Charlie sumiu escrita por dayane


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Sim, a fanfic ainda não acabou. Ainda temos a grande batalha :)
PS: Desculpe, para quem me acompanha, a demora para publicar.



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"Senhoras e senhores,

A Wonka's Candy Company os convidam para prestigiar a primeira e única batalha de chocolateiros que ocorrerá em suas dependências.

Arthur Slugworth desafiou Charlie Bucket, herdeiro de Willy Wonka, para uma batalha onde o prêmio será o a própria Wonka's Candy Company!

A batalha ocorrerá às oito horas da manhã do primeiro dia de outubro, no pátio principal da fábrica. Cinco pessoas serão escolhidas para testar e escolher quem foi o vencedor.

Não percam!"

Pela madrugada, quando toda a cidade dormia, os postes de luz foram coloridos com papéis impressos. As primeiras pessoas a verem tais colagens saiam contando aos amigos o que leram e antes do meio dia, toda a cidade já estava sabendo que algo grandioso aconteceria em breve.

Wilbur Wonka, diariamente, acordava, tomava um longo gole d’água e depois escovava os dentes. Ele nunca deixava de usar o fio dental e tinha um prazer especial por escovas de dente azul. Depois de escovar os dentes e lavar o rosto, Wilbur caminhava até a porta da frente e coletava o jornal que estaria lhe esperando.

Naquela primeira manhã de outubro, a manchete do jornal de Wilbur Wonka fora, no mínimo, surpreendente. Tinha sido colocada às pressas e isto atrasou o jornal em uma hora e por isto, quando dentista acordou, ainda podia ver o entregador correndo com sua bicicleta ao final da rua. A tinta estava borrada em um ponto, mas a notícia era clara e perfeitamente copiada das notícias que estavam nos postes de toda a cidade.

— Charlie? – Ele soltou.

 

Passado

 

Fickelgruber caminhou tranquilamente até a biblioteca. Lá, encontraria Arthur e Prodnose, que estariam buscando uma receita perfeita para ganhar do herdeiro.

Pelo que Slugworth tinha mencionado, usariam a própria fábrica para trazer o sabor de sempre, uma receita antiga com um ou dois toques diferentes que dariam a sensação de ser a mesma coisa. Apelariam para a sensação de que o herdeiro estaria modificando tudo e matando os costumes da fábrica.

Se mantivessem os mesmos traços da Wonka’s Candy Company, então os escolhidos diriam que a qualidade era a mesma e que estava na hora da fábrica ter um novo dono.

 

W.W.

 

Charlie leu a receita que Dóris lhe entregou. A sobremesa era bem simples e Charlie sabia fazer a maior parte dela, a única coisa que ele ficou com receio fora o ingrediente que mudaria todo o resultado. Na receita tinha notas falando que se colocado em pouca quantidade, não teria efeito, se colocado em grande quantidade, poderia ter efeito naquele que provasse. Esta nota lhe fez pensar em Violet Beauregarde, que virou uma blueberry ao provar o chiclete refeição.

— É um pouco arriscado. - Gemeu o herdeiro.

Dóris não falou nada. Ela sabia dos riscos, pois acompanhou os testes incansavelmente. Ela viu Umpa Lumpas sofrerem com os efeitos colaterais, viu não sentirem nem verem nada por terem colocado pouco ingrediente e viu se divertirem quando alcançaram o resultado que buscavam.

O herdeiro releu a receita e observou o tubinho com o pó que não seria encontrado em lugar nenhum da fábrica. Ele guardou o tubo no bolso da calça.

— Dóris, obrigado. - Disse Charlie. - Isto realmente vai mostrar a essência da Wonka's Candy.

A pequenina sorriu.

— Agora preciso de outro favor seu. – A pequenina aguardou pacientemente. – Preciso que volte com todos os Umpa Lumpas para o fundo da fábrica. Leve o elevador de vidro e, se der errado, fuja.

Dóris sentiu o corpinho ficar congelado. A sensação do medo estava explodindo em pequenos pontos, como uma bombinha infantil, e se espalhando por todos os lados. Ela não queria fugir, queria ficar com Charlie e com Willy e não queria cogitar a possibilidade de que Charlie perderia a fábrica.

— Eu não vou permitir que ninguém faça mal à vocês. Mas não posso deixar de pensar no pior.

Dóris assentiu. O elevador de vidro já estava nos fundos da fábrica e ela já começava a bolar um plano de fuga para os Umpa Lumpas. Mas e se o herdeiro ganhasse aquela competição? E se ele precisasse de ajuda enquanto preparava o doce?

A pequenina virou-se para ir embora, mas voltou e abraçou o herdeiro de forma apertada, daquele jeito que abraçamos quando sentimos que não vamos mais ver a pessoa que gostamos. Ela tinha este medo. O medo de voltar a viver escondida, aprendendo a comer o que lhe traria nutrientes e não o que lhe era prazeroso. Sabendo que o Umpa Lumpa que não voltava, não voltava por ter sido devorado.

A boca da pequenina colou ao ouvido do herdeiro e despejou poucas palavras. Aquilo fez Charlie pensar que a pequenina havia planejado tudo de forma impecável e que havia se colocado em risco. Mas não tinha mais como dar bronca nela. Se tivessem sido descobertos, então a má notícia já teria chegado aos ouvidos dele e de Willy.

— Vai dar tudo certo. – Disse Charlie.

Era a esperança que nutria no coração dele e de Dóris.

 

W.W.

 

Mike Teavee tomou o último gole de seu café amargo. O sabor forte lhe era favorável pela manhã, quando tinha que despertar para mais um dia de trabalho.

Anos depois da sua visita à fábrica Wonka, o garoto cresceu, desenvolveu corpo e o gosto por invadir sistemas. Não que ele não tivesse tendência a gostar de algo relacionado com superar a tecnologia existente, mas saber que realmente era possível lhe era inenarravelmente prazeroso.

Naquele dia, porém, anos depois de ter sido esticado demais – algo que lhe tornou mais alto do que qualquer pessoa que ele já tenha visto – o garoto se viu de volta à porta da fábrica, com a mesma quantidade de pessoas que pararam em frente à fábrica quando cinco crianças visitariam aquela espelunca depois de anos fechada.

“Não há dúvidas de todo o mundo está com os olhos fixo nestes portões. A notícia de que uma competição, onde o resultado final é a grande fábrica Wonka, é algo que nunca passaria despercebido”.

A repórter sumiu da tela e imagens gravadas horas antes começaram a passar enquanto a voz da mesma repórter explicava sobre o passado e o presente da Wonka’s Candy Company. Teavee sentia algo quente pingar em sua perna esquerda, mas não conseguia desviar os olhos do televisor e nem mesmo fechar a boca.

Qualquer pessoa existente sabia que Mike não tinha superado a derrota de anos antes. Ele não conseguia acreditar que um garoto pobre e esfomeado tinha conseguido, na sorte, ganhar a visita para a fábrica e ainda a própria fábrica! Quantos equipamentos ainda se tinha para ver? Quantos objetos malucos não poderia ser criado junto com Willy Wonka?

— Ele não pode perder. – Rosnou Mike depois que a repórter voltou a aparecer na tela. – Eu não vou aceitar isto!

W.W.

Charlie tinha à sua frente, uma grande mesa. A entrada da fábrica teve a neve removida e armaram uma tenda para que, se voltasse a nevar, não caísse sobre as receitas que eram preparadas. Os portões e as grades estavam cobertas por lonas roxas e helicópteros rondavam os céus atrás de informações novas.

— É um belo dia.

O herdeiro olhou para Arthur. Cada um tinha uma longa mesa unida com um balcão formando um L. Havia os mesmos utensílios para ambos, mas a quantidade de produtos era bem diferente, afinal, cada um tinha uma receita e precisariam de coisas diferentes para prepara-las. Horas antes, além dos ingredientes, os dois competidores escolheram os objetos que usariam e os testaram. Cada um tinha seu frigobar, um fogão de uma boca uma pia com água que saía uma mangueira.

Arthur fechou os olhos e repetiu:

— É um belo dia, sem dúvidas.

— Gosta do frio? – Questionou o herdeiro?

— Gosto de vencer.

Charlie se lembrou de quando tinha conhecido da fábrica pela primeira vez. Lembrou-se de cada criança e cada pai que havia conhecido. Veruca Salt, a garota que nunca tinha escutado o pai negar algo; Violet Beauregarde, que nunca perdera nenhuma competição; Augustus Gloop, o amante de chocolates e único humano que tocou no rio de chocolate e Mike Teavee, o garoto que era movido por pura ganancia e odiava chocolates. 

— Você gosta de vencer? - Questionou o herdeiro. 

 - Todo mundo gosta, meu garoto. Todo mundo gosta.

Charlie era só um menino com fome e que sonhava em um dia poder comer mais de uma barra Wonka por ano. Era só um garotinho que não se importava de comer só uma barra de chocolate Wonka por ano desde que tivesse seus familiares consigo. Se ele tivesse que escolher entre doce e comida para toda a sua família, abdicaria de todo o açúcar que já havia ingerido. Se ele tivesse que escolher entre a família e comida, ele abdicaria até mesmo da água.

Então não. Arthur Slugworth não estava certo.

— Todo mundo gosta de vencer? – Charlie repetiu em um sussurro.

Atrás das mesas, a grande porta da fábrica bateu. Arthur olhou na direção da porta, assim como seus capangas Prodnose e Fickelgruber, e sorriu.

Willy Wonka desceu as escadas e, mesmo sem o olhar, Charlie sabia que ele estava de cara fechada. Sabia que ele ajeitava a luva roxa antes mesmo da borracha estralar contra o pulso claro do chocolateiro. Sabia que a bengala bateria no último degrau como um rugido de leão antes mesmo dela bater.

Ele sabia que era Willy assim que a porta abriu.

Pois o cheiro de Willy parecia estar ligado às narinas do herdeiro, como se existisse apenas para chegar até aquele homem que um dia foi um reles garoto a recusar a fábrica para estar junto com os demais Buckets.  Pois o jeito de andar de Willy já era conhecido pelo herdeiro e o sussurro dos passos parecia estar ali para que o Bucket desvendasse todas as emoções daquele homem que tinha um corte de cabelo engraçado e dramatizava a vida.

Charlie não tinha medo de Willy e de perder todas as coisas que hoje tinha. Ele tinha medo de ver quem amava o deixar e tinha medo de estar sozinho. Pois sem amigos, familiares e sem amor, ele sabia que não poderia viver.

— Lave as mãos. – Disse Willy, assim que passou pela mesa dos concorrentes. Era a única coisa que poderia falar para o herdeiro, era a única coisa que conseguiu falar ao herdeiro.

E esperava que todas as coisas que pensava estivessem transmitidas naquele simples conselho.

Não era culpa de Charlie, estarem ali. Não seria culpa de Charlie, se perdessem tudo. Não ficaria zangado quando tudo aquilo acabasse. Sentia muito por não poder proteger o herdeiro.

Tudo isto, todas estas coisas, ele quis dizer ao garoto.

Willy arrumou a cartola.

Os passos ficaram marcados na neve assim que o criador da fábrica pisou fora da tenda. Fuckelgruber  suspirou e Prodnose gemeu. Os dois capangas puxaram uma corda, cada um a sua, e a cortina caiu.

A cidade gritou.

Willy Wonka estava sob as câmeras que televisionavam tudo.

— Caras pessoas do mundo...


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Notas finais do capítulo

Eu ainda estou viva, mas tive que reencontrar minha alma perdida por algum canto obscuro da vida. A maior dificuldade em escrever é que você precisa de uma junção de coisas e eu acho que bloqueio criativo é o mais fácil de vencer.
Ainda assim, eu me recuso a perder.
Meu problema não foi bloqueio criativo, eu sabia onde queria chegar, sabia como o fazer e tinha várias ideias de como fazer, mas algo me impedia.
Acho que é neste ponto que precisamos ter algumas coisas a nossa disposição:
Algo que amamos fazer,
Amigos que verdadeiramente são amigos,
Auto conhecimento,
Amor próprio.
Sem nenhuma destas coisas, se só uma destas coisas tivesse me faltado, talvez esta fanfic nunca seria finalizada.
E eu já disse isto: me recuso.
Pois sei que tem pelo menos uma pessoa que lê, leu ou lerá esta fic. Sei que alguém um dia vai chegar até aqui querendo saber como as personagens vão vencer ou serem derrotadas. Sei disto. E sei que é cruel não ter um final.
Então, se você está lendo este textão de uma pessoa que provavelmente você nunca viu e nunca verá pessoalmente, saiba que é por você que está fic está aqui.
Passei muito tempo achando que era pelos comentários, pelas visualizações, pela diversão, mas não.
Eu comecei a escrever sobre a fantastica fábrica por querer mais histórias bem escritas e puramente do universo, mas agora continuo porque vai fazer uma pessoa feliz.
E, para a Ryuuaka do futuro, que talvez um dia esteja buscando consolo de novo, que talvez um dia tenha se perdido de novo, dedico este capítulo. Você chegou até aqui por você, mas continuou por:
Ter amigos incríveis,
Saber que nunca vai deixar uma fic inacabada,
Tem amigos que te sustentam quando suas pernas caem e te zelam,
Valoriza sua vida, mais do que a morte;
Ama escrever e escreve para quem ama ler.

Aos demais leitores, desculpe este texto, mas ele se fez necessário.
Aos que comentam, vocês me salvaram mais vezes do que podem imaginar e nunca poderei pagar por isto. Obrigada.



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