The New World escrita por xMissWalkerx


Capítulo 22
Querido Deus


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, vou pedir a todos para escutarem a música "Dear God", da Lawless enquanto leem o capitulo. Vai ser importante para entenderem melhor o ponto de vista do Harry.

Dedico esse capitulo cheio de complexidades morais ao SQUAD lindo maravilhoso que participo! Esse cap é pra vcs meninas!
► Ruh,Dressa,Quel,Éri,Ana,Dressa Abelhinha,Gabi,Lua,Bruna...vcs são fodas! ◄
~amém Kelly Key~

Bjs e obrigados por estarem nessa jornada comigo! ♥



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PONTO DE VISTA – HARRY

 

A porta se abriu e meu coração parou por um segundo. Havia dois zumbis no corredor, e eles olharam imediatamente para a porta assim que ela foi aberta. Eu não tenho certeza se eu teria coragem de ter dado um passo pra frente se eu estivesse sozinho ali, mas por minha sorte, Carley estava na minha frente e ela deu um passo lento em direção a nossa saída daquela sala. Eu apenas a imitei.

É isso. Vou apenas imitar os movimentos de Carley. Ela estava aqui fora antes, ela e Rey conhecem como o disfarce funciona melhor do que nós, que temos somente a teoria...

Fica calmo.

Fica calmo.

Senti passos atrás de mim e me assustei por um momento, até me lembrar que estávamos em fila indiana, ou seja, um atrás do outro.

Idiota.

Logo depois que dei um passo em direção a Carley, ela parou subitamente. Um dos zumbis a estava encarando com curiosidade, ela ficou imóvel e mantinha seu olhar no teto. Fiquei pensando do que deveria fazer caso o pior acontecesse, mas tirei esse pensamento da mente assim que o zumbi começou a ignora-la e começou a se atentar a mim no lugar.

Faça o mesmo. Isso aqui vai ser tipo um “Mestre Mandou”

Com a aproximação do zumbi, eu paralisei por completo. Pensei em fechar os olhos quando senti o medo me consumir....o medo de não ser capaz de fazer nada contra eles....mas uma coisa que Carley havia dito ontem de noite me passou pela cabeça, e isso me fez meu medo sumir com um estalar de dedos e me fez manter meus olhos bem abertos.

Eles NÃO são pessoas! São monstros! A única coisa que temos que saber é que eles MATAM. Isso é tudo. É suficiente.

................

se algum deles vier pra cima de nós, que se DANE, eles já estão mortos mesmo, não podemos mudar o passado.”

Ele fez o mesmo que tinha feito com Carley comigo, vi Carley dar alguns passos pra frente, me liberando certo espaço para acompanha-la, e foi o que fiz assim que o zumbi pareceu perder o interesse em mim.

É isso. Não tem o que eu temer. Eu não vou ter medo de uma coisa que já esta morta, por mais que isso possa me matar. Não sou covarde, eu sou melhor que eles! Vamos todos ficar seguros e assim que chegarmos na casa de Carley, vou buscar minha família.

NÓS vamos buscar minha família. Todos nós aqui...juntos.

Observei o mesmo acontecer com todos os meus amigos, que pareciam estar fazendo o mesmo que eu: Paravam quando o zumbi se aproximava, e seguiam a fila indiana assim que o infectado demonstrava desinteresse.

Rey não pareceu surpreso com a atitude do zumbi, ele estava logo atrás de mim e saiu rápido da situação. Já Mary, que estava atrás dele, mostrou certa tensão, mas eu não vi medo em seu olhar, e sim desprezo. Percebi que ela apertou os dedos em volta de sua arma, que era uma das pernas das cadeiras que desparafusamos, assim que foi oportuno, Mary seguiu atrás de Rey.

Quando chegou a vez de Rob, comecei a temer o pior. Ele claramente era o menos instável do grupo, o mais assustado...ele conseguiu passar todo o sangue mas não antes de ter uma boa conversa com Matt.

Eu não o julgo, na verdade. Só acho que ele deveria ver a situação por um todo...guardei bem na memória o que Carley disse ontem de manhã quando estávamos ainda tentando entender como isso tudo estava acontecendo...

“Uma falha lá fora, e JÁ ERA!”

“Se vocês querem tanto morrer, porque não pulam da janela?! Assim vocês não levam ninguém junto!”

Lembro-me que a achei um imprudente ela ter dito isso, mas agora vejo que é a mais pura verdade. Se qualquer um de nós vacilar aqui fora, estamos perdidos. Pra tudo der certo, é melhor todos aceitarem o fato de que estamos vivendo no perigo agora, mas que não podemos desistir. Temos que viver. E eu vou contribuir para que isso aconteça.

Temos que sobreviver.

Assim que o zumbi se aproximou, Rob fechou os olhos e inflou as bochechas com ar. O zumbi o olhou curioso, mas depois perdeu o interesse como aconteceu com todos nós. Vi Rob abrir os olhos lentamente, e ao perceber que não tinha mais a atenção do zumbi, olhou perdidamente para o chão e seguiu os passos de Mary. Suas pernas tremendo como duas varetas de bambu.

Por último vi Matt prender a respiração quando chegou a sua vez de ser “cheirado” pelo zumbi que estava próximo. O outro zumbi que estava no corredor ficava encarando pontos aleatórios, e eu nunca achei que pensaria isso, mas senti pena dele. Ele parecia perdido...desnorteado.

Como isso foi acontecer?

Quando me virei novamente para Matt, vi que ele não fechou os olhos. Sua atitude foi parecida com a de Mary. Ele apertou os nós dos dedos e franziu o cenho assim que o infectado se aproximou, e como já tinha acontecido antes, não vi medo em seu olhar.

Depois do esperado desinteresse do infectado acontecer, Matt seguiu Rob. Todos nós encaramos a sala que agora seria deixada para trás, depois disso, nós silenciosamente nos viramos novamente para frente. Carley respirou fundo na minha frente e começou a caminhar em direção a escadaria que levava para o andar de baixo, pro corredor principal que nos levaria para o pátio do colégio. Foi lá que Carley e Rey pegaram a comida.

É bom eu ficar atento ao chão. Caso eu veja algo útil, é só abaixar, pegar e colocar de volta na bolsa. Bem rápido.

Não! Idiota! Você tem que fingir ser um dos monstros! Se você fazer as coisas rápido, vai estragar o plano! Finja que é eles. Se comporte como eles, lembra? Foram as instruções...

Finalmente alcançamos a escadaria. Carley parou antes de descer e virou lentamente o rosto para ver por cima do ombro, acho que estava checando se todos estavam ali. Assim que ela passou o olhar em todos nós, ela se virou para frente novamente e começou a descer as escadas. Eu colocava meu pé exatamente onde ela tinha colocado o dela antes de puxa-lo para continuar a caminhada, e percebi que Rey, Mary, Rob e Matt faziam o mesmo, eu não me aguentava e as vezes olhava para trás para conferi-los também.

Certo. Estamos saindo. Estamos de fato saindo.

Não comemora, você só saiu da sala, imbecil.

Continuamos a descer a escadaria até que finalmente chegamos ao corredor principal que levava ao pátio. Ao chegar lá, soltei todo o ar que tinha nos meus pulmões ao ver a imagem que se formava na minha frente.

Havia dezenas deles. Simplesmente dezenas. Eu podia avistar a porta dupla de vidro que dava pro pátio da onde eu estava, mas eu simplesmente estava a ignorando enquanto meus pés automaticamente andavam atrás dos pés de Carley e eu olhava tudo em volta.

Deus...como isso foi acontecer?

Os zumbis estavam divididos entre aqueles que não estavam de uniforme ou nada que os identificava como funcionários da escola e entre aqueles que podiam ser identificados como alunos, professores, funcionários de limpeza, etc. Tudo estava revirado, ou melhor, jogado em todos os cantos. Eu pisava em várias apostilas que estavam no chão. Vi mochilas, livros didáticos, garrafas vazias e amassadas...e sangue.

Muito sangue. Tanto no chão como na parede.

Os zumbis passavam próximo de nós, o que fazia eu olhar atentamente para eles. Eles pareciam completamente perdidos e sem rumo, apenas sacos de carne de ossos andantes, zanzando por aí sem nenhum objetivo ou propósito. As mãos sujas de sangue e a boca ainda mais suja. Havia alguns no chão também, pessoas mais jovens que eu simplesmente jogadas no chão, alguns com alguma parte faltando, outros sem vontade alguma de levantar. Eles fitavam com seus olhos brilhantes com curiosidade para aquele pequeno grupo de humanos disfarçados que passava pelo enorme corredor em fila indiana.

“Deus castiga aqueles que merecem. Tudo que vai, um dia volta pra alguém”

A voz de minha mãe entrava na minha cabeça subitamente. E eu começo a pensar no que ela costumava me dizer quando eu tinha algum problema com alguém...

Houve um momento que senti uma mão me cutucar de leve, na parte de baixo de minhas costas, me virei e vi que Mary havia parado, ela olhava pra trás. Antes de eu acompanhar seu olhar, dei tapinhas de leve no cotovelo de Carley a minha frente, o que a fez parar a nossa fila no lugar onde estava. Ela estava se equilibrando desconfortavelmente em cima de um livro no chão, no qual o nome era “Deuses Americanos”. Quando acompanhei o olhar de Mary, vi que havia um zumbi olhando Rey com uma curiosidade excessiva, todos os zumbis olhavam para nós, é claro, mas eles seguiam em frente no final das contas. Aquele parecia insistente.

Rey respirava lentamente enquanto o zumbi o rodeava. Rob, que estava atrás dele olhava tudo com os olhos esbugalhados e Matt mordia o lábio inferior. Eu fiquei apenas olhando tudo, sentindo minha testa suar frio.

Meus pensamentos foram interrompidos quando escutei um barulho de algo caindo no chão, me virei com a cabeça rapidamente na direção do barulho, e percebi que alguns zumbis fizeram o mesmo, incluindo o zumbi próximo de Rey, que desistiu de encara-lo e começou a ir atrás do barulho. Alguns outros o acompanharam, enquanto os restantes aparentaram apenas ficar mais desnorteados e barulhentos do que antes. Carley encarou a fila por um segundo, e voltou a sua atenção para o caminho a frente, enquanto eu me perguntava que barulho fora aquele que eu acabara de escutar.

No meu primeiro passo em direção a Carley, percebi algo faltando no chão. O livro que Carley estava se equilibrando em cima devido a nossa parada inesperada, o tal do “Deuses Americanos”, segui somente estranhando o fato dele não estar ali mais, mas assim que dei mais alguns passos, vi que o livro fora parar próximo a porta de entrada de uma sala de aula a minha esquerda, não tão distante da onde ele estava posicionado antes.

Como o livro foi parar lá? Não que isso seja relevante mas...

Ah. Pode ser outro livro. Será que estavam fazendo alguma prova sobre “Deuses Americanos”?

Continuamos a seguir até que finalmente chegamos a porta dupla de vidro. Carley a abriu e finalmente adentramos no pátio. Se eu achava que havia muitos zumbis no corredor, era porque não havia visto o pátio ainda.

Aqui deve ter COM CERTEZA mais de OITENTA zumbis...talvez CEM! Deus...

Carley começou a puxar a fila, seguindo pelos cantos, para não chamarmos atenção. Na nossa frente, havia um bebedouro encostado na parede, e não muito longe dele, um portãozinho que deslizava lateralmente, que dava entrada para uma outra escadaria que nos levaria para o piso inferior, que nos levaria diretamente a um corredor em céu aberto, que consequentemente nos levaria ao portão principal. Chegando lá, sairíamos e seguiríamos para a Denbrough e para a casa de Carley.

Carley seguia em frente, mas ela parou a uns dois passos depois, me deixando bem ao lado do bebedouro e fazendo a fila inteira parar. Ela virou o corpo lentamente em direção ao grupo, passando seus olhos por mim e os depositando em Mary que a olhou de volta confusa. Vi que Carley tentava se comunicar com os olhos, ela olhava de Mary para o bebedouro repetidas vezes, Mary continuava confusa até o momento que Carley levou sua mão lentamente a alça da própria mochila. Depois Mary pareceu ter uma epifania, talvez entendendo o que Carley queria(coisa que eu não estava entendendo).

Mary foi com uma das mãos em direção a duas garrafas de plástico que estavam no bolso externo da mochila que ela carregava em sua frente. Ela as tirou e as estendeu para mim que a principio olhei confuso até que finalmente entendi o que queriam que eu fizesse.

Ah, claro! Encher as duas garrafas que tomamos! Você deve encher, porque está mais perto. Olha aí! O bebedouro tá do seu lado, é só ir devagar...

Eu segurava o canivete que havia achado mais cedo na mão, o cano que eu usava anteriormente estava na bolsa que eu carregava. Eu me virei de costas par ao pátio e fiquei de frente pro bebedouro. Dobrei cuidadosamente o canivete tentando fazer o possível para chamar não chamar atenção. Assim que fiz isso, guardei no bolso da minha calça e peguei as garrafas lentamente da mão de Mary, dei um passo para ficar mais próximo do bebedouro, e enchi as garrafas.

Confesso que minhas mãos estavam tremendo muito, e eu estava com medo de que de alguma forma, aquela água fosse tirar o meu cheiro, então tentei ser rápido. Eu temia também que minha movimentação chamasse atenção. Assim que enchi as garrafas, eu as passei novamente para Mary, o mais lento possível...tão lento que irritou a mim mesmo.

Estou parecendo aquelas preguiças do filme da Disney que minha irmã vive assistindo...como é o nome mesmo? Zoo...Zoológico? Zoopia? Zoo...ah foda-se, porque estou pensando nisso agora?!

Mary pegou as garrafas da minha mão e as guardou da onde tinha tirado. Assim que fez isso, Carley recomeçou a andar e eu voltei a tirar meu canivete do bolso.

Chegamos ao portão lateral, que já estava aberto e começamos a descer as escadas.

Eu subi por essas escadas ontem de manhã...Carley havia ficado para trás e eu tinha ido busca-la bem aqui onde estou agora...

Tudo aconteceu tão rápido. E eu ainda me pergunto o porque disso tudo.

Quando faltava apenas alguns degraus, novamente Carley parou, freando toda a fila. Mas dessa vez ela fitava o chão, mas eu não conseguia ver o que ela estava olhando. Sai de trás dela, levando minha cabeça um pouco para a direita, e vi que havia um corpo jogado na escada.

Um zumbi estava simplesmente no meio do caminho...uma criança. Jogada nos degraus como se fosse um monte de bosta. Ela não tinha pernas.

Confesso que quase vomitei ao ver UMA CRIANÇA morta no chão. Mas foi uma mistura de sentimentos que não sei descrever muito bem...quero vomitar e ao mesmo tempo quero chorar. A criança mexia apenas a cabeça, seus cabelos presos em duas maria-chiquinhas completamente sujos de sangue, seus braços estavam entrelaçados no espaço que havia entre os degraus. Era uma imagem chocante.

Mas apesar de tudo, não entendi porque não estávamos saindo dali naquele instante. Carley parecia completamente chocada, olhando com os olhos esbugalhados para a criança que grunhia, gemia e as vezes nos fitava com seus olhos brilhantes. Fiquei encarando Carley na tentativa dela me olhar de volta e eu tentar entender do porque não estávamos continuando, mas o que eu percebi foi algumas lágrimas presas no canto de seus olhos...lágrimas que não desceram, elas apenas ficaram ali.

Ela está...chorando? Não exatamente...mas está emocionada. Sei que isso é uma visão chocante, mas vimos muitas coisas chocantes...

Nada que se compara com uma criança morta mas...

Porque ela está tão preocupada? Porque não seguimos?

Olhei para trás, para ver se algum dos meus amigos entendia a situação. Todos pareciam confusos, com as testas franzidas e olhares preocupados.

Todos menos Rey. Que tinha na frente da boca, seus olhos estavam vermelhos e marejados.

Quem é essa garota, afinal? Será que...eles a conhecem?

Toquei de relance o cotovelo de Carley, e ela teve o que pareceu um espasmo. Ela olhou para mim e para o grupo e depois pousou os olhos em Rey, que começou a balançar negativamente a cabeça. Ela fechou os olhos, abaixou a cabeça e soltou um leve gemido desapontado enquanto eu continuava confuso e preocupado achando que alguém a tinha escutado.

Ela conhece a criança...e Rey também. Mas nenhum deles possui irmãos mais novos...

O que está acontecendo?! Porque estamos parados?!

Ela levantou a cabeça do nada, abriu os olhos que estavam vermelhos e estendeu lentamente o suporte que segurava para mim, que o olhei confuso. Carley apontou lentamente o indicador para meu canivete e depois ficou me encarando. Eu dei de ombros mostrando que não estava entendendo nada daquela situação. Ela balançou o dedo novamente em direção ao canivete em minha mão e depois balançou o suporte que ela segurava.

Ela quer meu canivete? Pra quê?! Não devemos usar nossas armas!

Eu olhei para meu canivete, e depois olhei para ela. Dei de ombros novamente, o que a fez morder o lábio inferior, respirar fundo e apontar novamente para meu canivete. Ela me olhava séria com seus olhos marejados.

Ela quer....não.

Apesar de eu não concordar com nada disso, fiz o que ela queria. Peguei o suporte de suas mãos e a entreguei meu canivete. Vi o olhar de Carley cruzar o de Rey mais uma vez, e o vi baixar a cabeça.

Carley se virou pra frente e agachou lentamente. A criança a olhava curiosa, Carley apenas a olhava enquanto balançava a cabeça devagar. Eu olhei para os lados para conferir se estávamos chamando a atenção, havia alguns zumbis que nos olhavam, mas não demoravam muito para voltarem a ficar perdidos e desnorteados. No piso inferior, parecia haver menos deles...pelo menos aqui onde estamos.

Vi que Carley ainda encarava a criança, sem fazer nada. Ao fitar a criança, me perguntei pela milésima vez do porque isso estava acontecendo.

“Deus castiga aqueles que merecem. Tudo que vai, um dia volta pra alguém”

A mini-zumbi gemia. Parecia estar em sofrimento...parecia querer se comunicar, mas quando ela abria a boca, somente grunhidos e gemidos saiam da mesma. Tive vontade de chorar de novo.

Uma criança.

Jogada nos degraus.

De uniforme e maria-chiquinha.

Sem as pernas e completamente ensanguentada. Com olhos que não a davam mais identidade.

“Deus castiga aqueles...” não. Não, mãe.

Deus não castiga aqueles que merecem. O que essa criança teria feito para merecer algo tão cruel? Porque Deus estaria fazendo isso? Porque matar tantas pessoas inocentes?

Querido Deus, desculpe pensar essas coisas mas...acho que eu estou começando a ver mais claramente outra faceta do senhor...

Eu não acredito que você tenha permitido isso.

Carley segurou o canivete de modo que a lamina ficasse apontada pra baixo, ela levantou sua mão trêmula lentamente até ficar a poucos centímetros de distancia da cabeça da zumbi-criança. As duas se olhavam, ambas pareciam estar sofrendo. Todos atrás de mim estavam confusos, menos Rey que agora olhava para a cena com os olhos cheio d’agua. Olhei em volta e vi todos os outros zumbis, andando de lá para cá, perdidos e gemendo...

Essas pessoas estão sofrendo, Deus. Estávamos passando fome ontem, agora tem essa nova “praga”. Porque?

Se o plano era fazer uma redução...igual aconteceu antes na Bíblia...não precisava ser na base da violência ou de lágrimas.

Eu não acredito que você tenha permitido isso.

Uma lágrima desceu sem minha permissão.

Não acredito em você.

Carley desceu a mão e enfiou a lâmina na cabeça da zumbi, que finalmente parou de gemer e se debater. Assim que o fez, Carley soltou a sua respiração, soando decepcionada novamente. Ela fechou os olhos, olhou para o teto e puxou a faca fora da cabeça da zumbi.

Ela ficou parada por mais alguns instantes até se virar novamente para mim e me entregar a faca sem nem ao menos olhar em meus olhos, eu a entreguei de volta seu suporte. Ela não olhou para ninguém e simplesmente pulou a criança que estava no caminho e logo depois pulou uma pequena mochila jogada mais a frente, ela inclusive quase caiu ao pular a bolsa na qual podia-se ver a Princesa Merida do filme “Valente” estampado na frente. Todos nós fizemos o mesmo até que finalmente descemos todos os degraus e chegamos ao corredor em céu aberto. Finalmente estávamos indo para o portão

Continuamos a caminhar até chegar a entrada do colégio. Estava lotada, como esperado. Andamos ainda mais lentamente até chegarmos ao portao, mas havia tantos zumbis lá que senti Carley encostar sua mão na minha. Eu a segurei e fiz o mesmo estendendo minha mão para trás. Logo nossa fila indiana virou uma corrente na qual segurávamos nossas armas com uma mão, e com a outra a mão do próximo.

Finalmente tivemos um vislumbre da rua, que parecia ainda mais lotada do que tudo que já havíamos visto. Continuamos andando de mãos dadas até que saímos portão afora, pisando pela primeira vez depois de horas trancados no asfalto da rua.

É isso.

Estamos do lado de fora.


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Notas finais do capítulo

Até terça!



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