PDV PERCY

Peguei Annabeth nos braços, no momento em que ela caía desacordada. Olhei pra seu rosto. Estava branco. Chamei:

- Annabeth, acorda. Acorda. -olhei pra Atena que gargalhava – O que você fez?

- Ora, simples, envenenei a maçã.

- Atena - Zeus se levantou e veio até nós - Como pôde fazer uma coisa dessa?

- Ora, Zeus foi muito fácil. Assim que vi a maçã de Annabeth jogada no chão, tive a ideia de envenená-la.

- Como pode ser tão cruel, Atena? - disse Zeus.

- Annabeth, vai morrer, Atena? - perguntei.

- Não, apesar de tudo, não envenenei completamente a maçã, ela só irá dormir durante 12 horas.

- Não pode ter feito tudo isso sozinha. Quem te ajudou? - disse Zeus.

- A história foi a seguinte: Quando vi a maçã caída no chão, conjurei um tipo de veneno, um sonífero e um antídoto. Eu não queria pegar na maçã, para não deixar digitais para o que eu faria a seguir, então fiz o seguinte: joguei o veneno, depois o antídoto e por último o sonífero. Porém, devo ter deixado resíduos no chão. Quando estava tudo pronto chamei Hera e lhe disse que havia uma fruta perfeitamente bela, mordida e jogada no chão. Hera não suporta os mal-tratos a nenhuma matéria-prima então foi correndo ver. Ela tem o dom de digamos recompor as frutas, então fez outra casca e polpa para a maçã e me disse que a deixasse lá, já que estava no precioso chão do Olimpo. Eu falei que iria deixar, mas assim que ela deu as costas eu peguei a maçã e a escondi. Minha intenção, nunca foi a de matar Annabeth somente de lhe dar um susto para que ela nunca mais volte à este lugar.

- Mãe, como pôde? E se o antídoto não tivesse funcionado ou então você tivesse colocado os ingredientes na ordem errada? - Rany havia se aproximado.

- Atena, por que tamanha crueldade? - eu perguntei.

- Precisava dar uma lição nessa garota. Ninguém meche com os deuses, Percy Jackson, ninguém.

- Atena, ela é sua filha você querendo ou não, saiu do seu ventre, mesmo que você não a admita. - disse Zeus.

- Sei disso Zeus, mas a rebeldia dessa menina depois de tudo que eu fiz por ela, partiu meu coração. - disse Atena.

- E como você acha que ela se sentiu Atena? - eu berrava - Hã? Você destruiu tudo de mais precioso pra ela. O Olimpo era a homenagem dela para os deuses. A vida inteira Annabeth sonhou em construir algo que durasse por milhares de anos e fosse o maior monumento para os deuses já feito. Mas que monumento maior do que o lugar onde eles morariam? Você acabou com a vida de Annabeth. O veneno da maçã pode não ter a matado, mas o seu a matou.

Atena ficou completamente sem fala, ela titubeava nas palavras, tudo que conseguia dizer era:

- Eu... E... Eu... Hã... Ah.

- Percy, isso é verdade? - perguntou Zeus.

- Sim, senhor.

- Atena, sabia disso? - Zeus se dirigiu à deusa.

- Eu... Não. Não. Nunca soube, como você...?

- Porque ela me contou. - eu disse.

- Ah, meu Deus, o que foi que eu fiz? - Atena colocou as mãos na cabeça e desabou sobre o chão do Olimpo. - Eu, eu acabei com a vida da minha filha.

- Sua filha? - disse Ranielly - Ela não é digna de ser sua filha, mãe. Alguém tão boa como ela, não pode ter um monstro como você, como mãe.

Atena começou a chorar, ela já tinha perdido muitos filhos, e agora Annabeth mesmo viva, nunca a perdoaria.

- Por que? Por que? - Atena dizia.

- Sabe por que decidi me tornar uma Caçadora de Ártemis, mãe? - Rany se ajoelhou do lado de Atena e Atena levantou a cabeça.

- Não.

- Porque você nunca me ajudou do jeito que ajuda Annabeth. Eu fazia minhas preces, mas você nunca as atendeu. Com meu pai e minha madrasta mortos e eu com 17 anos, você era minha única esperança, mas nunca me ajudou. Então, pensei que a imortalidade fosse boa pra mim. Hoje, considero Ártemis mais mãe do que você. Sinto muito.

Atena caiu novamente no choro. Fora abandonada por duas filhas. Ranielly se levantou e se posicionou ao meu lado.

- Zeus, tem algum lugar onde podemos deixar Annabeth? Pelo menos até ela acordar.

- Ah, tem sim. Ao saírem desta sala virem a direita e andem um pouco. Verão um templo dourado com barras de ouro ao em vés de paredes e janelas de prata com um teto baixo. Lá é a enfermaria, depositem Annabeth em uma das camas de ouro e peçam a uma enfermeira para atendê-los. Expliquem a causa, que ela irá ajudá-los.

- Obrigado, senhor. - eu me virei e ía saindo quando Zeus falou.

- Ah, Perseu.

- Sim - eu me virei.

- Annabeth só irá acordar de noite, segundo Atena. Vocês podem ficar aqui hoje e ir embora amanhã, se quiserem.

- Muito obrigado, senhor.

- Sendo assim, espero vocês três para jantar dentro de doze horas. Agora são sete da manhã portanto daqui a doze horas, poderemos jantar.

- Sim, senhor.

- Podem ir agora. - Zeus me disse.

Eu e Rany saímos e nos dirigimos a enfermaria.

PDV RANIELLY

Explicamos tudo à enfermeira que tratou de Annabeth com um cuidado especial. Ela nos disse que podíamos voltar dentro de 2 horas, então Percy e eu fomos forçados a andar um pouco pelo Olimpo.

Pra quebrar o silêncio resolvi conhecer um pouco mais meu novo amigo:

- Hã... Percy, você deduziu bem rápido que Annabeth estava em perigo. Como fez isso?

- Como assim? - ele pareceu confuso.

- Bem, como sabia que Atena iria dar aquela maçã pra Annabeth?

Ele pensou um pouco antes de responder:

- Bem, Ranielly como você sabe eu e Annabeth somos imortais.

- Ahan.

- Mas, eu tenho uma ligação muito forte com ela sabe? E assim de algum modo eu pude sentir que ela estava em perigo. Não sei como, só sei que temos essa conexão.

- Nossa, que coisa mais linda. - eu disse. - É bem raro encontrar um amor como o de vocês. Bem raro mesmo.

- É. Eu que o diga. Na nossa última missão, a do Nico. Aconteceram vários altos e baixos no nosso namoro.

- Tipo...

- Michaela ficava se jogando em cima de mim, e apesar de tudo, ela balançou meu coração. Então meu relacionamento com Annabeth, devido ao ciúmes, ficou meio estranho por um tempo.

- Nossa. Que eu saiba, um verdadeiro amor nunca se abala. Sempre permanece.

- Apesar de tudo, meu amor pela Annabeth nunca se abalou. Ele nunca saiu de mim. Foi sempre crescendo mais e mais, apesar de tudo. Meu lance com a Michaela era só, sei lá. Acho que um pouco de vontade de saber como era ficar com outra pessoa.

- E com a Annie?

- Com a Annie é vontade, desejo, paixão, amor e etc. Coisas que não dá pra descrever. Você precisa ver.

- Ah... Não obrigada. Não gosto dessa parte de pegação de namorado e tals.

Nós rimos e continuamos a andar. Chegamos a parte onde eram cultivadas as uvas. Um cheiro forte e fresco de vinho enchia o ar. Provavelmente eram uvas cultivadas por Dionísio. Eu me abaixei e colhi um caicho. Comi uma das uvas. Estava deliciosa.

- Por que as frutas do Olimpo são tão boas? Quer dizer, são mais frescas, mais deliciosas, mais... naturais. - eu perguntei à Percy.

- São maravilhosas né? - ele pegou um caicho e comeu uma uva. - Isso é porque não são usados agrotóxicos aqui. É tudo cultivado pelos deuses e seu divino poder.

- Mas, e as pestes? Sabe, lagartas, minhocas, formigas.

- Bem, eles não permitem esses animais aqui. Só deixam entrar os animais que voam e ocasionamente se mantem longe do chão. - ele me respondeu.

- Nossa, esse lugar é mesmo maravilhoso.

- Você viu como estava lindo quando você chegou? Antes das estátuas serem destruídas?

- Vi.

- Pense naquilo, sem as estátuas e todo esse ouro e essa prata. Imagine colunas gregas feitas de mármore branco e madrepérola. Ruínas lindas demais e totalmente naturais. Sem nenhuma mão do homem. Grama verde em alguns lugares e queimada nas outras. Uma paisagem sem modificações. Frutas divinas e refeições ao por-do-sol sem televisão, nem nada, consegue imaginar?

Fechei os olhos e parei pra pensar um pouco. O lugar que eu imaginava era magnífico, um lugar de paz.

- Uhum.

- Esse era o Olimpo antes da batalha com Cronos e sua reprojetação.Agora imagine: dríades, sátiros, ninfas, sereias, centauros e tudo o mais. Seres vivendo em paz e harmonia sem guerras, terremotos e nenhuma violência para interromper sua rotina. Sem monstros, nem tempestades, somente o Sol. Vinte e quatro horas por dia, todo dia. Consegue imaginar como é?

- Consigo. - eu abri os olhos, Percy degustava de suas uvas - É por isso que todos amam tanto o Olimpo não é? Só de estar aqui eu me sinto em paz, relaxada.

- É. Eu adoraria ficar por mais tempo. Mas, não ficaria em nenhum lugar que Annabeth não estivesse.

Silêncio. O amor de Percy por Annabeth era realmente muito forte. Acho que suportaria ver um beijo entre os dois, só pra sentir a química entre eles. Ele se dirigiu a mim:

- Você fala muito bem para uma caçadora.

- O que quer dizer?

- A maioria das caçadoras de Ártemis falam no passado. Com um sotaque e um linguajar diferente do nosso.

- Bem, é que eu não passo muito tempo com elas e estou bem sintonizada com o mundo, então falo a língua de hoje em dia mesmo.

- Claro. - ele sorriu e ficou distante, era como se lembrasse de alguém. - Você me lembra alguém.

- Quem?

- Uma de suas companheiras. Zöe Doce-Amarga. Lembra-se dela?

- Ah, lembro. Era minha melhor amiga.

As lágrimas queimaram meus olhos. Havia passado muito tempo com Zöe, era como uma irmã pra mim.

- Sinto muito. Ela foi uma ótima pessoa pra mim também. - disse Percy.

- É. Pena que as pessoas que merecem ficar, tenham uma grande tendência a ir.

- Então por favor, não ache que eu precise ficar. - disse Percy.

Eu ri da piada, mas fui interrompida pela enfermeira:

- Percy Jackson e Ranielly Thaisy?

- Sim. - respondemos.

- Annabeth Chase acordou.

- Mas, já? Pensei que dormiria por 12 horas. - disse Percy.

- Sim, mas consegui amenisar o efeito do sonífero. Ela quer ver vocês. Vão logo, pois ela precisa repousar, ainda está muito fraca, mas daqui a 1 hora estará completamente curada.

- Obrigada, senhora - eu disse.

Ela deu as costas e foi em direção a enfermaria. Eu e Percy a seguimos. Apesar de Annabeth ser uma das que mereciam ficar, ela ficou prestes a ir várias vezes, segundo minhas conversas com Percy antes de ela ser envenenada. Acho que ela realmente merece ficar. E é seu destino ficar. Depois de tudo pelo que ela passou, acho que o melhor de sua vida, está apenas começando.