mãos no lábio inferior.

— Nã-não foi nada. – ela encara os próprios pés e eu me vejo encarando o corrimão da escada extremamente sem graça.

— Eu...eu só...enfim! Achei que o Rob tinha posto a lanterna no lugar que deveria, mas ele deve ter levado com ele pra algum lugar. Foi mal! – Carley começou a tentar entrar de novo, eu podia ver que ela estava com um sorriso contido e isso me deixou mais envergonhado ainda.

Vamos ser zoados por semanas agora

Mas antes que Carley fechasse a porta ela parou. Olhamos pra porta semi-fechada até ela se abrir de novo.

— Ei! – ela disse pra nós, que já olhávamos pra ela. Carley sorriu de canto e riu nasalmente, balançando a cabeça lentamente.

— Que legal que isso aconteceu. – ela diz e sorri para nós antes de entrar pra dentro da cozinha, nos deixando sozinhos de novo.

Eu e Mary nos olhamos surpresos. Mas depois, a nossa surpresa acaba se transformando em dois sorrisos bobos.

É. É muito legal mesmo.

 

PONTO DE VISTA – CARLEY

 

(12 dias desde a infecção.)

 

— Bom dia. – digo entrando no cozinha, onde todos estão espalhados. Pego uma caneca e começo a servir o café que já estava passado.

— Bom dia. – Glenn, Mary, Harry, Rey, Rob, Matt, Beth e Maggie respondem em unissóno. Enquanto me sirvo, observo as irmãs apoiadas no balcão, tomando uma caneca de café e olhando em volta como se estivessem estudando o ambiente.

— Como foi a noite de vocês? – pergunto a elas.

— Tô indo, tá? – Harry diz para todos ali na cozinha enquanto colocava sua caneca na pia. Eu mudo minha atenção das meninas para ele só pra que ele veja eu assentindo. Ele estava indo pro seu posto de vigia, na guarita do Beco. Volto minha atenção para as garotas.

— Eu não dormi muito na verdade... – Maggie responde.

— Eu dei umas cochiladas...dormi mal. É a preocupação... – Beth complementa e eu afirmo com a cabeça.

— E o Hershel? Alguma mudança? – pergunto para todos.

— Só a febre mesmo...dei um remédio pra ele ontem mas não houve mudança. – Rob diz com um tom triste.

— Isso é porque a gente precisa de um remédio mais forte. – Mary diz e depois olha pra mim – Esses não vão dar conta, Carley.

As irmãs abaixam a cabeça e suspiram. Eu termino meu café e ponho a caneca na pia.

— Vocês dois, me encontrem na área em dez minutos – falo gesticulando pra Rob e Matt – Vou pegar o meu mapa.

Eles dois assentem e começam a se levantar da mesa.

— Quanto tempo até sairmos? – Matt pergunta enquanto eu caminhava em direção ao corredor.

— Só me encontrem na área, assim que decidirmos a gente sai. – quando vou me virar para voltar pro meu caminho, novamente sou interrompida.

— Ei! – Maggie chama minha atenção. Me viro pra ela.

— Eu quero ajudar. – ela diz, todos na cozinha olham pra mim.

Não vi essa chegar.

— Ajudar? – pergunto ainda confusa.

— Vocês vão sair pra buscar remédio. Eu quero ir também. – ela diz dando alguns passos pra frente.

— Não precisa. Já vai três... – falo pra ela.

— É o MEU pai. Vocês trouxeram a gente aqui, deram comida e agora tão tentando salvar a vida dele. Eu não vou ficar aqui parada! – ela diz pra mim.

Isso pode ser uma oportunidade me aparecendo...talvez eu a conheça melhor vendo como ela pensa lá fora...

Todos estão me fitando agora, aguardando uma resposta.

— Tá. O mesmo que eu disse pra eles vale pra você. Lá fora, em dez minutos. – digo pra ela.

— E a minha arma? Vou precisar dela. – ela me diz.

— Rey, pode mostrar a ela por favor? – digo pra ele que assente e começa a se levantar.

— Oh...sobre o carro. Tem comida lá dentro. Numa mochila preta...alguns remédios também. Não sei qual seria forte o suficiente, mas não custa ir lá pegar... – Maggie sugere e eu assinto antes de sair da cozinha.

Passo pelo corredor e vou até a sala de armas. Chegando lá, pego mais um cartucho para minha pistola. Depois, eu saio e vou para a sala e pego minha arma que estava em cima da cômoda ao lado de minha cama, a ponho no meu cóccix e pego o rádio que estava na mesa de madeira.

Eu o equipo antes de abrir o mapa na mesa. Olho pro papel a procura de farmácias ou lugares que tenham remédios em potencial.

Droga...precisamos do carro pra ir nos lugares mais distantes...

Como será que está a situação lá fora?

Vou para perto da minha cômoda novamente e pego minha mais nova espada embanhada. Eu a prendo no meu cinto igual os cavaleiros faziam na idade média e saio pela janela. Ando pela passarela e começo a cruzar os telhados, indo em direção a guarita do Beco.

De lá poderei ter uma visão melhor da ponte.

Já consigo avistar Harry próximo a guarita. Quando eu finalmente chego, ele franze o cenho.

— Algo errado? – ele me pergunta e eu nego com a cabeça.

— Preciso dessa sniper por um segundo. – ergo a mão e pedindo a arma, ele a tira do corpo e me entrega.

Eu coloco meu olho na mira e começo a observar a ponte. Havia menos zumbis do que ontem, talvez eles tenham se espalhado...consigo avistar o carro, mais separado dos mortos em um canto e....

Espera.

— O que é aquilo? – penso alto e giro a mira, para que se aproximasse mais do carro.

Eu jurava que vi...ALI! DE NOVO!

Tinha alguém mexendo no carro! Vi uma cabeça se movimentar rapidamente dentro do automóvel, parecia que estava revirando o veiculo!

— Tem alguém no carro! – eu falo pra Harry sem tirar meus olhos da mira.

— No carro que vocês deixaram pra trás?! – ele pergunta.

Finalmente a pessoa misteriosa sai de dentro do carro e eu consigo ter uma visão nítida de como ela é.

É uma garota!

A menina não parecia passar dos dezesseis. Tinha cabelos castanhos longos e lisos que caíam até o meio das costas e olhos azuis. Nas costas, uma mochila daquelas que você usa em trilhas. Nas mãos, havia uma machete. Ela olhava para os lados como se estivesse fugindo da policia.

Ela correu até o banco do motorista, puxou uma alavanca que tinha na porta e depois foi até o porta malas, o abrindo.

— Filha da puta! Ela tá saqueando o carro!

— E agora? O que ela tá fazendo?! – Harry pergunta curioso.

— Parece que ela achou alguma coisa! – eu digo depois de ver que ela estava com uma cara de quem estava fazendo força para puxar algo de dentro do porta malas.

Eis que depois de alguns segundos encarando o porta malas, ela corre por uma das ruas ali próximas, levando em suas costas...

Filha da puta!

Uma mochila preta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The New World" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.