3 anos depois...

Bella espremeu-se entre os bancos da frente do carro e com um pouco de dificuldade, afastou as duas crianças que brigavam no banco de trás. Era a quinta vez que ela fazia aquilo em menos de trinta minutos.

—Ou vocês param com isso ou jogo os dois para fora do carro.

—Foi ele que começou vovó. – Vanessa apontou.

—É mentira! – Peter Adam defendeu-se. – Ela que me empurrou primeiro.

—Não me interessa quem começou, quero saber quem vai terminar isso. – Bella voltou ao lugar e apreciou por quinze segundos o momento de paz, até que teve que repreender as crianças novamente. – Da próxima vez vão em carros separados. – ameaçou e os dois pararam com a briga.

—Não, mamãe. A gente vai ficar quietinhos. Prometo. – Peter Adam ergueu a mão esquerda.

As crianças, apesar de passarem metade do tempo brigando, se davam muito bem e viviam aprontando algo e deixando os pais e avós de cabelos em pé.

Os Swan e os Cullen iriam passar o final de semana na recém comprada, casa de campo. Era um momento para que as famílias pudessem descansar e desfrutar da paz e sossego do interior. Pelo menos, fora esse o discurso usado por Edward para convencê-los a embarcar nessa aventura.

—Não sei o porquê de ter concordado com isso. Já estou me arrependendo amargamente. – Bella tinha finalmente dando um fim na briga das crianças e agora cada um deles estava assistindo desenho em telas separadas.

—Calma, amor. – Edward colocou a mão na coxa da esposa. – Vamos nos divertir muito e vai ser bom para as crianças curtirem um pouco a natureza.

—Ninguém quer curtir a natureza. – reclamou revirando os olhos.

—Aposto que vai mudar de ideia quando ver para onde vou te levar. – Bella o olhou curiosa. – Envolve nós dois com pouca ou nenhuma roupa e sozinhos. – sorriu malicioso e foi o bastante para Bella relaxar.

—Vou te dar o benefício da dúvida então, baby. – sorriu e depois se virou para separar a nova briga que havia começado. – Pisa fundo, querido.

[...]

—Como foi à viagem? – Emily perguntou pegando a filha no colo.

—Muito legal. – as crianças responderam juntas.

—Terrível. – Bella e Edward responderam juntos.

—Pelo visto deram muito trabalho. – Luke estava descarregando as coisas do carro e Edward foi até ele para ajudar.

—Vocês chegaram. – Maia correu para abraçar a família.

—Está comendo direito? Está tão magrinha. – Bella a apertou em seus braços. Maia estava morando em Chicago e não via a família há cinco meses.

—Maia. – Peter Adam e Vanessa pulavam ao redor dela.

—Meus pequenos bagunceiros. – ela os apertava com força e eles davam pequenos gritos de protestos, mas estavam amando aquilo. – Estava morrendo de saudades.

—Eu não ganho abraço? – Emily perguntou fazendo bico.

—Sua chata. É claro que ganha. – as duas pularam abraçadas no lugar. – Como vocês estão? O pessoal já chegou. Estão lá nos fundos.

—Estamos ótimos. Consegui um estágio. – Emily falou toda orgulhosa. Ela tinha voltado a estudar e fazia psicologia.

Emily e Luke estavam na faculdade e os dois trabalhavam. Luke ainda trabalhava na loja de artigos esportivos do pai. Edward havia deixado a maior parte do serviço para o filho e decidiu ficar mais tempo em casa cuidando do filho menor e da neta. Bella também havia diminuído um pouco a carga horária de trabalho para passar mais tempo com o marido e com os pequenos. Os pais deles acharam uma loucura no começo, Renée havia perguntando quem sustentaria a família se os dois parassem de trabalhar, mas eles estavam felizes com a escolha deles e ainda continuariam a trabalhar, só haviam diminuído um pouco o ritmo.

Renée e Esme viviam aos trancos e barrancos e os demais perderam as esperanças de que elas pudessem um dia esquecer o passado e pararem de brigar. Ao contrário delas, Charlie e Carlisle se tornaram melhores amigos e saiam bastante para pescar e ir a diversos jogos. Essa era uma forma de fugir dos lamentos das esposas e assim também, evitavam ter que tomar partido e entrar nas discussões delas.

Sebastian havia se mudado a pouco mais de seis meses para Chicago. Ele tinha terminado a faculdade e queria ficar perto da namorada. Bella e Edward não gostaram nada de ver os dois morando juntos, mas não podiam criticá-los quando Luke e Emily faziam o mesmo. Embora os dois planejassem se casar no final do ano. Já Maia e Sebastian ainda não haviam tocado no assunto casamento.

—Isso é maravilhoso Ems. – Maia abraçou a irmã e as duas seguiram cochichando pela casa afora.

—Vem Nessie. – Peter Adam segurou a mão da sobrinha e dos dois saíram correndo.

—Estou de olho em vocês crianças. – Bella avisou, mas foi completamente ignorada.

Sem alternativa, ela deixou que os dois aproveitassem e brincassem a vontade. Sorriu para eles e levou as mãos ao peito. Ela amava muito os dois, e para ela, Nessie também era sua filha. As crianças ainda não entendiam muito bem a situação deles e muitas vezes eles acabavam dizendo e achando que eram irmãos. Tanto que Nessie chamava Bella de mãe e Edward de pai. Luke e Emily ficavam com um pouco de ciúmes, principalmente porque Peter Adam nunca os chamou de pai e mãe.

—Você tem que me obedecer, eu sou o seu tio. – Peter Adam sempre que queria se impor, se lembrava que era o tio de Nessie.

—E eu sou mais velha que você. Você que deve me obedecer. – Bella se aproximou dos dois que brigavam perto do carro.

—Tudo bem por aqui? – colocou as mãos na cintura.

—Eu disse que vamos brincar de carrinho e a Nessie não quer. – Peter Adam cruzou os braços indignado.

—E eu disse que vamos brincar de boneca. – Nessie retrucou.

—Eu mereço. – Bella levou as mãos ao rosto. – Vamos primeiro ver os vovôs e as vovós e depois vocês decidem isso. – apontou para a casa e eles deram as mãos para ela e caminharam em silêncio. – Por que não podem ser assim o tempo todo, hein?

—Porque somos doidos. – Peter Adam respondeu e Bella riu.

—Quem disse isso? – ela tentou soar séria.

—Todo mundo. O papai Luke disse que somos uma família muito doida e que não somos normais. Nós somos doidos vovó? Não quero ser doida.

—Então nasceu na família errada querida. Bem, nós não somos doidos no sentido literal da palavra, só somos um pouco diferente das outras famílias.

—É por que a gente briga muito? – Nessie perguntou olhando para a avó.

—Também. Temos uma história bem engraçada, um dia, quando estiverem maiores, conto para vocês.

—Legal. – os dois comemoraram. – Vovós, vovôs. – os dois se jogaram nos avós que os encheram de abraços e beijos.

—Olá para todos. Mãe, Esme qual o status de hoje: amigas ou inimigas? – perguntou com um sorriso irônico.

—Muito engraçado querida. – Renée deu um beijo na filha. – Esme e eu só tempos alguns divergências.

—Vocês gritam e brigam sempre. – Peter Adam apontou e Bella apenas concordou com o filho.

—Até eles já perceberam.

—Certo. Vamos tentar sermos mais amigas do que inimigas. – Esme prometeu.

—Me engana que eu gosto. – Luke murmurou.

—O que você disse garoto? – as duas perguntaram juntas o encarando.

—Eu disse: minhas avós queridas que eu gosto tanto. – abriu os braços e foi ignorado por elas. – Sabe, gostaria de fazer uma reclamação formal. Só porque cresci não quer dizer que não preciso de um pouco de carinho e atenção.

—Já começou a sessão reclamação. – Edward abraçou a mãe e a sogra. – Oi pai, tudo certo aí? – Carlisle estava comandando a churrasqueira.

—Tudo certo. Já estava esperando vocês chegarem para começar a assar a carne.

—Ótimo, estou com fome. – Luke levou às mãos a barriga.

—Quando é que você não está com fome garoto?

—Até você vovô? – reclamou indo sentar a beira da piscina.

—Podemos nadar papai? – Vanessa pulou nele.

—Também quero. – Peter Adam pediu cutucando o irmão mais velho.

—Tudo bem então. – ele pegou as crianças no colo.

—Nada de pular de roupa na piscina. – Bella alertou.

—Oi família. – Sebastian os cumprimentou.

—O que ele faz aqui? – Edward olhou torto para o genro.

—Pai, ele é meu namorado, onde mais estaria? – Maia passou os braços em volta dele.

—Longe daqui. – retrucou irritado. Ele ainda não tinha superado o fato deles estarem morando juntos. O que era quase irracional, já que ele não tinha se oposto a Luke e Emily morarem juntos, mas ele alegou que conhecia Luke muito bem, já Sebastian, ele não o conhecia direito e não sabia quais eram as intenções dele.

—Amor já conversamos sobre isso. Nada de pegar no pé deles. Supere isso.

—Isso mesmo. Supere, principalmente porque tenho uma novidade. – todos a encararam. – Vamos ter um bebê. – enquanto Maia exibia um sorriso enorme, Sebastian suava ao lado dela.

—Luke, pega a arma do seu avô que vou matar esse garoto. – Edward ameaçou.

—É para já pai. Vovô cadê a arma?

—Arma? Não quero morrer. – Sebastian saiu correndo.

—Corre não, garoto. – Luke avisou correndo atrás dele.

—Está no meu quarto. O segundo a direita.

—Chega! – Bella gritou os assustando. – Ninguém vai atirar em ninguém aqui. Maia venha até aqui. – pediu e a garota se aproximou da mãe. – Está mesmo grávida?

—Sim, mãe. Sei o que vai dizer, mas estou muito feliz com a notícia e queria que vocês nos apoiassem. – Bella suspirou e puxou a filha para um abraço.

—Então meus parabéns. Seu pai ficaria tão feliz com isso. Ele sempre quis ser avô. – Bella secou as lágrimas que rolavam.

—Tudo bem, mãe. Tenho o Edward para exercer essa função e ele é um avô incrível. – sorriu para ele.

—Não é por nada não, mas eu sou mesmo um avô incrível, um pai incrível também e um marido... – piscou para Bella.

—Já entendemos você é todo incrível querido. Agora manda o Luke parar de correr atrás do Sebastian. – rosnou para o marido.

—Luke. – Edward soprou o apito. – Deixa ele em paz, seu sobrinho vai precisar do pai vivo.

—Tem certeza? – enquanto Sebastian arfava enquanto corria, Luke parecia que estava andando e não correndo. Seus anos como atleta o tinha deixado em forma, fora muito triste quando ele se machucou e teve que encerrar a carreira como jogador profissional.

—Tenho? – Edward perguntou olhando para a esposa.

—Sim, você tem certeza. – ela resmungou.

—Sim, tenho certeza. Pode deixar ele em paz. – Luke já estava no encalce do cunhado e deu um tapinha nas costas dele.

—Se livrou por pouco cara. – avisou correndo de volta para a piscina.

—Se eu não te amasse tanto, Maia, não aguentaria a sua família. – Sebastian resmungou aproximando dela.

—Não fale mal da minha família ou eu mesma pego a arma e acabo com você. – o ameaçou.

—Os hormônios já estão com tudo. – Emily riu. – Boa sorte.

—Maia vai ter um bebê? – Nessie perguntou olhando para ela. – Como um bebê foi parar na barriga dela?

—Filha, quer nadar? – Luke a pegou no colo.

—Eu quero saber. – pediu rindo.

—Eu também quero. – Peter Adam exigiu. – Coitado do bebê dela.

—Por que coitado? – Edward perguntou ao filho.

—Porque essa família é muito doida, mas eu amo todo mundo aqui.

—E nós também te amamos querido. Amamos todo mundo aqui. Somos fora do normal, é claro, mas somos uma família maravilhosa. – Edward completou.

—Somos sim. Quem quer churrasco? – Carlisle perguntou e recebeu vários gritos de confirmação.

—Mais um bebê para família. – Edward puxou Bella para seus braços.

—Conheço muito bem esse olhar. Dá última vez ele veio acompanhando de um: vamos ter um bebê então. – imitou a voz dele.

—Ei, eu não falo assim. – fez cócegas nela. – Mas se você quiser, podemos ter mais um bebê.

—Corta essa, amor. Chega de bebês para nós dois. – ela foi categórica.

—Podemos ficar só com a parte do treino então? – começou a beijar o pescoço dela.

—É claro que podemos. – depositou um beijo nos lábios dele. – Sabe Edward, acho que não poderia estar mais feliz.

—Tenho que concordar com você, amor. Estamos juntos e misturados e isso é tudo o que importa. Agora vamos lá comer e depois iremos dar um passeio e ver as maravilhas da natureza. – sorriu maliciosamente para ela.

—Vamos lá, então. – sorriu de volta e foram até a família que falavam alto e ao mesmo tempo, mas que exibiam sorrisos animados.

“Juntos somos mais fortes; Misturados somos imbatíveis!”

Mauro Mesquita