The New World escrita por xMissWalkerx


Capítulo 39
Feliz Aniversário adiantado


Notas iniciais do capítulo

Postando de madrugada na terça, mas o importante é que estamos seguindo a meta! hahaha!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/751509/chapter/39

PONTO DE VISTA – GLENN

 

(11 dias desde a infecção.)

 

— Licença... – digo abrindo a porta depois de ter batido escutado um “pode entrar” vindo de Mary. Demorou, mas eu consegui trazer os dois colchões de solteiro que estava a disposição na casa de baixo até aqui em cima. Todos estão na cozinha fazendo o jantar. Escuto algumas risadas, mas antes de ir lá ver se precisam de alguma coisa, preciso entregar os colchões para as garotas.

Entro no quarto e fico em silêncio enquanto vou depositando os dois colchões ao lado da entrada da porta, um do lado do outro, fazendo parecer que era uma cama de casal. As três mulheres ali presentes ficam em silencio me observando fazer tudo, as duas estranhas estão encostadas uma no ombro da outra, com as mãos entrelaçadas. Na cama, o idoso sobe e desce o peito lentamente, completamente desacordado.

— Da onde tirou os colchões? – Mary me pergunta enquanto estava sentada em um canto do quarto. Ela estava iluminada por uma vela que agora queimava sobre um pires posto na escrivaninha ao lado da cabeceira da cama.

— Ahn...do quarto da casa B. O quarto livre, quero dizer... – digo enquanto dou uma ultima ajeitada nos colchões já postos no chão. Sinto os olhares curiosos das garotas desconhecidas sobre mim.

— E...co-como ele está? – pergunto gaguejando um pouco. Sinto que é uma pergunta idiota, pois claramente ele não está bem...mas eu tinha que perguntar mesmo assim.

— Eu diria que ele está instável...pode vir a ter febre. Carley disse para vigiarmos de hora em hora. Depois do jantar, vou ver se consigo fazer ele engolir alguns antibióticos...é o máximo que posso fazer agora. – Mary diz e eu confirmo com a cabeça.

— Está fazendo muito. Obrigada. – a morena ali do recinto responde, com seus olhos verdes agradecidos em direção a Mary. Ela é realmente muito bonita...

Que bosta de pensamento é esse agora?

Mary sorri e balança a cabeça pra ela. Logo em seguida, Mary encosta a cabeça na parede e dá um longo suspiro. Parece cansada...

— Mary? – encosto em seu ombro, ela abre os olhos. Consigo enxergar suas olheiras – Porque não me deixa vigiar ele? Qualquer coisa eu te chamo...

— Mas tem que trocar de hora em hora... – ela tenta justificar e eu sinalizo para que ela pare de falar.

— Não se preocupe...você parece mais cansada do que eu. Vai tirar um cochilo ou sei lá o quê. – digo pra ela, que sorri de lado e estica os braços pra cima, pedindo que eu a ajudasse a levantar.

— Obrigada. Me chame com ao sinal de qualquer mudança. – ela diz já em pé. Eu confirmo com a cabeça mais uma vez.

— Não se preocupe. – digo a ela, que sorri mais uma vez antes de sair do quarto, fechando a porta atrás de si.

Eu olho em volta, troco olhares com as garotas ali presentes até acabar sentando onde Mary estava ajeitada anteriormente. Ficamos em um silêncio constrangedor por alguns minutos.

Gostaria de ter o que falar mas...o que exatamente você fala depois que presenciou uma amputação? Eu não posso simplesmente falar disso com umas mulheres que eu nem conheço...

Acho que o melhor é ficar calado mesmo.

— Como você se chama? – escuto a morena perguntar, viro a cabeça surpreso depois de meus pensamentos serem interrompidos.

Ou não!

— Ah...Glenn. Meu nome é Glenn... – digo e as duas meninas balançam a cabeça positivamente, elas se ajeitam no chão, se desfocando de mim.

E o delas?! Pergunta o delas, idiota!

— E vocês? – pergunto atraindo a atenção delas novamente.

— Hãn? – a morena pergunta, franzindo levemente o cenho.

— O nome. Digo...o nome de vocês...qual é? – pergunto totalmente atrapalhado.

Quero colocar minha cabeça na terra!

— Eu sou Maggie. – a morena diz.

— Beth. Somos irmãs, e...esse...é...o nosso pai.  – a loira responde, todos os olhares vão para o idoso na cama.

— Hershel. Ele se chama Hershel...é veterinário. – Maggie diz, vejo que seu tom está triste. Eu não esperava menos dessas duas.

— Certo...hãn....o que faziam antes de tudo? – pergunto.

— Eu nada. Me formei na escola meses atrás. – Beth me respondeu.

— Eu trabalho...digo...trabalhava com agricultura. Engenheira Rural... – Maggie diz cabisbaixa, parece se perder em pensamentos.

— Caramba! Ahn...isso é...bem legal, na verdade. – digo meio sem graça, tentando quebrar o gelo de tensão, as duas sorriem de lado por um segundo.

— E você? O que fazia, Glenn? – Beth me pergunta.

Ah, pronto. Hora da vergonha.

— Eu? Ahn...an... – começo a me embolar. Eu nunca tive muito orgulho da profissão que tinha, apesar de saber que não havia nada de errado com isso, nunca foi meu sonho então acho que acabei pegando certo rancor da profissão.

— Eu...era motoboy. Entregava pizza. – digo a elas, que por sua vez só balançam a cabeça e voltam a ficar em silencio.

— Eu já volto ok? – Beth diz a irmã depois de alguns minutos em silencio.

Ela se levanta e ajeita um pouco a roupa. Eu permaneço imóvel, mas atento a onde ela iria. Acho que Carley não gostaria de ver os estranhos andando por aí, não seria bom num momento desse. Ela começa a caminha em minha direção e eu fico confuso.

— Pode me dizer onde fica o banheiro? – ela pergunta pra mim.

— Er...assim que você sair, entre no corredor e siga em frente. A última porta, ao lado do espelho no final do corredor é o banheiro. Fica perto da cozinha... – digo gesticulando em direção a porta que levava pra saída do quarto.

— Certo. – ela sai do quarto, limpando algumas lágrimas restantes que estavam paradas em seu rosto. O silencio volta a reinar até que...

Hershel tosse.

Eu dou um pulo de susto, assim como Maggie, que levanta e se senta na cama ao lado do pai. Eu me levanto também, com o coração acelerado.

— Pai? Pode me ouvir? – ela diz, mas Hershel não responde. Ele volta aos longos suspiros como se nada tivesse acontecido. Ficamos nós dois encarando o senhor por longos minutos até trocarmos um olhar e eu começar a voltar pro lugar onde eu estava, ainda em choque.

Respiro profundamente, abaixo a cabeça e ponho as mãos na testa. Estou inteiramente preocupado com essa situação. E se ele se transformar aqui?

Ok. Ele tem algemas. Mas isso não significa que seria BOM que ele morresse! Já tem morte demais nesse mundo e um cara com potencial em medicina ser morto de maneira tão injusta não me agrada nem um pouco. Meu coração continua a ficar acelerado.

Se Deus existe...não deixaria o mundo acabar assim matando milhares de inocentes sem mais nem menos...Tem que ter uma explicação pra isso...eu não acredito que estamos sobrevivendo a toa! Não é assim que funciona!

Ahn...Deus? Se estiver aí...não deixe esse homem morrer e...proteja esse grupo que aos poucos estão se tornando meus amigos cada vez mais...sei que eles são boas pessoas e confirmo isso a cada dia e...

O que estou fazendo? Falando de religião assim do nada? Eu nunca fui desses! Falando de...

— Deus... – falo baixo sem querer, achava que Maggie não tinha escutado, mas pelo jeito ela ouviu, já que está olhando diretamente pra mim.

— Está rezando? – ela pergunta curiosa.

Merda.

— Han...estava tentando. – comento com ela.

— É religioso? Reza muito? – ela continua a me perguntar, se levantando e indo em direção aos colchões que eu havia posto no chão.

— Na verdade...foi minha primeira tentativa. – digo meio sem graça, a olhando de lado. Ela se senta no colchão, a alguns metros de mim. Parece surpresa.

— Na vida? – ela pergunta com as sobrancelhas levantadas e eu balanço a cabeça – Uau...desculpe. Não queria estragar sua primeira vez.

Dou de ombros.

— Deus deve ter entendido o recado. – digo olhando em direção a janela semi-aberta, que não mostrava nada além da escuridão.

— Pelo que rezava? – Maggie me pergunta.

— Pelos amigos...por tudo. Achei que todos poderiam usar uma reza agora... – comento abaixando minha cabeça cabisbaixo.

Ela não me faz mais perguntas, também abaixa a cabeça e ficamos em silencio novamente...até eu decidir quebra-lo.

— Você... – começo a dizer, e ela me olha.

— Você acha que Deus existe? –a encaro esperando resposta.

— Eu sempre acreditei na fé. Ultimamente tenho tido dúvidas...com tudo que aconteceu e...bem....ainda está acontecendo – ela diz e pousa seus olhos que agora começaram a lacrimejar sobre o pai na cama – Imagino que muitas rezas devem ter sido feitas e muitas estão ficando sem resposta.

Que ótimo.

Eu ergo as sobrancelhas e balanço a cabeça.

— Valeu. Ajudou muito... – digo meio irônico, ela ri nasalmente.

— Desculpa. Continue tentando... – ela diz e volta a abaixar a cabeça com um sorriso fraco. Eu volto a focar meus pés, na tentativa de saber se é certo rezar agora ou não.

Depois de alguns momentos em silencio, Maggie começa a abrir a boca pra falar novamente, parece receosa.

— Eu sei que não é da minha conta...sinta-se a vontade pra acreditar ou não em Deus. Mas o que importa é... – ela começa a dizer e sinto sua voz embargar, gostaria de pedir para que ela não falasse. Não é bom fazer as pessoas tentarem explicar coisas que não estão a vontade.

— Você precisa seguir. Não importa o que aconteça. – ela diz me olhando nos olhos, nos encaramos por algum tempo refletindo sobre o que foi dito até a porta se abrir e Beth voltar.

— Estão chamando você na sala, Glenn. – a irmã mais nova diz.

 

PONTO DE VISTA – ROB

 

(11 dias desde a infecção.)

 

— Veterinário? Hum... – comento com meus amigos, todos sentados em volta da pequena churrasqueira com velas sobrepostas acima da mesma.

— Pois é. Ele foi gente boa comigo e com a Mary...eu não pude deixar de ajudar. Foi assim que aconteceu tudo, como eu acabei de descrever. – Rey termina sua explicação sobre como foi seu dia e eu só balanço a cabeça em sua direção.

Ficamos todos em silencio por longos minutos, provavelmente todos estão tão reflexivos como eu agora.

Como isso é possível? Faz o que? Duas semanas quase? Desde que tudo isso aconteceu eu já vi gente sendo comida viva, morto ressuscitar, atirei com uma arma, construí uma TORRE praticamente e agora, vi a CARLEY amputar a perna de alguém!

Com. Uma. ES-PA-DA!

Ponho meus olhos sobre a espada que está encostada na mesa, ao lado da cabeceira de Carley. Aquela arma branca era maravilhosa mas...onde ela conseguiu?

— Ei. – pergunto em direção a Carley. Rey e Matt me olham também – Como conseguiu a espada? Até agora ninguém me falou como você achou isso!

— É verdade né! Nem eu sei disso! – Rey se virou levemente empolgado pra Carley.

— Ah! É! – Carley diz depositando a caneca que bebericava no chão – Foi loucura!

Todos nos posicionamos melhor para ouvir a história, e é nesse momento que aquela loirinha, a tal de “Beth” surge, voltando do corredor. Ela nos cumprimenta com a cabeça e vai em direção ao quarto. Estamos quase na hora do jantar, me lembro que Glenn está no quarto...

— Ei! Ahn...você pode chamar o Glenn um instante por favor? – digo a ela.

— Ah. Ok! Vou chamar. – ela diz com um sorriso fraco. Seu rosto está abatido. Ela volta para o quarto.

Tadinha...

— Enfim...onde eu estava? – Carley pergunta para nós.

— Você nem começou ainda! – Matt responde e rimos nasalmente.

— Ah! Claro...enfim...- Carley se prepara pra iniciar a história de uma vez agora.

— A gente foi até aquele mercado, e aí eu arrombei a sala do CEO do lugar e acontece que o cara era aparentemente VI-CIA-DO em fantasia! Ele tinha tudo quanto artesanato preso nas paredes! Tinha livros de fantasia nas estantes! Senhor dos Anéis, Hobbit, Dança dos Dragões...até O Nome do Vento eu vi! – ela comentou e parecia empolgada sobre os livros.

Isso me lembra como ela costumava ser antes dessa mudança no mundo...sempre louca por fantasia e por filmes e séries de tv...insistia pra vermos as séries que ela mais gostava e muitas das vezes as indicações davam certo e acabávamos gostando!

Lembro-me de quando passei a noite na casa dela porque queríamos assistir uma temporada inteira de “Vikings”...rimos muito naquele dia.

Um sorriso saudoso aparece em meu rosto enquanto ela continua a falar:

— Quando eu viro pra parede...lá estava! Em cima de dois ganchos, de bainha e tudo! Não acreditei que era de verdade até pegar ela na mão! – ela comenta – Depois que peguei a espada, fomos embora. E aí o resto vocês já sabem.

— Caramba! Quais as chances! – eu digo impressionado.

— Uma em um milhão! – Matt complementa.

Depois disso, o barulho da porta é ouvido e Glenn sai do quarto onde Hershel se recuperava, todos nós olhamos para ele, que dá de ombro para nós, já sabendo o que temos em mente.

— Parecem inofensivos, honestamente. – ele diz e todos nós balançamos a cabeça. Carley começa a focar o chão.

— Eles vão ficar? – pergunto a ela.

— Não sei... – Carley responde e isso me surpreende.

— Acho que deveríamos considerar...você deve considerar. – Rey diz a ela, que por sua vez não responde nada.

— Preciso conversar mais com eles. Acredito que não vão nos fazer mal também mas...eu preciso mesmo assim. Entender mais sobre essas pessoas, o que estavam fazendo, pra onde iam, pelo que passaram... – Carley começa a dizer sem focar em nenhum de nós, ela só encara as chamas das velas em nossa frente agora.

— Só não faz o mesmo teste que fez comigo. Não é propenso. – Glenn fala e Carley o olha.

— Eu não tão imbecil assim. Não vou fazer ESSE teste...não farei nenhum teste. Só perguntas mesmo... – ela parece reflexiva – estão vulneráveis, não vão mentir sendo que temos armas e as coisas deles.

— Não parece certo se aproveitar da situação. – eu digo a olhando. Ela me olha de volta.

— Não vou me aproveitar de nada. Vou só perguntar o que preciso, caso as respostas forem positivas, ótimo. Caso não... – ela começa a se levantar, eu a sigo com o olhar e Rey e Matt começam a encarar os pés. Glenn se senta num banco próximo a mim.

— Caso não...? – busco seu complemento, mas o que ganho é silencio no lugar.

Passos são ouvidos no corredor e Harry aparece.

— O jantar está pronto, venham buscar. – ele diz e nós levantamos para buscar a comida.

PONTO DE VISTA – MARY

 

(11 dias desde a infecção.)

 

— Psiu... – sinto alguém me chacoalhar na escuridão do quarto, abro meus olhos lentamente e me incomodo com a luz da vela presente na mão do meu despertador humano.

— Acorda. Vamos jantar, aí você dorme de novo... – minha visão desembaça e eu vejo Carley em pé próxima a mim. Eu começo a me levantar, cheia de preguiça.

— Me acordou só pra me matar com a comida do Harry! – digo a ela que ri nasalmente e abre a porta do quarto, saindo do recinto.

Levo alguns minutos até sair. Quando finalmente estou fora do quarto, vejo Rob e Rey passarem com seus pratos pelo corredor, indo em direção a sala, que era onde jantávamos. Vou para a cozinha que é iluminada com uma vez, quando chego lá vejo que Matt passava desajeitadamente mais macarrão para seu prato, eu rio de sua atrapalhada quando ele quase derrama molho na bancada. Ele faz o seu prato e se retira da cozinha.

Carley tem três pratos a sua frente, ela pega alguns guardanapos.

— Pras garotas? Maggie e Beth? – pergunto enquanto pego um prato para me servir.

— É. Vou levar pra elas, depois busco o meu e vou pra sala. – ela diz e eu balanço a cabeça em concordância. Com cuidado, ela segura um prato em cada mão e se retira da cozinha.

Olho para o macarrão que Harry fez e rio nasalmente.

— Não é que o idiota fez um macarrão até que bonito? – comento comigo mesma.

— No flagra! – me assusto com a voz de Harry surgindo na cozinha, me fazendo me virar com rapidez.

Ah não! Agora ele vai me irritar por semanas!

— Eu disse “bonito” e não “saboroso”! – falo já na defensiva, voltando a focar na comida – atenção com as palavras!

Ele ri enquanto se aproxima com um prato. Sinto seu olhar sobre mim e acabo corando.

Droga, Mary!

Não sei o que estava acontecendo nas ultimas semanas que...eu me vi me importando muito com Harry. Ok, eu me importava com TODOS os meus amigos, mas tinha algo de diferente nele...e eu não sabia dizer o que era.

Você só está carente de atenção! Baixa a bola, Mary!

Todos nós que estamos sobrevivendo nessa casa somos amigos desde os treze anos de idade, mais ou menos. Eu não sei da onde que veio essa sensação de diferença com Harry já que sempre tivemos contato.

Eu tenho certeza que o nome disso é CA-REN-CIA! Ele é o único hétero aqui! Matt, Rob e Rey são gays, Carley é garota e vocês, minha querida Mary, não são lésbicas!

Ele não é o único hetero! Tem o Glenn também!

HÁ HÁ HÁ! Engraçada! O Glenn você nem conhece, amore! Você tá se apegando em alguém que já conhece, que sabe que é gentil, engraçado, bonito, inteligente...

— Caramba! Vai comer ou escalar isso aí?! – a voz de Harry me tira dos meus pensamentos, me fazendo perceber que eu estava colocando comida sem parar enquanto discutia comigo mesma.

— Eu...eu tô com fome ué! – tento me justificar.

Porra Mary! Você não vai comer tudo isso nem que o Obama bata na sua porta agora mesmo!

— Percebi! Parece uma montanha! – ele diz rindo e isso me faz sorrir para ele de volta, passo a colher para ele.

— Vamos ver se eu não morro comendo isso! – digo enquanto o observo pegar macarrão.

— Você não veio me ajudar, não me responsabilizo caso tenho ficado uma bosta... – ele diz meio a risos e eu rio junto com ele.

— Foi mal, estava cansada. – fico ressentida ao me lembrar que tinha dito que iria ajuda-lo. Ele balança a cabeça negativamente e bufa.

— Relaxa! Você fez muito hoje, devia estar podre mesmo...tudo bem! – ele diz e volta seu olhar pra mim, sorrindo.

Cara ele tem um sorriso tão bonito...

Mary!

Fico sem graça com a encarada dele e foco meu olhar no chão, completamente sem graça. Ele volta a pegar comida.

— Bom...estou indo lá. – me viro de costas e começo a me distanciar quando escuto a colher bater no balcão.

— Espera! – ele encosta de leve no meu braço, e eu me viro de frente pra ele. Harry parece sem jeito, ele transita seu olhar em tudo ao redor de mim, evitando meus olhos.

Porque ele evita meus olhos agora?

— Er...eu queria te entregar uma coisa. – ele diz e eu ergo as sobrancelhas, surpresa.

— Me entregar uma coisa?! Como assim? – pergunto a ele.

— Peraí... – ele diz e vai com as mãos até meu prato, o tomando de mim e o colocando de lado. Depois ele me olha ainda sem graça e põe a mão em seu bolso de trás.

— Eu não tive tempo de embrulhar mas... – ele tira a mão do bolso da calça, mas tem o punho fechado segurando o que quer que seja. Bato o pé impaciente.

— Para de clímax! Me fala o que é! – falo e ele ri, depois, ele finalmente me encara e eu me encontro impossibilitada de desfazer nossa conexão.

— Fecha os olhos. – ele diz e eu o olho torto. Ele sorri e coça a cabeça – Vai cabeça de abóbora! Fecha os olhos!

Mordo o lábio inferior rindo nasalmente e o obedeço.

Se ele me assustar com alguma coisa, eu juro que bato nele até o dia amanhecer.

Ouço ele andar até minhas costas, sua respiração batendo próximo ao topo de minha cabeça. Meu coração acelera. Sinto algo leve rodear meu pescoço, e depois, sinto as mãos de Harry puxar meu cabelo um pouco para o lado até eu escutar um *click*.

— Pode abrir. – escuto ele dizer atrás de mim.

Eu abro meus olhos e vejo um colar dourado com a letra “M” em meu pescoço. Eu fico tocada com isso.

É lindo!

O seguro nas mãos como se o colar fosse quebrar com o meu toque. Me viro para Harry com um sorriso chocado no rosto.

— É...lindo! – digo e ele sorri.

— Pro seu aniversário. – ele diz com firmeza. Com um sorriso no rosto...um sorriso maravilhoso.

Mary...!

— Mas é só daqui a dois dias! – eu digo aos risos. Ele dá de ombros.

— Eu sou ansioso! Fazer o quê! – nós dois rimos com a resposta dele. Eu fico perdida com aquela atitude...e me sinto perdida em seus olhos que me encaram tão firmemente agora. Essa luz de vela aqui não está fazendo meu coração acelerar mais devagar...

Mary Mary Mary!

— Feliz Aniversário adiantado. – ele diz, mas eu não sinto um tom de brincadeira. Ele me encara com intensidade, estamos bem próximos agora. Harry é alto, então estou meio que “olhando para cima”. Sinto um frio na barriga.

Mary...!

Eu respiro rápido e acabo fazendo uma mecha se desvencilhar da minha orelha e vindo parar alguns centímetros do meu olho. Ele estica a mão lentamente e a passa para trás. Depois, continua a me encarar com seus grandes olhos castanhos. Percebo ele encarar minha boca por alguns segundos antes de voltar aos meus olhos, sem querer acabo fazendo o mesmo gesto.

Ma-....Foda-se.

Quando me dou conta, eu já havia me esticado para cima.

E agora...eu o estava beijando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até terça!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The New World" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.