Londres, 1863

—Então foi para isso que a senhorita nos convidou?! Para beijar o meu marido.- Teodora disse furiosa.

—Jamais faria isso Lady Davies, foi o Sr. Redford que me beijou a força.- Alexandrina disse se fazendo de inocente.

—Como você é dissimulada. Não se conformou de que James tenha se casado comigo, e agora está tentando fazer com que eu desconfie do meu marido.

—Acho que a senhora está enganada a respeito do seu marido.- ela disse maliciosa.

—Você só pode estar louca. Nenhuma senhorita arriscaria ter a sua honra posta em duvida dessa forma.- disse serio.

—Admita James, você e eu nascemos para ficar juntos e Teodora é só um empecilho. Afinal, seu pai só queria reconhecimento perante os nobres ingleses, e agora ele tem. Não tem porque você continuar casado com ela. Eu posso fazê-lo muito mais feliz.- Alexandrina disse suave enquanto repousava sua mão em meu peito.- Posso lhe agradar muito mais na cama do que ela.

—Você está fora de si.- sussurrei assustado enquanto me separava dela.

—Você não tem vergonha na cara. Como pode ficar se jogando para um homem casado? E que ainda por cima não a quer.

—Isso é o que veremos. Pois irei espalhar por toda a Londres, que seu marido me desonrou e que ainda me tomou como sua amante. O que não será difícil de todos acreditarem, afinal sabemos que esse casamento é de interesses. Porque nenhum homem iria querer se casar com alguém tão simplória e ridícula quanto você.- Alexandrina disse com ódio e Teodora lhe deu um tapa.

Logo as duas estavam ao chão trocando tapas e puxões de cabelo, e para minha surpresa minha esposa estava dando uma surra em Alexandrina.

Assim que superei meu choque inicial, tentei separar as duas o que foi difícil.

 Durante tal tarefa acabei levando alguns tapas e tive que entrar para poder pedir ajuda.

—Mas o que pensam que estão fazendo?- meu pai questionou furioso após termos separado as duas.- Duas damas distintas brigando feito dois moleques de rua. E nem quero saber quem começou, vamos embora agora.

Após chegarmos em casa meu pai fez questão de que eu e minha esposa sentássemos no sofá para ouvir seu sermão, tal ato me fez lembrar de quando Thomas e eu brigamos quando pequenos.

—O comportamento dos dois foi deplorável. James, você não deveria ter ficado sozinho naquela varada, ainda mais desconfiado das intenções por trás desse jantar oferecido pelas senhoras Scott. E a senhora, Lady Davies, se comportou de forma vergonhosa. Nem parece uma dama da nobreza. Entreguei a mão do meu primogênito aos seus pais, pois os mesmos me garantiram que sua filha saberia se comportar, mas não foi o que pareceu hoje.- meu pai disse serio.

—Sei que fui apenas um negocio Sr. Redford, mas até a nobreza tem um limite, e a Srta. Scott ultrapassou todos eles quando beijou o meu marido e ainda me insultou.- Teodora disse seria.

—E quem garante que seu marido não a beijou primeiro?- meu pai questionou e o olhei chocado.

De que lado ele estava?!

—Apesar de estarmos casados há apenas vinte dias, conheço meu marido. E sei que ele jamais faria algo assim. Nosso casamento pode ter sido um negocio meu sogro, mas posso jurar que agora ele foi além de um negocio. E não vou deixar uma menina mimada destruir o que estamos construindo juntos. Agora se me dão licença, preciso descansar. Boa noite.- Teodora disse levantando do sofá e saindo sem esperar a resposta do meu pai.

—Realmente sua esposa tem sangue nobre. Ela saiu daqui sem se importar com nossa opinião.- meu pai disse admirado e suspirei.

—Pai, o senhor sabe que jamais...- comecei a dizer e ele me interrompeu.

—Sei disso. Conheço o garoto que criei. Agora, tome cuidado com Alexandrina, pois hoje ela demonstrou que não está sã. E uma pessoa assim, é capaz de tudo filho.- ele me aconselhou e concordei.- Agora, vá descansar foi uma noite longa e amanhã temos que acordar cedo.

—Tudo bem, pai. Boa noite.- sussurrei antes de lhe dá um beijo de boa noite e subir para o meu quarto.

Assim que cheguei ao meu quarto, ouvi barulhos vindo do banheiro.

Com certeza, Julia estava ajudando a sua senhora a se arrumar, então esperei pacientemente que as duas saíssem para que pudesse conversar com minha esposa.

—Será que poderíamos conversar a sós.- pedi a minha esposa que concordou.

Julia nos desejou boa noite antes de sair silenciosamente de nosso quarto.

—Só quero que saiba que nada do que Alexandrina disse é verdade.- disse serio e Teodora suspirou antes de se sentar em nossa cama e me convidar para fazer o mesmo.

—Sei disso. Conheço o homem com quem me casei. E sei que ele jamais me magoaria, mas não posso me controlar quando sei que Alexandrina fará de tudo para que eu duvide de você. Para que tudo que estamos construindo se acabe, e não quero que isso aconteça. Não sei viver sem você.- Teodora disse acariciando meu rosto enquanto me olhava nos olhos.- Acho que estou me apaixonando por  você.

Sua confissão me deixou surpreso, mas não disse nada.

Pois não queria mentir para ela.

Eu gostava muito de Teodora, mas não sabia se o que estava sentindo poderia ser considerado com se apaixonar.