Sintonia escrita por kelzinha


Capítulo 6
Primeira Semana


Notas iniciais do capítulo

Ei psiu? Desculpem o atraso ta? Vamos lá!



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Eu ainda estava rindo sozinha quando May chegou em nosso quarto naquela noite. Aliás, acho que nunca ri tanto na minha vida em apenas um dia.

— Aiiiiinnnn marida, estou tããão cansada. - disse a loira se jogando na cama ao meu lado. - O Nick é mais duro que o Robocop, vou ter um trabalhão danado pra fazer aquele gatinho remexer o bumbum… - sorriu abertamente. May estava adorando tudo isso. - E ai, qual foi a música que você escolheu para o baladão?

— Give It Up do KC & Tur Sunshine Band e você?

— Ah, eu simplesmente amo essa música! Eu escolhi The Emotions, a música Best of my Love, o que acha?

— É a sua cara! Vocês vão arrasar marida, tenho certeza. - falei empolgada demais. Eu não conseguia disfarçar o meu bom humor e muito menos passar despercebida aos olhares inquisidores da minha amiga. May me olhou com aquela cara maliciosa que eu já conhecia bem. Só fiquei esperando ela abrir a boca. Porém, ela não disse nada. Apenas continuou me encarando com um riso preso nos lábios e sacudiu a cabeça algumas vezes na minha direção. Quanto mais eu me esforçava para não sorrir, menos sucesso eu tinha. Perdi a paciência.

— Ahhhhh fala logo, May! O que quer ouvir? - revirei os olhos manifestando minha derrota. Ela se aproximou de mim e começou a me farejar como se fosse um cachorro em busca de comida.

— Humm… Ė impressão minha ou estou sentindo um cheirinho de “May você tinha razão” por aqui? - disse toda cheia de si. Eu, obviamente, fiz a “louca”.

— Do que você está falando?

— Eu??? Diga-me você. Do que estou falando Nataly? - a cretina não tirava o sorriso vitorioso do rosto. Continuei me fingindo de desentendida. Eu era boa nisso.

— Você sabe muito bem que essa cara de “pêssega” desentendida não cola comigo, dona Nataly. Se quiser, eu posso esperar aqui à noite toda você assumir que eu tinha razão e que o Luke Stewart é um cara legal. Estou sem sono mesmo… - ela deu de ombros, fingindo analisar as unhas.

— Oh Cristo! Por que a produção do Fred não te colocou pra dormir no quarto com a Mason, hein? Não vou aguentar morar com você por muito tempo...

— Credo! Nem brinca com essas coisas… - May deu três batidas na madeira da cabeceira da cama. - Eu estou com dó da Anne, coitada. Não vai nem precisar passar pelo purgatório no dia do juízo final, já garantiu passagem direto pro céu. - Anne tinha sido selecionada para ficar com a Jennifer Mason na divisão dos quartos. A Carol caiu com a Naty Black e a May, comigo. Anninha tinha nos enviado uma mensagem de manhã dizendo que se por acaso matasse a Mason, iria querer bolo de chocolate na cadeia. - Agora para de desviar o assunto e me conta. Como foi o seu primeiro dia de ensaio com o Luke? - como se estivesse em modo automático, minha boca alargou um sorriso com a simples menção ao nome dele.

— Ah o Luke é maluco igual a mim, então, acho que vai dar tudo certo... - falei despretensiosamente. May fez uma careta de insatisfação. Não era isso que ela queira ouvir. Bufei. - Ok, May Anderson. Você venceu, o Luke é um cara legal, está bem? Pronto, falei. - assumi, atacando meu travesseiro em cima dela.

—Aaaahhhh agora siimmm! Vem comigo que você passa de ano, marida. Aprenda uma coisa, May Anderson SEMPRE tem razão. - dito isso, ela se levantou da cama e saiu dançando em direção ao banheiro. Ás vezes eu tinha dúvidas se a May era mesmo desse planeta.

 

Aproveitei a ausência de May para pegar meu celular. Abri meu Instagram e sorri. Luke havia postado em sua página a imagem de um “boomerang” que fizemos enquanto estávamos tirando fotos para o site do programa com o Alan hoje a tarde. Na legenda estava escrito:

“Primeiro ensaio✔️ to me amarrando” acompanhando a hashtag com o nome do quadro e uma marcação com meu nome. Curti a publicação, mas não comentei nada. Resolvi fazer diferente e “tirar uma ondinha” com a cara dele.

Selecionei a foto que tiramos no momento em que ele, fracassadamente, tentava me imitar com a perna levantada e postei no meu Instagram. Lá estava eu, rindo sozinha de novo, só de lembrar daquela cena. Escrevi na legenda:

“Primeiro ensaio concluído com Sucesso né parceiro?” marquei o nome dele. “Só falta esticar essa perna hein” acrescentei dois emoticons de smile gargalhando com a hashtag “vamos com tudo”. Se Luke fosse esperto, entenderia a “piadinha interna” oculta nesse post do momento fatídico em que ele quase ficou sem as partes baixas.

No dia seguinte pela manhã, notei que Luke havia repostado a mesma foto juntamente com a legenda: expectativa (relacionado a mim) e realidade (se referindo a ele). É, ele era esperto e entendeu a gozação.

 

Nossa primeira semana de ensaios passou rapidamente. Eu nem acreditava que a nossa estreia no quadro “Você pode dançar?”, do programa do Fred, já seria hoje. Luke havia me surpreendido em todos os sentidos durante essa semana. Sinceramente, eu estava impressionada com a inteligência e capacidade daquele menino em fazer qualquer coisa que lhe fosse pedido. Luke havia mergulhado de corpo e alma nesse concurso comigo. A cumplicidade e afinidade que adquirimos um com o outro em tão pouco tempo, era algo inexplicável. Ele era muito parceiro. Luke comprava todas as minhas ideias e ainda dava sugestões, com ele, não existia tempo ruim. Por conta disso, a coreografia tinha ficado muito bacana.

Apesar da pouca idade, o comediante era um cara extremamente completo. Nunca vou me esquecer de suas palavras no nosso primeiro dia de ensaio, quando eu desabafei sobre os preconceitos existentes na minha profissão. Luke se mostrou mais maduro do que muito homem trinta anos mais velho e a lágrima que deixei escorrer aquele dia foi de pura raiva. Eu fiquei muito brava comigo mesma por ter desperdiçado tanto tempo da minha vida tentando colocar na cabeça do Erick, que me conhecia há anos, exatamente o que Luke estava dizendo sem nem me conhecer direito.

Luke era extremamente disciplinado, pontual e o melhor, divertidíssimo. Eu que achei que esse lado humorista dele seria um problema durante os ensaios, me enganei completamente. Seu bom humor e brincadeiras, tornaram-se minha motivação diária e os nossos ensaios, a melhor parte do meu dia.

Lembro do nosso segundo dia quando eu estava explicando uma parte da coreografia para Luke. Nós estávamos super concentrados com a contagem dos passos.

— … aí giroouuu e vai soltar meu braço… - orientei girando nosso corpo em uma volta.

— E veeeio… - ele falou no momento que peguei sua mão para continuar a sequência do passo.

— Seis… - aí do nada Luke parou e me encarou surpreso. - Ah, é tu que me pegaa??? - Luke espalmou a mão no peito, fingindo indignação. Ele era muito engraçado. - Genteee, que modernidade! É ela que pega o cara e faz o negócio... - brincou, gesticulando e fazendo graça com as mãos. Não tinha como ficar séria ao lado dele.

Aquele era só o nosso segundo dia juntos e eu já tinha a sensação de conhecer Luke Stewart há anos. Eu nunca havia sentido uma ligação assim com ninguém e admito, essa intensidade com que tudo acontecia entre nós, estava me deixando um pouco assustada.

Ontem, no nosso último dia de ensaio oficial, eu já não me lembrava mais de como era minha vida antes de ter conhecido esse menino.

— Eu podia ser uma bailarina do Fred. - Luke se afastou um passo, despertando minha atenção.

— Então vai… - fiquei lado a lado com ele e colocamos a mão na cintura nos posicionamos como se estivéssemos no palco do programa do Fred.

— É assim? - perguntou sorrindo e batendo palma, entrei na brincadeira acompanhando os mesmos movimentos. - Aí quando vocês riem, vocês jogam a cabecinha pra frente, já perceberam? - Luke disse isso ao fingir uma risada jogando a cabeça pra frente.

— Não… - eu ri e sem que percebesse fiz exatamente o que ele falou. Eu nunca tinha reparado que a gente ria assim.

— Óóóóh lá, não falei? - riu apontando pra mim. Em seguida, botou a mão na cintura de novo e imitou a gente rindo mais uma vez. O pior é que ele me imitou com tanta perfeição que foi impossível não rir. O cara era demais.

Eu não me enganei quando disse para May aquele dia que Luke era um furacão. Ele era mesmo. O comediante não fazia ideia do poder que exercia sob as pessoas. Era um furacão que passava devastando tudo à sua volta e quando você menos percebia, já estava envolvida nas graças dele. Nem os homens foram capazes de resistir ao carisma daquele menino. Josh, Zuken, Cristian, Gazon, Nick... Todos adoravam Luke Stewart. Ele era diferente de todas as pessoas que eu já havia conhecido. Luke era único e havia se tornado um grande amigo.

— E ai, nervosa? - Luke sussurrou atrás de mim, com a boca perto do meu ouvido, dando-me um tremendo susto. Eu não tinha percebido sua aproximação.

— Caramba, Luke! Quer me matar do coração? - assim como eu, Luke já estava pronto. Nós vestíamos um longo roupão azul, com o logo do programa, para esconder nosso figurino até o momento da apresentação. O figurino de Luke era composto por um terno azul royal e seu cabelo estava para frente com a franja jogada de lado na testa. Ele parecia mais menino ainda com o cabelo penteado daquele jeito.

Estávamos no corredor dos camarins, aguardando a nossa vez de entrarmos. Por sorteio, ficou definido que seríamos a terceira dupla da noite. May seria a última.

— Jamais! Eu sofri igual uma rapariga nos ensaios desta semana para querer te matar antes da nossa apresentação... - brincou. Eu sorri, sacudindo as mãos e o corpo em sinal de nervosismo. Apesar de já estar acostumada em me apresentar em público com os espetáculos da minha escola de dança, essa seria a primeira vez que teria o meu trabalho sendo julgado em rede nacional. Luke segurou minha mão. - Fica calma, viu? Vai dar tudo certo. Não vou envergonhar você, professora, eu prometo. - afirmou com convicção depositando um casto beijo em minhas mãos ao levá-las até sua boca. Fiquei encarando aquele gesto encantada. Ele era tão educado. Encaixei meu braço no dele e sorri.

— Eu tenho certeza disso, aluno. - mantive o sorriso no rosto ao trocarmos aquele olhar de cumplicidade e admiração que já tinha se tornado rotina em nossos ensaios. Não sei por quanto tempo ficamos nos encarando daquele jeito até sermos interrompidos.

— Ei vocês dois, dêem um aceno aqui. - disse Alan chamando nossa atenção. Não percebemos que o fotógrafo estava atrás de nós até aquele momento. Luke se virou fazendo uma graça e eu me virei sorrindo. - Valeu, pombinhos. - disse isso ao sair andando como se nada tivesse acontecido. Pombinhos? Fiquei mega constrangida com aquele inconveniente comentário. Luke estava rindo da minha cara.

— Está rindo do que palhaço? - indaguei dando um leve beliscão em seu braço.

— Você fica mais linda ainda sem graça, sabia? - não deu nem tempo de me chocar com as palavras do meu aluno.

— Luke e Nataly, vocês serão os próximos. - informou  Sylvio, um dos produtores, ao se aproximar de nós. - Fiquem preparados e a postos que o Fred já vai chamá-los. - Nesse momento meu coração quase saiu pela boca. Afastei-me de Luke apenas para tirar o roupão e a redinha que estava protegendo meu penteado. Luke tirou seu roupão, o atirando num canto qualquer e me estendeu o braço novamente.

— Chegou a nossa hora, Nataly Brooken… - disse o comediante apertando meu braço com força ao atravessarmos o corredor em direção àquele palco. Sim Luke Stewart, agora era a nossa hora... Seja o que Deus quiser.

 

 


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Notas finais do capítulo

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