Por Amor escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 14
Em risco




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Londres, 1863

 

 

—Acho que vocês não deveriam ir hoje a fabrica.- mamãe disse nervosa assim que nos viu sentados a mesa para tomar café.

—Querida, não podemos deixar os problemas nos impedirem de agir normalmente.- meu pai disse serio enquanto dobrava o jornal para me olhar.

—Que tipo de problemas?- questionei confuso enquanto tomava meu café.

—Os funcionários das fabricas estão fazendo motins, meu filho. E a situação está realmente delicada.- sua revelação me pegou de surpresa, afinal nossos funcionários eram muito bem tratados.

Éramos a única fabrica que não aceitava mão de obra infantil, além de ter uma carga horária menor se comparada as outras fabricas, além dos mesmos receberem um salário fixo.

Meu pai jamais exploraria seus empregados, pois ele já esteve do outro lado e sabia como era.

—Nossos empregados estão participando desses motins?- questionei surpreso.

—Não, mais os funcionários de outras fabricas estão, e estou preocupado de que eles possam fazer algo.

—Não se preocupe pai, tenho certeza de que nada vai acontecer.

—É o que espero meu filho.- ele disse preocupado enquanto voltava sua atenção ao jornal.

Assim que terminamos nosso café fomos para a carruagem que nos levou para a fabrica.

Thomas e eu ficamos o dia todo tentando organizar vários documentos, mas alguns precisavam de minha total atenção, pois teria que assiná-los.

—James, está tarde. Podemos deixar essa analise para amanhã. - Thomas disse cansado enquanto assinava mais um documento.

—Pode ir se quiser Thomas, não vou conseguir descansar sem terminar de assinar esses documentos.- disse sem desviar os olhos dos papeis.

—Ok. Mas não sei se você lembra, mas agora você é um homem casado. Sua esposa deve estar lhe esperando para jantar.- ele disse suave.

—Pedi ao meu pai, que informasse a ela que ficaria até tarde trabalhando.- disse e Thomas me olhou surpreso, assim como meu pai havia me olhando.

Meu pai me questionou porque eu tinha que ficar até tarde trabalhando, e acabei lhe dando uma desculpa qualquer, sem lhe dizer o real motivo.

Sabia que se levasse essa papelada para casa, não daria a devida atenção necessária, pois acabaria dando atenção a minha esposa e esqueceria os papeis, fazendo com que se acumulassem.

Meu pai entendeu, mas não gostou de saber que seu filho recém casado já estava deixando sua esposa de lado.

Assim que me encontrei sozinho, voltei ao meu trabalho. Mas logo comecei a ouvir gritos e sons de correria. Confuso, fui em direção a janela do meu escritório que dava para rua e vi inúmeras pessoas andando com faixas e cartazes pelas ruas.

E naquele momento soube que os operários estavam reivindicando seus diretos, tentando fazer assim que a rainha se compadeça com as suas condições.

Em silencio pedi a Deus que meu amigo estivesse bem longe de toda aquela confusão, que não demorou muito para se transformar em uma guerra. Podia ouvir explosões vindas da rua assim como clarões.

Logo comecei a escutar barulhos vindo da fabrica, e compreendi que estavam tentando invadi-la. Desesperado e sem raciocinar direito, corri para a entrada da fabrica que já estava cheia de pessoas derrubando tudo o que viam pela frente.

—O que pensam que estão fazendo?- questionei serio assim que me aproximei deles.

—Olha só gente, um burguês.- um deles disse com deboche.

—O que estamos fazendo, Sr. Burguês? Estamos dando prejuízo para aqueles que nos exploram.- outro com uma chave inglesa  na mão disse.

—Mas a fabrica Redford não explora nenhum operário. Não aceitamos crianças aqui, e ainda temos um horário estabelecido para o trabalho, além de todos os nossos funcionários receberem um salário digno.- esclareci serio enquanto olhava para todos.

—Porque devemos acreditar em você?- o homem com a chave inglesa questionou, e naquele momento soube que ele era o líder deles.

—Porque agora diante de vocês posso parecer um burguês, mas meu sangue é de operários. Sou neto e filho de homens que trabalharam como vocês. Que foram explorados por pessoas gananciosas que só pensavam em si. E apesar de não ter passado por isso, meus pais e meus avós trabalharam duro como vocês, e por causa disso meu pai e eu jamais admitiríamos que nosso funcionários passassem por isso.- disse serio e todos me olharam antes de voltar sua atenção para o homem com a chave inglesa.

—São palavras bonitas senhor, mas não acreditamos em nada do que diz. Podem acabar com tudo.- o homem com a chave inglesa disse e logo começaram a quebrar tudo que viam pela frente.

Em vão tentei impedi-los, mas acabei sendo empurrado de encontro a uma maquina. Tal encontro me fez perder os sentidos por algum tempo.


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