— D-Deku-kun... Eu gosto de você! – disse Ochako com muito esforço, sua voz quase não saía de tão nervosa que estava com a situação.

Depois de muito tempo remoendo – e conversando com as amigas, claro – ela havia percebido que seria melhor se declarar para seu crush o quanto antes. Ela tinha que se declarar e torcer para que o melhor acontecesse, ou então nunca saberia como ele se sentia com relação a ela.

Ochako havia batido na porta do dormitório do garoto pela noite, antes de irem dormir. Era agora ou nunca! Porém, não era exatamente isso que a morena esperava. Midoriya parecia estar assustado com a confissão repentina e não conseguia responder nada.

— Ahn... Deku-kun... V-você me ouviu? – ela perguntou incerta. Talvez tivesse falado baixo demais por estar tentando não chamar a atenção dos outros garotos em seus dormitórios.

— E-e-eu... – Midoriya estava definitivamente assustado. Deu uma leve pigarreada para clarear a garganta e fazer com que sua voz saísse mais audível. – Eu ouvi, Uraraka-chan. Me desculpe, eu só... Eu fico feliz que goste de mim. De verdade! Mas... Eu não sei... Eu gosto de você, mas não da mesma maneira...

Os olhos da garota começaram a se encher de lágrimas, mas ela as segurou o máximo que pode e deu um sorriso, tentando (e falhando) esconder sua tristeza.

— Me desculpe – Midoryia falou tão baixo que mais pareceu um sussurro.

— Não... Quer dizer, está tudo bem. Eu não quis dizer tudo isso, eu só... Ahn... – a garota estava começando a sentir o chão se abrir. Ela havia se preparado para o caso do Midoriya a dispensar, mas era mais doloroso ao vivo.

Em um impulso, Uraraka virou as costas e foi correndo para as escadas, sem nem perceber que um de seus colegas estava ali parado. Ao passar correndo pela sala, para ir para o lado dos dormitórios das garotas, deu de cara com Kirishima e Ashido. Os dois estavam bem próximos ultimamente, sempre fazendo lição e treinando juntos.

— Ochako-chan? Você está bem? – perguntou a garota rosa, segurando a amiga pelos ombros.

A morena acenou que “sim” com a cabeça e se manteve olhando para o chão, incapaz de se mover mais ou dizer alguma coisa. Como era estúpida! Os sinais estavam todos lá! Midoriya Izuku nunca havia gostado dela dessa maneira e era tão óbvio agora. Mas já estava feito e não havia como voltar atrás. Ela sentiu algumas lágrimas escaparem e deu um pequeno soluço, o que não passou despercebido pelos amigos.

— Ei, Mina, talvez você devesse ir com ela até seu quarto. Nós nos vemos depois – disse o garoto de cabelo vermelho, dando um leve sorriso para sua companheira de treinos.

Ashido Mina era bem espalhafatosa e tinha ideias estranhas, era verdade. Mas ela era uma ótima amiga e se mostrava muito confiável, estando por perto quando as amigas mais precisavam. Ela levou a garota da gravidade para seu quarto e pediu para que esperasse, enquanto reunia o restante das garotas. Em menos de 5 minutos, lá estavam todas reunidas e sem entender o que estava acontecendo.

 Ochako contou para as amigas o que havia acontecido: como havia reunido coragem, ido até o dormitório do Deku-kun e se declarado para ele. E como ele havia dito que não se sentia da mesma maneira.

— Ouch – foi a única coisa que Jirou conseguiu responder, ao fim do relato da amiga.

— Não fique assim, Ochako – disse Momo, tomando a frente da situação e abraçando a amiga. – Sabemos que Midoriya não é o garoto mais maduro da nossa sala. Há uma variedade de possibilidades nessa situação. Ele pode não ter entendido ou pode ter fingido que não entendeu, por vergonha. Ou, ainda, mesmo que ele não sinta o mesmo por você, sabemos que isso é o que ele está sentindo agora, mas isso pode mudar. Dê tempo ao tempo, quem sabe isso não muda.

As garotas concordaram com Yaoyorozu. Naquela noite, para tentar animar a amiga, todas ficaram juntas no quarto da Ochako vendo filmes e fofocando sobre os garotos.

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Naquela noite, Bakugou Katsuki não conseguia pegar no sono. Primeiro, porque Kirishima estava em seu quarto. Segundo, pelos eventos da noite.

Ele estava subindo para seu quarto pelas escadas quando ouviu sussurros e parou para ouvir. Era aquela garota de cara redonda e o nerd inútil conversando. Bakugou ouviu ela se declarando e o idiota a dispensando. A garota saiu correndo e eles teriam se trombado se o garoto loiro não tivesse dado um passo para o lado.

Katsuki não sabia ao certo, mas desde o dia que lutara com Uraraka Ochako no Festival de Esportes, algo nela vinha chamando a atenção dele. A partir dali, parecia que cada vez com maior frequência ele se pegava observando a garota.

Já havia conversado com Kirishima sobre isso, mas acabou se arrependendo depois. O garoto de cabelo vermelho passou uma semana toda olhando para Bakugou e dando sorrisinhos sempre que via que o loiro estava olhando para Uraraka. Isso não passou despercebido e o garoto bem tentou explodir seu amigo, mas a individualidade de Kirishima o protegeu.

Agora, lá estava ele novamente deitado em sua cama olhando para o teto, enquanto Kirishima comentava sobre como Uraraka parecia estar abalada com algo, mas que ele ainda não sabia o que era.

— Kirishima, cala a porra da boca – disse o loiro enquanto esfregava as mãos no rosto com irritação.

— Eu só estou dizendo que a Mina teve até que acompanhar a Uraraka, porque ela...

— EU SEI! – Bakugou gritou se sentando. – Eu sei porque porras ela tá assim. Eu vi e ouvi muito bem o que aconteceu.

— Ah... – ele respondeu parecendo estar surpreso. – Poderia me contar, então?

— Sua namoradinha já vai fazer isso, por que eu deveria?

— Bom argumento. E ela não é minha namoradinha... Mais ou menos – o garoto respondeu sorrindo e pareceu ter se perdido em seus pensamentos por alguns instantes. – Mas! Gostaria que você me contasse... Somos melhores amigos, cara.

O loiro bufou e revirou os olhos em irritação.

— Presta atenção, que só vou falar essa porra uma vez. Eu vi a cara redonda conversando com o nerd inútil na porta do dormitório dele. Ela estava se declarando praquele bosta idiota, mas o imbecil a dispensou.

Kirishima arregalou os olhos e então se levantou da cadeira sorrindo.

— KACCHAN, ISSO É ÓTIMO!

— Quê? Mas que porra...

— Ela se declarou para ele, mas ele a rejeitou. Logo, ela talvez comece a pensar em outras opções, não acha?

— Aonde você quer chegar? – Katsuki perguntou, estreitando os olhos para o amigo.

— Quero dizer, meu amigo, que você pode entrar em cena! – ele respondeu sorrindo ainda mais.

— QUÊ? Quem disse que eu quero “entrar em cena”, idiota?

— Você é mais denso do que eu imaginava... E olha que sou eu que tenho a individualidade de endurecer – Kirishima disse suspirando. – Quando vai admitir que gosta dela?

— Eu não gosto da cara redonda – Bakugou disse irritado. – E se continuar com essas ideias estúpidas pra caralho, vou te explodir pra fora da porra do quarto.

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Ashido Mina era bem espalhafatosa e definitivamente tinha ideias estranhas. Havia uma semana desde o incidente da sua amiga com o garoto de cabelos verdes, e ela não conseguia parar de pensar em maneiras de ajudar a amiga. Ela havia reunido todas as garotas em seu quarto assim que acordou.

— Pelo amor de Deus, Mina, espera a gente acordar direito antes de soltar esses planos estranhos que sua mente consegue pensar – disse Hagakure bocejando.

— Mina-chan, do que você está falando? – perguntou Tsuyu confusa, colocando o dedo indicador no queixo e adicionando um kero ao final de sua pergunta.

— Estou dizendo que estava pensando no que a Yaomomo disse! Midoriya pode não gostar da nossa Ochako agora, mas talvez seja por falta de um empurrãozinho – ela disse sorrindo, enquanto andava pelo quarto. – Se ela arrumasse um namorado... Nem que fosse um de mentira, tipo o Iida que é bem próximo dela, talvez ele ficasse com ciúmes e então percebesse que gosta dela!

— Esse é a pior ideia que já ouvi saindo da sua boca – Jirou comentou. – E olha que estou contando com a vez que você tentou reunir todo mundo na sala para tentarmos descobrir quem gosta de quem.

— Ainda me lembro do Todoroki literalmente congelado no sofá – Ashido comentou rindo, enquanto lembrava dos acontecimentos dessa dia. – Ok, concordo que esse dia não deu certo e só serviu para os garotos ficarem olhando estranho pra gente por semanas, tentando pensar de quem gostávamos... Mas dessa vez é diferente! Pensem comigo...

— Pode dar certo – Uraraka respondeu baixo.

— QUÊ? – todas as outras ficaram espantadas com o fato da amiga estar realmente pensando nesse plano doido.

— YAAAAY! – Mina comemorou dando pulinhos e batendo palmas. – Só precisamos de um candidato perfeito... Alguém que tope essa loucura, então não pode gostar muito de você ou então o plano pode ruir porque ele pode acabar se apaixonando por você.

— Não pode ser pervertido como o Mineta nem ofuscante como Aoyama – completou Hagakure, entrando no plano.

— E não pode ser certinho demais, então não tem como ser o Iida – Mina continuou.

— Tem que ser alguém que cause um sentimento de ciúmes e rivalidade... – Momo começou a falar mais devagar, conforme uma pessoa lhe vinha à mente. – Ok, a única pessoa que me vem à cabeça é impossível... É o Bakugou!

— ELE É PERFEITO! – Mina gritou de alegria. – Ele é do tipo que topa loucuras, não é próximo e nem gosta de você. E o mais importante: tem esse sentimento de rivalidade com o Midoriya.

— E você espera que ele ouça o que eu tenho a dizer sem me explodir? – Ochako perguntou erguendo uma sobrancelha.

Era simplesmente impossível que Bakugou Katsuki aceitasse entrar nessa loucura.