Sintonia escrita por kelzinha


Capítulo 21
Bum txa txa bum bum txa


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Dividi o capítulo em duas partes por dois motivos. Uma pra não ficar mto tempo sem postar e outra pra não ficar muito grande.

Boa leitura!



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Rio de Janeiro, terça - feira.

 

— Amei a música que escolheram pra nós, parceiro! - falou Anne animada no celular. - Já estou aqui no estúdio, você está chegando? - ela olhou para a tela do aparelho e percebi que ela falava com Zuken através do áudio no whatsapp. Anne ficou com a música “Soltinha” do MC Bola, era um hit extremamente conhecido e envolvente. Minha amiga, com certeza, ia arrasar na elaboração da coreografia.

Hoje seria o nosso primeiro ensaio da semana junto com os meninos e apesar de já saber desde ontem qual seria a música que iríamos dançar no domingo, eu ainda não havia contado nada para o Luke.

Assim como a Anne, eu também havia adorado a escolha que a produção fez para nós, a melodia combinava bem com o perfil do meu aluno. O problema é que combinava bem até demais... Os risinhos disfarçados da equipe de produção ao anunciar a nossa música, denunciaram que a escolha de “Chefe é chefe né pai” do Dennis DJ não foi apenas uma obra do acaso, mas sim, uma forma de nos sacanearem por causa dos fortes rumores que estavam rolando nos bastidores de que Luke e eu estaríamos tendo um caso. Foram poucas as pessoas que haviam visto nós dois juntos na balada semana passada e eu achava pouco provável que essa notícia tivesse sido espalhada pela boca da Mason, afinal, o ego dela era muito maior do que a vontade de me ferrar. Ela dizer para alguém que eu estava me relacionando com Luke fora do programa, seria admitir para todos que ela havia perdido o comediante pra mim e Mason nunca aceitaria isso. Eu não queria minha vida pessoal exposta aqui e faria o possível para manter seja lá o que estivesse rolando entre Luke e eu, bem escondido embaixo do tapete.

— Eiiiii!! - chamou Anne me chacoalhando ao me tirar dos meus devaneios. - Planeta terra chamando! - brincou com um sorriso matreiro no rosto. - Ainda está bolada com o lance da Mason?

— Na verdade não estou nem aí pra Jennifer, eu estava aqui pensando em outra coisa...

— Tipo num certo comediante que acabou de chegar ali do outro lado? - ela apontou para Luke que atravessava distraidamente com Zuk a portaria principal. - Aiiiii eu sempre quis tirar uma foto ostentando num desses carrinhos? Vamos? - pediu a doida já me puxando pelo braço. Os carrinhos eram estilo aqueles que circulavam por campos de golf. Haviam vários desses espalhados pela área externa da emissora, devido a grande distância que existia para se locomover de um estúdio para outro. Eu entrei do lado do passageiro no momento exato que Luke e Zuken chegaram perto de nós. Zuken olhou para a minha cara e a da Anne em pé, uma de cada lado do carrinho e riu.

— O que vocês estão aprontando ai? - perguntou sem deixar de sorrir. Luke também estava sorrindo, mas seus olhos estavam cravados na minha direção. Abri um leve sorriso sem graça e desviei o olhar para baixo disfarçando meu constrangimento.

— Zuk bate uma foto pra gente? - pedi estendendo meu celular pra ele.

— Naty faz a abertura. - falou Anne empolgada.

— Vocês vão fazer o qu... OXIII… JESUS CRISTO! - berrou Luke assustado, ao encarar o momento em que Anne e eu nos apoiamos no volante do carrinho e seguramos as pernas esticadas acima da nossa cabeça para tirar a foto. - Ave Maria! Não faz uma coisa dessas perto de mim não Nataly que me dá até suadeira, olha... - disse o comediante ao passar a mão pela testa, arrancando gargalhadas de nós três.

— Essas mulheres não tem dó de nós não, meu amigo. - brincou Zuken focalizando o celular na nossa direção. Rindo, Anne colocou sua língua pra fora e eu apenas continuei sorrindo. - Pronto. Vejam se ficou legal…

— Ficou demais! - rapidamente entrei no meu Instagram e publiquei a foto com a legenda, “Aqui é só alegria” porque realmente era e eu estava muito feliz por fazer parte disso tudo. - Partiu funk senhor Luke?

— Essa semana estou em desvantagem. Como vou competir com o Zuken que é carioca da terra do baile funk?

— Estou vendo que a pressão já começou grande pro meu lado. - respondeu o ator fazendo uma careta.

— Isso mesmo. Quero ver você botando pra quebrar essa semana parceiro, temos que fazer bonito no domingo. - disse Anne dando uns tapinhas nas costas de Zuk.

— Já percebeu que nossa batata está assando né, menino? Então partiu ensaio se o senhorito pretende continuar em primeiro lugar.  - falei pra Luke que olhou pra mim e mandou uma piscadinha. Ele era muito bonitinho.

— Ei Anne, você não inventa de me quebrar muito não, porque eu pretendo estar inteiro pra comemorar meu aniversário amanhã...

— Ah é mesmo Zuk!! Você vai ficar mais velho! Onde será a comemoração? - Anne saiu conversando com Zuken na frente, enquanto Luke e eu caminhávamos logo atrás na direção dos camarins.

— E ai? - perguntou Luke ao me abraçar, quebrando o silêncio que se instalou entre nós.

— E ai? - respondi sem saber muito o que dizer.

— Dormiu bem? - ontem a noite nós ficamos um tempão conversando no whatsapp sobre o lance todo da “descrição” em nosso envolvimento e em como manteríamos o profissionalismo durante os ensaios. Luke levou todo o assunto numa maturidade absurda, ele sabia da importância dessa competição para a minha carreira e para a dele também. Por mais que eu já o conhecesse, eu ainda me surpreendia muito com a capacidade dele de saber dividir os assuntos e dar o devido tratamento para eles. Luke conseguia manter a seriedade sem perder o bom humor e eu amava isso nele.

— Dormi sim e você?

— Na verdade dormi bem pouco ansioso para te ver hoje. - Eu ri abaixando a cabeça. - Aliás, você está linda Nataly Brooken e se quer que eu mantenha nosso acordo de ontem numa boa, é melhor usar roupas mais largas e menos perfume durante os ensaios.

— Mas eu sempre ensaiei assim.

— Exatamente. E se já era difícil resistir antes de ter beijado sua boca, imagina agora que eu já conheço o seu gosto? Vai ficar difícil me responsabilizar pelos meus atos…

 

LUKE STEWART

 

— Não sei o que é tão engraçado Luke. - Nataly cruzou os braços e ficou me encarando gargalhar, enquanto se esforçava para prender o riso. Eu estava me divertindo muito com a letra da música que a produção havia escolhido para nós. Eu nunca tinha ouvido “Chefe é chefe né Pai” antes, mas já tinha me amarrado bastante música.

— Essa música é muito boa… "Depois que pega uma vez a novinha pede mais…" É isso mesmo, bailarina? - provoquei recitando um trecho da música para ela. Nataly revirou os olhos, caminhou para o fundo da sala e cruzou os braços, se sentando numa das poltronas que haviam ali.

— Me avisa quando você resolver parar de graça e decidir ensaiar.

— Uuuui… Ela pegou ar, foi?

— Peguei quem? - Eu fiquei mudo e encarei a bailarina com malícia. 

— Quer que eu responda essa pergunta aqui mesmo? Na frente de todo mundo? - perguntei com diversão. Outra vez ela bufou, revirando os olhos.

— Idiota. - respondeu fazendo bico.

— Ala... Pegou ar de novo. 

— Que isso?

— Tu não sabe o que é pegar ar, não?

— Eu não.

— Quando a pessoa sai do sério com alguma provocação, a gente fala que pegou ar lá na minha terra. Preciso te dar umas aulinhas de expressões nordestinas, bailarina.

— E eu preciso te dar umas aulas de funk... - disse ao se levantar da poltrona. - Chega de me enrolar e “bora” treinar esse quadradinho, menino... - ordenou se posicionando ao meu lado. - Eu vou te passar algumas idéias que eu tive ontem com a equipe de coreografia e a gente vê se vai dar certo, está bem?

— Sim, senhorita. - botei as mãos na cintura, mexendo meu quadril de um lado para outro. Nataly me encarou de cenho franzido. - Que foi? Já tô aqui me aquecendo ué… - ela riu balançando a cabeça negativamente.

— Ok. Vamos começar...

Nataly me passou todas as idéias que teve para nossa coreografia e eu fiquei impressionado. Aquela “mulé” era um fenômeno, Jesus Cristo! A criatividade e dedicação da bailarina era algo de outro mundo. Nataly me estudava muito mais do que eu imaginava e apostava demais em mim. Até minhas aulas de mímica ela aproveitou para encaixar na dança.

— Você tem certeza que eu vou conseguir fazer isso? - perguntei enquanto Nataly me explicava que eu teria que plantar bananeira dando quatro passos com as mãos antes de fazer o famoso “quadradinho”.

— Tenho. Você só precisa ter concentração e equilíbrio… - olhei pra ela com uma sobrancelha arqueada. - O que foi, Luke?

— Você vai sair da sala?

— Não entendi.

— Como vou me concentrar com você linda e cheirosa desse jeito do meu lado? Não está rolando… - ela riu.

— Para de graça! Vem, vamos começar de novo… - Nataly se posicionou do meu lado… - Um, dois, três, quatro, eu me afasto e você vai, entendeu?

— Entendi.

— Vamos com a música. - Nataly ficou do meu lado e fizemos o passo inicial juntos, a bailarina bateu uma palminha abrindo espaço para eu passar e no momento que fui plantar a bananeira, perdi o equilíbrio me espatifando igual um saco de batatas no chão.

— Ui. - gemi sentindo o latejar na minha bunda. Nataly riu e se aproximou de mim.

— Machucou?

— Bem que você podia me emprestar sua bunda, né? - pedi ao me levantar do chão. - Para ajudar a amortecer minhas quedas… - conclui alisando o ponto dolorido das minhas nádegas.  - Afinal, a sua é beeem mais fofinha que a minha...

— Há Há Há… Engraçadinho. Teremos ter que treinar isso de novo...

 

Depois de mais um tempo repassando toda a coreografia comigo, Nataly se sentou no chão na minha frente, apoiando-se em seus braços e ficou me analisando através do espelho, enquanto eu tentava pela milésima vez naquele fim de tarde, fazer o maldito passo da bananeira. Eu já estava ficando frustrado com isso.

— Parararãrã… - cantarolei jogando meu corpo pra frente, apoiei minhas mãos no chão jogando meu peso nelas e não levou um segundo para eu me desequilibrar, estabacando minha bunda no chão novamente. - Ih! Agora tá errado… - falei chateado, olhando pra ela. Eu só tinha acertado fazer isso uma única vez.

— Calma Luke, até domingo você consegue... - Nataly se levantou e veio até mim. - Vem, vou te ensinar a fazer o quadradinho agora... 

—X-

 

NATALY BROOKEN

 

Nós estávamos exaustos e suados no final do ensaio.

— Pelo amor de Deus, chega por hoje! Eu estou morrendo e todo quebrado... - implorou o comediante me fazendo gargalhar. - Eu tenho muito amor a minha bunda, pra você judiar dela desse jeito.

— Ah para de drama, vai? O ensaio de hoje foi super leve, fica tranquilo que amanhã vai ser pior... - Luke olhou pra mim com os olhos arregalados.

— Aff… - bufou fazendo uma careta. - Isso porque tu diz que gosta de mim, imagina se não gostasse né?

— Vem cá resmungão, vamos tirar uma foto do nosso primeiro dia de ensaio... - pedi estendendo meu celular na nossa direção.

— Olha a cara de rapariga que eu estou… Jesus! - Luke passou a mão na testa, se encostou do meu lado e arqueou uma sobrancelha fazendo o sinal de paz e amor com os dedos. Eu sorri encarando nosso reflexo na tela do celular.

— Até que você tá gatinho... - brinquei.

— Hm… Será que tenho alguma chance com a bailarina, então?

— Quem sabe? - respondi num tom provocativo. Assim que tirei a foto, mandei para o Luke pelo whatsapp. O comediante chegou bem perto de mim e sussurrou no meu ouvido.

— Eu estou me segurando geral o dia todo aqui para não beijar sua boca na frente de todo mundo. Seria bem legal da sua parte ser mais boazinha comigo agora. - mais uma vez, gargalhei alto.

— Ah é?

— É sim. - Luke puxou minha mão e sorriu. - O que acha de sairmos pra jantar hoje?

— Acho que pode ser uma boa idéia... - o comediante alargou o sorriso com minha resposta e estalou um delicioso beijo na minha bochecha fazendo meu coração disparar.

Enquanto eu me trocava para jantar, abri o Instagram e vi que ele havia postado nossa foto com a legenda, “Resumo do dia: bum txa txa bum bum txa”, rindo da brincadeira com as batidas do funk, respondi com dois emojis apaixonados, dois batendo palmas, dois macaquinhos tampando os olhos e um coração. Não demorou para o comediante me marcar na resposta do meu comentário com um emoji apaixonado, seguido de um coração.

“Ei… Psiu!” me mandou logo depois pelo whatsapp. “Estou saindo. Dica da noite: Vá sem batom.”

 

Rio de Janeiro, quarta feira.

 

LUKE STEWART

 

— Tá legal. Vou fazer e já te mando. Valeu, cara! - desliguei o telefone e abri a câmera do celular. Um dos produtores havia acabado me ligar pedindo para eu fazer um vídeo rápido falando sobre a minha expectativa para o funk, parecido com aquele que fiz semana retrasada para o forró. Como meus horários de ensaio eram quase sempre entre o final da tarde e a noite, dificilmente eu conseguia gravar junto com os outros caras. Hoje era aniversário do Zuken, o pessoal estava organizando uma surpresa pra ele durante o ensaio, mas infelizmente, tanto Gazon quanto eu, não estaríamos lá para participar.

“Gente, tá muito bacana. A coreografia tá linda, a música é muuuito boa, contagia todo mundo e eu acho que vocês vão se amarrar, sabia?” finalizei o discurso apontando para a câmera.

Logo depois peguei meu celular e mandei mensagem para a minha bailarina. Ela disse que já estava no estúdio se arrumando, porque ela e as outras meninas precisavam gravar um vídeo a pedido do Alan para ser disponibilizado no site de entretenimento da emissora. Quanto mais eu conhecia Nataly Brooken, mais eu me encantava por ela. Ontem a noite tinha sido sensacional, nossa conexão era foda pra caramba e as coisas entre nós fluíam de maneira muito leve e natural. Eu sempre fui uma pessoa muito ligada nesse lance de energia e era indiscutível que a energia de Nataly Brooken era uma das melhores que eu já tinha encontrado na vida. O seu sorriso fácil e encantador juntamente com aquela boca rosa deliciosa haviam se tornado o meu maior vício. Nataly e eu nos beijamos a noite toda de novo e tudo o que eu queria era beijá-la ainda mais. Ia ser uma tremenda prova de fogo, conseguir cumprir com o combinado e esconder esse desejo absurdo que eu sentia por ela das outras pessoas, eu nunca fui muito bom nesse negócio de mentira. Era muito difícil omitir algo que parecia estar escrito na minha testa, mas eu juro que iria TENTAR.

Assim que mandei o meu depoimento sobre o funk para a produção, peguei minha mochila e parti rumo ao estúdio para encontrar a melhor parte dos meus dias...

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Sim, a semana mais engraçada de ensaio é o funk!
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