Apartamento escrita por MJthequeen


Capítulo 3
Três


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! O cap demorou um pouco mais que o normal, mas é pq eu mudei as ordens hahaha o real capítulo 3 vai ser o quarto ou quinto, provavelmente, então eu me enrolei um pouco na hora de escrever. Tbm ando muito ansiosa e tal, oq compromete meu timing pra comédia, sabe? Por isso a demora. Enfim, cá estamos ;D

Eu sei que ambos, Hinata e Sasuke, podem estar meio OOC, mas lembrem-se que a Hina é uma advogada aqui e ela precisa saber se comunicar sem ficar vermelha toda hora, né kk e os dois são jovens adultos.

É isso, obrigada todo o apoio, pessoal, um grande beijo para todo mundo ♥

Boa Leitura!



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TRÊS

Essa é só mais uma das tardes gostosas, de sol, que você passa no sofá da sua casa, sem se preocupar com nada. Ainda que seu estágio tenha voltado, Sasuke impacientemente fingiu uma dessas gripes horríveis que vem infringindo os pobres coitados no verão, e resolveu alongar sua folga – quem raios quer ir trabalhar num sábado, de qualquer forma?

Ele leva o canudo até a boca, sugando o resto do milkshake que fez e imaginando se não está pagando a academia por nada – sério, ele passava 2 horas lá quase todo dia para quê, se vai ir para casa e comer besteira? Quando percebe que, de alguma forma, conseguiu chegar à segunda temporada de um programa sobre noivas. Sasuke faz uma careta para a garota loira, reclamando que o vestido que escolheu não está no seu orçamento – é claro, sua anta, como você vem com um orçamento de mil reais e escolhe um vestido de três? – tentando se lembrar de como chegou lá. O programa tinha parecido interessante, inicialmente, mas Sasuke não usava vestidos. Ou tinha uma namorada interessada em um, se isso importa. Ele também não tinha planos para se casar tão cedo, então não podia imaginar como um programa sobre vestidos de casamento poderia ser de qualquer serventia para ele. 

O Uchiha se senta, balançando a cabeça. Está deitado desde as 9hrs, quando acordou, e já passa das 13hrs. Talvez ele devesse preparar algo descente para comer e treinar uma das línguas que está tentando aprender sozinho. É só dar uma olhada no liquidificador ainda sujo de shake, porém, que um suspiro longo e preguiçoso foge da sua boca. Talvez ele esteja passando tempo demais com Shikamaru, pensa, enquanto se levanta e estica os braços. Ele coça a base das costas e dá uma olhada no apartamento até que bem arrumado. Ok, Sasuke, coragem, corage...

Ei, o que é aquilo?

Sasuke junta as sobrancelhas para a porta de vidro de sua varanda. Ele acabou de ver um ursinho caindo?  Quando ele balança a cabeça, imaginando se já não é hora de conseguir um maldito óculos, outro ursinho cai do céu, quica no seu parapeito e cai dentro da sua varanda. Ok... Que porra é essa? Deus abriu uma fábrica de ursinhos de pelúcia e ninguém contou nada para ele?

Sem entender nada, Sasuke vai andando até a porta de escorregar, mas a chuva estranha não para. Vários objetos simplesmente caem das nuvens – uma parte até vai parar no solo, seis andares abaixo, mas a grande maioria simplesmente quica no seu parapeito, cof, sem proteção, cof, isso é errado, e vai voando nas duas cadeiras de palha que tem ali e no único vaso de flor – a planta já está morta, então ela não é exatamente a preocupação.  Tá, não é Deus. Definitivamente não.

Sasuke abre a porta e o doce som dos passarinhos e do vento finalmente entra no seu ouvido. Ele quase fecha de volta. Infelizmente, precisa checar o que raios é isso e por que agora sua varanda é um amontoado de cosias vermelhas, cor-de-rosa, embalagens brilhantes, ursinhos e objetos pessoais. Sim, objetos pessoais. Ele se agacha e segura um dos ursinhos, olhando bem para a cara sorridente e suspeita dele... Já não viu esse ursinho em algum lugar?

Hm, talvez nos seus pesadelos.

É quando o som dos passarinhos é interrompido ao mesmo tempo que a estranha chuva; Sasuke pode ouvir alguém chorando e fungando alto. Ele se apoia no parapeito e olha para cima, confuso, mas só pode ver a sombra da saia que some, provavelmente para dentro do apartamento dela. Espera aí um momento... Quem é mesmo que vive no oitavo andar, bem em cima do seu apê...? Sasuke olha para o ursinho e seu laçinho cor-de-rosa.

— Qual é, ela não é tão ruim assim. Você não precisava começar uma rebelião com seus amigos – brinca, se sentindo um pouco idiota de falar sozinho. Ele solta o ursinho e vai dar uma olhada no que acabou de cair na sua varanda e que Hinata, sua doce vizinha, deve ter jogado.

Ele já não a vê há, o quê? 3 semanas? Isso, quase um mês. Eles não tinham nem sequer se encontrado nos elevadores. Ok, isso é bem improvável de se acontecer, mas Sasuke já tinha se conformado com o fato de, quem quer que escreva a história da sua vida, gostava de explicações fáceis e sem sentido. Então ele não tinha encontrado Hinata. Provavelmente ela andava ocupada com sua nova atividade de advogada. Sasuke, claro, tinha suas ocupações também. Enfim, mas ele se lembrava muito bem daquele ursinho, na vez que tinha estado no apartamento dela para matar uma barata – que nunca mais foi encontrada, aparentemente.

Junta as sobrancelhas outra vez e se agacha, para dar uma olhada no que tem ali e tentar encontrar um motivo para Hinata ter jogado as coisas no seu apartamento. Sasuke finalmente entende quando encontra, além de desodorante masculino e camisinhas, algumas cartinhas. Ele olha com humor para o ursinho. Ah, ela não tinha dito algo sobre ser presente do ex...?

 

 

Hinata abre a porta, mal humorada, só para dar de cara com Sasuke Uchiha – não era esse o sobrenome? Ela não se lembrava muito bem – apoiado no seu batente, uma caixa de papelão amparada entre o tronco e o antebraço esquerdo dele, e a direta segurando um papel cor-de-rosa.

— “Hinata, seus doces e grandes olhos me lembram de um lindo Pug, mas no meu coração você é como Maltês, lindo e calmo. Exceto na cama. Na cama você é um pit..”

Antes que Sasuke possa continuar, Hinata tira imediatamente o papel da mão dele. Seu rosto está com os olhos arregalados e as bochechas extremamente vermelhas. Sasuke, no entanto, está muito sorridente.

 — Uau, pitbull – e pisca para ela, sem conter uma risada. Céus, ele não ficava de tão bom humor há anos. – Olhando assim, bem que você lembra um Pug mesmo.

O rosto da garota passa para o bravo imediatamente, erguendo o dedo na cara dele, mesmo que seu rosto vermelho não seja, exatamente, corajoso.

— V-Você não ouse... – tenta, confusa, mas respira fundo ao ver que a expressão engraçada dele não mudou absolutamente nada. – O que está fazendo com essa carta?!

Sasuke segura a caixa com as duas mãos, agora que estão ambas livres, e a ergue na direção de sua vizinha.

— Deixou cair na minha varanda. Você não é uma advogada? Deveria saber que isso rende um processo – diz, já um pouco mais sério. – E você mora em um prédio, se não se lembra, não deveria jogar nada pela jan...

  O Uchiha se cala imediatamente. Só agora reparou nas marcas de lágrimas nas bochechas de Hinata, e como seus olhos estão inchados e vermelhos. Ela olha tristemente para todo o conteúdo da caixa – as coisas que caíram na varanda dele e ele juntou tudo, para trazer e dar uma bronca nela. Agora que está aqui, vendo o rosto dela, se arrepende de ter vindo. Parece extremamente chateada, confusa.

Hinata respira fundo, seu peito sobe e desce na regata lilás que está usando, e segura a caixa com as mãos trêmulas, sem conseguir tirar os olhos das coisas lá dentro.

— Eu... – ela morde o lábio inferior, sem olhar Sasuke. Ele, no entanto, não é capaz de desviar o olhar do rosto dela. O cabelo, preso em dois rabos de cavalos baixos, parece desarrumado. Isso não a torna menos atraente. – Me desculpe. Me desculpe, tem razão. Vou me livrar disso propriamente. – E se vira de costas para ele, se curvando para colocar a caixa no sofá.

Um gosto amargo invade a boca de Sasuke que, apesar de saber que deveria voltar para sua casa, não move um único músculo. Ele fica encarando as costas da sua vizinha, pele branca como leite e marcas vermelhas no braço, como se ela tivesse se apertado forte demais. Sasuke começa a recapitular todos os motivos que tornam isso um problema NÃO seu; 1, ele não é uma pessoa intrometida; não na maioria das vezes. 2, ele tem coisas mais interessantes para fazer no apartamento – cof, programa de noivas, cof. 3, Hinata não é uma criança. Com certeza, crianças não tem pernas assim, longas, sem marcas, pele quase brilhante que ele se pergunta como ficariam enroscadas na sua cint...

Sasuke solta um grunhido e entra no apartamento, fechando a porta com cuidado, sem batê-la. Ok, ele só não achava que alguém deveria ficar sozinho depois de chorar. Principalmente mulheres, que são choronas demais. Ele tinha tido experiências o suficiente com ex-namoradas para dizer que elas gostavam de companhia em momentos ruins – e jogar as coisas do ex pela sua janela com certeza era algo ruim. É só isso. Sasuke passa a mão no rosto, suspirando. Sim, é só isso. É só porque ele é uma pessoa boa demais. É aquela coisa, né, se Deus só enviasse Sasukes a vida seria calma e pacífica, então ele mete alguns Narutos entre uma entrega e outra. Sasuke é o tal do espírito de luz, com certeza.

É por isso, também, que ele apoia, devagar, os dedos na base das costas dela, pressionando sem força. É por isso que abaixa a voz quando se aproxima.

— Você está bem?

Hinata não tira os olhos da caixa, apesar do seu corpo enrijecer ao toque. Num suspiro cansado, ela olha através do ombro, para Sasuke, e uma de suas mãos seca a lágrima que está vindo do seu olho direito.

— Estou, estou bem – confirma, numa vozinha. Sasuke percebe quando ela pressiona as unhas na palma da mão e olha para baixo. – Eu preciso... Preciso pegar as coisas lá embaixo, então vou...

— Achei que vocês já tinham terminado há algum tempo.

Hinata abre a boca em “o”, após ser interrompida pela voz e olhar dele. O garoto está sério, apesar do olhar compreensivo. Hinata morde o lábio inferior, deixando a visão cair outra vez.

— E terminamos – murmura. Sasuke solta um “hm”, de “ah, tá”. Já sem forças, Hinata se senta no apoio de braço do sofá, um biquinho em seu rosto. – Mas duas semanas atrás ele... ele me mandou uma mensagem. Nós ficamos. – as bochechas dela ficam vermelhas nesse momento e Sasuke entende imediatamente o que ela quer dizer. – Então, eu pensei... Pensei que talvez fossemos voltar.

— Hm... Algo me diz que isso não aconteceu – Sasuke responde, alcançando o ursinho na caixa e o chacoalhando de um lado para o outro. Seu dedo roça na barriga coberta dela quando faz isso, mas o Uchiha tenta ignorar o contato. – Sei lá, talvez a chuva de presentes na minha varanda. Só um chute.

Hinata ri sem humor.

— Me mandaram uma foto dele com outra garota, tomando café da manhã – o tom parece menos desgostos do que ele esperava, mas Hinata suspira e continua, irritada – Eu não acredito que caí na dele.

— Ei, todo mundo já caiu no “oi, sumido” algum dia. Não é culpa sua. – Sasuke garante, olhando no rosto vermelho dela. Hinata faz uma careta. – Ok, talvez seja culpa sua.

Ela se levanta e começa a andar pela sala do apartamento, gesticulando.

— Mas... Mas! Kiba não é assim. Quer saber, e se isso tudo foi um engano? E se essa menina era, não sei, prima dele? – Hinata olha esperançosa para o Uchiha, que abre a boca como se uma luz tivesse aparecido sob sua cabeça e tudo fizesse sentido agora! Ele segura as mãos dela, olhando-a animado e a garota até sorri.

— Sim, Hinata, sim! – Sasuke começa, animado. – A prima que ele tá comendo.

Hinata faz outra careta e solta as mãos da dele.

— Você é um insensível – ela sussurra, se virando de costas.

— Você acabou de jogar vários presentes pela janela, se não percebeu – ele sorri de canto, se sentando no sofá, ao lado da caixa. – E foi idiota

O rosto de Hinata fica vermelho outra vez e ela se vira inconformada, ofendida.

— E o que exatamente você quer dizer com isso?!

Sasuke se acomoda no sofá, um pouco feliz de vê-la irritada e não triste. Algo nas marcas de lágrimas dela, anteriormente nas bochechas, e as marcas vermelhas no braço, incomodam seu estômago. Ela não combina com uma feição magoada, não. O rosto vermelho, as sobrancelhas levantadas, isso é melhor.

— Ok, seu ex te manda uma mensagem, do nada, e você simplesmente responde como se estivesse tudo bem? – Começa ele, gesticulando com a mão direita, enquanto a esquerda se estende no apoio de costas.

Hinata franze o cenho.

— E o que é que tem? Nós tivemos um término amigável.

Ele revira os olhos.

— Não existe “término amigável”. Existe segunda opção. Sabe, caso algo dê errado – Sasuke brinca com alguns fiapos que se soltam do móvel. – Então ele só te mandou mensagem para te comer. De nada.

Hinata franze a sobrancelha várias vezes. Abre e fecha a boca várias vezes, pensando sobre isso. Quem ele pensa que é, para falar que qualquer um só queria comer ela?! Infelizmente, Hinata termina num suspiro irritado e anda até o sofá, sentando-se ao lado de Sasuke, um bom espaço entre os dois. Considerando a posição em que está agora, não é como se pudesse dizer que ele está errado. Hinata se larga no sofá enquanto Sasuke se curva, assistindo o rosto pensativo e, outra vez, chateado dela. Parece cansada. Ok, talvez a abordagem dele tenha sido um pouco selvagem demais, mas o choque a faria superar mais rápido.

Ele dá uma olhada na caixa, do seu lado esquerdo, quando Hinata fecha os olhos e aproveita o silêncio cômodo do seu apartamento.

— Então, vocês terminaram há um tempo. O que tudo isso faz aqui?

Hinata abre os olhos e se arruma, dando outra olhada na caixa, com um pouco de nostalgia.

— Terminamos fazia seis meses. Ele foi meu segundo namorado, sabe, passamos muita coisa juntos. Não consegui abrir mão de tudo, não ainda, então coloquei as coisas numa caixa quando me mudei – murmura, um tom de saudades que faz Sasuke arquear a sobrancelha.

— Se gosta dele ainda...

— Não sei se gosto. Mas é confortável. Ficamos tanto tempo juntos... – a voz dela morre e fica pensativa outra vez. Não tem ideia de porque está falando tudo isso para seu vizinho que mal conhece, mas as palavras flutuam de sua boca. Precisa desabafar. Tinha ligado para Tenten após descobrir, mas a amiga estava no trabalho.  Quando percebera, entre as lágrimas e os xingamentos que tinha digitado no grupo de mensagens só com suas amigas, jogou tudo pela janela. Esperava que a saudades também tivesse ido junto. Ela balança a cabeça.

Sasuke pega a caixa e coloca no espaço entre eles, o que chama a atenção dela. Ele enfia a mão lá dentro e puxa a cartinha de outrora.

— Fala sério. Ele te comparava com cachorros – Ele faz uma careta e o rosto de Hinata está queimando outra vez. Ela puxa a carta da mão dele, envergonhada.

— V-Você não entende. Kiba era veterinário, ele amava animais...

— Nossa, sério? Ainda bem que ele não era entomologista então – Sasuke murmura, um tom irônico na voz. – “Hinata, seus olhos me lembram das moscas, suas pernas são longas como as de um gafanhoto, mas na cama você é como uma viúva negra” – Recita, numa voz quase romântica, e Hinata usa o papel para cobrir a risada.

— Argh, você é nojento.

— Hinata, me deixa colocar minha lagarta no seu casulo e...

— Fica quieto! – Hinata joga a carta nele, confusa entre ter nojo e rir das caretas “atraentes” que Sasuke faz. Ele ri de canto.

— Eu tô falando. Ninguém normal compara alguém com um cachorro. Você não perdeu nada – garante, jogando a carta para trás. Hinata não parece tão certa, mas a diversão acalmou a tristeza no rosto dela. Sasuke puxa dois pedaços de pano embolados juntos e tenta separá-los, erguendo-os logo depois. A garota cobre a mão com a boca, vermelha de novo. – Ok, me diz que não foi você que deu isso. – A careta dele fica pior. – Não, espera, me diz que foi. É menos esquisito.

Na mão dele está uma regata vermelha, feminina, escrito “Princesa do Princeso”. A vermelha, maior, embolada no colo dele, é masculina e só deve ter as vogais do final trocadas.

— K-Kiba achou que seria legal, nós tínhamos acabado de assistir um drama coreano...

Sasuke olha de canto para ela, arqueando a sobrancelha.

— Ei, não tira o seu da reta. Você aceitou o presente – Hinata cobre os olhos com a ponta dos dedos, tentando não rir.

— E-Eu era nova!

— E louca.

Hinata puxa as duas regatas e joga longe, junto da carta.

— Você nunca recebeu um presente constrangedor?! – Acusa, tentando desviar os olhos das vergonhas do seu passado.

— Existe uma coisa chamada nota fiscal. Sabe, você pode fazer a troca – explica, como se ela fosse uma criança, e Hinata olha feio para ele. Agora curioso porque, na verdade, ele não tinha examinado nada direito quando recolhera as coisas da varanda e resolveu trazer para ela, ele mete a mão na caixa e puxa outra coisa, que fica olhando por alguns segundos. – American Pie 5, O Último Stif...

O objeto sai voando da mão dele em direção a cozinha. Hinata está ofegante e olha para o DVD cheia de expectativa de que ele tivesse se desintegrado com a força dela. Quando volta a se arrumar no sofá, Sasuke espera uma explicação com a sobrancelha arqueada.

Hinata ergue o dedo e respira fundo. Ela é uma advogada. Pode ser convincente o suficiente, não pode?

— Talvez... Talvez eu gostasse de filmes ruins.

— E ele não podia simplesmente ter te dado nada do Adam Sandler...?

Hinata olha para o lado, pensativa, e depois zangada para ele.

— Olha só, quem é você para julgar os gostos de alguém?

Sasuke se lembra de uma televisão ligada num tal programa sobre vestidos de casamento e encosta-se ao sofá, tentando não rir. Céus, essa garota é engraçada. Desde a primeira vez que parara no apartamento dela, até agora. Ele prefere vê-la assim, constrangida, vermelha, e o jeito como as maçãs do rosto dela parecem destacadas quando ela sorri é quase empolgante.

Sasuke relaxa os músculos do pescoço, observando de canto quando ela mexe na caixa, já sem o olhar de saudades. Ela ergue o rosto pouco depois, encontrando os olhos escuros dele, e eles se observam em silêncio por muitos segundos, até ela respirar fundo e sorrir.

 — Obrigada, Sasuke. Quer dizer, por estar aqui, mesmo que a gente não se conheça muito. Eu nunca pensei que estaria tão longe de casa, é bom ter um vizinho com quem contar. – Ele balança a cabeça e não pode evitar descer os olhos até os lábios dela, curvados para cima sem mostrar os dentes, dessa vez. Lindos lábios rosados. – Mesmo que ele tenha pegado minha calcinha e faça comentários sexuais desagradáveis toda vez que estamos juntos.

Ele faz uma careta ao ouvir a última parte e ela ri, escondendo o rosto no sofá.

— Eu já disse, eu não sabia que era sua calcinha – murmura, num tom irritado. Ele já tinha ouvido o bastante por causa disso. Zelador, cof. Síndico, cof. – E de nada.

— Nenhuma defesa sobre os comentários sexuais? – Ela pergunta, jogando a cabeça para o lado. Com os dois rabos de cavalo baixos, parece uma criança curiosa. Ele sorri de canto e com os olhos.

— Você é a advogada aqui.

Hinata balança a cabeça e ri, mexendo de leve na caixa, de novo. Sasuke está prestes a encostar a cabeça no sofá mais uma vez e relaxar, antes de sugerir ajudá-la a pegar as coisas que caíram no solo, quando Hinata puxa uma pequena caixinha vinho, de papelão, pouco maior que sua mão. Sasuke arregala os olhos e se levanta.

— Ei, isso não era para estar no lixo – murmura ela, sem perceber a movimentação do vizinho.

— Ahn... JÁ TÔ INDO! Nossa, Hinata, você ouviu isso? Incrível, não posso ficar longe do meu apartamento um minuto que alguém vem me visitar, ruim né, ser popular. Hã... preciso ir, tchau... – e vai andando até a porta. Hinata ergue o olhar da caixinha para ele, confusa.

— O quê? Não, espera, Sasuke, eu... – ela abre a caixinha no mesmo momento em que ele alcança a maçaneta. O rosto dela se limpa imediatamente e Hinata não pode conter uma expressão de sarcasmo. – Sasuke.

Merda. Ele quase conseguiu abrir a porta. Quase.  

— Hm?

— Tem como você devolver minhas camisinhas?

Ele ergue o dedo indicador e olha bem para ela.

— Você jogou pela janela...

— Sem querer! Eu não sabia que tinha colocado isso na caixa.  

— Ei, eu devolvo se não usar. Ou podemos usar juntos, se esse é o problema.  

Hinata lança a caixinha na direção dele, que some fechando a porta e o objeto quica na porta e volta para o chão. Ela olha zangada para a madeira, cruzando os braços. Doce de vizinho.

 


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Notas finais do capítulo

É isso, obrigada todo mundo que leu ;D



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