Londres, 1863

—Está tudo bem, James?- Teodora questionou assim que me aproximei dela que conversava com minha mãe.

—Sim, só que não tenho uma noticia boa para lhe dar. - expliquei e ela me olhou confusa.

—Vou deixá-los a sós. Querida, qualquer coisa é só me chamar. - minha mãe disse carinhosa e minha esposa sorriu agradecida.

—Agora que estamos a sós, pode me contar o que houve.- ela sugeriu e concordei.

—Seus pais decidiram ir embora mais cedo. E eu sinto muito. - disse e ela balançou a cabeça como se já esperasse por isso.

—Não sinta. Acredite em mim, estaremos melhor sem eles.- ela sussurrou e pisquei confuso.

Mas antes que pudesse perguntar o porquê de suas palavras, fomos interrompidos por Alexandrina.

—É um belo vestido. - Alexandrina disse enquanto olhava para minha esposa da cabeça aos pés.

—É verdade filha, mas é uma cor peculiar para a ocasião.- Sra. Scott disse confusa.

—Obrigada. Inicialmente havia escolhido outra cor, mas depois que soube qual era a cor favorita do meu noivo, decide mudar, e ele foi um verdadeiro achado. - Teodora disse gentil enquanto olhava para seu vestido.

—Seria uma pena se algo acontecesse a uma peça tão linda. - Alexandrina sussurrou antes de derramar seu suco no vestido de Teodora.

—Me desculpe, foi sem querer.- Alexandrina disse tentando disfarçar seu sorriso enquanto Teodora olhava para ela sem entender o porque de sua atitude.

—O que pensa que está fazendo?- questionei serio enquanto segurava seu braço à força.

—Apenas me divertindo, meu James.- ela disse rindo enquanto a arrastava para fora da festa.

— O que pensa que está fazendo Sr. Redford, ao arrastar a minha filha dessa forma?- Sra. Scott questionou furiosa enquanto nos seguia.

Furioso soltei Alexandrina e me virei para a sua mãe, afinal ela deveria saber o que sua filha havia aprontado.

—A sua “inocente” filha, derramou suco no vestido de noiva da minha esposa, apenas por pura inveja.- disse serio e ela me olhou chocada.

—Minha filha jamais faria isso.

— Pois fez Sra. Scott e quero que ambas se retirem da minha casa.

—Mais que ultraje. Nunca fui tão mal tratada antes.

—Deveria ter feito pior, afinal você me prometeu tudo e acabou se casando com ela apenas por interesse. E isso eu jamais vou esquecer, vou fazer da sua vida conjugal um inferno. - Alexandrina jurou antes de sorrir.

—Você é louca. Jamais lhe prometi algo.

—Pois é o que veremos. Vamos mamãe. - ela disse antes de ser seguida pela mãe.

Respirei fundo tentando me controlar antes de voltar para a festa e procurar por minha noiva, afinal minha atitude foi deplorável, não podia tê-la deixado daquela forma.

—Onde está Teodora, mamãe?- questionei para ela assim que me aproximei da mesma.

—Está lá em cima com Julia, elas foram tentar limpar o vestido. Mas o que houve, filho?- mamãe questionou preocupada.

—Depois conversarmos mamãe, preciso falar com a minha esposa. - disse e ela concordou enquanto ia em direção a nossa casa.

Mamãe havia decidido que assim que me casasse ficaríamos com um dos quartos de visitas, os quais eram maiores, pois eles teriam mais espaço para comportar um casal.

Assim que cheguei à porta do meu novo quarto, bati delicadamente antes da porta ser aberta por Julia, e logo pude ouvir Teodora chorando.

—Deixe-nos Julia, por favor.- pedi e ela me olhou confusa antes de olhar para sua senhora.

—Está tudo bem Julia.- Teodora sussurrou entre lágrimas.

Em silêncio Julia saiu do quarto nos deixando a sós.                           

—Me desculpe pelo que Alexandrina fez. - disse com vergonha enquanto me sentava ao seu lado na cama.

—Vocês dois tiveram algum envolvimento? Por isso ela me odeia tanto?- ela questionou me sondando com seus olhos vermelhos.

—Não. Eu jamais me envolvi com Alexandrina. Nem sei de onde ela tirou essa idéia maluca de que prometi algo a ela.

—Ela é apaixonada por você. E você, senti algo por ela?- ela questionou angustiada.

—Não. - disse convicto. - Jamais senti e jamais sentirei algo, isso é uma promessa. Consegue confiar em minha palavra?

—Sim. - ela sussurrou enquanto olhava para o robe de seda que vestia.

—Sinto muito pelo seu vestido. Ele era lindo. - disse compreensivo e ela sorriu agradecida.

—Tudo bem. Caetana me prometeu que poderia tirar à macha.

—Se alguém pode fazer isso é Caetana. - disse brincalhão e sorrimos.

Mas logo nosso momento de leveza foi substituído por uma atmosfera de apreensão, e naquele momento percebi que deveria ser a primeira vez que Teodora ficava a sós em um quarto com um homem, e tal fato a estava deixando desconfortável.

—Vou deixá-la a sós para que se troque, não se preocupe por que procurarei Julia e direi que você necessita da ajuda dela. - disse antes de me levantar da cama, mas Teodora me impediu segurando minha mão.

—Posso lhe pedir uma coisa?- ela questionou envergonhada e concordei.

—Sei que precisa consumar nosso casamento, e sei também que tenho que obedecê-lo e atender aos seus desejos. Mas tudo que lhe peço é que seja gentil, pois eu jamais estive com um homem antes. - ela sussurrou nervosa e temerosa por seu pedido.

Devagar me aproximei de Teodora e acariciei seu rosto com cuidado enquanto olhava em seus olhos com carinho.

—Eu jamais seria grosseiro com você. E prometo que farei de tudo para que nosso casamento seja feliz e duradouro. - jurei e ela sorriu suave enquanto segurava a mão que acariciava seu rosto e a beijava com carinho.

—E eu prometo fazer de tudo para que você seja feliz, James. - ela jurou e sorri antes de me inclinar para beijá-la com cuidado.

Aquela tarde foi marcada por descobertas maravilhosas, e por uma constatação que me fez ficar surpreso. Apesar de Teodora e eu nos conhecermos a tão pouco tempo, fomos capazes de nos entendermos de uma forma transcendental.

Uma forma que jamais experimentei com outra mulher.