Sintonia escrita por kelzinha


Capítulo 5
Primeiro Ensaio


Notas iniciais do capítulo

Se tiver erros a culpa é do fandom que me pressionou... Rs...

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— Valeu, rapazes! Acabamos por aqui… - disse Alan após tirar umas trinta fotos nossas. - Estão liberados para os ensaios. - Nós estávamos tocando o terror na sessão de fotos. Era um pior que o outro ali e eu o pior de todos no quesito, gozação.

— Eita, agora ferrou de vez! - brincou Zuken. - Ainda dá tempo de desistir?

— Rapaz, eu que sou o mais lascado aqui no meio de vocês, olhe só… - comecei apontando o dedo para o Nick. - O galã das novinhas… - em seguida, apontei o Gazon. - O galã das tiazinhas com esse “zoião” azul… - apontei para o Zuken. - O galã bem dotado… - direcionei para o Josh. - Galã malhado… - virei para o Cristian. - O galã olímpico… E eu… - apontei pra mim. - Sou só a capa do Batman. Não sobrou nenhum público para votar em mim, além de “mainha”. - brinquei fingindo um drama. Todos os caras caíram na gargalhada.

— Luke você não existe, cara! - Zuken não parava de rir. Eu ia responder com outra piada, quando fomos interrompidos.

— Vamos lá, pessoal! As meninas já estão esperando vocês para o inicio das aulas. Quanto mais enrolarem, menos tempo terão para pegar a coreografia até domingo. - disse um dos produtores marrentos do programa.

— Já disse, se por acaso tudo der errado pelo menos  passaremos um tempo ao lado de uma mulher bonita… - se divertiu, Josh.

— Sinto em lhe informar cara, mas a mais bonita do “tanto faz” caiu pra mim. - apontei para mim mesmo ao me gabar. - DESCULPA AÍ! - não que as outras bailarinas não fossem gatas. Porém, não menti ao dizer que Nataly Brooken era a mais bonita de todas. Na minha opinião, era sim. - Bom se de tudo der certo, vejo vocês no ambulatório mais tarde. Agora se tudo der errado… - fiz uma pausa dramática. - Vou querer flores brancas no meu caixão e digam à dona Laura que eu a amo... Boa sorte, “pessuuaal!”  - acenei com a mão e joguei a cabeça de lado numa imitação de “blogueirinha”. Todos foram rindo para suas respectivas salas de ensaio.

Eu iniciaria na sala laranja. Lídia prendeu um microfone na minha cintura, deu algumas instruções e me liberou para entrar na sala dizendo que Nataly Brooken já estaria lá me esperando.

Eu estava extremamente animado com minha participação nesse quadro por dois motivos. Primeiro, porque eu iria aprender a dançar ritmos que nunca dancei na vida. Eu que só sabia fazer alguns passos do Michael Jackson para os meus shows e arriscava um forrozinho de vez em quando, iria poder testar todos os meus limites nesse concurso.  E segundo, por causa dela. Eu finalmente teria a chance de conhecer melhor a minha professora de dança. Pra dizer a verdade, eu já estava muito bem familiarizado com aquela bailarina. Nataly Brooken quase me enlouqueceu essa semana com as suas postagens no Instagram. Passei uma noite inteirinha tentando recuperar o rumo, o chão e a direção após uma foto que ela postou. Na imagem, Nataly vestia uma blusa vermelha bem decotada no busto e me encarava com aquele olhar de mulher fatal. Sua boca, contornada por um batom vermelho vivo, destacava toda a perfeição dos seus lábios. Tudo nela parecia ser esculpido por Deus em sua melhor obra divina.

Boca... Olhos… Nariz… Como era possível existir um nariz assim? Foi impossível deixar de curtir aquelas fotos.

Eu juro que ainda tinha esperança de que Nataly Brooken fosse uma chata quando abri a porta daquela sala. Eu precisava desesperadamente encontrar algum defeito naquela mulher para manter a minha sanidade e concentração durante esses ensaios. E confesso que estava preparado para qualquer coisa, quando fechei a porta atrás de mim e caminhei na direção dela. Qualquer coisa que não fosse aquele sorrisão largo ao me vir e aquele perfume maravilhoso no meu olfato.

Quando Nataly Brooken e eu nos abraçamos a única coisa que conseguia pensar ao beijar o seu rosto era que eu não queria sair dali nunca mais. Ai Jesus, aqui eu me acabo… Talvez eu a tenha abraçado forte demais por conta disso.

Respirei fundo, usando todas as forças para me afastar.

— E aí, está animado para começar a dançar? - disse Nataly toda sorridente. Ela podia facilitar as coisas que já estavam bem difíceis para o meu lado e parar de sorrir, né? - Luke? - não percebi que estava parado que nem uma “mula empacada” olhando para ela, até a bailarina chamar minha atenção. Disfarcei com um meio sorriso.

— Opa! Com certeza. Só vou te adiantar um pedido de desculpas, pelos pisões que certamente eu darei no seu pé. - Nataly riu de novo.

— Ah, pode ficar tranquilo que você também não sairá ileso desses ensaios...  - brincou fazendo cara de menina travessa. - Então, já estamos quites. - Nataly girou o corpo e bateu uma palma. - Vamos começar, menino? - ela não tirava o sorriso do rosto e eu não conseguia tirar os olhos dela.

Definitivamente eu estava lascado. Nataly Brooken, além de linda e cheirosa, era a rainha da simpatia também.

 

~~

 

Je-sus Cris-to! Aquela mulher parecia uma máquina mortífera. Eu já não era capaz de sentir minhas pernas mais, nem meus braços e tinha sérias dúvidas sobre a existência do meu dedo mindinho. Gaby, minha irmã fisioterapeuta (Graças a Deus!), teria um trabalho desgranhento para colocar todos os meus ossos no lugar de novo. Isso se me sobrasse algum osso até lá, né? A sensação era que um trator tinha passado pelo meu corpo todinho, mas eu estava extremamente fascinado com a rapidez e criatividade de Nataly Brooken na elaboração dos passos da coreografia.

— Ai nessa parte podemos juntar o seu conhecimento com mímica e seu lado humorista, mais os passos que você faz do Michael Jackson em seus shows para valorizar a dança e diver… - Nataly parou de falar ao perceber que eu a encarava com as mãos na cintura. - Que foi, Luke?

— Como você sabe tudo isso se nunca foi em um show meu, hein? Hmmm.... Andou pesquisando sobre mim na sua casa, Nataly Brooken? - indaguei num tom provocativo e malicioso, deixando a professora completamente constrangida.

— Eu… eu… - ela gaguejou e eu, ainda com a mão na cintura, ergui uma sobrancelha interrogativa ao abrir um sorriso zombeteiro. Nataly envergonhada era a coisa mais fofa desse mundo. Minha vontade era sair do meu lugar, agarrá-la e encher aquela boca rosa de beijos, mas me controlei. Deixar Nataly Brooken sem graça tinha acabado de se tornar uma missão de vida. - É que…

— Pesquisouuu simmm que eu seeeii… Pode assumir, vai… - continuei provocando com uma voz como se estivesse falando com uma criança. Ela revirou os olhos, segurando o riso.

— Você é sempre besta assim?

— Sempre não, só depois que acordo… - brinquei, arrancando-lhe uma gargalhada. E o som daquele sorriso me desarmou de vez.

— Vamos, palhacinho! - ordenou, batendo palmas. - Pare já de fazer graça e falar besteiras. Ainda tenho uma coreografia para te passar…

— SIM, Senhora! - bati continência para a musa da beleza ao meu lado e prosseguimos com o ensaio.

 

~~

Eu estava simplesmente me amarrando naquilo tudo. Não me lembro de algum dia ter me divertido tanto em apenas duas horas. Nataly e eu adquirimos uma cumplicidade tão gostosa e em tão pouco tempo, que não tinha explicação. Eu tinha a sensação que já nos conhecíamos a vida toda. Era como se aquele fosse o meu lugar e eu já não conseguia mais me imaginar em outros braços que não fossem os dela. Só tinha um problema que eu precisava resolver.

— Seu namorado não fica com ciúmes de você, não? - soltei na lata, arrependendo-me no mesmo instante. Não era para ter saído desse jeito a pergunta, quando vi já tinha ido. Nataly estagnou na hora e me encarou de olhos arregalados.

— Oi?

— Desculpa, não é da minha conta. - agora foi minha vez de ficar constrangido. - É que você tem um sorriso tão lindo que se eu fosse seu namorado ficaria com ciúmes de dividi-lo com outras pessoas. - eu já tinha aberto minha boca grande mesmo, então decidi ser sincero. Nataly pareceu chocada, como se estivesse absorvendo minhas palavras. - Desculpa, eu não devia ter falado nada. Não quis ser desrespeitoso com você. Esquece o que eu disse.  - poucas coisas nessa vida me deixavam com vergonha. Parabéns Nataly Brooken, esse troféu é seu.

— Não, é que… Apenas fiquei surpresa com a pergunta. Geralmente os questionamentos eram se meu o ex namorado não ficava ciúme da minha profissão, mas nunca me perguntaram nada em relação ao meu sorriso. - ela abriu um sorrisinho de canto de boca e foi até a mesa pegar um copo d’água. - Quer? - ofereceu, estendendo o copo na minha direção. Apenas neguei com a cabeça e não deixei passar despercebido a palavra EX na sua frase. Contenha sua empolgação Luke!

— Ué, mas por que ciúme da sua profissão?

— Porque eu sou bailarina no programa do Fred? Por que uso roupas que escondem apenas trinta por cento do meu corpo? Por que recebo cantadas o tempo inteiro de homens que me vêem como objeto? Por achar que o meu trabalho é ridículo? E que dançar não é bem uma profissão? - Nataly disparou a falar e percebi que aqueles questionamentos soavam mais como um desabafo.

— Isso é um absurdo. Eu seria um paspalho da pior espécie se pensasse dessa forma. Eu ganho a vida levando alegria para as pessoas. E assim como a comédia, a dança também é uma arte. Toda arte só pode ser bem feita quando é feita com amor. Todas as pessoas que usam qualquer tipo de arte para semear o amor para a humanidade merecem ser respeitadas. Hoje vivemos num mundo carente, onde a falta de amor ao próximo está cada vez mais frequente. Eu, sinceramente, acho a dança uma das maneiras mais puras e lindas de transmitir esse amor para a sociedade, porque vem diretamente do coração. Eu vejo como você ama o que faz e coloca sua vida nisso. Cada passo que você me explica pacientemente, o brilho nos seus olhos quando tem alguma ideia nova… Nataly, eu já estou completamente envolvido nisso tudo e é só o nosso primeiro dia de ensaio. E na boa, se alguma vez alguém disse pra você que o que faz é ridículo, me desculpa, mas essa pessoa não merece nem ser sua amiga. - ela estava limpando uma lágrima do rosto quando a encarei. Algo se revirou dentro de mim e desejei nunca mais vê-la chorar novamente.

— Você tem só 21 anos mesmo, menino? - ela abriu um pequeno sorriso forçado. - Você fala com a sabedoria de um senhor de 80 anos. - cocei minha cabeça fazendo uma careta engraçada. Tudo para trazer de volta aquele sorrisão gostoso no rosto dela.

— Er… por acaso, isso foi um elogio? - ela riu, mas não respondeu. Em vez disso, mudou de assunto.

— Vamos lá, qual é o começo?

— É tu fazendo aquele negócio... - fiz um movimento de girar com as mãos.

— Cambret… - ela disse baixinho.

— Parecendo uma manilha… Como é o nome?

— Cambret! - repetiu.

— Isso pra mim era de comer, sabia? - Nataly riu alto.

— Não.

— Chegava assim: “Eu quero um sorvete de creme com Cambret em cima…”

— Com Cambret…. - Nataly repetiu ainda gargalhando. E lá estava ele. O meu novo som preferido. O som daquele sorriso. Repassamos os passos iniciais mais algumas vezes, até que finalmente consegui acompanhar.

— É isso aí! - bati as mãos com Nataly em comemoração. - Chupa concorrência! - finalizei com um gesto obsceno de “vai e vem” com o corpo. Era o fim do nosso primeiro dia de ensaio.

— Show, pessoal! - Alan adentrou a sala com sua câmera na mão. - Agora se aproximem ali do painel, para eu tirar a foto oficial do primeiro ensaio de vocês.

— Pô, Alan! Não dava pra fazer isso antes do ensaio, não? Olha minha cara de rapariga sofrida agora? - os dois riram do meu comentário. - Você ri porque continua linda né, sem vergonha! - Nataly riu ainda mais.

— Para de ser chorão e mostra para o Alan o que você aprendeu hoje, vem cá… - ela me puxou para o lado dela e se apoiou na lateral do meu braço, erguendo a perna direita toda até a altura da sua cabeça. Olhei para Nataly com a mão no coração e fiz uma careta de espanto.

— Afe Maria! Tu não tem osso não, menina? - ela parecia a mulher elástico. - Ah, você acha que só você tem elasticidade nesse corpinho aí Nataly Brooken? Presta atenção no papai aqui… - após isso, segurei meu pé esquerdo pelo tênis, na tentativa fracassada de erguer a perna imitando Nataly. O resultado foi uma cara sofrida de dor, quase lasquei minha virilha todinha e ainda o máximo que minha perna chegou, foi na altura do meu braço. Nataly saiu gargalhando na foto.

— Isso ficou ótimo! - Alan estava se divertindo também.

— Ótimo, porque não foi você que quase deslocou os “bagos” né? - Eu ainda estava sacolejando as pernas tentando recuperar o prejuízo. Nesse caso eu teria que me recuperar sozinho já que não podia pedir pra minha irmã fazer fisioterapia nas minhas partes baixas também. Pensei seriamente em pedir para a loira causadora desse sofrimento, mas só ficou no pensamento mesmo. Era cedo demais para eu mandar uma piadinha dessas.

— Luke, você precisa beber água durante o ensaio, menino. Senão vai morrer…

— Aaahhh tá... Agora a senhorita está preocupada com a minha morte, mas até uns minutos atrás era a total causadora dela me fazendo de boneco de pano… - falei com a voz grossa e o sotaque arrastado imitando um velho paraibano.

— Eu não tenho culpa de nada. - disse a bailarina risonha ao erguer as mãos para cima e caminhar para fora da sala, fingindo total inocência.

Mal sabe ela que tinha culpa sim. Nataly Brooken tinha culpa de tudo. Culpa por ser tão linda, culpa por sorrir de forma tão encantadora, culpa por me olhar daquele jeito tão intenso como se eu fosse a luz do seu dia, culpa por ter aquele nariz miúdo e perfeito, culpa por ter aquela boca rosa extremamente convidativa, culpa por ter aquele corpo escultural com a bunda grande e arrebitada, culpa por exalar aquele perfume inebriante que estava tirando minha sanidade e mais ainda, culpa por me deixar tão vulnerável ao lado dela e me lascar todinho depois desse ensaio. Se eu tivesse que dar uma sentença por todos os crimes que Nataly Brooken havia cometido comigo naquela tarde, sem dúvidas, seria a prisão perpétua no meu coração.


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Notas finais do capítulo

E a gente ta como depois de escrever esse capitulo?

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