Serendipity escrita por Black Magic


Capítulo 1
Suco de goiaba, universo e Alex Fierro.


Notas iniciais do capítulo

Essa é a primeira oneshot do desafio dos 100 temas, pode conter pequenos spoiler, mas nada muito gritante. E caso nunca tenha lido nenhum livro da série de livros Magnus Chase, também não há problema algum porque o que eu escrevi da pra ler normalmente.

SINOPSE:

"Magnus pensou que dois anos após quase Ragnarok sua vida seria menos arriscada(na medida do possível), mas ao se preparar para dar um passo importante em seu status de relacionamento com Alex Fierro, descobre que o maior desafio da sua vida ainda estava por vir."



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Sorri, me abraça devagar.

Me ganha com o teu olhar

E me ouve, nem que seja 

Ouvir besteiras em conversas tão pequenas.

— Mariana Nolasco.

 

 

Eu estou nervoso, sim, nervoso.

Não me sentia nervoso assim desde, bem, desde muito tempo.

Talvez eu tenha ajeitado a jaqueta jeans bordada com paetês feito por meu melhor amigo Blitzen umas vinte vezes e, talvez, tenha andando de um lado para o outro há tanto tempo que seria capaz de afundar meus pés no chão.

Respiro fundo uma, duas, três vezes.

Pego o celular e verifico as horas. Vinte minutos para ás oito da noite.

Quando sai do Hotel Valhalla mais cedo a fim de verificar o que meus dois amigos arrumaram no Espaço Chase, esperava encontrar apenas o jantar que pedi que encomendassem, mas o que encontrei me deixou... Muito apreensivo.

A velha mansão continuava na sua perfeita forma, Blitzen e Hearthstone estavam fazendo um trabalho maravilhoso em manter a fundação em ordem quando nem eu ou Alex podemos ficar aqui. Sabe como é, missões para Odin.

Alex.

Bem, nós passamos por muita coisa nesses dois anos após quase Ragnarok. Obviamente nós, einhejar, ainda treinamos até a morte todo dia esperando o fim dos tempos. Isso não mudará. Perdi as contas das diversas formas que morri em cada treinamento, mas, isso por incrível que pareça não era minha preocupação no momento. Sinto que, pela primeira vez, estou enfrentando algo maior e mais perigo do que, por exemplo, desafiar o deus Loki em um vitupério.

Dez minutos para às oito da noite.

Desvio a atenção do relógio da parede antes que eu pire de vez, mas olhar ao redor não faz com que eu me acalme. Hoje é um dia importante. Meus amigos levaram as crianças que moram aqui para um passeio pela cidade só para nos dar um pouco de privacidade, entretanto, agora não sei se foi mesmo uma boa ideia ter planejado isso. Tudo isso. Digo, o jantar e o que pretendo, bem, fazer.

Quando fiz menção de sentar na cadeira, a porta da frente foi aberta.

— Sinta-se honrado por eu ter chegado cinco minutos adiantada — disse Alex ao entrar e virar-se de frente pra mim, seus olhos bicolores brilhavam.

Engoli em seco.

— Hoje o pronome é ela/dela — avisou e ergueu a sobrancelha — Magnus, por que está olhando pra mim com essa cara? — perguntou.

— Eu... Eu não estou...

A verdade era que Alex Fierro constantemente me deixava sem palavras. Ela escolheu vestir um suéter verde-limão e jeans rosa hoje, não muito diferente do seu visual no dia a dia, embora eu esteja praticamente de boca aberta a olhando. Talvez ela tenha retocado o verde nos cabelos, pois estão mais evidentes. É impressionante a sua capacidade de me fazer agir como um completo idiota.

— Que você é meio idiota eu sei, mas não me faça pensar que é algo pior.

— Há-há — digo — você é engraçada, Alex.

Ela sorriu. Será que é possível o coração bater tão forte ao ponto de sair pela minha boca? Pois não é o melhor momento para acidentes acontecerem.

— Velas, hm? — inqueriu varrendo o olhar pelo ambiente — E, rosas?

Meu rosto esquentou feito tomate e deve ter ficado da cor de um. Mais tarde terei uma conversa seria com Hearthstone e Blitzen sobre a... bem, arrumação.

— Se eu não te conhecesse bem diria que está aprontando — Alex se aproximou da mesa onde coloquei nosso jantar e sobremesa e passou o dedo na cobertura de morango do bolo pra logo por na boca — isso tá gostoso!

E então se virou e me encarou com um sorriso que não consegui decifrar.

Engoli em seco novamente.

Como estou nervoso!

Nunca me senti tão atraído por algo quanto sou atraído por Alex Fierro.

Caminhei até ela com a cara e a coragem, o coração batendo forte em minha caixa torácica, mãos soando feito porco no abate, mas me aproximei dela.  

Alex pareceu prender o ar quando me aproximei perto o bastante de seu belo rosto. Seu olhar caiu em direção aos meus lábios e eu, é claro, entendi esse sinal como um passe livre para beija-la sem perder minha cabeça, literalmente falando.

Eu a beijei.

Quando nossos lábios se tocaram, era como se fosse à primeira vez. Se me perguntassem quais são as coisas que mais gosto no mundo, à primeira com certeza são os lábios de Alex e a segunda seria o falafel do meu amigo Amir.

Fui até as nuvens e voltei diversas vezes durante o nosso beijo. Acabamos por nos afastar calmamente, nossas respirações ainda era uma só. Alex com seus olhos mel e castanhos me observaram curiosos como se eu fosse uma forma nova de argila a qual ela nunca tinha trabalhando antes. E eu gostei muito.

Porém, o barulho constrangedor da minha barriga cortou qualquer bolha de clima que havíamos entrado durante e depois do beijo. Claro que ela riu da minha cara e mandou que jantássemos logo antes que o buraco negro no meu estômago causasse mais problemas para ela mais tarde. Um doce de pessoa, como sempre.

Nós comemos a quentinha que Amir preparou com carinho, pois estava maravilhoso. Alex até mesmo ficou com bigodinho de morango após morder um pedaço considerável do bolo que Hearthstone provavelmente preparou.

Mais tarde decidimos sentar nas espreguiçadeiras no terraço e contemplamos a lua linda que iluminava a cidade naquela noite. Fierro bebia seu suco de goiaba tranquilamente, nossas mãos juntas entrelaçadas, distraídos.

Eu não sei o que se passava em sua cabeça enquanto ela admira a lua, mas o meu cérebro trabalhava feito louco das engrenagens dentro da minha cabeça. Lembrei-me da primeira vez que ela me beijou embaixo do cobertor, do nosso segundo beijo em meu quarto em Valhalla, o terceiro poucos dias depois. Os últimos dois anos foram de descobertas e compreensão para nós, mas ficava cada dia mais difícil ficar nesse tipo de relacionamento sem título que vivíamos.

Por isso, respirei fundo e pigarreei antes de falar.

— Alex?

— Sim?

Contei uma, duas, três vezes antes de soltar as palavras apressado.

— Quercomigonamorar? — as palavras saíram dos meus lábios sem freio.

Alex olhou para mim com o cenho franzido.

— Magnus, você pirou de vez? Sabia que não devia ter comido tanto falafel — ela disse desgostosa e acabou franzindo mais o cenho — qual seu problema?

De repente, me levantei soltando nossas mãos.  

Deixei meu olhar focar na grande lua no horizonte.

— Alex eu gosto de você. — soou baixo, mas sei que ela ouviu bem.

— Magnus...

— Não, me deixa terminar antes que eu perca a coragem — pedi e suspirei — eu gosto de você — repeti mais calmo — Gosto tanto de você que às vezes é difícil respirar. Sim, isso é brega demais e eu sei que não gosta de toda essa demonstração de carinho. Mas, Alex, eu estou apaixonado por você. Quando nos beijamos meu coração bate forte como se fosse sair da minha boca. Seu cheiro típico de argila me atrai. Tudo em você me atrai, Alex. Eu amo você.

Não me surpreendi quando senti seus braços me rodearem a cintura e automaticamente notei que os pronomes haviam mudado para ele/dele.

De início Alex não respondeu ao que acabei de falar, e isso me deixou apreensivo e com medo de que ele me rejeitasse ou pior, me matasse fora dos limites do Hotel Valhalla. Não acreditava nessa possibilidade, mas, né.

— Você é um tremendo idiota, Chase. — Murmurou. Seus lábios roçavam em minha nuca me causando arrepios — um tremendo idiota. Na maioria das vezes sinto vontade de matar você, como eu bem faço nos treinamentos. Você tira e ao mesmo tempo me trás paz e isso é extremamente irritante. E, quando nos beijamos também sinto meu coração acelerar feito trem sem freio.

— Isso quer dizer que... — suspiro — você me odeia?

Ele riu e se aconchegou mais em mim. Serio, se eu não morrer agora eu não morro nunca mais na minha fadiga vida de einhejar.

— Como eu disse, idiota — ele me virou e eu me vi preso ao redor dos seus braços, nossos olharem se encontraram e um sorriso torneava seu lábios — não, Magnus, isso não quer dizer que eu te odeie — suas íris me avaliavam atentamente o que não facilitava o meu lado medroso — quer dizer que eu amo você também —  ele deu de ombros — estranho, não? Você e eu. Eu e você.

— Estranho? Por que estranho? — Perguntei, realmente confuso.

Alex retirou as mãos da minha cintura e as colocou nas laterais do meu rosto e me beijou. Mais uma vez senti que poderia me desmanchar ali mesmo. Sentia-me brincando com as nuvens enquanto ele me beijava como se eu fosse único.

— Estranho como você consegue me deixar nas nuvens — ele falou ao afastar nossos lábios, estava tão entorpecido após o nosso beijo e só assenti sem poder falar qualquer coisa coerente — consegue me fazer sorrir quando não tenho motivos o suficiente para que eu sorria com mais frequência. Seu bom coração me atrai como meu cheiro típico de argila atraí você. Eu te amo, idiota.

Fitei seus olhos bicolores.

— Quer namorar comigo? — me surpreendi como minha voz não falhou.

— O que você acha?

— Que sim...? — arrisquei.

Alex girou os olhos, mas sem deixar o sorriso bonito.

Eu gosto muito quando ele sorrir.

— Se vamos mesmo fazer isso espero que deixe de ser tão bobão.

Um sorriso torneou os meus lábios.

— Então isso é um sim? — a felicidade explodindo em meu peito.

— Sim, Magnus Chase. É um sim. — ele murmurou aproximando seus lábios.

— BINGO!

Não dei tempo para ele digerir o que acabei de gritar, simplesmente encostei nossos lábios mais uma vez naquela noite e nos beijamos com muito amor envolvido.

Naquela noite, entendi um pouco o sentimento que Sam sentia ao olhar Amir. Entendi que nós dois temos ainda muito que aprender um do outro para que esse relacionamento venha a dar tão certo quanto eu quero que dê. Não será uma tarefa fácil, é de Alex que estamos falando, mas vou me esforçar ao máximo. 

E, mais uma vez, constatei que se Alex fosse o universo eu seria sua galáxia.

Sorri, me abraça devagar.

Me ganha com o teu olhar.

E me ouve, nem que seja

Ouvir besteiras em conversas tão pequenas

Se transformam em poemas que eu colori.

— Poemas que colori.

 


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Notas finais do capítulo

E é isso pessoal... Eu, particularmente, gostei. Me surpreendi com o fato de conseguir escrever algo leve e bem fofo do jeito que imagino os dois. Pra quem não entendeu, Alex é gênero fluido. MAHALO ;3

OBS: O trecho de música do inicio e do final são da música Poemas que colori da Mariana Nolasco. A musica de repente surgiu nas profundezas do tártaro da minha playlist enquanto escrevia e achei que combinou bastante com o momento e com o casalzinho. ;3



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