The New World escrita por xMissWalkerx


Capítulo 25
A Rua Pevensie


Notas iniciais do capítulo

Postando mais cedo do que costume hoje hein!
Queria agradecer a todos que estão acompanhando a história e que ficam ansiosos sempre pedindo por mais capitulos, vocês são incríveis!!



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PONTO DE VISTA – MATTHEW

 

Eu tenho certeza que tinha alguém dentro do mercado! Não é possível que só eu tenha visto...

Continuávamos nossa caminhada pela extensa e larga Denbrough...eu perdi a noção do tempo por completo, não faço ideia de que horas seja agora e não sei dizer a quanto tempo estamos aqui fora também.

Parece horas.

Cada passo que dou aqui fora sinto que é o meu último. Mas ao mesmo tempo, sinto que estamos fazendo mais progresso do que jamais havíamos feito até agora. Estamos parando em determinados momentos para pegar aqueles benditos rádios que Carley havia gesticulado para pegarmos...só eu peguei três deles, mas a fila parou a pedido de vários de nós em momentos diferentes, acho que talvez temos mais de dez agora...não via a necessidade disso, mas se Carley achava necessário, eu acreditaria nela.

Principalmente depois dela ter tirado a gente daquela escola.

Sim. Foi ela que tirou. Ela manteve a calma enquanto todos, inclusive eu, estavam pirando. Agora é a minha vez de ajudar e é por isso que estou me forçando a dar um passo de cada vez aqui fora, na esperança de que tudo vai dar certo no final.

O gelado na cintura que a pistola que peguei no chão me proporciona é assustador para mim, eu nunca peguei numa arma e agora tenho uma na minha cintura. Não faço ideia de como usa-la rapidamente caso necessário e isso também me assusta.

Você não vai usar ela aqui mesmo...só se quiser apressar a sua morte e a dos seus amigos.

O fim da avenida já estava a vista, acho que mais alguns minutos e já poderíamos finalmente virar a esquerda, e caminhar mais um pouco...com sorte, até a chegarmos na casa de Carley, o fluxo de zumbis pode diminuir.

Eu sou o último da fila, Rob anda na minha frente lentamente, como todos nós, mas eu já percebi que a cada passo que ele dá é um sacrifício pra ele, vejo que seus pés hesitam sempre que ele vai levanta-los para dar continuidade na caminhada. Sua mão na frente da mochila não parou de tremer desde que estávamos na porta da sala de aula, prestes a sair. Não consigo ver os outros como estão, mas imagino que ninguém está calmo aqui.

Temos que sair o mais rápido possível.

Chegamos agora onde tudo começou.

Todos nós olhávamos pasmos na rua a grande carcaça do que costumava ser um ônibus antes de ser queimado. O ônibus estava completamente destruído.

A diretora disse que o acidente havia acontecido aqui nesse ônibus...me pergunto se havia alguém infectado aqui dentro...a explosão que ouvimos ontem veio da destruição desse ônibus.

Passávamos lentamente próximos ao grande veículo, agora parecia que os caminhos estavam mais estreitos por conta do fluxo de carros.

Havia muitos carros parados, e alguns deles soavam alarmes que já estavam me irritando. Outros ainda tinham zumbis dentro, pessoas que dirigiam pela avenida em direção ao trabalho, ou para casa, ou para qualquer lugar menos a morte. E agora elas estão presas em seus próprios carros, completamente desnorteadas e fadadas a viverem desse jeito até alguém finalmente acertar a cabeça deles.

Engulo seco ao me lembrar de Tasha.

Tasha...

A fila para novamente, e vejo que Harry agacha lentamente em frente a uma policial e cuidadosamente tira o rádio dela, ela esta deitada no chão e não consegue se mexer, apenas bate os dentes. Ao ajeitar meu pé, percebo que estou pisando em alguma coisa. Olho para baixo e vejo que estou pisando em algumas cápsulas de balas, sigo-as com o olhar até ver uma caixinha aberta jogada de lado na rua, dou um passo para trás e me abaixo para pegar a caixa.

Não sei nem se a munição se encaixa com alguma das nossas armas, mas vou aproveitar que pararam a fila pra pegar isso.

Me arrepio quando endireito a caixa na mão, pois ao fazer isso, algumas balas caíram no asfalto fazendo um leve tilintar. Olho em volta cuidadosamente e vejo que não fui notado, fecho a caixa e a guardo dentro da bolsa. Harry também está se levantando e Carley começa a puxar a fila novamente.

Quanto mais chegávamos no fim da avenida, menos paradas fazíamos. Todos os militares e policias foram todos para onde estávamos, o que não fazia muito sentido na minha cabeça, já que foi o ônibus que começou tudo...

Esses zumbis formam bandos, imagino que uma hora o bando ficou forte demais e acabou fazendo os militares recuarem. Sem falar dos mortos no caminho que acabaram se juntando a esse bando já existente.

Deus...

O fato de que as forças armadas e a policia haviam perdido a guerra contra os zumbis me deixava sem esperanças que de fossemos resgatados. Olho em volta desta avenida e tudo que vejo é sangue e morte, sem almas vivas...

A não ser a que estava no mercado. Não esqueça que tinha alguém lá, e que você vai contar isso pra eles assim que pisarem na casa de Carley.

É um cenário apocalíptico típico de filmes. Tudo quebrado, em chamas, rasgado, destruído e morto. Enquanto caminho entre os carros atrás do meu grupo, acabo tropeçando em alguma coisa e me esbarrando fortemente em Rob na minha frente, que se esbarra em Mary, que encosta em Rey, e assim por diante. Todos param bruscamente e viram suas cabeças confusas em minha direção, eu ergo a mão para Rob e para os outros na intenção de me desculpar. Viro minha cabeça e procuro no chão no que eu havia tropeçado, acabo tendo que fechar os olhos para não encarar muito aquilo e vomitar.

Meu deus eu tropecei em alguém.

Numa parte de alguém.

No chão, de baixo de um carro, havia uma perna.

Isso mesmo. Uma perna.

Não fiquei pensando muito em como aquilo deveria ter acontecido, só virei para frente e abri meus olhos. Rob e Harry olhavam pra cima, desviando o olhar. Rey estava de olhos fechados, Carley e Mary olhavam ainda para a perna de olhos arregalados. Gesticulei para Carley puxar a fila e ela assentiu rapidamente e se virou para frente, em questão de segundos a fila começou a andar novamente.

Alguns minutos se passaram, e finalmente, a esquina na qual viraríamos estava finalmente a vista. Em questão de um minuto ou dois finalmente sairíamos da Denbrough!

Lembro de quando Carley não tinha carona para ir para casa e tinha preguiça de tomar o ônibus, ela costumava voltar a pé. Quando íamos fazer trabalho na casa dela, voltávamos todos juntos a pé, as vezes parávamos na feira próxima, as sextas feiras, para comermos algo em vez de almoçarmos...desejávamos nunca sair da Denbrough.

Agora, é o que mais quero.

Andávamos no meio da multidão, finalmente quase chegando a esquina. Viraríamos a esquerda, então Carley puxava a fila aos poucos naquela direção. A avenida terminaria ali, tendo apenas dois caminhos para seguir, o da esquerda e o da direita.

Quando estávamos quase lá, ouvi algo que fez meu coração gelar e minha respiração parar por alguns segundos.

Um grito.

Como se tivesse saído do nada, uma mulher loira passou disparada da esquina que estávamos prestes a entrar, correndo em direção a rua a direita.

— SOCORRO! – ela gritava – ALGUÉM ME AJUDE! NÃO ME MACHUQUEM! – ela corria e desviava de alguns zumbis, tudo aquilo estava chamando uma atenção tremenda. Ficamos todos lá, imóveis vendo-a correr.

Estávamos todos vidrados aquele momento de pânico, eu começava a ficar ofegante em ver a mulher em perigo. Eu sei que não posso fazer nada.

E é isso que está me corroendo agora.

Rey segurou o suporte fortemente, e olhou para Carley suplicante. Ele tremia, e podia ver em seus olhos que estava com o mesmo pensamento que eu: ele queria ajudar.

Não podemos!

Carley negou com a cabeça para Harry.

A mulher continuava a gritar, até que o esperado aconteceu. Enquanto ela tentava passar por um zumbi, o mesmo agarrou em seu longo cabelo e a puxou para o chão com essa atitude.

Assim que ela caiu, simplesmente não pude enxerga-la mais. Em questão de segundos havia uma multidão de zumbis passando por nós, já havia pelo menos três ou quatro em cima dela, o barulho era horrível, e pensar que aquele som que me lembrava um bife malpassado sendo cortado vinha na verdade de uma pessoa sendo devorada fazia eu paralisar. Comecei a sentir lágrimas se formarem em meus olhos.

Eu tenho dúvidas. Nunca vou me acostumar com esse tipo de situação, se os policiais não conseguiram, quem somos nós? Eles tinham armas e não conseguiram.

Não pense nisso! Você sobreviveu por mais tempo que eles, idiota! Pense positivo.

Po-si-ti-vo.

Senti alguém puxar a minha mão levemente, e vi que era Rob, e que também tinha lágrimas nos olhos. Carley puxava a fila, agora um pouco mais rapidamente, o que me deixou com medo. Mas entendi quase que imediatamente do porquê.

Os zumbis estão distraídos.

Entramos na rua a esquerda enquanto a mulher desesperada dava seus gritos finais, me fazendo arrepiar por inteiro.

No começo da rua, ainda estava muito movimentado, mas quanto mais andávamos, menos zumbis víamos. Eles ainda estavam lá, é claro, mas o fluxo deles era notavelmente diminuto. Em vez de milhares, agora eu chutaria que eram apenas centenas, mas ainda o bastante para nos preocupar.

Caminhávamos lentamente, e como agora não estávamos em uma avenida lotada, parecia que eu conseguia respirar melhor. Eu tentava pensar positivo o máximo que podia, colocava na cabeça que tinha passado por uma das principais avenidas do bairro sem suspeitas. Estava seguro e estava bem, era só continuar neste ritmo que chegaríamos lá.

Devagar e sempre.

Precisamos andar por mais uns quinze minutos por aqui, considerando que provavelmente não iremos parar mais para pegar rádios, já que os policiais ficaram para trás, acho que serão LITERALMENTE quinze minutos desta vez.

Depois de andar ao que parecia uma eternidade, tivemos que virar para entrar em outra rua mais uma vez. Entramos a nossa direita, quando ainda faltava pelo menos umas quatro esquinas para chegar ao fim da rua que deixávamos agora. Encarávamos uma subida agora, havia alguns zumbis na rua, mas pelo menos, agora de centenas se passaram para dezenas de corpos andantes.

Nota mental: Sempre saia de lugares com muito comércio e lugares recheados de avenidas. Como estávamos entrando em locais residenciais agora, não havia zumbis policiais ou militares na rua, e sim ci-

Suo frio ao concluir meu pensamento.

ci-civis. Pessoas comuns que estavam em casa.

Não que na avenida não havia civis, lógico que havia. Mas não era uma área residencial, e sim uma área comercial. Na Denbrough as pessoas que caminhavam mortas na rua eram compostas de policiais, militares, alunos, professores e pessoas que aconteciam de estar no lugar errado na hora errada. Era terrível ver tantos jovens e tantas pessoas mortas, mas se você parar pra pensar, aqui na área residencial essas pessoas não estavam no lugar errado...

Elas estavam em casa. Cuidando das suas vidas, esperando os filhos, maridos, esposas, pais e mães voltarem do trabalho ou da escola.

Morreram em casa.

Isso fez todos os pelos de minha nuca se arrepiarem. Eu queria chegar o mais rápido possível na casa de Carley para que pudéssemos nos organizar e buscar as nossas famílias, cada segundo que passava pensava no que poderia acontecer com minha mãe, meu pai, meus irmãos...como eles reagiram a isso tudo e como eles reagiriam quando eu contasse o que tive que fazer e como não me arrependo disso.

É...talvez eu tenha que deixar essa parte de fora. Vai que me acham um assassino ou algo do tipo. Eu salvei Rey.

E salvei Tasha também! Se não tivesse feito o que fiz ela estaria andando sem rumo pelas ruas, ela morreu nos meus braços, todos esses que estão andando na rua, estão MORTOS. Não há cura para a morte.

Talvez...eu pudesse falar pra eles no fim das contas. Se eu contasse tudo que aprendemos no caminho e dos perrengues que passamos, eles entenderiam.

Teriam que entender.

Minhas pernas começavam a coçar graças ao sangue que corria acelerado em minhas veias, a dor começava a se mostrar aparente por conta da caminhada que tínhamos tido até aqui, e ainda faltava mais um pouco para chegarmos lá. E essa subida não está ajudando.

Andávamos lentamente rua acima, até o momento que a rua ia se endireitando e ficando plana ao conforme chegávamos ao topo. Havia algumas pequenas lojas na rua, mas a maioria ali era de residências mesmo. Eu olhava pelos portões de algumas e via que havia movimento lá dentro, mas pelos grunhidos, diria que terminou mal.

Andávamos todos com maior espaço entre nós, agora que havia menos zumbis. Tínhamos chegado no topo da subida e agora estávamos descendo a rua, mais alguns minutos e viraremos novamente.

Quando chegamos a esquina, viramos na mesma, em direção a esquerda, e continuamos a andar na rua agora plana.

Não falta muito agora, reconheço este lugar. Vamos atravessar a rua, andar mais alguns metros e viraremos novamente na direita, finalmente chegando na levemente íngreme Rua Pevensie, onde ficava a casa de Carley. Andaríamos até quase o final dela e chegaríamos finalmente ao nosso destino.

Atravessamos para o outro lado da rua, e passamos na frente de alguns comércios: Uma padaria, com algumas dezenas de zumbis dentro. Motos e carros abandonados estavam próximos a ela, aliás, na rua inteira havia carros alguns carros estacionados na calçada. Mais a frente havia até mesmo o que parecia ser um acidente de carro, um se chocou com a frente do outro, talvez em alguma atitude desesperada os carros se chocaram.

Mais a frente da padaria, havia um escritório odontológico, e de frente com esse escritório eu conseguia ler uma placa escrito “Adventures”, uma loja de artefatos. Eu já tinha visitado aquela loja uma vez para comprar um artesanato para a mãe de Rob no dia de seu aniversário, era uma loja grande e bonita que agora estava completamente aberta e, pelo que podia perceber a distancia, revirada.

Passamos também na frente de uma loja de materiais de construção, que estava fechada com um grande cadeado a mostra, a loja tinha a frente coberta de um vidro grosso, então assim que passamos de frente a ela, vi meu reflexo e de nossos amigos no vidro.

Oh meu deus.

Estávamos completamente acabados. Eu estava cheio de olheiras e é claro sangue por toda a parte. Nem nos meus piores pesadelos eu me imaginaria dessa forma, e meus amigos não aparentavam estar melhores do que eu. Vi que Mary também olhou para o espelho e se espantou com o que viu já os outros se mantiveram focados seguindo a fila indiana, que agora passava na frente de um pequeno mercadinho, daqueles que são menores que tudo.

Aqui está mais para uma pequena “vila” se eu podia definir dessa forma...por isso não tem tantos carros, há pessoas na rua mas nem tantas como na avenida, a maioria estava em casa. Olhe! Do outro lado há um açougue que nem sequer abriu as portas! Não há ninguém dentro e tem um cadeado do lado de fora...uma pequena loja de consertos.... o que é aquilo? Oh, uma barbearia, que é claro não terminou bem, há “clientes” ali...

é basicamente isso.

Eu ficava olhando em volta a procura de mais comércios, mas acho que todos já foram citados. Havia uma grande construção a muitos metros atrás de nós, só a percebi porque a ponta de seu teto estava a vista, e pelo formato, diria que era uma igreja.

Ainda bem que ontem não era Domingo.

Sete estabelecimentos e uma igreja para dezenas de residências ao redor.

Finalmente chegamos a bendita da esquina da Pevensie, nem acreditava que estávamos prestes a chegar no nosso destino, falta muito pouco agora...e pelo que vejo da rua que estamos prestes a entrar, a quantidade de zumbis é razoável. Algumas dezenas, mas não havia tantos assim, alguns aqui e outros lá.

Se aquela moça que morreu na avenida corresse por aqui, ela com certeza conseguiria fugir.

Começamos a descer a rua íngreme. Nosso destino final estava a metros abaixo, teríamos que andar um pouco, e depois toparíamos com algumas entradas na esquerda e na direita. Pelo que me lembro, as entradas a direita nos levavam para algumas “pracinhas” locais, cheio de residências, que eram becos sem saída. Eram apenas grandes espaços residenciais com uma praça no centro de tudo.

Depois de alguns minutos descendo a rua e passando por várias casas, passamos pela primeira entrada que nos levaria a uma praça, mas obviamente não entramos nela. Continuamos a seguir em frente mais alguns metros e aqui estava outra entrada a esquerda que nos levaria a OUTRA praça, passamos pela entrada também sem entrar.

Me lembro de Carley ter me dito quantas praças eram...mas não consigo me lembrar...

Não vi mais nenhuma entrada para a esquerda depois de ter passado das já vistas.

Depois de mais alguns minutos, vimos a única entrada a direita, que era uma rua perpendicular da Pevensie que daria em mais ruas e mais entradas. Ignoramos essa esquina também e continuamos a seguir reto.

A casa alta e grande de muro azul já estava visível para nós. E no final da rua, também estava visível uma rodovia larga. Depois dessa rodovia, havia uma única e também larga ponte, que ficava acima de um rio que passava ali por baixo da mesma.

Lembro quando eu e Maddie, uma amiga nossa, voltávamos a noite da casa de Carley depois de uma festa. Tivemos que ir até a esquina e ficar olhando desesperadamente para os lados para atravessar já que naquela rodovia não havia faixa de pedestres ou semáforo, então tínhamos que literalmente CORRER até a ponte, atravessando rapidamente a rodovia.

Heh...Maddie...me pergunto o que aconteceu com os nossos outros amigos que não puderam comparecer ao nosso encontro que se mostrou desastroso na escola.

A casa agora estava a apenas alguns metros de nós, a calçada de pedra que ficava na frente da casa de Carley já estava abaixo de nossos pés. Havia dois portões, um pequeno que passava apenas uma pessoa por vez, e um grande e duplo, por onde entrava os carros. Ambos os portões eram grades grossas e duras de ferro pintado de preto, estávamos agora a centímetros do portão menor.

Carley parou a fila e se virou para nós, ela gesticulou para nos aproximarmos, e assim, finalmente saímos da fila indiana e ficamos em volta dela a olhando com expectativa. Ela olhou em volta e percebi que ela estava de olho na pequena quantidade de zumbis na rua, ela se aproximou de nós e disse pela primeira vez depois de muito tempo em silencio:

— O portão faz barulho ao abrir... – ela disse tão baixo que quase fui incapaz de escutar, ninguém respondeu nada.

— Entrem. Rápido. – ela disse mais uma vez e todos assentimos. Assim continuamos a andar.

Me pergunto se os animais de estimação de Carley atraíram atenção dos zumbis com seus latidos, espero que a família dela tenha sido esperta e tenha tirado eles do quintal e colocado dentro de casa.

Passamos pelo pequeno portão, que dava visão para uma pequena parte do quintal enorme que a casa possuía. Cabia cerca de quatro carros ali dentro, o quintal era realmente grande. Ao lembrar dos carros e ao passar na frente do pequeno portão, percebi que não havia nenhum veículo estacionado a vista.

Carley deixou o carro dela próximo a escola, isso é fato. Mas e os outros três carros? Será que a família dela estava fora de casa quando ela saiu? Não falamos sobre a família dela e como estavam...

Como andávamos na calçada, antes de chegarmos ao grande portão, havia uma elevação no chão que servia de rampa para os carros entrarem na casa, um a um apoiamos o pé na elevação e a subimos, como se fosse um degrau. Estávamos todos agora um ao lado do outro, finalmente o portão enorme estava diante de nós e antes de me virar para encarar o grande quintal, vi a boca de Carley se abrir num grande “O” e sua feição se transformar em puro terror.

Me virei para encarar o quintal e percebi algo diferente tanto lá dentro como aqui fora.

O portão estava completamente destrancado e aberto, o cadeado que prendia e unia as duas partes do portão duplo estava jogado no chão, na parte de dentro da casa.

Não havia carros lá dentro.

Os cachorros de Carley não estavam aqui.

Havia respingos de sangue no muro de dentro.

A casa estava completamente silenciosa.

E...

Havia zumbis no quintal.

 

 


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