Guilda Do Alvorecer: O Reino Caído escrita por Mandy, TenshiAkumaNoLink


Capítulo 13
Capítulo 12 - Uma Importante Decisão - Hinata




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Finalmente havíamos chegado ao nosso destino, a vila de Wyzen’Har, em Tellus. Fiquei muito feliz pela consideração da guilda em atender ao meu caso. Marian havia me dado uma importante função, fingir ser a trovadora e me apresentar na taverna local. Segundo ela, seria muito mais fácil recolher informações como trovadora e ofereceria muito menos riscos a minha segurança. Enquanto o Sr.Wood recolhia informações do taverneiro, Srta.Hills, acompanhada do pequeno Henry, foi até uma certa informante deles em Tellus. Eu cantava uma suave melodia, passada para as sereias de geração em geração em Sunaria. Por ser uma sacerdotisa em Deep Blue Ocean, eu tinha a facilidade para este tipo de coisas.

Tudo estava correndo como o planejado, até o momento em que uma estranha sensação veio até mim e uma voz clara e aveludada começou a me fazer ameaças com uma calma assustadora, dentro da minha cabeça. Por um momento pensei serem coisas de minha fértil imaginação, mas na verdade, era uma voz real:

“Eu sei que está aqui, Srta. Kaizen. Nenhum disfarce me enganaria. Sem chamar atenção, por favor, saia da taverna ou...”

“Ou o que?”  - Pensei, apreensiva.

— “Terei que machucar a sua mãe. Ela é uma mulher muito bonita e simpática, me dói ter que fazer algo assim. Mas faz parte. Para criar um novo mundo, um mundo melhor, é o que eu tenho que fazer. E você irá colaborar comigo. Por bem ou por mal. Por favor, Srta. Kaizen, quando seu guardião estiver distraído, saia da taverna, e rapidamente, saia da vila e vá até a entrada da floresta das trevas. Eu estarei lhe esperando lá. Se você não o fizer, eu irei machucar muito a sua querida mãe e seus amigos também sofrerão as consequências de sua insolência.”

— “Não faça isso, por favor!”— Disse para a voz na minha cabeça, que simplesmente desapareceu. — “Floresta das Trevas, mas o que ele está planejando? Quem quer machucar minha mãe? Eu pensei que ela estivesse presa em Sunaria, eu preciso sair daqui, não importa o que aconteça.”

Quando fiz menção para me mover, a voz voltou dizendo:

“Agora não. Ele está se virando para ver se você está bem. Aja naturalmente. 1,2,3,4,5,6… Agora pode vir”

— “Está bem, mas por favor, não machuque minha mãe.”  - Respondi saindo da taverna sem ter sido vista, correndo em direção a floresta das trevas. Por favor mamãe, aguente firme!

Então após correr como uma louca, cheguei até o local onde dava para a entrada da Floresta Das Trevas. Estranhamente, ambos guardas estavam adormecidos, então passei por ali direto, já que eu não podia perder tempo, minha mãe estava correndo perigo. Após andar alguns passos, me deparo com um homem de uns 40 anos, de altura mediana, com a cabeça raspada, de olhos castanhos e rosto retangular, com alguns desenhos pintados em azul na face. Ele trajava um casaco marrom comprido de gola alta, calça também marrom, botas de couro pretas, uma luva de metal em uma das mãos, e um amuleto dourado no pescoço. Eu olhei em seus olhos e perguntei:

— Estou aqui como prometido. Onde está a minha mãe?

— Lamento, mas ela não está comigo. Isso foi tão fácil, você nem sequer me pediu informações sobre como era ela, ou pediu garantias da segurança dela. - Ele ergueu a mão enluvada e uma luz azul acendeu sobre a palma. Senti meu corpo enrijecer, e por mais que eu tentasse, não podia mover um músculo sequer. Vi uma flecha passar por mim e por um instante Iseu perdeu sua concentração, o que devolveu meus movimentos.

— Hinata, corre! Eu cuido dele!

— Sr.Wood!

— CORRE! - Enquanto ele atirava flecha atrás de flecha, Iseu moveu a mão enluvada em direção do Sr.Wood e lançou um impulso que o arremessou e o fez se chocar contra uma árvore. Will tentou se levantar, mas caiu no chão, enfraquecido. Iseu andou até Will, que estava caído, e acendeu uma chama na palma da mão.

— PARA! - E me coloquei entre ele o senhor Wood. - Eu vou com você, mas não machuque o senhor Wood! Por favor! - Falei enquanto minhas lágrimas escorriam pelo rosto.

O que se passou nos instantes seguintes foi um tanto confuso. Uma figura magra e esguia, aparentemente feminina, vestindo uma roupa cinza e uma máscara, surgiu do nada, vinda de Wyzen’Har, e lançou uma espécie de impulso contra Iseu, semelhante ao qual ele lançara em Will, e sem precisar usar palavras de poder. Iseu foi empurrado a alguns metros, mas não foi tão afetado quanto Will pelo choque.

Iseu pegou algo do bolso do casaco e jogou no chão, enchendo o cenário de fumaça. Por alguns instantes eu ouvi barulho de explosões e batidas, sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo. Quando finalmente foi possível ver alguma coisa, eu estava sozinha com o Sr. Wood inconsciente e não havia nenhum sinal de Iseu ou da mulher misteriosa.

— O que.. Aconteceu? Senhor Wood! Você está bem? - Perguntei mesmo sabendo que não haveria resposta, e conferi seu pulso. - Céus, pelo menos ele não está morto, preciso procurar a Srta.Hills, mas não posso deixar o senhor Wood aqui. O que eu faço?  

— Hinata! Pelos deuses, você me deu um susto? Você está bem? - Marian apareceu pouco depois. Ela se ajoelhou ao lado de Will e verificou seu pulso. - O que aconteceu aqui? O que fizeram com ele?

— Eu decidi seguir uma pista de um homem que estava usando magia para entrar em minha mente, mas era uma armadilha. O Sr.Wood tentou enfrentá-lo, mas acabou sendo gravemente ferido, e antes que aquele homem tentasse matá-lo e me capturar, uma figura estranha de máscara apareceu e nos salvou. Tenho absoluta certeza de que esse deve ser o suposto homem que trabalha para Vorsêris.

— Precisamos tirar você daqui AGORA. Trouxemos você direto para a armadilha do inimigo, se ficarmos aqui, não estará segura. E ele vai precisar de um clérigo, e não sei se há alguém com recursos o suficiente para atendê-lo agora.

— Está certo.

 

—___________________________________________________

Então, após dois dias de viagem exaustiva, finalmente chegamos a Dyron. Sr.Wood, ainda estava inconsciente, eu e senhorita Hills fizemos o possível para cuidar dele com os poucos recursos que tínhamos. Todos nós estávamos muito preocupados com o estado dele, e ao chegarmos, o levamos de imediato até a clínica da Srta.Myra, onde ele recebeu cuidados da mesma. Então eu olhei para Myra e disse:

— Por favor deixe-me ajudar com o Sr.Wood! A culpa é toda minha por ele estar desse jeito, se eu tivesse ouvido a Srta.Hills e seguido o plano... ele estaria bem agora. Eu imploro senhorita Myra, me deixe ajudar!

— Você acha que conseguirá pensar claramente, já que é próxima dele? Não é recomendável um clérigo tratar de um amigo.

— Hinata, você fez o que pode por ele durante os dois dias de viagem. Descanse um pouco antes, Myra cuidará bem dele. - Srta.Hills retirou um pequeno frasco com um líquido amarelo do bolso e me entregou - Se for difícil dormir depois do que aconteceu, posso te dar essa poção do sono para que você consiga pregar o olho. Não será de muita ajuda aqui fazendo as coisas cansada. Assim que estiver descansada, se te fizer se sentir melhor, venha até aqui ver se Will está bem.   

— Está bem, eu irei descansar, mas virei aqui assim que possível para ajudar Myra a cuidar do Sr.Wood.

 

—___________________________________________________

Após pegar a poção da Srta.Hills, comecei a andar em direção ao dormitório, a fim de descansar, mas quanto mais passos eu dava, maior a sensação de culpa ficava. “Eu sou uma inútil, tudo o que eu faço é ser um fardo para os outros.” pensei comigo mesma, e eu não estava longe da verdade. Se eu não tivesse desobedecido as ordens da Marian, nada disso teria acontecido. Então após algum tempo andando, eu me sentei em frente a um lugar que parecia ser uma forja. Enquanto minhas lágrimas caíam, eu repetia para mim mesma:

— Eu sou uma inútil, uma inútil que não consegue proteger ninguém!

— Então por que ao invés de ficar chorando, você não pensa num jeito de proteger os que ama? - Disse o draconiano que sentou-se ao meu lado.

— Você.. É um draconiano?

— Sim, eu sou. Se não se importar, eu posso saber o que aconteceu para você estar chorando?

— Graças a mim, um amigo meu está entre a vida e a morte, se eu não tivesse feito besteira, ele não estaria assim. A culpa é toda minha...ele se arriscou para me salvar e mesmo assim… Eu.. EU NÃO FUI CAPAZ DE FAZER ALGO POR ELE!

— Entendo… - Suspirou o draconiano. - Escuta, eu sei como você se sente, sei como é não ser forte o suficiente para proteger aqueles que ama, entendo muito bem desse sentimento. - Respondeu o mesmo, passando a mão na minha cabeça. - Mas eu sei também, que se eu tivesse continuado a chorar, se eu simplesmente ficasse colocando toda a culpa do mundo sobre mim, eu não conseguiria proteger os que eu amo, eu não seria um bom líder para a minha raça. E é por isso, que eu quero me tornar cada vez mais forte, para que eu possa liderar o meu povo e para que eu nunca perca quem eu realmente amo. - Falou o mesmo se levantando.

— Puxa.. Eu nunca pensei dessa forma…

— E você, o que é a sua motivação afinal?

— Minha, motivação?

— Enquanto você tiver um motivo para se tornar mais forte, nada vai te parar na busca pelos seus objetivos, um velho draconiano me ensinou isso.

— Eu entendo… Obrigada! Você me deu forças para seguir em frente e pensar no que fazer, ahm… desculpe, eu não sei o seu nome…

— Kyurem, Kyurem Kenshi. - Respondeu o draconiano.

— Kyurem, minha mãe sempre me contou histórias do seu povo, e eu sempre as admirei com muita alegria. Obrigada Sr.Kenshi.

— Não há de que ahm…

— Hinata Kaizen.

— Ah sim, Hinata. Ele combina com você. Um nome bonito para uma mulher bonita.

— Obrigada… - Respondi corando.

— Bom eu preciso voltar ao trabalho. Fique bem, Hinata. - Falou Kyurem entrando na forja.

Sim, agora eu tinha certeza do que eu tinha que fazer. Obrigada Sr. Kenshi, graças a você, eu pude realmente entender que para que ninguém nunca mais se machuque por minha causa, eu preciso ficar mais forte, para protegê-los. Enquanto ia para o meu quarto, fiquei pensando no que ele me disse. O Sr.Kenshi é uma pessoa gentil, espero conversar mais vezes com ele.

 

—___________________________________________________

Após algumas horas, finalmente eu acordei. Não sabia quanto tempo havia se passado, mas já era tarde quando me levantei. Para hidratar meu corpo, fui até o lago me banhar, e quando retornei ao dormitório, uma garota alta e atlética, de longos cabelos loiros, com a pele bronzeada e de olhos castanhos, entrou e pegou uma espada  embainhada que estava sobre a cama e a prendeu no cinto. Então lhe chamei a atenção e perguntei:

— Com licença. Perdoe o incômodo, mas poderia me informar onde está a Srta.Hills?

— Ah, você é Hinata, a sacerdotisa de Sunaria, certo? - Perguntou ela, e assenti. - A comandante está no refeitório, jantando. Fica no primeiro andar de Dyron, à esquerda.

— Compreendo, obrigada senhorita...

— Camille. É um prazer conhecer você, Srta. Kaizen. Bem, tenho que ir. Volken me pediu para treinar os novatos no lugar da Ah Ra nas aulas da noite. Até logo. - E saiu apressada pela porta do dormitório.

Então, conforme a informação dada pela Srta.Camille, eu segui em direção ao suposto refeitório, que não foi muito difícil de achar. Ao chegar avistei a Srta.Hills sentada à mesa comendo descansadamente, e logo me aproximei dela.

— Senhorita Hills, posso conversar com você?

— Claro, sente-se. - Ela fez menção para que eu me sentasse, parou por um instante e olhou para direção a um balcão, onde várias pessoas estavam se servindo - Por que não pega algo para comer antes? Você passou quase um dia inteiro dormindo, deve estar faminta.

— Oh sim, eu pegarei algo, mas eu gostaria de conversar a respeito do que aconteceu antes em Tellus. - Tomei fôlego e continuei. - Bom, eu andei pensando e percebi que eu ainda sou muito fraca para poder ajudar qualquer um, e é por isso, que eu decidi que eu quero ficar mais forte do que eu sou agora. Sendo  mais clara, eu gostaria de entrar para a Guilda do Alvorecer senhorita Hills!

Ela pareceu bastante surpresa por alguns instantes, e então tentou recuperar a compostura e disse:

— Myra precisa de alguém para ajudar a cuidar dos feridos, você entende alguma coisa de cura, não? Talvez lá você possa ser útil e vai ficar segura.

— Sim, eu havia pensado bastante nisso, mas eu gostaria de entrar como uma diplomata na guilda, visto que a família Kaizen é de uma longa linhagem de diplomatas e sacerdotisas.

— Oh, entendo. - Ela ponderou por algum tempo e disse - Você pode fazer os testes. Diplomatas têm um treinamento básico de combate para emergências, mas que dura bem menos que os das demais Alianças. Você não irá se expor demais lá, mas ainda assim vai aprender o básico da defesa pessoal. E podemos ver com Volken, se quando você não estiver em missões fora, talvez possa fazer algum serviço na clínica, se quiser um trabalho extra. As coisas são meio paradas nessa Aliança.

— Por mim não tem problema, quanto mais eu puder ajudar, melhor. Tenho certeza de que tanto na diplomacia quanto cuidando dos feridos na clínica, eu certamente serei de grande ajuda. - Respondi sorrindo.

— Só não fique muito decepcionada se não passar. Lorelai anda um pouco resistente em recrutar mais pessoal, por que mesmo eles sendo apenas quatro, eles andavam bastante ociosos.

— Tudo bem, não tem problema, eu só quero poder ficar mais forte e proteger quem eu amo, como aquele draconiano mesmo disse.

— Conheceu o Kyurem?

— Sim, eu o conheci, é engraçado, mas, embora seja alguém tão simples, sua aura lembra a de um grande e gentil rei. Foi graças a ele que eu tomei a decisão de me juntar a guilda.

— Ah, antes que eu me esqueça. Se você for mesmo fazer os testes, você deveria treinar antes. A guilda faz sessões de treinamento de combate corpo-a-corpo gratuito nas épocas de testes.

— Parece ótimo!

— Durante a manhã, o mentor é o Duncan, à tarde é o Byron, e à noite é a Camille, que está temporariamente substituindo a Ah Ra. Duncan é bem rígido, mas é o mais hábil. Byron é bem melhor orientando, embora não chegue aos pés do Duncan em habilidade e seja mal humorado pela abstinência do álcool. Camille é mais tranquila, mas não é tão habilidosa nem tem tanta experiência como mentora, mas não deve deixá-la desconfortável.

— Entendi, acho que vou procurar a senhorita Camille então. Eu agradeço por tudo, Srta. Marian. - Falei enquanto meu estômago roncava. - Bom acho que vou comer alguma coisa, estou morrendo de fome. - E me levantei, para ir pegar comida.

 

FIM DO CAPÍTULO 12


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