Sintonia escrita por kelzinha


Capítulo 3
Inferno Astral


Notas iniciais do capítulo

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May veio tagarelando o caminho todo da volta. Ela estava em êxtase por causa da nossa participação juntas nessa edição do “Você pode dançar?” e mais ainda, pela escolha de parceiro que fizeram para ela.

— Olha isso, Naty… - disse erguendo o seu celular na minha direção. - O Nick é um gato, não acha?

— Ah… Ele é bonitinho, sim. - respondi sem muita animação.  May desviou os olhos da tela do celular e se virou pra mim com uma sobrancelha arqueada.

— Desembucha…

— O quê? - me fiz de desentendida.

— Vai Nataly, eu te conheço. Você está com essa cara de velório desde que saímos do estúdio. Fala, o que está pegando?

— Não é nada… - afirmei, voltando a atenção ao volante a minha frente. Muda, May cruzou os braços e continuou me encarando. Eu sabia que ela não ia desistir tão fácil. - Ai tá bom, que saco! É o Luke. - desabafei com um profundo suspiro.

— Aahhh… Ele é tão fofo, né? Adorei que foi escolhido para dançar com você! Vocês MEGA combinam… - ela começou a bater palminhas animadamente, não percebendo minha irritação e indignação. A May só podia ter fumado maconha para dizer um absurdo desse. Agora foi minha vez de olhar para a minha futura-defunta-marida, com uma sobrancelha arqueada e cara de poucos amigos. - Ué, que foi?

— Fofo? Fala sério, May! O cara é um PORRE.

— Estamos falando do mesmo Luke? O comediante? Aquele bonitinho que vai dançar com você? - ela definitivamente estava sob o efeito de alguma droga.

— Claro lin-da, por quê? Conhece outro? - questionei, sarcasticamente. - Não. Pelo amor de Deus. Não me diga que tem outro! Um só já é suficiente pra mim.

— Nossa, marida... Mas ele é tão engraçado. Por que você acha isso? - aproveitei que o farol havia fechado e me virei na direção dela.

— May, aquele cara parece um furacão, tsunami, terremoto ou qualquer outra coisa que destrói tudo por onde passa. - comecei a enumerar com os dedos. - Um, não consegue parar quieto um minuto... Dois, está sempre de gozação com tudo… E três, para completar, ainda é metido a galanteador… - fiz uma careta antes de continuar. - “Fred é a definição do tanto faz aqui né?” — fiz um gesto com as mãos e engrossei a voz num sotaque estranho. - “Kristen eu vou me dar bem no forró, porque todo São João a gente tem que dançar forró pra arrumar uma muié, né?”- finalizei no mesmo tom de deboche, numa tentativa grotesca de imitar o Luke. - Ah May, me poupe! É muita pretensão dele, não acha? - eu ainda estava inconformada. - Desde quando alguém conquista outro alguém, dançando forró? O que tem demais no FORRÓ? Fala? O cara é muito sem noção. - despejei tudo de uma vez pra cima da May que gargalhava da minha cara. Fiquei mais nervosa ainda. - Para de rir, caramba! Isso NÃO é engraçado. - foi a mesma coisa que dizer: Ria mais, May. Isso mesmo… Agora, chore de rir. Por que eu gostava tanto dessa ridícula mesmo? Esqueci.

— Marida… - disse limpando lágrimas dos olhos. - Eu queria ter filmado esse seu piti pra postar nos meus “stories”. Ia ser sucesso! Faz de novo, por favor? Nunca te pedi nada… - Aquela cretina desembestou a rir de novo. Ai que ódio!

 

Entrei no quarto do hotel puta. Fazia três dias que eu tinha completado vinte e seis anos e parecia que eu continuava a viver no meu inferno astral. May insistiu em dizer que eu estava exagerando e que o Luke era um cara muito legal. “Sou mil vezes o gatinho do Luke do que aquele mala sem alça, babaca, metido a Johnny Bravo, do seu namorado”, foram as palavras dela para me irritar, ainda mais, diga-se de passagem.

 

Eu não havia falado com o Erick desde a nossa discussão de hoje cedo. Na verdade, dei graças a Deus que a bateria do meu celular acabou um pouco antes de iniciarmos a gravação do programa do Fred. Só deu tempo de postar uma foto com a Anny, outra amiga nossa do balé, e o aparelho morreu. Confesso que não estava fazendo muita questão de carregá-lo até agora. Eu já imaginava o que estava me esperando quando eu ligasse aquele aparelho.

Pluguei o carregador na tomada e decidi tomar um banho para tirar a ziquizira do corpo. Eu iria embora amanhã cedo. Apesar de já morar em São Paulo, não estava afim de pegar mais de duas horas de estrada até Mogi Guaçu, minha cidade, de madrugada. Por isso, decidi passar mais essa noite no hotel que ficava a quinze minutos do estúdio de gravação do programa do Fred. May estava hospedada no quarto ao lado.

 

De banho tomado e cabelo seco, deitei na cama. Como era prazerosa a sensação de relaxar o corpo numa cama fofinha e quentinha, após um dia difícil. Eu sei que era pra eu estar radiante por estar realizando o meu grande sonho de participar do quadro “Você pode dançar?”, sempre batalhei por isso. Agora que eu tinha o sonho nas minhas mãos, eu estava preocupada com Luke Stewart, transformar isso num enorme pesadelo. Ele podia destruir a minha imagem se não levasse esse concurso a sério.

 

Depois de dois “Pai Nosso” e três “Ave Maria” liguei o celular. Não fiquei surpresa ao me deparar com 148 chamadas perdidas e 85 chats de conversas não lidas no whats. Surgiu gente até das cinzas para me dar os parabéns pela minha participação no quadro “Você pode dançar?”. Pessoas que eu não conversava há anos, inclusive, algumas delas, eu nem imaginava como tinha conseguido meu número.

 

Erick havia me ligado 32 vezes naquela noite. Eu nem quis abrir as mensagens dele no whats, para não estragar o meu restinho de noite. Deixaria para conversar com ele amanhã, pessoalmente.

 

Foi só quando abri o Instagram que levei um grande susto. Meu número de seguidores havia aumentado consideravelmente. Eu não imaginava que esse negócio pudesse causar tanta repercussão. Dei uma conferida nos meus novos seguidores e percebi que a grande maioria eram pessoas relacionadas ao Luke. Muita gente fazia parte dos fã-clubes dele.

Cliquei na notificação onde dizia “Luke Stewart marcou você em uma publicação” já me preparando para encontrar alguma legenda idiota na nossa foto.

Três coisas me surpreenderam naquela publicação. Primeiro, a legenda com a simples palavra ”Simbora”, sem qualquer tipo de piada. Segundo, as mais de dez mil curtidas que a foto já tinha tido. E por último, o brilho diferente no olhar daquele menino. Não sei nem porque fui reparar nesse fato, mas algo ali chamou a minha atenção.

Luke Stewart era muito novo quando seu pai sofreu um acidente de carro que o deixou preso numa cama. Todo país conhecia a história do comediante Shawn Stewart, que faleceu ano passado. Luke e sua família passaram por momentos muito difíceis, porém, as coisas pareciam estar dando certo para ele esse ano. Eu não acompanhava muito o seu trabalho mas, já tinha ouvido rumores nos bastidores de que ele poderia estar entre os indicados a concorrer algum prêmio lá no programa do Fred no final do ano. Era só o que me faltava, né? O cara além de chato, ficar metido a besta por causa disso. Só espero que Luke use esse tal talento aí que o povo diz que ele tem, para a dança também, em vez de querer me causar problemas.

 

Vendo que ele havia começado a me seguir, resolvi segui-lo também. Já que infelizmente teríamos que trabalhar juntos era melhor manter a paz mundial, pelo menos nas redes sociais. E outra, eu teria que estudar o mulherengo melhor para entender onde eu poderia arrancar algo de bom dali para elaborar a coreografia do primeiro ritmo que seria, Baladão. Eu não era o Tom Cruise mas, me sentia numa “Missão Impossível.”

 

Olhei para a foto que postei com a Anny hoje e suspirei. Quando postei essa foto não imaginava que minha vida mudaria tanto em um dia. Eu tinha a sensação que já tinha se passado um mês desde que acordei, tamanha a intensidade dos acontecimentos. Não fazia nem cinco horas que eu conhecia Luke Stewart e eu já sentia a presença dele em todos os lugares.

 

Irritada, desliguei o celular e fui dormir.

 

Deixaria para postar algo somente amanhã, quando eu  estivesse com a cabeça menos cheia de Luke, de Erick e de toda essa confusão em que eu estava envolvida. A partir da semana que vem minha rotina seria completamente outra e eu temia muito por isso.

 

 


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Notas finais do capítulo

Morro de amores pela May... Essa é das nossas, né?

AMORES,

Estou muito feliz com a aceitação da FIC e cada comentario é combustível para a minha inspiração... Só tenho agradecer a todos vocês e sigam o Insta da FIC...

Quem está curtindo a FiC, só peço que comente, compartilha e recomende...

❤️



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