Hermione acordou procurando um corpo ao seu lado. Quando sentiu o cheiro de cigarro soube que ele já estava acordado. Fumando na janela e observando a cidade que amanhecia. Estaria enrolado na toalha do banho que acabara de tomar.

Porém, quando abriu os olhos viu que ele fumava. Olhando a cidade. Mas completamente vestido. Hermione levantou-se e vestiu a camiseta do dia anterior de qualquer jeito. Foi até a janela e o encarou. Ele a encarou de volta.

— Não... – ela murmurou de forma quase inaudível.

— É o melhor, Granger. Vá se feliz com outra pessoa.

Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus

— Não, Draco. Nós... nós podemos dar certo.

O loiro riu após soltar a fumaça do cigarro. O riso irônico. Debochado. Sarcástico.

— Claro, Granger... eu e você?!

Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei

— Não fale dessa forma. Não aja como se fosse apenas sexo! – enfurecida, ela não queria saber de varinha. Precisava feri-lo. Precisava sentir na própria pele que o estava ferindo.

E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos

Draco jogou o cigarro pela janela, quando viu que ela avançaria. Precisou contê-la. Sentiu a força, a raiva. Sua pele ficaria marcada. Empurrou-a para longe. Aquilo não poderia continuar. Pegou o casaco, ignorando o choro, os pedidos para que ficasse. Viu quando ela caiu. Ignorou. Saiu fechando a porta do pequeno quarto em que se encontravam há mais de um ano.

Nos teu peito, teu pijama
Nos teus pés ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta

Hermione ficou no chão. Semi nua. Humilhada. Ignorada. Ferida. Chorando.

No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho

Não se importava com nada. Bebia todos os dias. Passava pelo Beco Diagonal bebendo sempre uma garrafa diferente sem notar que alguém a olhava. De lá ela aparatava para casa dele. Gritando ofensas. Da janela, Draco observava tudo escondido. Não era a primeira a fazer isso. Não seria última.

Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço

Depois ela ia para o maldito flat. Já empoirado. Abandonado. Para deitar sozinha. Triste. Dilacerada. O coração machucado demais. As memórias cheias demais com o corpo dele. O gosto dele. A pele dele. O amor dela para ele. Agora não havia Draco. Apenas vazios e lágrimas.

Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua

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