Sintonia escrita por kelzinha


Capítulo 9
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Chegando o capítulo 8 na versão 2.0. Revelando detalhes que Nataly não contou... Venha Luke!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/750445/chapter/9

LUKE

 

Entrei no meu quarto do hotel com um sorriso que mal cabia em meu rosto. Rapaz! Eu não podia acreditar que Nataly Brooken estava mesmo com ciúmes de mim. Quer notícia melhor do que essa? Sorri de novo. E de novo, de novo, de novo...  E eu não conseguia deixar de fazer isso.

Peguei meu celular e… Jesus Cristo! Eu nunca seria capaz de ler todas aquelas mensagens. Meu Whatsapp travou três vezes antes de eu conseguir abri-lo. Eram mais de quinhentas conversas não lidas. Deixaria para tentar fazer isso amanhã durante o longo vôo que eu teria de volta para Campina Grande.

Abri o meu Instagram e fiquei paralisado. Acho que passei no mínimo uns dez minutos, com cara de “fuinha”, na posição “vaca de presépio”, só mirando a tela do celular na tentativa de entender o que estava acontecendo. Era sério isso, bicho? Eu tinha quarenta mil seguidores a mais do que há seis horas atrás?

Logo após aquele abraço cheiroso, gostoso e cheio de significados que troquei com Nataly Brooken no estúdio, momentos antes nos trocarmos para o jantar, eu postei em meu Instagram a imagem de um boomerang que o Alan fez no início da nossa apresentação. Deixei uma legenda querendo saber quem havia curtido a dança de estréia. Essa publicação já estava com mais de quinze mil curtidas e três mil comentários. Eu nunca havia tido tantos comentários e curtidas antes em minhas postagens. Minha cabeça não parava de girar. Eram muitas coisas acontecendo juntas e ao mesmo tempo.

Encostei-me na larga cabeceira da cama e liguei a TV num canal de notícias qualquer, apenas para quebrar o silêncio do quarto, enquanto tentava colocar as idéias no lugar. Comecei repassando todos os acontecimentos após nossa dança na minha cabeça novamente.

 

Nataly saiu tão esquisita do estúdio aquela noite. Nem parecia a mesma pessoa que havia me abraçado instantes atrás e dito que sentia orgulho de mim. Seus olhos estavam distantes e queriam a todo custo, tentar me evitar. Nataly passou reto por mim na calçada e se apressou para entrar na van, juntamente com sua amiga, a bailarina doidinha.

Zuken e eu ficamos fazendo “cachorradas” na porta ao lado de fora, esperando até que todos entrassem no veículo. Como fui um dos últimos e não tinha mais lugar na parte de trás da van, abri a porta dianteira e me acomodei no banco duplo de passageiro ao lado do motorista. Eu queria mesmo era me sentar juntinho de Nataly, mas como a bailarina aparentemente estava me evitando e bem acomodada na janela ao lado de May, decidi aproveitar o largo e espaçoso banco da frente.

Eu estava começando a respirar paz e tranquilidade quando a parceira de dança do Josh, apareceu repentinamente atrás de mim e pulou do meu lado, dando-me um baita susto ao quase cair sentada no meu colo.

— Jesus! - exclamei com a mão no coração ao encarar a imagem da mulher.

— Oi Luke! - disse sorridente. - Que legal que sentamos juntos, assim podemos nos conhecer melhor, não é mesmo? -  e a partir daí, eu já não a ouvi mais. Eu juro, a bailarina ficou falando o caminho todinho que Deus deu do meu lado. Quando Josh uma vez mencionou que ela era chata, eu não imaginei que fosse tanto, coitado. Quase ergui a mão para o céu em agradecimento pela minha ser uma princesa. Jennifer ria histericamente, até do “aham” que eu dizia sem de fato prestar atenção no assunto da conversa. Em um determinado momento, cheguei a me perguntar se a parceira de Josh havia fumado algo para estar tão arretada daquele jeito. Na minha cabeça, eu só queria entender o estranho comportamento de Nataly Brooken.

Uma enorme tensão se instalou dentro de mim ao imaginar o que eu poderia ter feito de errado à ela.Tensão essa, que não consegui nenhum pouco disfarçar quando lhe perguntei o que estava acontecendo. Sei que fui precipitado em meu questionamento e que eu não tinha o menor direito de exigir que Nataly Brooken ficasse perto de mim em tempo integral, mas a necessidade que meu corpo sentia da sua presença estava ficando cada vez mais incontrolável. Também tentei não ficar chateado quando a bailarina deixou claro, nas entrelinhas de sua curta e direta resposta, que o nosso relacionamento era estritamente profissional, entretanto, falhei miseravelmente.

Ainda estávamos andando lado a lado a caminho do bar, quando a parceira de Josh surgiu do nada  novamente, como se tivesse sido brotada da terra. Rapaz, fiquei “apurrinhado” quando a bailarina se enfiou no meio de nós para me mostrar algo em seu celular. Eita, “mulé” intrometida! Não disfarcei minha cara de “butico” quando a mestiça esticou o braço mostrando-me uma foto de calcinha e sutiã e perguntou o que eu achava daquilo. Olhei para a cara de Nataly totalmente confuso, porém, a loira saiu andando nos deixando para trás. Não entendi nada sobre o questionamento da morena. Eu, hein? Desde quando eu era estilista para dar opinião sobre moda?

— Ainnnn “miga” não sei não, mas acho que esse modelito vai ficar cavado demais no meu boga, não acha? - Descontraidamente, arrebitei minha bunda e afinei a voz, imitando Pabllo Vittar. O que levou todos que estavam próximos a nós, às gargalhadas. May, a amiga doidinha de Nataly, até se curvou no chão com a mão na barriga de tanto rir.

— Luke, eu te conheço pouco, mas já te considero pacas, cara! - disse a doidinha, sem parar de rir. Só por ser amiga de Nataly, eu já tinha bastante apreço por ela também. - Olha, virei sua fã… - May fez um sinal de jóia com o polegar e seguiu rindo em direção ao bar juntamente com a Anne, parceira de Zuken. A mestiça ao meu lado encarou-me com um risinho sem graça, demonstrando que aquela, não era bem a resposta que queria ter ouvido. Eita, mulher estranha, rapaz!

O pior de tudo era que ela parecia um chiclete grudado na minha sola. O ápice do meu desespero se deu no momento em que a parceira de Josh olhou pra mim e, simplesmente, informou que havia reservado um lugar na mesa ao seu lado, alegando querer continuar um assunto comigo que eu não fazia a menor idéia do que se tratava. Deus, meu pai, todo poderoso, me ajuda! Busquei com os olhos a minha única fonte de salvação na terra. Sim, Nataly Brooken. Ela era minha parceira e não ia me deixar na mão, certo? Errado. Assim que a loira encontrou meus olhos suplicantes, sua bexiga resolveu manifestar a necessidade repentina de descarregar o líquido ali existente, largando suas coisas com May e informou que precisava ir ao banheiro. Ah, sua sem vergonha, isso ia ter volta.

À contragosto, revirei os olhos e acabei me sentando naquele lugar mesmo. Saco! May Anderson, só ria.

— Luke. - chamou a doidinha. - Conhece aquele ditado, uma mão lava a outra? - olhei de cenho franzido para a amiga de Nataly, sem entender o que ela queria dizer com aquilo. May não respondeu nada, apenas me mandou uma piscadinha e abriu um sorriso perverso no rosto, colocando as coisas de Nataly na cadeira que estava de frente para a minha. Ainda sem entender a intenção dela com aquilo, me virei para conversar com Cristian, sua esposa e a bailarina chata. Em corpo eu estava ali, mas, minha mente estava em outro lugar. Não precisei ouvir o alerta de May para saber que Nataly estava de volta à mesa. Todos os meus sentidos já se direcionava para ela. E não contive o sorriso em meu rosto ao me virar e constatar o que eu já sabia. Nataly Brooken realmente estava ali. Meus olhos fixaram-se nos seus e assim como aconteceu naquele palco durante a dança, tudo ao redor de nós desapareceu. E eu deveria estar com a maior cara de babaca admirando toda aquela beleza, porque algo em mim a fez sorrir de volta. Nataly Brooken sempre rompia todas as minhas defesas com aquele sorriso.

May Anderson sussurrou alguma coisa para Nataly que, instantaneamente, a fez quebrar nosso contato visual para direcionar um olhar mortal para a amiga. May não pareceu se importar muito com isso.

Jennifer Mason além de ser chata pra caramba, não tinha muita noção de espaço, porque passou a noite toda se esbarrando em mim. Teve um momento que até simulei uma espreguiçada genuína com os braços e dei uma afastadinha na cadeira, porém, quando eu menos percebia, lá estava a espaçosa quase sentada no meu colo de novo. De verdade, eu estava começando a desconfiar que Jennifer estava sob o efeito de álcool. Engraçado que ela só estava bebendo suco e comendo mato. Será que o garçom batizou o suco dela com vodca?  

Por mais que eu me esforçasse para disfarçar (mentira, que eu não me esforcei nadinha), não fui capaz de esconder minha obsessão por Nataly Brooken. É, eu literalmente  estava obcecado naquela “mulé” e em tudo que ela fazia. Fui pego no flagra várias vezes por seus lindos olhos castanhos, enquanto eu a encarava e não me importei. Eu passaria uma semana inteira sem vê-la e queria extrair o máximo que eu conseguisse de sua beleza aquela noite. Eu estava decidido a demonstrar meu interesse por ela, só iria esperar o momento certo para fazer isso.

Foi num desses momentos em que, casualmente, a observava que notei algo diferente. Logo após Jennifer Mason falar algo sobre convidar-me para as noites de São Paulo, Nataly semicerrou os olhos com uma nítida careta de insatisfação, ao puxar bruscamente, um cardápio de cima da mesa.

Ela parecia bem dispersa em seus próprios pensamentos enquanto folheava o objeto em suas mãos, murmurando frases desconexas ao fazer umas caras e bocas engraçadas. Nataly de fato não estava lendo coisa alguma na lista de opções a sua frente, até porque era impossível ela fazer isso, já que o cardápio estava virado de cabeça para baixo.

Eu observava toda aquela cena com um sorriso bobo no rosto. Nataly Brooken era uma mulher tão diferente do que eu imaginava... Eu ainda estava me divertindo com aquilo tudo quando, repentinamente, Jennifer gargalhou dizendo algo pra mim que chamou a atenção de Nataly. Com um bico lindo nos lábios e o olhar fuzilante de uma serial killer, a bailarina ergueu a cabeça na direção da mestiça. Em seguida, se virou pra mim e acabou me flagrando mais uma vez com os olhos vidrados nela, porém não disse nada. Um dos garçons que estavam nos atendendo, se aproximou por trás de Nataly com seu bloco de notas na mão e perguntou se ela queria fazer algum pedido. Nataly parecia tão aborrecida com Jennifer que continuou resmungando com o cardápio sem nem dar atenção ao coitado do rapaz que batia, impacientemente, a caneta em seu bloquinho. A cara de medo do garçom quando percebeu a bailarina conversando com o cardápio de ponta cabeça, foi impagável. Os olhos de Nataly brilhavam genuinamente infantis, enquanto ela pedia ao garçom cheeseburguer, milk shake e batata frita. Ela era linda demais, Jesus.

— O que foi? - perguntou com irritação ao perceber que eu a observava. Ela percorreu o olhar pela a parceira de Josh de novo e voltou a olhar pra mim, emburrada.

— Você não cansa mesmo de me surpreender, não é Nataly Brooken? - eu só sabia admirá-la.

— Eu? Por quê?

— Não sabia que bailarinas como você, comiam lanches gordurosos com batatas fritas e tomavam milk shakes cheios de calorias. Sempre imaginei vocês com frescuras, consumindo apenas brócolis com salada. - encarei o prato da chatinha ao me lado. - Ainda mais depois que vi você toda pagando pau de musa “fitness” no seu Instagram. - brinquei mais para disfarçar mesmo. Porque só de lembrar das fotos de Nataly com roupas de academia no Instagram, já me dava calafrios.

— Mas, EU SOU fitness. - afirmou pegando uma batata frita do prato da amiga.

— É… Estou vendo, Nataly Brooken... Estou vendo… - um dia eu ainda mostraria para o Brasil quem era a verdadeira “Nataly Fitness Brooken”. Deixe-a comigo...

 

A noite estava seguindo normalmente, Jennifer Mason, graças a Deus, tinha largado um pouco do meu pé para “azucrinar” a coitada da esposa de Cristian. E eu, estava bem tranquilo só admirando minha paisagem que parecia um “javalizinho” comendo tudo que tinha na sua frente.  Estava tudo ótimo até que ouvi a mestiça desdenhar o trabalho de Nataly, no momento em que alisava meu braço. Eu nunca gostei de ser indelicado com ninguém, principalmente, com uma mulher. Em minha família tanto “painho” quanto “mainha” sempre nos ensinaram os princípios da gentileza. E foi somente pensando nessa educação, que eu fui capaz de controlar a minha raiva. Jennifer poderia falar o que quisesse de mim que eu não ia me importar, mas, ouvi-la falar tantas abobrinhas a respeito de Nataly me tirou do sério. Mentalmente, contei até dez ao retirar, com delicadeza, suas mãos do meu braço, a pousei em cima da mesa e parti em defesa de Nataly.

… - O maior sortudo aqui sou eu, por ter caído com a mais linda e competente professora dessa competição. - foram as minhas mais sinceras palavras finais para a parceira de Josh. Eu jamais deixaria alguém menosprezar o trabalho de Nataly Brooken na minha frente. Nesse momento, Nataly pareceu levar um choque na cadeira ao dar um salto, fazendo malabarismos no ar, enquanto tentava não deixar cair o lanche em suas mãos. May estava com a cara completamente roxa ao seu lado tentando, inutilmente, prender o riso com os lábios, disfarçando sua culpa. Segurei o riso também. Jennifer pareceu entender o recado e, imediatamente, se levantou meio “fula” da mesa dizendo querer ir ao banheiro.

Jennifer Mason apesar de ser fisicamente muito bonita, não tinha a menor chance de conseguir algo comigo. A balança entre ela e a “musa fitness do duplo cheeseburguer” a minha frente, chegava ser até humilhante. Para ser sincero, acho que essa balança não seria justa com mais ninguém, se em um dos lados estivesse Nataly Brooken para disputar comparações. A bailarina comia aquele lanche com tanto gosto que chegava a dar inveja. Minha vontade era de me virar para ela e dizer, “Ei, chama-me de cheeseburguer e me morda todinho, gata”. Mas, obviamente, que não falei nada, porque eu tinha amor a vida. Então, só fiquei observando mesmo e imaginando como seria morder aquela boquinha rosa. Ela percebeu.

— Oh meu Jesus! O que foi agora, Luke? - disse com “brabeza”. - Se vai querer um pedaço, pede logo. - Ah… Se eu queria um pedaço? E como eu queria…

— Hm… Se eu pedir, você vai me dar? - analisei aquela boca sugestivamente, ao abrir um sorriso sacana. Nataly, receosa, esticou o lanche na minha direção.

— Toma. Mas não morde tudo, porque ainda estou com fome. - fez aquele bico de novo. Ela era muito fofa, Jesus Cristo! Ri alto. Controle-se, Luke Stewart.

— Não estou falando do seu lanche, Nataly... Obrigado. - eu não conseguia parar de sorrir.

— Do que então? - falou inocente.

— Acho que, por ora, vou deixar essa resposta por conta dos seus pensamentos… - pisquei um olho para ela, deixando-a sem graça.

— Não estou te entendendo, Luke.

— Vamos combinar assim? Você só pensa na resposta dessa pergunta. “Se um dia eu te pedir, você vai me dar?”. Não precisa me responder nada agora. No momento certo, eu saberei sua resposta... - e a partir daquele instante, minha vida seria vivida no calendário, contando os dias pela chegada desse “momento certo”.

 

Sacudi a cabeça voltando para a realidade do meu quarto de hotel e para a lembrança do momento exato em que a minha ficha caiu desconfiada de que Nataly Brooken pudesse realmente estar com ciúmes de mim, por causa da parceira de Josh.

Todo o comportamento dela durante o jantar, os olhares raivosos direcionados a mestiça e as suas mãos que não saiam do meu braço… A fisionomia de Nataly quando eu a provoquei, abraçando-a e sussurrando em seu ouvido o quanto ela ficava linda com ciúmes...

Tudo parecia se encaixar na minha cabeça. Quer dizer então, que Nataly Brooken tinha um lado possessivo? Com essa informação em mãos, eu tinha deixa perfeita para iniciar o meu plano de conquista. Apesar de Nataly ter me evitado durante à noite, eu agora sabia que a bailarina não era tão imune assim a mim como gostaria. Eu não estava ficando louco sozinho com essa “coisa” toda que estava rolando entre a gente. Eu sabia exatamente o que fazer para provocar a bailarina. Essa semana em Campina passaria arrastada, já estava até vendo. Eu nem tinha ido viajar ainda e já não via a hora de voltar para os nossos ensaios. Nataly Brooken havia se tornado um vício sem cura. Tudo que eu mais queria era encontrá-la novamente para botar o meu plano em prática. Se eu não conquistasse aquela bailarina com o forró, eu não a conquistaria nunca mais. Eu estava na minha praia e faria de uma vez por todas Nataly Brooken entrar no meu ritmo.

Agora era só esperar e rezar para que o meu São João, nos ajude!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Instagram da Fic: @sintonia_fic



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sintonia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.