Por Amor escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 12
Por trás de um pedido




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Londres, 1863

Havíamos voltado para Londres por volta da madrugada, optamos por descansar um pouco da viagem, pois ainda teria que ir a fabrica, afinal havia ficado muito tempo longe da mesma.

Assim que estava devidamente vestido fui em direção a cama e me inclinei com cuidado para beijar a testa de Teodora que ainda dormia profundamente. Sai do quarto em silencio antes de seguir para a sala de jantar onde tomaria meu café da manhã antes de enfrentar mais um dia na fabrica.

—Bom dia filho, achei que não fosse trabalhar hoje.- meu pai disse virando a pagina do seu jornal assim que me aproximei da mesa.

—Bom dia pai.- disse enquanto me sentava em meu lugar.- Está na hora de voltar as responsabilidades. Não posso deixar tudo nas mãos de Thomas.

—É verdade.- ele disse e voltou sua atenção ao jornal.- E como vai o casamento? Lady Davies está correspondendo as suas expectativas?

—Teodora superou as minhas expectativas.- disse enquanto Caetana servia meu café.

—Lady Davies é uma moça maravilhosa. Tenho certeza que ela é a mulher perfeita para Jamie.- Caetana disse e meu pai sorriu orgulhoso. Afinal, sua escolha estava se mostrando perfeita.

—Concordo com você Caetana. Agora, estou aguardando a chegada dos meus netos.- meu pai disse esperançoso e engasguei com o suco.

—Tudo bem Jamie?- Caetana questionou preocupada enquanto eu tossia, tentando desengasgar.

—Sim.- sussurrei antes de tomar um pouco de água.

—Não sei por que o susto, meu filho. Ter filhos é algo natural quando se casa.- meu pai disse confuso.- A não ser que você não queira ter filhos. É isso James Redford?

—Pai, acabei de me casar. Mal conheço minha esposa, e além do mais está muito cedo para pensarmos em filhos.- disse serio e meu pai me olhou curioso.

Ainda não estava pronto para ter um filho, não me sentia capaz de cuidar de outra pessoa. E a prova viva da minha incapacidade era a minha esposa quase ter morrido por culpa de uma gripe forte enquanto estávamos em lua de mel.

—Bom dia meus meninos.- minha mãe disse amorosa assim que entrou na sala de jantar trazendo um bolo fresquinho de laranja.

Minha mãe fazia questão de levantar cedo para preparar o bolo preferido do meu pai e lhe fazer companhia durante a refeição, algo que poucas senhoras faziam para os seus maridos. Afinal, meu pai acordava cedo demais.

—Bom dia mãe.- disse sorrindo e ela veio me dá um beijo na testa, antes de cumprimentar meu pai com um beijo de bom dia.

—Sobre o que vocês falavam?- ela questionou curiosa enquanto se sentava para tomar café conosco.

—Estava perguntando ao nosso filho se Lady Davies estava sendo uma boa esposa. E que já estava esperando a chegada dos meus netos. Mas parece que nosso filho não quer ter filhos tão cedo.- meu pai disse e mamãe me olhou surpresa.

—Isso é verdade filho?

—É verdade mãe, mas sei que isso não é algo que posso controlar. Mas gostaria muito que acontecesse um pouco mais tarde, mas se acontecer antes amarei meu filho da mesma forma.- garanti e os dois concordaram.

Após terminamos de tomar nosso café, fomos em direção a fabrica para mais um dia de trabalho.

—Olha só quem resolveu voltar ao trabalho.- Thomas disse sorrindo assim que entrei na sala em que dividíamos.-E então, como foi a lua de mel?

—Foi boa. E como andam as coisas por aqui?- questionei tirando meu casaco e o paletó antes de ir para a minha mesa.

—As coisas andam bem. E como está a mais nova Sra. Redford? Seu pai me falou que ela ficou doente.- Thomas questionou preocupado.

—Graças a Deus, Teodora está bem.- disse e ele concordou enquanto voltávamos a trabalhar.

Afinal, as papeladas da fabrica haviam se acumulado, apesar de Thomas ter feito o máximo para que isso não acontecesse em minha ausência.

Depois de um longo e cansativo dia de trabalho, meu pai e eu fomos para casa, e durante o trajeto lhe contei como Thomas havia cuidado das documentações da fabrica com extrema dedicação, e tal comentário alegrou meu pai, pois ele sempre soube que podia confiar no meu amigo.

Assim que cheguei em casa fiquei surpreso ao ver minha esposa ao lado de sua dama de companhia cuidando do jardim. Minha mãe nunca havia conseguido encontrar um jardineiro que cuidasse das rosas de minha avó com o mesmo zelo e dedicação que ela cuidava. Desde a sua morte, suas flores nunca mais foram às mesmas.

E ver uma jovem de origem nobre, se sujando na terra sem se importar com os comentários alheios, era espantoso.

—Teodora?- chamei assim que me aproximei dela e a mesma se assustou quando me viu.

—James, não sabia que chegaria tão cedo.- ela disse nervosa enquanto tentava disfarçar o que estava fazendo.

—Não tinha tantas coisas para fazer, pois Thomas adiantou tudo. Mas é você, o que está fazendo?- questionei curioso e ela olhou para Julia e depois para mim , como se não soubesse o que dizer.

—Eu... Nós... Estávamos...- ela sussurrou perdida enquanto pensava em uma explicação.

—Julia, pode nos deixar a sós, por favor.- pedi e as duas me olharam nervosas.

—Me desculpe senhor, mas só irei se minha senhora quiser.- Julia disse nervosa por minha reação.

—Eu compreendo. Mas garanto que sua senhora está segura comigo, não farei nada.- garanti e ela olhou para minha esposa que concordou.

Esperei Julia nos deixar a sós antes de começar a conversar com minha esposa.

—Não sabia que você entendia de flores.- disse surpreso e ela me olhou nervosa.

—Aprendi no convento, pois lá tínhamos tarefas. Podíamos ter origem nobre, mas lá todas eram iguais e deviam fazer algo.- ela se justificou apreensiva.- Estava cansada de não fazer nada, e além do mais sua mãe e Caetana já tem uma rotina na cozinha e não queria atrapalhar isso, então me ofereci para cuidar das flores. Mas se isso não lhe agradar , prometo que não farei mais, e tentarei me ocupar com outros passatempos.

—Você gosta de cuidar das flores, Teodora? Me diga a verdade e não o que acha que eu quero ouvir.- pedi e ela concordou.

—Sim. Gosto de cuidar delas.

—Pois bem, continue cuidando. Não quero que pense, ou fale, ou faça apenas o que acha que espero de você. Está é a sua casa e aqui pode fazer o que gostar sem se importar com o que as pessoas acham. Só quero que seja feliz.- disse e ela sorriu antes de me abraçar com força.

—Obrigada.

—Não precisa agradecer querida, só quero que seja feliz.- disse antes de beijar seus cabelos.- Agora, que tal se fossemos entrar, afinal está tarde. Logo, Caetana irá servir o jantar.

—Tem razão.- ela disse se afastando de mim.- Mas fomos convidados pela Sra. Scott para um jantar em sua casa.

—Por quê?- questionei confuso, afinal Alexandrina e a mãe me odiavam.

—A Sra. Scott disse que sua filha gostaria de me pedir perdão pelo que houve em nosso casamento. E achei que deveria dar uma segunda chance a Srta. Scott. Por acaso fiz mal?

—Não querida. Agora vamos nos arrumar, se não chegaremos atrasados.- disse e ela concordou antes de entramos.

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Assim que todos estavam devidamente prontos fomos para a casa da Sra. Scott que nos recebeu muito bem. Alexandrina se aproximou de minha esposa e lhe pediu desculpas por seu comportamento no dia do nosso casamento, e também a elogiou inúmeras vezes sobre a sua aparência, além de relatar o quanto ficou preocupada quando soube de sua doença. A mesma disse que havia rezado por minha esposa, que agradeceu comovida por sua preocupação.

Teodora podia ter acreditado em Alexandrina, mas eu não.

Sabia do que ela era capaz.

Afinal, quando éramos crianças, Alexandrina fez um escândalo porque minha irmã havia ganhado a mesma boneca que ela. Meu pai teve que trocar a boneca por outra apenas para não ficar mal com seu amigo, o pai dela.

Mas no fundo sabia, que meu pai fez isso apenas para se livrar dos ataques da filha mimada de seu amigo.

—Que bom que o encontrei aqui fora.- Alexandrina disse assim que apareceu na varada da sua casa onde me encontrava.- O que faz aqui fora?

—Estou farto do seu teatro lá dentro. O que realmente pretende com a nossa presença aqui?- questionei direto.

—Só queria me desculpar.

—Não acredito. Se não se lembra crescemos juntos, e você jamais desiste de algo.- a lembrei e ela sorriu suave.

—Que bom que não se esqueceu disso.- ela sussurrou antes de me beijar.

—O que está acontecendo aqui?- ouvi Teodora dizer seria e me separei de Alexandrina .

E naquele momento entendi o real motivo daquele jantar.


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