Namorado escrita por Nati Miles


Capítulo 11
Aproximações


Notas iniciais do capítulo

Adivinha quem fez bem proveito do carnaval pra escrever? Eu mesma! :B
Esse capítulo ficou muito shoujo, mas eu gostei do resultado HASUESASAHE.

Espero que gostem ♥



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Uraraka chegou correndo no seu quarto e trancou a porta atrás de si. Seus olhos estavam arregalados, seu coração estava acelerado (não apenas pela corrida), parecia que uma corrente elétrica passava por todo o seu corpo e sentiu o estômago começar a embrulhar.

Não entendia o que estava acontecendo. Sabia que essas eram reações normais para quando se está apaixonado, afinal era o que sentia por Deku desde o primeiro dia que havia o visto, mas esse não era o caso agora. Sua proximidade com Bakugou era apenas fachada, apesar de ter se acostumado com sua presença e ter percebido que ele era um bom amigo quando queria. 

Pensou em falar com as meninas, mas elas ficariam fazendo perguntas demais que nem ela saberia responder. 

Colocou seu pijama e deitou, adormecendo enquanto tentava entender o que se passava consigo. 

xxx

No dia seguinte, Uraraka acordou mais cedo que o normal. Se arrumou lentamente, afinal tinha muito tempo. Desceu para o térreo e encontrou Bakugou comendo sozinho. Aproximou-se devagar, enquanto tentava controlar seu coração que cismava em acelerar novamente, relembrando de toda a noite anterior, principalmente aquele inocente beijo na testa.

— Bom dia, Bakugou-kun! – cumprimentou sorrindo um pouco sem graça.

— Bom dia – respondeu ainda comendo, sem virar-se para encará-la. Nunca iria admitir, mas estava com vergonha de suas próprias ações da noite anterior.

A garota pegou algo que considerasse decente para comer e sentou-se ao lado do loiro. Um silêncio pairou sobre eles, começando a ficar desconfortável até mesmo para quem apenas observava a cena.

— Ahn... Então... Dormiu bem? – a garota tentou quebrar aquela situação. E obviamente falhou.

— Que tipo de pergunta fodida é essa? – ele se virou para ela com uma expressão que claramente dizia que ela era uma idiota.

— Só estava tentando puxar um assunto – murmurou enquanto voltava a comer.

Ouviram o som do elevador e Bakugou ficou feliz que desceria alguém que pudesse ajudar com o constrangimento que ambos sentiam. Mas para sua infelicidade, era o nerd inútil de cabelo verde.

— Bom dia, Uraraka-san! E... Kacchan – cumprimentou sorrindo. – Vou fazer meu café. Quer alguma coisa, Uraraka?

Bakugou olhou para Midoriya com uma sobrancelha arqueada. Sua expressão não era exatamente ameaçadora, era mais desconfiada, do tipo “que porra você acha que está fazendo”.

— Ahn... Obrigada, Deku, mas já estou comendo – respondeu apontando para a tigela à sua frente.

— Ah, claro...

O garoto de cabelos verdes murchou um pouco e foi para a cozinha, enquanto o loiro tentava conter a vontade de rir da cara do colega. Bakugou havia percebido as segundas intenções de Midoriya com relação à sua falsa namorada, então havia decidido que acordaria mais cedo que todo mundo e não desgrudaria dela nem por um segundo. Mas não pensou que daria tão certo ao ponto de ele tentar agradar a garota com algo que ela já tinha feito.

O garoto de cabelo verde queria interagir mais, havia acordado cedo para tentar agradar Uraraka novamente, mas claramente havia falhado nesse dia... Ainda mais porque antes que conseguisse fazer algo, o casal já estava de saída.

Uraraka andava ao lado de Bakugou, ainda com um leve desconforto por nenhum dos dois estar dizendo nada. Seu rosto queimou quando o garoto pegou em sua mão. Desde o começo dessa loucura sentia-se protegida quando davam as mãos, talvez por Bakugou estar sempre com uma carranca e ter a fama de explosivo, assim sentia que ninguém ousaria mexer com ela. Mas agora era uma sensação diferente que nem ela mesma saberia explicar direito se alguém perguntasse.

O casal andou de mãos dadas até sentarem em suas carteiras, que agora estavam bem próximas. Uraraka sentou-se e ficou virada para frente, tão absorta em seus próprios pensamentos que não percebeu que o sinal havia tocado e Aizawa já estava na sala, mandando todos vestirem seus uniformes e seguirem para o campo de treinamento.

— Hoje vamos treinar resgate de feridos. Formem duplas.

Uraraka não soube o que lhe deu na cabeça, mas sua primeira reação foi correr para o lado de Bakugou. O garoto estreitou os olhos em sua direção tentando entender o que ela estava planejando e para disfarçar um pouco, mas por dentro sentia que não podia conter a alegria de ter sido escolhido ao invés de Midoriya. E essa alegria realmente não foi contida e foi expressa em um sorriso macabro na direção do colega de infância, quando viu a cara de tacho que ele estava enquanto Iida perguntava se podiam fazer uma dupla.

Ao contrário do que a maioria pensava, Bakugou havia se saído bem no resgate – até porque Uraraka o usava para explodir os empecilhos e usava sua própria individualidade para flutuar os feridos a um lugar seguro. E assim acabou a aula do professor Aizawa, com os dois sendo o destaque dos resgates.

A turma foi avisada de que a aula com All Might também seria prática, então mantiveram-se no campo. Assim como Aizawa, o Símbolo da Paz pediu que os alunos fizessem duplas. E lá se foi Uraraka correndo em direção a Bakugou novamente, antes mesmo que Midoriya pudesse pensar em chama-la.

xxx

O horário de almoço chegou rapidamente e a morena foi sentar-se com as garotas – e Kirishima, que não saía de perto de Ashido por nada. Todos ali presentes sabiam de todo o plano, mas estavam começando a achar estranha toda essa movimentação que a colega estava fazendo naquele dia.

— Confiamos em você, Ochako-chan – Yaoyorozu começou. – É só que estávamos curiosas para compreender melhor o que estava te levando a ficar grudada no Bakugou o tempo todo, quando estava bem óbvio que Midoriya estava tentando fazer dupla com você.

— Parem de ser bobas – respondeu virando os olhos. – Eu apenas achei que seria melhor para o nosso plano...

— Assim do nada? – Jirou perguntou desconfiada.

— Não foi do nada – mentiu. Havia sido sim, após aquele encontro estúpido da noite anterior. – Faz alguns dias que venho pensando nisso. Ajudaria a fazer Deku sentir ciúmes, não é?

— Devo concordar que estava dando muito certo – Hagakure respondeu. – Vocês viram a cara dele?

— Só não estava pior que a cara do Kaminari quando uma certa Jirou fez dupla com o Tokoyami – Ashido provocou.

Jirou ficou com o rosto completamente vermelho, enquanto tentava desconversar e dizer que era tudo impressão. Uraraka deu graças à Deus que o foco da conversa mudou para outro casal, porque nem ela entendia suas ações direito, mas sentia que queria ficar mais próxima de Bakugou. Afinal, seria vantajoso para o plano e ficou feliz em saber que havia causado o efeito desejado em Deku.

Ouviram o sinal bater e voltaram para a sala, onde teriam mais uma aula normal com Present Mic. E como os professores pareciam estar inspirados em focar no trabalho em equipe, novamente foi pedido para que formassem duplas. Mas dessa vez não foi Uraraka quem saiu correndo.

Como havia acontecido no outro dia, Bakugou colocou a mão em seu ombro rapidamente, porém com mais gentileza do que da outra vez e pediu para que fizessem juntos. Assim como havia dito para ela no dia anterior que poderia mudar, ele estava tentando colocar em prática naquele momento– o que lhe custou pelo menos umas 15 pisadas em cima de seu orgulho, afinal nunca foi muito de ficar pedindo. Uraraka concordou, dizendo a si mesma que era tudo para que o plano funcionasse melhor e porque Bakugou era incrivelmente bom em inglês.

Enquanto faziam a atividade, Uraraka não pode deixar de olhar para Midoriya de vez em quando. Ele havia feito dupla com Tsuyu e não parava de encará-los. Sua expressão era nova e a garota não soube muito bem decifrar se era raiva, determinação ou um misto dos dois. Sentiu uma pontada de felicidade em saber que estava chamando a atenção do colega, mas foi interrompida por Bakugou.

— Acho que é a frase 2 que está incorreta – disse virando a folha para ela. – O que você acha, Uraraka?

A garota virou o pescoço tão rápido na direção do loiro que o sentiu estralar. Primeiro ele não a xinga por estar prestando mais atenção ao seu redor do que na atividade. Depois, pergunta sua opinião sobre a questão. Isso já estava sendo demais para ela processar, era gentileza demais vinda da parte de Bakugou e ainda não estava acostumada com isso.

— Acho que é a 2 também – respondeu após ler a questão.

Bakugou acenou com a cabeça e marcou a resposta. Era uma idiotice sem tamanho, mas esse simples gesto de gentileza – junto com a delicadeza ao chama-la para ser sua dupla – fez Uraraka feliz ao ponto de deixar escapar um pequeno sorriso, sentindo uma pressão subir do seu estômago ao peito.

As aulas logo acabaram e todos voltavam juntos aos dormitórios. O casal vinha um pouco mais atrás do grupo, mantendo-se em silêncio e de mãos dadas. Bakugou passou o dia pensando no que havia combinado com Kirishima de tentar se fazer presente e agradável, mas não havia conseguido pensar em nada de novo que pudesse fazer. Chegou a cogitar a ideia de ir novamente ao parque, mas achou que seria um pouco tedioso ir dois dias seguidos.

Bufou alto e revirou os olhos para si mesmo, mas acabou chamando a atenção da garota ao seu lado, que o olhava com a sobrancelha arqueada. Olhou para o lado e viu Midoriya os encarando, provavelmente também se perguntando o motivo dele ter bufado tão alto – e observando Uraraka mais do que deveria.

Bakugou o olhou ameaçadoramente e puxou a garota para o outro lado, mudando sua rota.

— Bakugou, aonde acha que está indo? – perguntou confusa.

— Só achei que seria legal irmos ao parque de novo – disse a primeira coisa que lhe passou pela cabeça. – Midoriya estava encarando pra cacete, achei que ajudaria mais se ele pensasse que saímos de novo.

Que. Mentira. Descarada. Era tudo que conseguia pensar. No fundo sabia que só queria fazer com que Uraraka saísse do campo de visão do nerd inútil e, ainda, poderia ser útil para continuar a tentar agradá-la de alguma forma.

A garota sorriu e concordou. Havia gostado do parque mesmo, além de que havia muito mochi para comer ali. E, claro, tinha que admitir para si mesma que Bakugou estava se mostrando uma pessoa legal e gentil, o que a fazia pensar que poderiam ser bons amigos.

O casal passou um bom tempo no parque. Comeram juntos novamente – dessa vez sem Uraraka pedir um pouco da comida de Bakugou – e depois se sentaram para apreciar a visão que o fim da tarde dava ao lugar. Quando perceberam que já estava tarde, voltaram para os dormitórios de mãos dadas. Nenhum dos dois parecia perceber, mas procuravam a mão um do outro quando andavam.

Despediram-se com apenas um aceno de mão ao chegarem no prédio, pois Bakugou achou que seria melhor não dar outro beijo na testa da garota, já que não sabia se o beijo acabaria sendo na testa mesmo. Uraraka continuou parada perto da porta e ficou um pouco sentida, pois lá no fundo esperava ganhar outro daquele simples e inocente beijo.

— Bakugou-kun! – o chamou quando ele estava prestes a abrir a porta para entrar no prédio.

— Quê?

O garoto virou-se de frente para a garota de novo e foi surpreendido ao sentir que ela havia se aproximado, sentindo seu coração pular uma batida. Uraraka apoiou a mão no ombro do garoto e lhe deu um rápido beijo na bochecha, esboçando um sorriso envergonhado enquanto lhe desejava boa noite e entrava correndo no prédio.

Bakugou sentiu que seu coração pulava muito mais do que apenas uma batida, parecia que ele havia esquecido como bater corretamente. E dessa vez foi ele quem ficou travado no lugar, olhando para a porta que Uraraka havia acabado de entrar e largado aberta.


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