PDV PERCY

Não sabia como consolar minha Annabeth quando a vi sofrendo daquele jeito. Meu primeiro e único pensamento foi beijá-la. Acho que funcionou pois pude senti-la se acalmando e relaxando. Aproveitei para mantê-la em meus braços, como se fosse uma criança frágil e acho que ela entendeu, porque foi se aninhando em meus braços, como se tivesse encontrado neles algum apoio.

Parei de beijá-la. Olhei pra ela e ela olhou pra mim:

• Lamento muito ter estragado sua semana, Percy. - ela me disse.

• Não esquenta. Só vim nela por você.

Ela deu um sorriso sem graça.

• Acho que mesmo longe da Terra nós nos metemos em encrenca.

• É.

• Como posso ficar sem ver esse lugar tão lindo?

• É, realmente impossível, mas quer saber? - eu me levantei – Já que esse é nosso primeiro e último dia aqui, vamos aproveitar.

• Como assim nosso? - ela olhou pra mim incrédula.

• Ué, sua mãe disse que...

• Que eu estava banida Percy. Não você. Você não precisa ir, eu preciso.

Eu voltei a me ajoelhar ao lado dela.

• Eu não ficaria aqui se você não estivesse.

Ela sorriu e nós nos levantamos. Começamos a andar por todo o Olimpo. As pessoas nos olhavam de um jeito estranho, principalmente para Annabeth.

Olhei pra ela. Ela não estava aproveitando o tempo que tinha ali, parecia querer ir embora logo. Olhava os outros de um jeito estranhamente selvagem, como se fosse matar qualquer um que chegasse perto. Acho que esse humor selvagem, não se tornaria romântico nem mesmo com um beijo, então essa ideia passou meio longe da minha cabeça.

Ela andou até uma macieira e pegou uma maçã. Mordeu-a de um jeito estranho. Ela quase esperava que a maçã contivesse veneno, pelo menos é o que eu pensava, pois sua expressão era triste.

Peguei uma também e mordi. Estava ótima e suculenta. Olhei para Annabeth. Ela havia paralisado e estava olhando pra frente, para algo que a tinha deixado horrorizada.

Ela jogou a maçã no chão e saiu correndo na direção do que a tinha deixado daquele jeito. Estava furiosa e incrivelmente linda.

Era como se toda tempestade andasse com ela, todo furação à acompanhasse e todo terremoto conduzisse seus passos, ela estava prestes a explodir.

Olhei pra frente e vi a razão de seu nervosismo. Sua mãe estava supervisionando a destruição das estátuas de Poseidon, Zeus, Dionísio, Apolo, Hermes, Ares, e Hefesto (NP/ gente eu acho que está faltando algum dos deuses homens, se vocês lembrarem deixem reviews me avisando ok?) que ela tinha construído ao Norte. E também as estátuas de Atena, Afrodite, Hera e Ártemis (NP/ aqui também tá gente, está faltando um deus, só não sei quem. Só sei que não é Hades)ao Sul, antigas obras de Annabeth.

Ela correu em direção a sua mãe como se fosse matá-la e eu fui atrás.

Essa nova Annabeth estava me custando caro.

PDV ANNABETH

Quando vi minha mãe destruindo minhas estátuas, o sangue me subiu a cabeça. 12 deuses olimpianos que tinham demorado meses para serem construídos com ouro maciço. Saí correndo até ela.

Quando cheguei ela apenas olhou para mim por um breve momento e logo voltou sua atenção para a destruição dos meu monumentos:

• O que pensa que está fazendo, Atena? - gritei.

• Ora, estou destruindo estátuas. - ela me respondeu calmamente.

• Não são simples estátuas, são as minhas estátuas.

• E como você está banida deste local, não queremos nenhum tipo de ligação com você.

• Mas,... esse lugar inteiro foi reconstruído por mim, todo o Olimpo foi refeito por mim.

• Então destruiremos todo o Olimpo e mandaremos alguém reconstruí-lo, até que esteja pronto por um semideus.

• Como assim um semideus? - eu não entendi a afirmação.

• Te reneguei como filha Annabeth. Pode continuar a ser uma semideusa em sua inteligência e sabedoria, mas não é mas aceita como tal no Olimpo. A partir do momento em que sair daqui, será uma semideusa sem a ajuda e os conselhos de sua mãe. Será como se eu não existisse.

As lágrimas queimaram meus olhos em resultado de toda a crueldade de Atena, mas eu não as deixei escorrerem. Aquela mulher não era mais minha mãe, já que não me via como filha. Pra mim, agora ela era um fantasma, uma simples mulher cujo nome era Atena.

• Como quiser, Atena. - Atena me olhou pela primeira vez nesse curto diálogo e sua expressão era de surpresa e incredulidade, talvez tenha percebido a mudança da palavra mãe para o nome Atena.

Dei as costas e saí correndo em direção ao meu chalé. Quando cheguei me joguei em cima da cama e deixei as lágrimas escorrerem. Era crueldade demais para uma pessoa só.

Alguém bateu na porta:

• Quem é?

• Annie, sou eu. Percy.

Ele era a única pessoa que eu deixaria entrar. Me sentei e enxuguei as lágrimas. Eu não queria que ele me visse chorando.

• Posso entrar?

• Pode.

Ele abriu a porta e entrou:

• Ei, você está bem? - ele perguntou.

• Não, Percy. Eu não tô bem. - eu me levantei e comecei a andar de um lado pro outro. - Você viu o que aconteceu lá fora? - eu me virei para encará-lo.

• Eu vi. Eu entendo como você se sente.

• Não. Não entende não. - saiu mais áspero do que eu pretendia, mas eu não tava nem aí. Precisava desabafar. - Percy, lembra da nossa primeira missão? Quando nós fomos naquele arco e eu disse que algum dia iria construir um monumento aos deuses que duraria milhares de anos?

• Lembro.

• Esse era meu monumento. Essa era minha homenagem aos deuses. O Olimpo seria algo que duraria pra sempre, seria o maior monumento construído em homenagem aos deuses. Seria.

Ele se calou e mais uma vez as lágrimas queimaram meus olhos, querendo sair.

PDV PERCY

Enfim, eu entendi. Não era só o Olimpo que Atena estava destruindo, era a vida de Annabeth. A minha princesa da arquitetura estava morrendo, junto com seu futuro. Atena era cruel demais para uma deusa:

• Annie eu... Não sabia.

• Tudo bem, Percy, não tem problema, mas eu não quero ficar aqui. Nem por um dia.

• Então vamos embora. - eu disse.

• Sério? - ela me perguntou.

• Sério. Arrume suas coisas Annabeth. Eu não suportaria ver você sofrendo tanto por esse monstro.

• Obrigada Percy.

• Não precisa me agradecer.

Ela estendeu os braços e eu a abracei. Quando nos soltamos eu saí do chalé e me dirigi ao meu. O Olimpo não seria visto por mim pelos mesmos olhos depois desse dia.