Sintonia escrita por kelzinha


Capítulo 22
Bum txa txa bum bum txa ( Parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Sim, estou viva! Voltei! Não sei vcs mas eu estou apaixonada nesse capitulo me contem o que acharam no final. BOA LEITURA!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/750445/chapter/22

NATALY BROOKEN

 

— Vocês duas vão ensinar ao público o passo da sarrada, meninas… - disse o produtor descontraidamente para nós enquanto aguardávamos o horário dos nossos ensaios. Carol olhou pra mim e sorriu.

— Você fala! - disse ela rapidamente.

— Você começa e eu continuo então.

— Pode ser... - respondeu encarando a tela de seu celular. - Olha essa! Ficou muito bacana… - ela virou o aparelho pra mim mostrando uma das fotos que haviam mandado no nosso grupo. - Zuken ficou super feliz com a surpresa!

— Ficou mesmo.

Hoje era aniversário do Zuken e o pessoal da manhã preparou uma surpresa pra ele durante o ensaio. Como nossos ensaios (o meu e o da Carol) eram escalonados na parte da tarde não pudemos participar, mas, a galera havia mandado todas as fotos para a gente acompanhar.

— Como vai ser esse vídeo? Eu morro de vergonha dessas coisas… - confessou ela timidamente. Eu estava combinando as falas do vídeo que faríamos com a Carol quando aquele sotaque nordestino, agora já tão familiar, invadiu os meus ouvidos. Inconscientemente, abri um sorriso involuntário ao sentir a aproximação do meu aluno.

—  E ai cara, beleza! - Luke cumprimentou Gazon com seu típico bom humor assim que atravessou o hall principal com sua mochila nas costas. Ele não havia me visto ainda, mas só ouvir o som de sua voz senti um arrepio percorrer a minha espinha. Foi fácil, fácil perder o foco do assunto que estava tratando com a minha companheira de dança.

— Eita que o negócio está ficando sério aí, hein? -  indagou Carol que sorria ao alternar olhares entre Luke e eu.

— Ai... nada a ver Carol, a gente está só se conhecendo ainda… - nesse momento, Luke se aproximou de nós e me cumprimentou com um abraço tão apertado que fez minhas pernas amolecerem.

— Boa tarde, professora querida! - rindo, ele me estalou um beijo na bochecha eletrizando todos os pêlos do meu corpo.

— Só se conhecendo? Tô vendo… - murmurou minha amiga disfarçadamente sem deixar de sorrir. Eu até pensei em retrucar seu comentário, mas, quando dei por mim, ela já tinha se afastado para o lado de Gazon deixando Luke e eu a sós.

— Onde ela pensa que vai toda linda e cheirosa desse jeito, hein? - sussurrou o comediante no meu ouvido.

— Botar um certo paraibano pra quebrar o quadril?

— Se fosse só o quadril que você quebrasse meu, eu estaria era feliz bailarina...

— Ah pára de reclamar menino! O ensaio nem começou ainda e você já está aí fazendo corpo mole.

— Sabe… Eu estou afim de causar na nossa apresentação de domingo…

— Causar como?

— Me aguarde e verá… - Luke abriu um sorriso de criança arteira e se virou na direção do carro que era o prêmio para o vencedor da competição. - Vem cá, deixa eu tirar uma casquinha do meu prêmio... - ele me puxou repentinamente pelo braço, apoiando o quadril na lateral do veículo e afundou o rosto no meu cangote.

— Pára com isso, seu maluco! - repreendi-o dando um leve empurrão em seu peito, mantendo uma distância segura entre nós. - As pessoas vão acabar desconfiando… - olhei preocupada para todos os lados, perscrutando se alguém estava prestando atenção em nós. Luke sorria como se nada tivesse acontecido.

— Qual é a graça? - eu ainda estava meio atordoada depois daquela pegada repentina.

— Você. Sempre você… - ele me encarou fixamente mantendo o sorriso bobo na cara. - Eu adoro te pegar desprevenida, sabia? Fica ainda mais linda toda sem graça. - apoiei minha mão no ombro dele, pronta para dar-lhe um beliscão pelo comentário engraçadinho.

— Eu vou…

— Alan! - Luke interrompeu minhas palavras, ao chamar pelo nome do fotógrafo. - Pode tirar uma foto da gente aqui, por favor? - Luke enfiou as mãos dentro dos bolsos de sua calça jeans, me deixando completamente avulsa, com uma mão pendurada em seu ombro. Alan arqueou uma sobrancelha duvidosa, sem entender muito bem o que estava acontecendo ali.

— Er… Claro.

— Eu e o meu super prêmio. - disse o comediante presunçosamente ao cruzar as pernas, se mantendo apoiado com as costas no veículo. Eu abri meu melhor sorriso forçado e ergui uma perna para trás fazendo pose para a foto. Em seguida, inclinei o corpo um pouco pra frente aproximando-me ainda mais de Luke.

— Você sabe que isso vai ter volta né, bonitinho? - murmurei entre dentes, sem tirar o sorriso do rosto ao olhar para a câmera do Alan. Luke relaxou um pouco o ombro e percebi que estava se esforçando para segurar o riso.

— Estou contando com isso... - ele provocou, se virando pra mim com uma piscadinha sedutora, quando Alan se afastou de nós.

Revirei os olhos debochadamente e abri meu celular na câmera frontal para dar uma rápida conferida no meu visual antes de começar a gravação do vídeo com a Carol.

Luke, carinhosamente, me abraçou por trás da cintura e apoiou a cabeça em meu ombro, fazendo uma careta engraçada para a câmera do meu celular.Instintivamente, sorri com sua atitude e não resisti a necessidade de registrar aquele momento. Mordi minha língua e bati uma selfie nossa.

— Eu não consigo mais ficar sem encostar em você… - sussurrou em meu ouvido. - Isso é um grande problema pra mim, bailarina…

— Nataly, venha! Já está tudo pronto. Vamos começar a gravar a SARRADA! - berrou o Alan do outro lado do lobby. Todos que estavam por perto, automaticamente, viraram seus pescoços na minha direção e começaram a rir do duplo sentido nas palavras do fotógrafo. Fiquei extremamente envergonhada. Valeu por isso, Alan! Luke, obviamente, estava gargalhando também.

— Tu vai gravar uma sarrada, é? - perguntou todo cheio de graça. - Se por acaso tu precisar do seu parceiro de dança para te acompanhar nessa missão, estamos aqui pra isso! - completou morrendo de rir da própria piada.

— Luke, eu juro que vou dar é uma sarrada na sua cabeça se você não for se trocar agora pra gente começar a ensaiar… - falei com irritação.

— Hmm… Brava e mandona? Desse jeito eu me apaixono ainda mais… - brincou, num tom de diversão me fazendo rir junto com ele.

— O que tinha no seu café da manhã de hoje, hein? Tá que tá, todo animadinho…

— Com uma professora linda dessas tem como não ficar animado? - e lá estávamos nós, em silêncio, novamente presos dentro da nossa bolha particular, numa significativa troca de olhares.

— Nataly Brooken, eu tenho certeza que o seu parceiro não irá fugir se você sair de perto dele por alguns minutos para vir aqui gravar o vídeo. - a chamada mal humorada de Alan despertou-nos para a realidade.

— Vejo você na mesma sala de ontem.

— Está certo, comandante. - disse ele batendo continência e se virou na direção dos camarins.

Eu nem percebi que ainda estava sorrindo quando cheguei perto da Carol novamente. Ela ficou me olhando com os lábios repuxados num sorriso e ergueu os braços em sinal de rendição quando arqueei uma sobrancelha desafiadora em sua direção.

— Tá bom, tá bom. Já sei… estão só se conhecendo… - zombou.

 

LUKE STEWART

 

Quando saí do camarim, Nataly continuava no salão principal fazendo a gravação do vídeo com Alan e a parceira do Gazon. Cumprimentei meu adversário de dança e ficamos lá, conversando ao acompanhar o desempenho das meninas durante a gravação. Assim que o Alan deu o comando, a parceira de Gazon começou a falar.

— O que não pode faltar no funk? É a famosa… - disse a morena passando a palavra para Nataly.

— SAR.RA.DA - completou minha bailarina toda empolgada sorrindo igual uma bonequinha ao encarar a câmera na sua frente. - E como é que funciona a sarrada? - começou a explicar. - Prepara a mãozinha… - Nataly posicionou suas pequeninas mãos rentes ao próprio quadril. - E aí vai dar um pulinho… - disse erguendo levemente a perna direita. - Sete e oito… PEEEYYYY! - finalizou o movimento dando um salto no ar sendo acompanhada por Carol. As duas começaram a rir logo após o término da explicação.

— E… corta! - disse Alan interrompendo a gravação. - Isso aí! Ficou ótimo meninas, valeu por hoje!

— Isso foi ridículo… - falou a parceira de Gazon para a Nataly sem conseguir parar de rir. - O maior mico do ano…

— Mico quem pagou fui eu, que acabou de explicar o passo a passo de uma sarrada em plena rede nacional… - Nataly ajeitou o cabelo no penteado e alargou o sorriso. - Mas até que foi divertido...

Uma das coisas que eu mais admirava na bailarina era sua simplicidade. Não importava a situação, ela sempre encarava as coisas com a leveza de seu sorriso. Eu era louco naquele sorriso, acho que por isso eu vivia fazendo alguma graça para vê-la sorrir. Melhor do que simplesmente me perder naquele sorriso, era me perder sabendo que eu era o motivo.

— Acho que eu vou precisar de um passo a passo mais aprofundado dessa sarrada no ensaio de hoje… - falei, parando ao lado dela. Gazon e Carol começaram a rir. Nataly me encarou com os olhos semicerrados. - O quê? - indaguei com falsa inocência. - É tudo pelo bem da nossa apresentação de domingo…

— Luke, se você está mesmo preocupado com o bem da nossa apresentação de domingo é melhor ficar caladinho, para que eu continue tendo um parceiro para dançar até lá, entendeu? - ela cruzou os braços, olhando pra mim com aquela carinha ameaçadora que não era capaz de aterrorizar nem uma formiga.

— Oxiiii que “mulé” brava, Jesus! - botei a mão no peito fingindo indignação. - Foi só uma idéia que eu tive aqui...

— Eu tenho uma idéia ainda melhor. Que tal o senhor e a sua mente brilhante partirem agora mesmo para a sala de ensaios, porque ainda temos muita coreografia para aprender até sábado, hein? - ela me empurrou pelas costas acenando pro Gazon e para sua parceira de dança. - Tchau gente, vejo vocês mais tarde. Bom ensaio para vocês! Vamos menino, vamos… - Nataly abriu a porta da sala vermelha e fechou assim que eu entrei. A cara dela não estava nem um pouco amigável pra mim.

— “Borá” Zé Graça, vamos repassar a coreografia desde o início para vermos se conseguiu pegar tudo ontem. - Fiz o que ela pediu e quando chegou na parte do meu solo, Nataly se afastou acompanhando os meus passos.

— Levantou e foi pro quadradinho... - séria, ela cruzou um braço na cintura e ergueu a outra mão apoiando os dedos na bochecha, enquanto me analisava através do espelho.

— Óh...Óh! - mostrei convencido, quando coloquei as mãos nas coxas e dei uma agachadinha remexendo a bunda de um lado para o outro. - UHULLLLL! - empolgado, eu bati uma palma comemorativa com minha performance espetacular. - RÉ-RÉ - fiz uma dancinha da vitória apontando os meus dedos confiantes na direção dela. Nasci pra isso!

— Não. - Nataly permaneceu na mesma posição de vaso, me encarando com aquela mesma cara amarrada de antes. A única diferença era que agora a bailarina tentava prender o riso.

— Ééé? - confuso, olhei para Nataly Brooken com minha confiança abalada.

— Não foi bonito. - disse ela na lata.

— Foi? - a palavra soou mais como uma pergunta incrédula. Eu jurava que tinha detonado no meu quadradinho.

— Não. - repetiu a bailarina sem mais delongas.

— Foi lindo! - insisti, inconformado, como se eu pudesse de alguma forma convencê-la disso.

— Não-foi.

— O Brasil ama essa bunda óh… - virei de costas pra câmera e segurei minhas calças empinando a bunda para trás.

— NÃO.FOI. - reafirmou incisiva aumentando o tom de voz.

— Hummm… - murmurei debochado, com a mão na minha bunda que continuava posicionada para a câmera frontal da sala. Em seguida, olhei pra ela e acabei caindo na gargalhada. Nataly não aguentou por muito tempo e riu também.

— Como consegue ser tão besta, hein?

— Ah, foram muitos anos de estudo e dedicação… - respondi descontraidamente. - Fiz três faculdades, dois mestrados e assisti a toda coletânea de filmes do Jim Carrey também. Vai achando que é fácil… - Nataly revirou os olhos com tanta força que eu achei que iam saltar de suas orbes.

Ela estava a um triz de me matar hoje e eu não conseguia parar de provocá-la. Era isso, ou ligar o foda-se e beijar a sua boca no meio dessa sala na frente das câmeras mesmo. Aliás, desde o momento que a bailarina me mostrou como seria o final da nossa dança que eu não conseguia imaginar outra coisa que não fosse minha boca colada na dela. Aquele funk definitivamente estava testando todos os meus limites.

Depois da minha última piadinha provocativa, Nataly resolveu descontar sua irritação comigo pegando super pesado durante o ensaio. Ela me fez suar que nem um porco na roleta. Eu estava destruído.

Logo após eu dar uma estrela que fazia parte da coreografia, me joguei derrotado no chão, com grandes dificuldades até mesmo para respirar. Nataly passou por mim e se sentou no chão com os braços apoiados nos joelhos, notei que ela também estava cansada e lutava para recuperar o fôlego.

— Tô me sentindo… - dei uma pausa ofegante. - Uma barata de costas… - continuei suspirando. - Já viu uma barata de costas?

— Não. - respondeu olhando pra mim. - Não quero nem ver barata. - concluiu se virando para a frente.

— É assim óh… - comecei a sacudir meus braços e pernas freneticamente me arrastando no chão. Nataly que estava me olhando através do espelho, colocou uma mão no rosto e começou a rir.

— Luke, é sério. Você precisa ser estudado pela Nasa, não tem a menor chance de você ser considerada uma pessoa normal.

— Graças a Deus! Porque eu odeio pessoas normais...

— Então você me odeia? Porque eu sou uma pessoa extremamente normal.

— Se você considera normal alguém que grava um vídeo explicando para o Brasil inteiro como é que faz pra dar uma sarrada, por mim tranquilo… - abri um sorriso sarcástico, deixando Nataly sem graça.

— O que eu faço com você, hein?

— Olha Nataly Brooken, tem muitas coisas que você pode fazer comigo… - lancei-lhe um dos meus olhares sugestivos.

— Meu Deus, Luke! Você tem resposta pra tudo? Anda, deixa de falar bobagens e levanta desse chão para repassarmos aquela parte final da coreografia pela última vez hoje.

Nataly se levantou e esticou o braço na minha direção para me ajudar a levantar também. Segurei na mão dela com firmeza e me ergui rapidamente puxando-a ao meu encontro mantendo a bailarina apenas alguns centímetros do meu rosto. Após uma intensa troca de olhares, Nataly desviou o olhar.

— Vamos lá Luke Stewart o ensaio de hoje está quase acabando...

— Não vejo a hora… - sussurrei em seu ouvido para que só ela pudesse ouvir. Nataly disfarçou um sorriso e assumiu sua famosa postura profissional.

— Eu vou ficar atrás de você, nós vamos contar 1, 2, 3, 4 para lados opostos… - enquanto falava, a bailarina ia me mostrando os passos. - Você vai continuar de costas pra mim e na batida final irá me puxar por debaixo das tuas pernas e vai me posicionar na sua frente. A música vai terminar com você me segurando pela cintura, entendeu?

— Um, dois, três, quatro, puxei você por baixo das pernas, parei com você na minha frente segurando a sua cintura. Não parece tão difícil… - falei repassando todas as instruções dela. Nataly me encarava com um brilho diferente nos olhos. - Que foi?

— Ainda me impressiono com a sua facilidade de pegar os passos tão rapidamente.

— Eu desenvolvi essa técnica ao longo do tempo por causa do meu trabalho. Eu sempre tenho que decorar alguma coisa, é normal pra mim. Minha mente acaba funcionando no modo automático…

— Você fala como se fosse um velho de 50 anos. É difícil acreditar que tenha apenas 21.

— Você já me disse isso outras vezes...

— E vou repetir sempre. Eu, por outro lado, sou péssima nesse negócio de decorar as coisas. Só decoro com facilidade mesmo as coreografias que eu crio... - ela sorriu e eu sendo o bobo que sou, sorri junto com ela. - Bom, vamos colocar esses passos na prática agora...

— Borá! - mesmo cansado, quando Nataly deu o play na música, comecei a fazer o que tinha me explicado. Um, dois, três, quatro… Segurei a mão dela por baixo das minhas pernas para que se levantasse na minha frente… Bum, bum, txa, txa... Parãrãrã… Tudo estava correndo perfeitamente bem, até o momento que algo aconteceu. Talvez por um erro de cálculo mental ou extremo cansaço, acabei puxando a bailarina pra cima cedo demais. Muitas coisas desenrolaram ao mesmo tempo. Minha visão ficou turva e eu só senti uma dor latejante no meio das pernas. Eu já tinha levado bolada no saco jogando futebol umas duas ou três vezes, a dor foi gigante, mas nada se comparava com uma martelada certeira bem centralizada no meio dos bagos.

Minha primeira reação foi soltar a mão de Nataly e agarrar minhas bolas com todo amor e carinho do mundo, somente para me certificar de que elas ainda continuavam lá. Contei, uma, duas, eu conferi o “Poderoso”… Todos estavam lá, Graças a Deus!

— Aããiiinnnn… - gemi sem voz, tentando me lembrar como é que se fazia para respirar. Eu tinha certeza que o “Poderoso chefão” havia desmaiado depois da cacetada que levou, porque ele não manifestava nenhum tipo de reação. Fiquei preocupado. Ainda com as mãos no saco, fui caindo em câmera lenta até atingir o chão.

Ao fundo, em meio a toda minha dor e sofrimento, pude ouvir a gargalhada descontrolada de Nataly Brooken que continuava sentada no chão rindo como se não houvesse amanhã. Aquela sem vergonha!

Será que ainda não tinha percebido que podia ter acabado com o futuro dela? Em minhas mãos estava o.futuro dela! Em busca de uma força maior para ajudar o “poderoso chefão” a se recuperar, tateei o chão da sala até alcançar o tornozelo da bailarina. Por ela amigão, por ela… Reaja! Virei meu corpo de lado contorcendo-me no chão e encarei uma das câmeras da sala.

— Aããnnn… Aããnn… Ai...Era.o.direito… - murmurei pausadamente ao apertar o tornozelo dela. - O que eu mais gostava… - Nataly não conseguia parar de rir. Cada careta de dor que eu fazia, parecia ser combustível para a bailarina que nitidamente estava se divertindo com toda a minha desgraça.

— Foi mal parceiro! Alguns errinhos acontecem… - disse sem um pingo de arrependimento ao esfregar as lágrimas dos olhos.

— Nataly isso não foi um erro. Foi praticamente um homicídio! - Aos poucos a dor foi cessando, entretanto, eu ainda podia sentir o “poderoso” respirar por aparelhos. - Terei sorte se ainda puder ter filhos depois desse seu “errinho”.

— Ah, deixa de ser exagerado! É como quando você pisa no meu pé...

— Você está querendo comparar uma cabeçada nas bolas com um pisão no pé? - Nataly deu de ombros e se levantou do chão, sacudindo a parte de trás de sua calça roxa.

— Eu não tenho bolas pra saber como é, mas homem sempre foi mais dramático que a mulher para esses assuntos relacionados a dores.

— Rapaz, eu só não peço a Deus pra te colocar um pinto Nataly Brooken, porque eu sei que vou me arrepender disso futuramente…

— Vai se arrepender por quê? - perguntou com verdadeira inocência.

Encarei a bailarina imaginando tudo que eu gostaria de fazer com seus apetrechos femininos e sorri ao sentir o “poderoso” finalmente começar a dar sinal de vida dentro da minha cueca. Graças ao bom Deus, ele ainda estava vivo. Isso aí, parceiro!

— Er… Hã… Deixa pra lá…

Nataly fez uma careta, mas não insistiu no assunto.

— Bom, acho que por hoje é isso, senhor Stewart. - se abanando, ela retirou a camiseta do programa ficando apenas com a blusinha preta que vestia por baixo. Puta merda! Como alguém podia ser tão linda? - Amanhã eu penso no que podemos fazer para dar uma melhorada nesse finalzinho…

— Eu tenho uma idéia ótima para o nosso final…

— Luke acho melhor você ficar quietinho com suas idéias dessa vez... -  Nataly gesticulou para mim com os dedos na boca e começou a caminhar na direção do nosso camarim.

— Afff… - bufei, seguindo logo atrás dela. - Só quis ajudar, poxa…

— Ahã… Sei. - disse se jogando no sofá preto que ficava na frente do espelho. Sentei-me ao seu lado deixando nossos corpos o mais próximo que eu consegui. Nataly parecia extremamente confortável com isso, fato que me agradou muito. - Vamos gravar um storie para o Instagram? - ela pegou seu celular e abriu o aplicativo.

— Calma, deixa eu me preparar primeiro… - me ajeitei melhor no sofá. - Sacanagem você fazer isso comigo... - com um sorriso zombeteiro, ela apertou o botão da gravação e começou a falar.

— Terminou o ensaio…

Apontei meu indicador para Nataly.

— Ela termina linda… - em seguida, apontei pra mim. - Olha a cara de rapariga que EU termino o ensaio... - falei deslizando os dedos pelos meus cabelos desgrenhados. - Me ensina, velho? - pedi apoiando o queixo em seu ombro, arrancando-lhe uma gargalhada. A bailarina tinha o dom de continuar cheirosa mesmo após um dia intenso de ensaio. Já eu, estava rezando pra ela não sentir a caatinga desgranhenta que devia estar instalada debaixo do meu suvaco. Tomei todo o cuidado de mantê-los bem abaixados enquanto estivesse perto dela.

— O que nós estamos aprontando, hein? - Nataly sorriu matreira com aquela carinha cheia de charme.

— Funk pra caramba, meu amigo… - eu também sorri, mas desconcertado com toda aquela beleza. - Afe Maria! - desabafei momentos antes dos quinze segundos do storie acabar, interrompendo a gravação. Ainda sorrindo, ela reviu o vídeo antes de postar.

— Ficou muito legal! - disse empolgada.

— Mais legal ainda vai ser daqui a pouco, quando eu finalmente puder beijar sua boca. - abracei-a pela cintura e depositei um beijo em sua bochecha macia. - Vamos embora? - sugeri cheio de segundas intenções. Nataly ficou em pé deixando meus olhos na direção do seu caminho da felicidade. O corpo dessa menina parecia ter sido esculpido a mão por Deus.

— Vou me trocar. - anunciou com um sorriso tímido nos lábios. Desviei os olhos de seu corpo antes que o “Poderoso” manifestasse que já estava 100% recuperado. - Amanhã nós teremos a prova do figurino, não esquece.

— Não era amanhã que você ia me levar pra conhecer as praias do Rio de Janeiro?

— Você conhece as praias do Rio, Luke. Já esteve nesse estado um zilhão de vezes gravando novela.

— Não com você. - respondi sorrindo.

— De qualquer forma, nós só iremos para a praia de manhã, antes do nosso ensaio a tarde.

— É de nudismo? - perguntei num tom provocativo.

— Não vou nem te responder... - ela revirou os olhos e me deu as costas, saindo tranquilamente do local sem se importar em me largar rindo sozinho no camarim.

E naquele instante eu percebi que me sentia felIz de um jeito que há tempos não tinha sentido na vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu não abandonei a FiC nem nosso casal, só estava com bloqueio criativo. Espero que tenham gostado! Quem gosta da FiC curte, compartilha e recomenda!!!! Instagram da FiC: @sintonia_fic.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sintonia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.