The New World escrita por xMissWalkerx


Capítulo 3
Sinfonia Aterrorizante


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Hoje vou trazer pra vocês um capítulo com mais de um P.O.V!(Ponto de Vista para os íntimos,hihi) Espero que gostem!



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POW! POW! POW! POW!

Me senti zonza, olhei em direção a metade da multidão se movimentava em direção saída da lateral esquerda que a diretora estava a poucos segundos atrás, todos em direção as salas de aula. A outra metade implorava pra diretora para que os deixassem ir embora, já que como se aproximava o horário de fim de aulas, seus parentes estariam esperando do lado de fora.

Finalmente Mary chegou até nós, e antes que pudéssemos dizer qualquer coisa, ela falou:

— O pessoal vai debandar!

— Como assim? – perguntei ainda parada no mesmo lugar.

Ufa, pelo menos falar eu consigo.

— Nossos antigos colegas de classe! Que estão aqui. Acontece que eu estava lá no meio da pessoal, e ouvi eles falando com uma galera do ensino médio! Eles querem se colocar no meio dos estudantes e em vez de ir pras salas de aula, eles querem descer pras salas lá de BAIXO! Perto da secretária, e depois, forçarem uma saída!

— Meu deus! Pra quê isso?! – Rey disse boquiaberto

— Vai da merda isso aí, mano. – Harry disse apertando os lábios e colocando uma das mãos na testa.

— Porque eles querem ir pra fora?! Tão loucos?! – Rob perguntou indignado

— Porque eles acham que os pais deles tão lá fora esperando. É 12h15. – respondi encarando meus próprios pés.

Senti os olhares deles sobre mim, respirei fundo e me virei pra eles.

Calma calma. Você tá bem. Tá com eles.

— Acham? – Mary olhava em meus olhos procurando alguma resposta. – Eles estão lá fora sim! A gente podia aproveitar a oportunidade e ir com eles, os alunos vão com os pais, a gente se junta com o pessoal da nossa antiga sala e damos o fora daqui! Dá pra chegar em casa rapidinho! É só não ir pela Denbrough!

— Não, eles ACHAM que os pais deles estão lá. Mas isso não faz sentido, já que como a própria diretora disse, o exército está lá fora checando os carros e as pessoas que estão vindo. Eu posso comprovar, já que passei por eles. – respondi, falando alto para que me escutassem.

POW! POW! POW!

— POR FAVOR CHEGA DISSO! – Rob gritou e tampou o rosto com ambas as mãos. Ele estava ofegante. A cada disparo que acontecia, eu tinha que me lembrar de voltar a respirar.

Não posso congelar de novo. Não posso! Mas porque os tiros continuam? Respirei fundo novamente.

— Rob! Ai, meu deus! – Rey agora estava abraçando um Rob que estava a ponto de chorar.

— Os pais não vão estar lá!  A policia não vai deixar passar, nem os militares. Sem falar que foi na própria avenida que tá acontecendo esses tiros que não param nunca! – falei atropelando todas as minhas palavras. Que nervoso!

— Você tá insinuando que os doidos ainda estão lá?! – Matt me perguntou assustado.

— É obvio. – disse mais agressivamente do que pretendia.

Rob estava agora respirando lentamente. Suas mãos não estavam mais em seu rosto, seus olhos estavam vermelhos e Rey estava dando pequenos tapinhas em suas costas.

— Gente, é melhor não irmos com eles. Sério, o melhor a se fazer é esperar aqui dentro. É mais seguro. – eu disse agora mais calmamente

— Não sei não. Eu quero ir pra casa. Não devia ter saído. – Matt disse enquanto andava de um lado pro outro.

— Devia ter ficado em casa... – Rob falou. Olhei pra ele, aparentava cansaço. Fitava o chão e piscava lentamente.

Puta merda, ele tá em choque. Preciso dizer algo.

— Não tem o que fazer agora. Estamos aqui, e é isso. A melhor coisa que podemos fazer é FICAR AQUI. – Harry disse se virando pra Rob, que agora o encarava.

— Calma, Harry. – coloquei minha mão no seu ombro – Temos que manter a calma agora. Rob, se acalme. Não tem infectado aqui dentro, você tá seguro. Estamos todos juntos e é isso que importa. – disse me virando pra Rob. - Não importa o que aconteça, a gente tem que-

— VAMOS PESSOAL, PRAS SALAS! – fui interrompida por um inspetor que agora gritava atrás de mim, quando olhei para o pátio, restavam apenas algumas dezenas de alunos. Todos se direcionando para a escadaria lateral esquerda.

Olhei para meus amigos e fizemos um sinal positivo com a cabeça, fomos andando em direção a escadaria. Começamos a subi-la junto com todos, até que tivemos duas opções a seguir, ir para esquerda ou a direita.

A esquerda nos levava até as salas de aula do andar superior, e a da direita nos levava para as salas de baixo, próximas a secretária....próximas a saída. Vi meus antigos colegas de classe se misturando entre os alunos a nossa frente e virando meticulosamente para a direita. Mary me olhou, éramos praticamente os últimos a estar subindo as escadas, os inspetores e a diretora lideraram a fileira de alunos que estavam aqui antes de nós ou foram por outro caminho, provavelmente.

POW! POW! POW! POW! POW! POW! POW! POW! POW!

Isso foi….mais próximo?!

— AHH CARALHO! QUANTOS FORAM AGORA? MEU DEUS DO CÉU, FOI AQUI DO LADO AGORA! MEU DEUS! – Matt exclamou e abaixou a cabeça se protegendo de tiros inexistentes no espaço, que pareciam estar realmente mais próximos de nós. Rob estava novamente com as mãos no rosto, Rey e Mary olhavam para todos nós com os olhos arregalados enquanto seguravam um ao outro pelo braço. Harry estava com as mãos nos ouvidos enquanto xingava palavrões ao vento.

Eu?

Não não não não não não. Aqui não, não na frente deles. Anda. Mexa-se. SE MEXE, CARLEY!

Eu não conseguia me mexer, não conseguia piscar, nem respirar direito eu conseguia, só encarava o chão. Eu estava atrás dos meus amigos, eles não estavam me vendo agora. Olha só pra você! Tava falando pros outros se acalmarem até agora! AN-DA!

Me obriguei a respirar, enquanto fazia isso, fechei meus olhos e ouvi alguém me chamar:

— Carlie? Carley! – Rey me chamava.

Quando abri os olhos, eles todos me encaravam.

Parabéns. Discretíssima você. E agora?

— Esquerda né? – Rey me perguntava com olhos que buscavam uma confirmação.

— Tem certeza?! Dá pra ir embora, hein! – Mary virou-se pra Rey e depois pra mim. Eles pareciam ler meus olhos e procurar por respostas.

Procurando por respostas?! Tão procurando respostas! RESPONDE!

POW! POW! POW! POW! POW! POW!

Todos nós tivemos uma espécie de espasmo, eles não paravam de me olhar. Eu olhava cada um nos olhos tentando sair do meu transe e me mexer.

PORRA! Se mexe! Tá acontecendo! Já era! FAZ ALGUMA COISA! SE NÃO FIZER, NINGUEM FAZ! ELES TAO ESPERANDO VOCÊ FALAR ALGUMA COISA,DROGA! ELES TÃO DEPENDENDO DA SUA RESPOSTA!

Eles por um momento pareceram impacientes, e se viraram de costas pra mim, encarando as opções na frente. Todos estavam confusos, Rey virou-se novamente para mim, apertou o lábio inferior e virou-se de costas novamente, dando um passo em direção a direita. Não consegui ficar quieta mais. Era um erro. É um erro ir pra fora.

— Esquerda. – disse baixo, mas firmemente. Não podia deixar eles irem pro lado errado. Ninguém estará lá fora.

Como eu tenho tanta certeza assim?— lembro de pensar.

Rey se virou pra mim e suspirou aliviado. Todos eles fizeram um aceno com a cabeça e viraram-se rapidamente para a esquerda. Matt levava Rob pelo braço, que ainda andava como se segurasse as lagrimas a todo momento, ainda com os olhos avermelhados. Harry disse um “Vamos!” pra mim e se virou para segui-los. Rey ia na frente com Mary.

Fiquei parada na escadaria enquanto via eles virarem um a um a esquerda.

Estou sozinha na escadaria.

CHEGA! CHEGA!

SIM! Está acontecendo! Tem como você fazer alguma coisa?! NÃO! Você não sabe a proporção das coisas lá fora! Você tem que voltar pra eles! Sua família está em casa, esperando você! E tem mais uma coisa...SEUS AMIGOS precisam de você agora!

Sabe que eles estão com medo, ALGUÉM precisa estar calmo! E vai ter que ser você! Você não pode se dar o luxo de ter medo agora! Está pensando demais, para com isso! Para de pensar! Está pensando de novo! E de novo! E DE NOVO!

CHEGA! PARE!

Eu tenho que fazer uma escolha. No meu ponto de vista, a escolha é tão simples quanto brutal: começar a se mover e continuar em movimento ou ficar parado em um lugar tempo o bastante para começar a pensar no que tudo isso queria dizer e simplesmente morrer de medo.

— Já chega. – disse sozinha na escadaria

Comecei a andar até virar a esquerda.

 

PONTO DE VISTA – ROB

 

Não, não,NÃO! Isso não tá acontecendo!

Matt me segura pelo braço e me força a andar. Eu não consigo pensar direito! Porquê isso está acontecendo? Como isso está acontecendo? Mal consigo escutar o que eles estão dizendo, parece que tomei um porre tão grande que tudo está girando pra mim, não consigo manter o foco em um ponto fixo.

Sinto alguém me dando leves tapinhas nas costas, percebo que é Harry, que assim como todos está me olhando com olhos cuidadosos e apreensivos.

Quero ir pra casa! Quero ficar sozinho até isso tudo passar!

Tenho vontade de gritar. O que são esses tiros todos?! Com certeza lá fora está um caos. Como vou voltar pra casa agora?! Os celulares estão todos sem sinal.

Como vou ligar pra casa?! E se eles não estiverem em casa?! O que faço?! E se eu tentar ir andando e algum doido me pegar?! O QUE FAÇO, SE NEM TIROS ESTÃO DANDO CONTA?!

Minhas perguntas mentais são interrompidas quando paro de andar de súbito. Rey e Mary que estão na minha frente estão virando suas cabeças para trás como se procurassem alguém:

— Cadê a Carley?! – Rey pergunta com a cabeça a procura de uma mulher alta de cabelos negros.

Carley? Ela não está aqui? Ela....ela... – fecho os olhos procurando me acalmar.

Calma. Calma. Você só tá piorando as coisas! Sempre sendo o problema, não é mesmo?! Ninguém sabe o que tá acontecendo!

Exatamente, NIN-GUÉM sabe o que está acontecendo! É por isso que você tem que ter medo mesmo! Ninguém sabe nada! E se você...

Coloco as mãos no rosto novamente e me dou leves tapinhas no rosto. Meu pior inimigo é sempre esse mesmo...minha própria cabeça.

Preciso me acalmar, respira...respira!

— Será que ela foi... – Matt começa e encara Rey e Mary que agora olhavam para nós, confusos e preocupados.

— Entra a esquerda. – Uma voz firme e conhecida surgiu atrás de nós, Matt, Harry e eu nos viramos para ver da onde exatamente vinha.

Carley surgia pela entrada que tínhamos passado a poucos segundos, logo após termos pegado o caminho que nos levaria até as salas de aula do andar superior. Ela caminhava a passos rápidos e firmes enquanto apontava em direção a um arco de entrada a nossa próxima esquerda, que pelo que me lembro, nos levaria até uma outra escadaria que nos levaria até as salas de números 23 até 32.

— Fica junto com a gente, Carlie! Onde você tava? – Mary perguntava com as sobrancelhas levantadas.

É verdade. Carley sempre estava por último... será que ela queria sair?

— Eu fui conferir uma coisa, não importa agora. Vamos logo com isso. – ela responde mas não olha para nós, ela encara o arco de entrada e apenas dá leves olhadelas em nossa direção, seus olhos estão frenéticos e ela pisca com grande frequência.

O que ela estava aprontando?

Matt me olha de canto de olho como se soubesse exatamente do que eu estava falando, eu o olho de volta. Nós éramos assim, as vezes conversávamos apenas por olhares, era assim desde a época da escola.

— Peraí gente, será que a gente pode ir por aqui? Por onde a diretora passou? Alguém sabe? – Rey perguntava para o grupo.

Nós estávamos parados em um enorme corredor com algumas salas de aula nas laterais, mas também havia três arcos de entrada, um a nossa esquerda, outro seguindo em frente e outro a alguns metros atrás de nós, a direita. Escutávamos leves barulhos de alunos vindo por todos os arcos, mas como saber qual era o certo a se seguir?

— Que se dane a diretora, vamos virar ali mesmo! – Harry dizia apontando para o arco que anteriormente Carley apontara.

— Wow, wow , wow peraí! Não é assim também, né! E se a gente se meter em problema entrando onde não deve? – Mary retrucou.

POW! POW! POW! POW!

Todos nós pulamos de susto novamente. Minhas mãos estavam mais uma vez no meu rosto.

Não não não, eu não aguento mais! Eles vão entrar! Certeza que vão! Não tão conseguindo matar eles!

— QUE INFERNO, CARALHO! – Harry agora gritava para o alto com ambas as mãos nos ouvidos.

— Já tem problema demais acontecendo. – Carley agora passava pelo meio de nós indo em direção ao arco da esquerda. Chegando nele, parou em sua entrada enquanto todos nós a encarávamos.

Problemas demais?! Ela sabe de alguma coisa, eu acho!

— Ai gente...tem certeza que- – Matt falava com uma voz de quase choro.

Pelo menos não é só eu que tá com medo.

— Não fica parado não gente, vamos logo! – Carley gritou da outra extremidade do corredor, feito isso, ela entrou no arco.

Fomos atrás dela.

Eu ainda andava como se precisasse de muletas. Matt não soltava meu braço por nada, e eu agradecia por isso. Quando viramos a esquerda no arco, vimos Carley esperando com apenas a cabeça virada para nós com um dos pés batendo impacientemente nos degraus que agora estavam a nossa frente. Eles finalmente nos levariam até as salas de aula.

— Vamos! Dá pra ouvir gente falando daqui! – Carley dizia agora se virando novamente para o lance de escadas. Realmente, dava pra escutar pessoas conversando nas salas de aulas que estamos nos direcionando. Isso é....um bom sinal?

Talvez. Mas estamos todos presos ainda, não estamos?

Chacoalhei de leve a cabeça para me livrar do pensamento. Porque tem que ser tão pessimista?

Realista. Não pessimista.

Maravilha. Discussões comigo mesmo vão ajudar bastante agora.

Enquanto subimos o lance de escadas me viro para meu melhor amigo:

— O que você acha que tá acontecendo?

Matt, que caminhava ainda segurando meu braço virou a cabeça em minha direção para poder me olhar, franziu a testa e apertou os lábios:

— Não faço ideia. Assim... eu acho que... sei lá. – ele falava como se procurasse as palavras certas – Tipo...alguma coisa deu errado. Eu sinto isso.

POW! POW!

Respirei profundamente, de olhos fechados. Todos tinham parado de andar na escada, fomos pegos de surpresa novamente. Sinto lágrimas formando-se nos meus olhos.

Quero que isso acabe. Por favor, Deus!

— Vamos, vamos! – Carley bateu palma duas vezes pra chamar a nossa atenção – Nenhuma novidade! – ela se virou novamente para as escadas e recomeçou a andar. Todos se olharam e foram acompanhando ela aos poucos. Matt me puxou lentamente para que eu andasse.

Estão estranhando ela também. Não sou só eu.

— Ah meu Deus... – Matt disse de forma quase inaudível, só consegui escutar porque estou do seu lado. Tenho a impressão que ele estava dizendo isso para si mesmo. Ele respira fortemente. Coloco meus olhos em Carley, que anda na nossa frente com determinação.

O que aconteceu com essa mulher?! Ela fez alguma coisa lá fora! Ela ficou toda estranha na escada...eu a conheço a anos e nunca vi ela reagir da forma que agiu antes...e nem da forma que está agindo agora. Parece que...ela...está fugindo de alguma coisa.

Meu Deus.

Será que ela sabe de alguma coisa que não sabemos?! Meu Deus! Me proteja!

Depois de duas fortes respiradas, resolvi abrir o jogo:

— Estou como medo de morrer. – disse com sinceridade olhando nos olhos de Matt e falando de forma que só ele escute. Depois comecei a fitar meus próprios pés enquanto subia as escadas – Medo de verdade, Matthew.

Eu sei, é óbvio que estou com medo. Todo mundo já percebeu. Mas estou sendo sincero agora...e se alguma coisa acontecer comigo? E se... e se eu morrer? Os tiros não estão dando conta.

Olho para minhas mãos. Estou tremendo. Mostro minhas mãos tremulas a ele e volto a encarar os degraus.

Ele assentiu lentamente e depois começou a fitar seus próprios pés também. Chegamos no final da escadaria, Carley, que estava a frente de todos, fez um gesto com a mão direita nos chamando e apontou para a última sala, no final do corredor. A sala de número 32.

— Por aqui. Número 32! – disse ela enquanto andava e ao mesmo tempo olhava para todos nós que estávamos seguindo ela. Todos assentiram.

— Eu também. – Matt disse por fim. O encarei, ele olhava para a sala com a porta de madeira, com os números “3” e “2” feitos de metal dourado pendurados com a ajuda de um prego.

— Também o que? – perguntei.

— Sobre o medo. Também estou com medo. – Ele agora me olhava, e pude ver em seus olhos que dizia a verdade.

— E se entrarem aqui? – eu disse procurando ajuda em seu olhar.

Matt abriu a boca, mas nenhuma palavra foi ouvida. Eu o conheço bem o bastante, ele também não sabe o que fazer. E posso ver que procura ajuda em meus olhos também. Depois da tentativa de falar falha, ele faz um suspiro rápido e fecha os lábios em desistência. Agora eu e ele andamos encarando uma porta que agora está a poucos metros de nós.

É. Estamos fodidos.

 

PONTO DE VISTA – MARY

 

Isso não é bom. Não é nada bom.

Ando olhando para Carley, que está de costas para mim e Rey, que anda ao meu lado. Não posso ficar calada.

Quer dizer, mais ou menos.

Me viro pra Rey e puxo levemente sua camiseta, com a intenção de chama-lo. Ele me olha.

Será que ele vai entender?

Tento me comunicar através de sinais, para Carley não escutar. Estamos muito próximos dela e não sei como seria sua reação se ela escutasse. Olho para Rey, arregalo levemente os olhos e viro minha cabeça em direção a Carley, e depois volto a encarar Rey. Preciso que ele entenda a minha pergunta. Rey a conhece como ninguém.

Ele me olha confuso, e depois de fazer o mesmo gesto mais duas vezes, ele finalmente entende e olha em direção a Carley. Ele a olha confuso e depois entende a pergunta que eu acabara de fazer de forma subliminar.

Isso, Rey! Agora me diga, o que está acontecendo com a Carley? Você, acima de qualquer um deve saber!

Ele dá de ombros.

Droga.

Finalmente chegamos a porta de número 32. Ouço barulhos vindo de dentro da sala. Ela está fechada, Carley gira a maçaneta que felizmente se abre, nos fazendo ser o foco de atenção da sala de aula que possuía por volta de oito ou nove alunos.

— Acho que viemos pelo caminho errado — digo olhando com os olhos semi-cerrados para Carley que se encontrava agora ao meu lado. Ela nem me olhou.

Eu sabia! Sabia que não podíamos simplesmente entrar em qualquer sala e ficar por isso mesmo. Vamos nos meter em encrenca! Onde está a Diretora? E os inspetores? Todos os outros alunos?

— Mandaram vocês virem pra cá?! – um menino disse em direção ao nosso pequeno grupo. Ele aparentava ter uns 16 anos.

— Não. Viemos por último, então não sabíamos que sala entrar. Vocês estão sozinhos? – Carley respondeu por nós.

Ouvimos um “Não” vindo de uns três alunos diferentes, e outros responderam “Sim” aos risos e receberam alguns olhares de reprovação.

— Peraí, Sim ou Não? Tem algum professor com vocês? – falei impaciente. Não estou com graça pra crianças agora.

— Tem sim. A Tasha, de Biologia. – uma menina próxima de nós disse. Ela usava óculos e estava sem uniforme. Em vez disso, usava uma camiseta da Lana Del Rey, e podia se ver a escrita “Dark Paradise” no peito.

Amo essa música.

POW! POW! POW! POW! POW! POW!

Todos os adolescentes da sala gritaram em conjunto e colocaram as mãos na cabeça. Nós todos pulamos de susto. Levei minha mão no peito.

Porra, vou ter um ataque cardíaco uma hora dessas. Que merda! Foi mais alto agora! Merda...acaba logo!

 Olhei para meus amigos que respiravam ofegantes, Rob estava agora de costas para os alunos na nossa frente, mas pude ver que apertava os lábios com força lutando contra as lágrimas, provavelmente. Matt tremia os lábios semi-abertos e sua mão segurava a mão de Rob, as mãos de ambos tremendo. Rey fitava seus próprios pés, respirando de forma descontrolada. Harry falava palavrões enquanto seus olhos estavam desnorteados.

E Carley...

Carley apertava os lábios, sua expressão exalava raiva. E acreditei mesmo que ela estava ficando irritada com tudo aquilo, mas apenas por alguns segundos, somente até eu olhar suas mãos que estavam fechadas. Tive a impressão de vê-las tremendo por um momento.

Será que estavam?

— E onde ela está? – Carley gritou para chamar a atenção dos adolescentes.

Fomos brutalmente interrompidos por um ENORME estrondo. Seguido de mais alguns tiros.

Os adolescentes começaram a gritar entre si na sala de aula, ignoraram totalmente a nossa presença lá, mas quem prendeu a minha atenção foi a fã de Lana Del Rey. Ela estava com os olhos marejados e suas mãos que estavam esticadas na carteira tremiam. A garota que estava sentada atrás dela momentos antes agora estava agachada ao seu lado, e segurava uma das mãos da amiga, enquanto mantinha o rosto virado contra nós. Ela estava soluçando.

— CARALHO, O QUE FOI ISSO? – Rey gritou.

— Isso foi uma..? – Harry começou.

— Explosão. – Matt e Carley responderam ao mesmo tempo.

Ver as garotas me fez perceber que talvez as coisas não estejam tão calmas como eu acho que estejam. Quer dizer, eu sei que as coisas estão uma loucura lá fora, dá pra saber pela quantidade de tiros e pelo simples fato dos tiros não estarem parando e agora a gente escutou uma BOMBA.

Mas ver o pânico daquelas duas garotas, só fez meus olhos começarem a ficarem vermelhos. Quando dei por mim, não consegui me controlar. Estava desorientada, procurando em vão com os olhos, alguém que pudesse me dar uma resposta concreta do que poderia estar se passando lá fora.

Meus pensamentos foram interrompidos por mais gritos e conversações vindos tanto dos adolescentes como dos meus próprios amigos, que pra minha surpresa, não se encontravam mais ao meu lado. Todos eles, alunos e amigos, encostavam agora nas janelas. Fiquei olhando eles, sem ir até a janela.

Porquê eu não quero ir até a janela? É só ir e ver-

Agora que me toquei. Eu estou escutando um conjunto de sons, tudo sendo ouvido de uma vez. E os outros estão agora procurando da onde os barulhos estão vindos.

Gritos, sirenes, mais tiros, e várias conversações e movimentações vindas de diferentes lugares que não consigo identificar são os ingredientes principais dessa nova e aterrorizante sinfonia de terror.

Tudo que consigo pensar é: O barulho vem de lá de fora? Ou....daqui de dentro?


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Notas finais do capítulo

TAM TAAAAAAM! E aí? Teorias? O que está acontecendo lá fora? O barulho vem de dentro ou de fora?



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