Sintonia escrita por kelzinha


Capítulo 17
Primeiro Beijo


Notas iniciais do capítulo

Toquem os sinos... ALELUIA!!!

QUERO MUITOS COMENTÁRIOS HEIN, gente?



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— Pelo amor de Deus, meninos! Vocês estão me deixando nervosa… - comecei a me abanar enquanto olhava para a imagem de Lion e Dave na tela do meu celular. Estávamos em uma chamada de vídeo pelo whatsapp e os dois estavam eufóricos com a minha apresentação de hoje, ou melhor, estavam eufóricos em conhecer Zuken, Josh, Cristian e mais ainda, Luke Stewart pessoalmente.

Desde ontem, que aqueles dois vinham me enlouquecendo com mensagens, áudios e ligações no whatsapp. Eram dez horas da manhã e eu já caminhava pelo longo jardim no estúdio da emissora para preparar cabelo, maquiagem, figurino e repassar, uma última vez, os passos da dança com Luke Stewart já no palco do programa.

— Aínn Diva! Ansiedade define o que estou sentindo nesse momento... - falou Lion com um enorme sorriso no rosto. - Já estamos saindo de Mogi! - Ele estava mais animado que criança no Natal.

— Venham com cuidado na estrada para não arranharem o meu bebê.

— Fique tranquila, meu amor, que o seu bebezinho está em ótimas mãos... - disse Dave sacudindo a chave do meu carro entre os dedos. Como o time masculino estaria de folga nesta semana, eu voltaria para Mogi amanhã de manhã e precisaria levar todas as minhas tralhas comigo de volta.

— Ai meu pai! Não vejo a hora de conhecer todos aqueles “Boys magia”... Chego até a suar, olha... - disse Lion passando o dedo pela testa. - Você tem certeza que não tem nenhum ali que é do babado? - revirei meus olhos para ele.

— Já disse que não, Lion.

— Tudo certo mesmo para a baladinha depois do programa né, Naty? Eu me recuso a voltar para essa cidade sem ter curtido uma bela noitada em Sampa.

— Sim, Dave... - repeti pela milionésima vez de ontem pra hoje. - Tudo certo.

— Hoje eu acordei cheia de maldade no corpo e só saio de casa se for pra causar...

— Já estou avisando que se vocês dois fizerem eu passar vergonha hoje, eu não convido nunca mais …

— Aiii que afrontosa! Está vendo isso, Dave? - exclamou Lion com falsa indignação ao encarar meu amigo. - A docinho está preocupada em fazermos ela passar vergonha... - Lion olhou novamente para a câmera do celular. - Alguma vez, um de nós, já fez a senhorita passar algum tipo de vergonha? - eu abri a boca para responder a cara de pau do meu amigo, quando ele se antecipou. - Viu? Não. Bom, meu docinho de leite, nós adoraríamos ficar aqui papeando com você, mas precisamos pegar estrada agora... Já, já estaremos ai! Beijinhos… - Lion deu um tchauzinho acenando para câmera e encerrou a chamada de vídeo. Ele sabia que se eu começasse a enumerar todas as vezes que ele e Dave já haviam me constrangido em público, eu passaria a tarde inteira elaborando uma lista.

Antes de guardar meu celular na bolsa, mandei uma mensagem para Luke.

“Psiu… Vai chegar aqui que horas?”

“Já está com saudades do seu aluno favorito, professora?”— eu ri.

“Estou.”— respondi de forma direta. Luke permaneceu online, mas não respondeu nada.

“Está falando sério?”— perguntou depois de um minuto. Eu ri ainda mais. Ele não esperava por essa resposta partindo de mim.

“Sim”

“Você está mangando da minha cara de novo né, bailarina?”

“Que horas você vem pra cá?”— retomei o assunto anterior, deixando seu questionamento no ar.

“Meu tio acabou de chegar de Campina, ele só veio deixar suas bagagens aqui e já estamos saindo do hotel…”

“Ai Luke… Estou tão tensa.”

“Não fique, bailarina. Quando eu chegar aí, te dou um abraço bem apertadinho pra você se acalmar...”— E lá estava eu, sorrindo que nem boba de novo enquanto encarava o celular na minha mão. Os abraços de Luke eram bem reconfortantes e já haviam se tornado um verdadeiro vício na minha vida.

“Obaa!!”  mandei seguido de um emoticon feliz.

“Ei… Fica calma, viu? Vai dar tudo certo.”

“ Você disse essas mesmas palavras antes de entrarmos no palco para o Baladão…”

“E você viu o resultado.”

“Kkkkkkk… verdade.”

“Apenas confie em mim.”

Eu confio. MUITO” “E preciso urgente de você aqui aluno, não demore.”— enviei a mensagem um pouco assustada ao constatar essa dependência absurda que eu estava começando a sentir da presença de Luke Stewart na minha vida.

Até daqui a pouco, professora.”

 

LUKE STEWART

 

Eu ainda olhava para o celular em minha mão com a maior cara de babaca quando meu tio me chamou.

— Olha aqui Luke, vamos tirar uma foto para mandar pra sua mãe. - nós havíamos acabado de entrar no elevador do hotel. Ergui meus olhos do aparelho celular e olhei para o espelho.

— Manda essa foto no grupo da equipe, tio. Quero postar também...

— Mando. - respondeu. - Eu vi que ontem você chegou a 200 mil seguidores no seu Instagram… - comentou contente. - Saiba que eu estou muito feliz com seu crescimento, moleque. Tenho certeza que o seu pai também está bem orgulhoso de você… - disse bagunçando meu cabelo ao me puxar para um abraço paternal. Meu tio Rick era irmão da minha mãe e sempre trabalhou junto com o meu pai. Quando meu velho se acidentou, foi ele que ajudou a segurar a barra com “mainha” e acabou cuidando de tudo para gente, inclusive de mim. Ele atualmente era meu empresário também.

— Valeu, tio.

—-----+------

Logo que chegamos ao estúdio do programa do Fred, deixei meu tio a vontade no meu camarim junto com os caras da turma que já estavam lá se trocando e fui procurar minha bailarina. Usei a desculpa que eu voltaria depois, porque aquele ambiente estava fedendo a macho e me dando alergias. A verdade era que eu estava louco para vê-la logo. Nataly e as outras dançarinas estavam se arrumando na sala de maquiagem. Da porta da sala, já dava pra ouvir a falação entre as mulheres que conversavam sobre vários assuntos ao mesmo tempo.

— Ave Maria! Isso aqui está pior que a feira de domingo. - falei ao entrar no local. - Onde está a barraca do pastel? - brinquei. Percorri meus olhos ao redor da sala, avistando Nataly sentada numa poltrona preta, com a cabeça inclinada para trás, parecendo uma estátua enquanto era maquiada por Jorge. Ao ouvir minha voz, a bailarina virou levemente a cabeça de lado e abriu um lindo sorriso ao me encontrar.

— Olá aluno… - Eu, com o mesmo sorriso bobo de sempre, caminhei até ela e apanhei sua mão.

— Oi professora… - respondi depositando um demorado beijo entre seus dedos. Eu não podia beijá-la no rosto para não atrapalhar o trabalho de Jorge. Porém, a minha vontade era de agarrá-la e morder aquela  bochecha todinha. Desde que conheci Nataly Brooken, eu tinha uma tara enorme por suas bochechinhas levemente arredondadas.

— Desculpa por interromper o momento ternurinha de vocês, mas eu preciso finalizar a maquiagem dela Luke… Chispa daqui! - disse Jorge me expulsando com os dedos. Todos que estavam perto da gente e acompanharam a cena, começaram a rir. Apesar de parecer um pouco envergonhada, a bailarina sorriu também. Não sei explicar, mas havia alguma coisa diferente no olhar de Nataly Brooken hoje que eu não conseguia decifrar o que era.

Aproveitando minha presença no local, a equipe de produção me chamou para cortar o cabelo, o que eu dei graças a Deus! Depois de um tempinho, os outros caras apareceram por lá também já vestidos com seus respectivos figurinos.

— Chora no “visu” do negão aqui, parceira. - disse Zuken amostrado, ajeitando a gola da camisa para Anne.

— Você está um arraso, parceiro! - brincou a bailarina. - Aproveitando que já está pronto, vamos para o ensaio final lá no palco?

— Boa... Falou galera, vejo vocês daqui a pouco... - Zuken se despediu e foi acompanhado por Anne ao sair da sala. A união e parceria do nosso time estava cada dia mais forte, nós já havíamos construído uma relação super bacana na semana do baladão e isso só se intensificou ainda mais durante essa semana do forró.

— Nick você tem certeza que não quer que a gente peça para a dona Gi deixar você ir para a balada com a gente hoje? - perguntou Josh em tom de deboche. Nós estávamos aporrinhando o ator, porque ele nunca saia com a gente para lugar nenhum.

— Cara, eu detesto esse lance de noitada, lugar tumultuado e de gente esbarrando em mim… - respondeu se justificando. - Eu prefiro um rolezinho mais de boa, ao ar livre ou em casa mesmo...

— Meu parceiro é um senhorzinho, gente! Respeita… - zombou May Anderson acariciando o rosto do ator. Nick olhou pra ela e riu, assim como todos nós.

— Outra coisa Josh, se você tem amor a sua vida é melhor não ficar chamando minha mãe de “dona” na frente dela…

— Com todo respeito cara, mas sua mãe é uma bela de uma Dona… - brincou o apresentador. - Ela é super nova e uma tremenda gata!

— Ow! - repreendeu Nick. - Estamos falando da minha MÃE aqui, seu cretino. - Gazon e Cristian começaram a gargalhar quando Josh fez outra brincadeira com Nick.

— Prontinho Luke. - disse Frank, o cabeleireiro, me encarando através do espelho. - O que você achou do corte? Está bom assim?

— Rapaz, ficou ótimo. - sorri, satisfeito. - Ainda mais por ser de graça. - Levantei da cadeira e ao dar meia volta, dei de cara com Nataly Brooken.

— Luke Stewart! - ela falou meu nome colocando a mão na cintura.  - Eu não estou acreditando que o senhor ainda está desse jeito! - Nataly já estava trocada, vestindo o roupão do programa por cima do figurino.

— Calma, professora. - caminhei até ela e fiz o que eu estava querendo desde da hora que cheguei. - Ah... Como eu adoro esse lugar… - confessei enquanto a envolvia calorosamente dentro dos meus braços. Nataly pra variar estava cheirosa pra caramba. Ela me abraçou de volta e sussurrou no meu ouvido.

— Não fica me abraçando desse jeito, Luke. - sem soltá-la, me afastei um pouquinho para poder encará- la nos olhos.

— Por quê? Você não gosta?

— Não. - disse de forma direta, me fazendo dar um passo para trás. - Não. Não é isso… É que… - Nataly parecia nervosa e eu comecei a ficar preocupado.

— O que está acontecendo com você, bailarina?

— Luke você precisa se trocar imediatamente. - disse Sylvio da porta.

— Vamos, depois a gente conversa sobre isso. - falou Nataly olhando para o produtor. - Senão você vai acabar me complicando…

— Tudo bem, mas saiba que esse assunto não acabou aqui.

— Eu sei que não.

 

—---+------

 

Por sorteio, ficou definido que seríamos a última dupla da noite a se apresentar. Como eu fui o último dos caras a me trocar, aproveitei que eu estava sozinho no camarim masculino para tirar uma foto pré produção, de frente para o espelho, juntamente com o roupão que estava do meu lado no cabide escondendo o figurino. Rapaz… E não é que eu tinha ficado até que bonitão com esse novo corte de cabelo?

Eu estava abotoando o último botão do colete que complementava o figurino, quando ouvi duas batidas na porta.

— Luke, você já está pronto? - Nataly parecia estar falando com mais alguém do lado de fora, quando me fez essa pergunta. Como era de praxe, vesti o roupão azul por cima da minha roupa para manter o figurino escondido até o momento da apresentação e calcei no pé, uma sandália esquisita pra caramba que a produção havia separado pra mim. A sandália parecia ser tão antiga, que eu tinha quase certeza que foi usada por Moisés, antes de Cristo, durante a batalha para libertar os escravos do Egito.

Abri a porta do camarim e encontrei a bailarina andando de um lado para outro, enquanto falava com alguém em seu celular.

— Mas, em que lugar vocês estão? - questionou para a pessoa do outro lado da linha. Ela estava muito linda. Nataly permanecia vestida com o roupão azul, só que agora, a lateral do seu cabelo estava preso com uma grande flor branca e sua boca havia sido coberta por um convidativo batom vermelho. - Dave, procura pelo Jones que eu já deixei avisado com ele… - continuou falando no celular. Assim que a bailarina olhou pra mim, abriu um sorriso. Sem pensar duas vezes, agarrei Nataly Broken pela cintura e posicionei o seu corpo de frente pra mim. Nossos peitos ficaram bem coladinhos e eu estendi meu celular em nossa direção para tirarmos uma selfie. Nataly permaneceu segurando o aparelho em seu ouvido e abriu um risinho sapeca ao perceber o que eu estava fazendo. - Dave eu vou ter que desligar agora, depois da apresentação a gente se fala... - Esse devia ser o tal amigo de sua cidade natal que Nataly convidou para nos assistir hoje. Ela havia comentado que dois amigos iriam com a gente para a balada depois do programa do Fred.

Confesso que fiquei incomodado com o fato de Nataly ter chamado dois homens para sair com a gente. Não que eu fosse machista ou algo do tipo, é que Nataly era muito bonita e dificilmente teria alguém nesse planeta que não olhasse para ela com algum tipo de interesse. Eu não estava nem um pouco afim de disputar a atenção da minha bailarina com mais alguém essa noite.

— Nossaaa, mas que gatinho esse meu aluno! - brincou ao me analisar com aquele sorrisão gostoso, assim que desligou o telefone. Finalizei a postagem da nossa foto em meu storie no Instagram escrevendo “Prontos” com uma carinha apaixonada, um bonequinho mandando beijo e olhei pra ela.

— Você viu? Estou pensando até em comprar uma sandália dessa para sair com você no nosso próximo jantar... - Nataly gargalhou. - O que acha?

— Luke nós não teremos um próximo jantar se você resolver sair comigo com uma sandália dessas... - zombou. - Finjo que eu nem te conheço…

— Ah tá… Duvido. - provoquei. - Você não só sairia comigo, como ainda desfilaria de mãos dadas que eu sei... - Nataly gargalhou de novo e aquele som delicioso me fez rir também.

— Você é tão idiota…

— Isso era pra ter sido um elogio? Porque não me pareceu muito com um elogio…

— Luke dá pra parar de fazer eu rir? Senão vou borrar a maquiagem, saco. - disse ao limpar uma lágrima que escorria pelos seus olhos.

— Falando nisso bailarina, se precisar de um demaquilante pra tirar esse batom mais tarde, pode me chamar... - estendi a mão pra ela. - Prazer, demaquilante. - Nataly gargalhou outra vez e segurou minha mão.

— Aham… Vou tentar me lembrar disso mais tarde, pode deixar... - respondeu com um risinho cheio de significados. Por um breve momento, achei que talvez a bailarina pudesse estar dando uma moralzinha pra mim. Será? - Borá pro ensaio final parceiro?

— Borá professora! - peguei a mão dela e após deixarmos nossos roupões em um dos cabines para pegarmos de volta mais tarde, partimos em direção ao palco onde ocorreria nosso último ensaio antes da apresentação. No caminho, Alan pediu para fazermos um vídeo falando um pouco sobre o forró. Nataly e eu continuamos andando de mãos dadas enquanto eu fazia o discurso para a câmera. - Sangue quente, sangue digno de nordestino…- fiz uma breve pausa. - Quando quem está na frente da câmera se diverte, quem está assistindo com certeza está se divertindo... E nisso acaba trazendo uma nota alta assim, não posso fazer nada… - comecei a rir. - Não é verdade? - Alan encerrou a gravação.

— Ficou perfeito como sempre, pombinhos! - entramos no palco e Alan nos seguiu. - Agora vão ali para o painel que eu já vou tirar a foto oficial de vocês para o site do programa. - Nataly ficou de costas pra mim e fizemos uma pose, com a bailarina segurando minhas mãos que se mantinham apoiadas em sua cintura. - Lindos! Até daqui a pouco. - ele saiu e nós, com a supervisão da equipe de produtores e coreógrafos fizemos nosso último ensaio. Assim como vinha acontecendo nos ensaios da semana, nossa dança foi cheia de chamegos e troca de olhares. Alguns movimentos fazia parte da nossa coreografia mesmo, entretanto, outros, foi por conta da química intensa que estava rolando cada vez mais forte entre nós. Se não tivesse mais ninguém ali naquele palco nos assistindo, com certeza, eu teria roubado um beijo da bailarina.

 

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Duas horas depois, nós já estávamos devidamente arrumados e coberto por nossos roupões novamente. A gente fazia a maior zuação no camarim masculino enquanto aguardávamos o momento de irmos para a concentração.

— Nick se junta ali mais perto do Luke para eu tirar uma foto de vocês. - pediu Alan que se divertia com as nossas palhaçadas. Nick se jogou no chão na minha frente e nós seis começamos a fazer caretas aleatórias para a breve sessão de fotos do fotógrafo. Não tinha uma coisa que a gente dizia ali que não fosse besteira.

Eu adorava esses momentos de interação que acontecia entre a gente nos bastidores e em nosso camarim. Não consigo me lembrar de já ter tido uma turma tão unida e parceira quanto a nossa nas outras edições desse programa.

Quando fomos para o estreito corredor dos bastidores, nossa galera toda se juntou em um montinho e para brincar com a cara do Alan, começamos a incentivar o cinegrafista a passar no meio da gente.

— VEM, VEM, VEM… -  gritamos em uníssono para o rapaz que passava entre a gente com sua câmera ligada na mãos. Depois começamos a pular e cantar a música “Malandragem” da Cássia Eller. Poucos minutos antes de começar o programa, Zuken pediu para nos reunirmos em um círculo para uma oração. Foi um dos momentos mais emocionantes daquele dia, meu corpo todo se arrepiou quando juntos, rezamos um Pai Nosso em agradecimento e pedimos a bênção para todos durante as apresentações. No final da oração, toda a turma se abraçou e aquela irmandade que já era grande se fortaleceu ainda mais.

— É nosso velho! É nosso! - falei ao abraçar Josh com força.

Essa bagunça toda que fazíamos nos bastidores era, sem dúvidas, a segunda melhor parte de ter aceitado participar dessa competição. A primeira, com certeza, foi ter conhecido Nataly Brooken.

— Pessoal, agora peguem suas parceiras e tirem esses roupões para eu tirar outra foto de vocês.

— Ouviu o Alan né, Anne? Agora temos que nos pegar e tirar nossos roupões… - Falou Zuken brincando com a sua parceira na frase de duplo sentido. Todos riram.

— Gostei disso. - continuei a brincadeira. - Nataly como você prefere? Eu te pego e você tira nossos roupões ou eu tiro nossos roupões e a gente se pega?

— Não posso nem brincar com uma coisa dessas. - Cristian disse em um tom de diversão. - Eu seria morto duas vezes. Primeiro, pela minha esposa e segundo pela minha parceira que é brava pra caramba. - Nataly Black deu risada.

— Eu não sou brava… Só não tenho culpa que nas suas aulas de natação, não ensinaram com o faz para remexer esse quadril.

— Ah, eu já estou com um gingadinho legal né, May? - a doidinha olhou para Nick com as sobrancelhas arqueadas.

— Só iremos saber disso se conseguirmos sair do último lugar no ranking essa noite né, senhor Nick?

— Toma essa! - zombei do ator.

— Luke você me aguarde, sua glória de primeiro lugar acaba hoje, parceiro! - Josh olhou pra mim dando uma reboladinha.

— Rapaz, tu está falando com um paraibano nato de sangue nordestino, a pegada do forró está aqui na veia… Fala aí, Nataly?

— Eu não sei de nada, não… - disse a bailarina me encarando com desdém.

— Ah não? Então me aguarde que lá no palco vou refrescar sua memória então... - logo após eu dizer isso, todos começaram a se alvoroçar com gritos e assobios em gozação.

— Aff… Vocês são tão infantis. - resmungou a parceira de Josh em um revirar de olhos.

— E você é tãooo madura… - retrucou May Anderson sarcasticamente.

 

 +++++++++

 

Todas as duplas já haviam dançado e mandado muito bem. Os jurados e a platéia estavam bem satisfeitos com as performances dos meus parceiros. Nataly e eu vibrávamos junto com eles a cada término de apresentação.

— Ai meu Deus! É a nossa vez agora Luke… - falou a bailarina transmitindo todo o seu nervosismo na voz. Peguei sua mão e como de costume, beijei sua palma olhando em seus olhos.

— Nós ensaiamos pra moléstia essa semana, vai dar tudo certo. - Ela ia me dizer mais alguma coisa quando Fred nos anunciou.

— Luke Stewart vem aí, com a professora Nataly Brooken. - ainda de mãos dadas, respiramos fundo e entramos saltitando animadamente, acenando para a galera. Cumprimentei Fred e enquanto ele beijava o rosto de Nataly, gritei para o público.

— E aeee!!! - percebi a apreensão da bailarina através de suas mãos suadas. Nossos dedos ainda continuavam entrelaçados e para confortá-la, apertei sua mão com um pouco mais força na minha para demonstrar o meu apoio.

— É legal ficar por último? - perguntou Fred para mim. - Ficar vendo eles sentados lá, não? - apontou para o restante da turma que estava sentada no canto do palco aguardando a nossa apresentação.

— Não, rapaz. Porque a gente fica torcendo por eles, aí quando eles vão bem a gente lembra que é… o sarrafo tá aqui né, agora? - falei apontando para mim. - Agora o bicho pega. - a galera deu risada. - Mas vamos simbora… - Fred riu.

— Então tá bom. Durante a semana, quando o cara é muito elogiado, o famoso, tem que baixar a bola durante a semana ou não precisou? - perguntou o apresentador direcionando o microfone para Nataly.

— Não Fred. Agora tem que oh…- a bailarina fez um sinalzinho com os dedos. - Correr atrás, pra manter o SARRAFO! - finalizou graciosamente estendendo a mãozinha pra cima. Balancei a cabeça em concordância, porém, me esforçando pra caramba pra não rir após as palavras da minha bailarina. Nataly estava tão nervosa que mal sabia o que estava dizendo. Correr atrás para manter o sarrafo? Será que ela sabia um dos significados dessa expressão “manter o sarrafo?”. O único sarrafo que Nataly Brooken  manteria com alguém, se Deus quisesse, seria comigo e entre quatro paredes. O poderoso imediatamente se animou com essa idéia. Ai caramba! Concentra, Luke Stewart. Concentra...

— Maravilha. - Disse Fred virando as costas. - Então vamos ver o que aconteceu no ensaio do “sarrafo”. - brincou o apresentador. Era óbvio, que conhecendo o Fred do jeito que eu conhecia, ele não deixaria o comentário duvidoso de Nataly Brooken passar despercebido. Após o lazarento dizer isso, todo mundo gargalhou e a produção colocou no telão a edição dos nossos ensaios. Mais uma vez, a edição tinha ficado sensacional e o Brasil pôde conhecer Sheila, a grande protagonista da semana. Logo que o vídeo acabou, as luzes se apagaram e Nataly e eu nos posicionamos aguardando o início da música. O combinado era nos divertimos. Nataly estava bastante nervosa e um momento antes das luzes se apagarem, eu havia sussurrado no ouvido da bailarina para esquecer todo o resto e focar apenas em mim. Foi o que ela fez e foi o que eu fiz. Assim como aconteceu na apresentação do baladão, quando a batida inicial da música começou a tocar, tudo a nossa volta desapareceu. A partir daquele momento, só existia Nataly Brooken e eu ali naquele palco.

 

NATALY BROOKEN

 

Eu estava tão nervosa que mal sabia o que estava dizendo para Fred quando ele apontou o microfone na minha direção. Somente depois que as palavras saíram da minha boca que eu fui raciocinar. Eu não estava acreditando que havia dito em rede nacional que precisava correr atrás pra manter o “sarrafo” com Luke Stewart. Que vergonha, meu Deus! Que vergonha! Imagino meu pai vendo isso...

— Ei, fica calma. - sussurrou o comediante antes das luzes se apagarem. - Foca em mim que vai dar tudo certo, eu estou aqui com você. - Luke tinha o dom de dizer as palavras certas, na hora certa. Imediatamente, meu coração se acalmou e eu fui capaz de seguir o conselho do meu aluno e me fixar apenas nele durante toda a nossa apresentação. Luke Stewart era um fenômeno. Ele conduziu todos os passos da nossa dança com muito charme e maestria. O comediante me atraia de um jeito inexplicável, todos os seus movimentos me causavam arrepios e eu sentia uma onda de eletricidade percorrer pelo meu corpo todas as vezes que ele deixava seu rosto coladinho no meu, encaixando nosso quadril e enfiava suas pernas entre as minhas. Eu demonstrei todo meu carinho pelo comediante na batida final da música quando Luke me puxou para o seu colo no último passo da coreografia. Fred começou o ovacionar o nome de Luke e mais uma vez a platéia ficou ensandecida após nossa apresentação. O comediante, impulsivamente, me puxou para seus braços em um daqueles abraços que me faziam perder o rumo e a direção. Gratidão era o que eu sentia naquele momento. Gratidão, ao Luke por ser esse cara incrível, ao Fred por ter me dado essa oportunidade, aos meus pais que sempre apoiaram os meus sonhos, aos meus amigos por estarem sempre por perto e principalmente, a Deus, por ter colocado todas essas pessoas no meu caminho.

E assim como aconteceu na nossa estréia, tanto o júri técnico quanto o artístico, rasgaram elogios para Luke. Cada palavra direcionada a ele, enchia meu peito de orgulho do meu aluno. Tiramos nota 10 da bancada de jurados inteira e mesmo após o 9.6 da platéia, Luke e eu permanecemos com a liderança no ranking final.

Saímos daquele palco em completo êxtase. Todos os meninos haviam brilhado muito em suas apresentações e estávamos muito felizes por todos nós, exceto Jennifer Mason, que deixava claro sua indignação por permanecer mais uma semana em segundo lugar.

Após da apresentação, todos menos a mestiça, nos reunimos na parte de fora do estúdio para celebrar. A gente se abraçou em comemoração e começamos a pular, cantando o hit que havia se tornado nosso mantra desde o barzinho do Zuken.

— É TUDO BOM, É TUDO, TUDO BOM! - eu permaneci colada ao lado de Luke o tempo inteiro, como se eu fosse conectada por um imã que me puxasse para perto dele.

— Partiu balada, meu povo? - falou Zuken, todo animado.

— Simmmm!!! - respondeu Anne mais empolgada ainda. - Só precisamos fazer a entrevista pós apresentação com… - ela olhou para Alan que tinha acabado de filmar nossa comemoração. - Quem vai nos entrevistar hoje, sabe? - cada semana era uma pessoa diferente.

— Keila e Alyssa. - disse o fotógrafo.

— Vamos logo então, pessoal.

 

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Luke e eu fomos os primeiros a serem entrevistados, nós ficamos com o trio que seria entrevistado por Keila. Como de costume, o comediante se enfiou entre a entrevistadora e eu e nos abraçou, alegando que o lugar dele era no meio das mulheres. Admito que, apesar de já estar acostumada a presenciar esse tipo de atitude do comediante, senti uma pontada de ciúme maior do que das outras vezes ao vê-lo com os braços ao redor do pescoço de Keila, mesmo sentindo sua outra mão, firme em minha cintura. Talvez fosse pelo fato de Keila ser ruiva e Luke já ter me contado em uma das nossas longas conversas que já havia namorado com uma ruiva, o abraço dele em Keila tenha me incomodado um pouco mais. Obviamente, disfarcei meu incômodo com uma forçada gargalhada. Sorri com a mão no peito recuperando o ar que me faltava após toda a adrenalina daquela noite.

— E aí gente? - Keila olhou para nós. - Depois que dá tudo certo, qual é… - a apresentadora respirou fundo soltando o ar pela boca. - Aliviado… Como é que é?

— É um alívio muito grande. - respondi, sem saber muito o que dizer.

— Na verdade, a gente nunca ficou cem por cento aliviado, porque na primeira semana a gente queria ensaiar muito para fazer bem feito a estreia... - falou Luke com tranquilidade. - E na segunda, a gente queria ensaiar mais ainda pra fazer bem feito também no forró. Mas olha, eu repito, isso não… não sou eu que monto a coreografia, é ELA… - disse olhando pra mim. - Então se fica legal, ela tem eu acho que oitenta por cento de participação nisso aí, o resto sou eu enchendo o saco dela pra ensaiar…

— Ensaiar… - sacudi os dedos. - Colocar esse menino pra dançar. - falei finalizando a entrevista.

— Obrigada meus amores e boa sorte na competição. - Keila nos agradeceu e chamou Gazon e Carol para a próxima entrevista.

— Ufa! - disse Luke aliviado. - Nem acredito que finalmente posso abraçar minha professora em paz... - o comediante me puxou pela mão e conduziu meu corpo para outro abraço semelhante àquele que trocamos no palco do programa do Fred, logo após nossa apresentação. Eu ainda sentia meu coração disparado por toda a adrenalina, mas ali, dentro daquele abraço, era exatamente onde eu queria estar naquele momento.

— Mais uma vez você foi incrível. E mais uma vez, eu estou muito, muito orgulhosa de você, Luke. - falei em seu ouvido enquanto o envolvia pelo pescoço.

— Não estou crendo que vocês dois ainda estão aqui nesse agarra-agarra e não foram se trocar… - Anne falou impaciente. - Meus fofinhos vocês terão a noite toda para fazer isso, agora agilizem que eu quero ir pra balada.

— Maridaaaaa sua maravilhosaaaaa! - May se aproximou de nós, já trocada, com sua bolsa na mão e pronta para ir embora. Ela e mais três amigas da nossa equipe de balé iriam para Disney aproveitar essa semana de folga dos ensaios do “Você pode dançar?”. Como o vôo delas estava marcado para hoje, elas sairiam daqui direto para o aeroporto. - Deixa eu me despedir de você, eu já estou indo… - falou me abraçando animadamente.

— Ahhhh marida, aproveita bastante a viagem e mande lembranças ao Mickey Mouse por mim. - brinquei.

— Pode deixar. Uma pena que eu não poderei ir com vocês para a baladinha de hoje… - ela olhou para o Luke que nesse momento conversava distraidamente com seu tio e depois olhou de volta para mim. - Só vou te dizer uma coisa...  Se joga, marida! Não desperdice as oportunidades que a vida está tentando te dar de presente. - eu não precisei de muito para saber que ela estava falando do Luke. Eu não conseguia mais parar de pensar nisso. - Eu te conheço muito bem para olhar dentro dos seus olhos e te afirmar que é isso que você quer. Ele é uma graça, fofo pra caramba e olha pra você como se fosse a única mulher no centro do universo. O que mais você está esperando? Seus olhinhos brilharem quando alguém fala dele pra você? - ela botou a mão no queixo e fingiu assumir uma expressão pensativa. - E não é que eles estão brilhando nesse exato momento? - May abriu um sorriso malicioso e eu sorri também revirando meus olhos pra ela.

— Tchau marida! Vai logo, se não irá perder o vôo. - dei um beijo e um abraço nela. - Boa viagem!

— Tchau “MIGOOO”! - acenou a doida gritando para Luke. - Juízo vocês dois, hein? - Luke riu acenando de volta para ela.

— Quero saber todos os babados dessa noite amanhã, hein? Porque eu estou sentindo que hoje teremos vários…

—+-

Após me despedir de May, avisei Luke que iria ao camarim me trocar para irmos pra balada.

Peguei meu celular e acabei me assustando com a quantidade de chamadas perdidas que tinha de Lion.

— Quem morreu? - perguntei assim que meu amigo atendeu o telefone.

— Se você não vier encontrar com a gente aqui fora agorinha, eu mesma! - respondeu meu amigo, fazendo drama. - Nós estamos aqui na frente do portão principal, rodeados de vários “bofes escândalo” e não tem ninguém aqui para nos apresentar para eles…

— Olha a bunda daquele ali Lion… - Ouvi a voz de Dave ao fundo e comecei a rir. - Lion soltou um longo suspiro.

— Jesus me abana! Minha diva mais poderosa e arrasativa do mundo das divas poderosas e arrasativas, se você ama seus amigos de verdade, venha pra cá imediatamente. Eu estou passando mal e preciso conhecer esse deuses… - gargalhei.

— Podem aquietar o facho que daqui a pouco estarei ai… - desliguei o telefone retirando a enorme flor rosa da minha cabeça e fui me trocar.

 

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No corredor dos camarins, encontrei Luke já vestido com a camiseta azul que havia chego mais cedo. O comediante segurava uma camisa azul estampada em sua mão. Assim que me viu, Luke abriu um sorriso e automaticamente nos abraçamos.

— Olha ela toda linda pra variar… - Luke deu um cheirinho no meu cangote. - E cheirosa... Jesus Cristo! - completou tascando um beijão na minha bochecha. Luke estava com seu celular na mão. - Deixa eu tirar uma selfie com a minha professora mais gata de todas as gatas pra causar inveja nos machos do meu Instagram… - eu ri.

— Então vou fazer aquela cara de quem tem o melhor aluno do mundo. - Abri um meio sorriso envolvendo Luke pelo pescoço e juntei nossas cabeças.

— E eu aquele olhar de desespero de quem tem uma gata dessas agarrada no pescoço e não pode fazer nada... -  Ele olhou para a câmera com a expressão séria, porém, divertida e bateu a foto.

— Ai meu Deus! Vocês são tão fofos… - disse Paulinha da equipe de coreografia chegando por trás de nós.

— Paulinha agora essa é a cara de quem vai pra noitada em Sampa curtir a noite toda ao lado dessa gata… - Luke me passou seu celular para que eu pudesse tirar a nossa foto e me envolveu pela cintura, num abraço por trás, enquanto encostava sua cabeça na minha ao abrir um risinho maroto. Eu gargalhei e tirei a foto com a Paulinha rindo ao fundo também.

— Vocês são demais. - falou a coreógrafa ao se despedir de nós.

 

Eu ainda estava rindo de alguma bobagem que o Luke dizia quando avistei Lion e Dave caminhando em nossa direção. Nós havíamos acabado de sair do estúdio.

— Aaaaaahhhh finalmente! - disse Lion todo empolgado. - Eu já estava quase criando raiz nesse lugar esperando por você. - Luke olhou para o meu amigo e prendeu o riso. Notei uma expressão de alívio, talvez? No olhar do comediante.

— Não sei pra que tanto desespero. Luke esses são Dave e Lion, Dave e Lion esse é…

— Sem formalidades Nataly, nós sabemos muito bem quem é Luke Stewart. - disse Lion me interrompendo. - Aliás ele é muito mais gato pessoalmente... - Lion mediu Luke de cima a baixo com os olhos brilhantes e um sorriso que ia de orelha a orelha. - Prazer, muito prazer e o prazer é todo meu, com certeza! - falou estendendo a mão em cumprimento ao comediante.

— Menos Lion, menos… - pedi num tom quase que implorativo, escondendo a vergonha do meu rosto atrás das minhas mãos. Luke estava rindo horrores quando cumprimentou meus amigos.

— E ai cara, beleza? - Dave foi um pouco mais discreto em seu cumprimento. - Parabéns pela apresentação, vocês dançaram demais essa noite.

— Valeu, cara. - respondeu o comediante. - A professora aqui ajuda muito. - ele riu e piscou pra mim. Lion suspirou botando a mão no peito.

— Minha Nossa Senhora! Se um bofe desse pisca pra mim desse jeito, eu derreto igual sorvete no verão… - ele se abanou olhando para Luke.

— Lion cala a boca, pelo amor de Deus! Luke, por favor,não ligue para as besteiras que ele diz… - Luke só ria e eu não sabia mais onde enfiar minha cara. - Sabe se pessoal já foi pra balada? - perguntei mudando de assunto.

— Acredito que sim, pelo menos foi o que mandaram aqui no grupo. Cristian disse que ele e Gabriele nos encontrariam lá.

— Vamos nós quatro com meu carro então.

 

Luke sentou ao meu lado no banco do passageiro e Lion e Dave foram no banco de trás.

— Dave do céu! Me amarrota que eu tô passada! - sussurrou Lion para Dave achando que ninguém mais pudesse ouvi-lo. O único problema era que Lion não conseguia ser discreto nem se ele quisesse e para completar, Luke havia ficado mudo naquele exato momento. - O boy da Nataly além de lindo, é uma delícia de cheiroso e cara, você reparou o “bagageiro”? Menino, eu-estou-chocada que se depender do tamanho daquele peru, a Nataly vai ter ceia natalina o ano inteiro… - imediatamente, senti meu rosto queimar e num ato repentino de completo desespero, liguei o som do carro no último volume. Eu ia matar Lion hoje, eu juro que ia. Disfarçadamente, olhei de rabo de olho para o comediante que estava vermelho de tanto tentar prender o riso. Claro que Lion e Dave não estavam ouvindo nenhuma música clássica quando liguei o som. As batidas do funk pornográfico explodiram no carro me deixando ainda mais constrangida. Desliguei o rádio rapidamente e me virei para Luke.

— Você tem um chiclete? - Luke tirou duas cartelas do bolso e estendeu uma pra mim. - Eu pedi um chiclete, não uma cartela inteira. - falei enfiando um tabletinho na boca.

— Graças ao Henrique chicletes é o que não falta na minha vida… - brincou colocando um na boca também. Luke havia me contado que comprou a caixa de chicletes inteira só para ajudar o garotinho que teve a mãe acidentada num atropelamento. Ele era tão lindo. Luke ofereceu chicletes para Dave e Lion e guardou o restante no bolso.

Quando chegando na porta da balada, Luke vestiu sua camisa azul estampada por cima da camiseta e nós saímos do carro.

Entramos no estabelecimento e fomos direto até a área reservada para nós, no camarote superior, que ficava na parte mais sossegada da balada. A área de baixo era o lugar onde a banda tocava e consequentemente, o local que tinha a maior agitação e muvuca da galera. Assim que chegamos avistamos Cristian e Gabi sentados no sofá, bebendo um drink. Ambos logo que nos viram, soltaram um grito em comemoração.

— Aeeeee meu brother! É nós! - disse Cristian abraçando Luke e estendendo um copo de bebida para o comediante. Lion e Dave se dispersaram dizendo que iriam dar uma volta para conhecer o local.

Eu permaneci grudada ao lado de Luke, sem a mínima vontade de estar em algum outro lugar que não fosse perto dele.

— Você vai querer beber o que, bailarina? - Luke perguntou pra mim segurando carinhosamente minha mão. Ele era carinhoso o tempo inteiro que estava comigo.

— Pode ser algum drink de Aperol mesmo. - eu gostava de bebidas mais doces. O problema era que esse tipo de bebida subia na mente que era uma beleza e eu não era tão resistente assim a álcool.

Após o garçom trazer meu drink, continuamos lá no camarote tranquilos, conversando com Cristian e Gabriele sobre as nossas apresentações. Ora ou outra, eu me pegava olhando para Luke com total admiração enquanto ele dizia alguma coisa. Eu não conseguia mais disfarçar, nem negar o que todo mundo já havia percebido. Eu realmente estava caidinha pelo meu aluno.

 

LUKE STEWART

 

Eu estava adorando Nataly comigo o tempo inteiro. Ela não se afastou de mim, nem quando seus amigos disseram que iriam dar uma volta para conhecer o local. Não consegui esconder minha felicidade com a descoberta que Lion e Dave eram gays. Assim, eu não precisaria me preocupar com nenhum deles dando em cima da minha bailarina, ainda bem. Eles eram duas pessoas bem divertidas.

Eu estava brincando de comparar o tamanho da mão da bailarina com a minha quando a esposa do Cristian chamou nossa atenção.

— E ai, vocês dois? - indagou maliciosamente olhando para mim. Desde que conversamos aquele dia no bar do Zuken, que Gabriele sabia de todo o meu interesse por minha professora. Ela fez um discreto sinal para mim com sua sobrancelha e encarou Nataly Brooken que continuava distraída mascando seu chiclete, enquanto brincava com os nossos dedos entrelaçados. - Huummmm…Quem está com um chiclete, é porque quer um selinho! - Nataly, instantaneamente, ergueu a cabeça e encarou Gabi que estava rindo ao lançar um olhar desafiador em nossa direção. Cristian, que até então, mexia em algo no seu celular virou o rosto para nós também, logo após ouvir as palavras de sua esposa. Foram alguns segundos de silêncio, até que decidi olhar para a cara da bailarina. Nesse mesmo instante, Nataly se virou pra mim e com um sorriso travesso no rosto, encostou sua boca na minha num breve selinho. Não sei dizer quanto tempo fiquei com cara de babaca, tentando assimilar a inesperada atitude de Nataly Brooken.

— Aeeeeeeee!! - comemorou Gabi animada batendo palmas. - Nataly continuou sorrindo e bebendo seu drink numa boa, como se nada tivesse acontecido e na minha cabeça, eu só estava buscando entender o que significava aquele formigamento doido no local onde os lábios da bailarina haviam encostado nos meus.

— Ai simmm, moleque! - disse Cristian na mesma empolgação de sua esposa. - Esse casal aí não se larga amor, tem mais é que se beijar logo de uma vez!

— Vamos descer pra dançar? - desconversou a bailarina dando o último gole em seu drink. Nataly estava começando a ficar alegre com todo aquela bebida de Aperol. Mesmo se eu não quisesse dançar, eu jamais deixar Nataly descer sozinha naquele lugar cheio de homens querendo uma chance de tentar se dar bem. Aqui não, rapaz! Eu grudei na bailarina igual chiclete na sola do sapato e a acompanhei em todos os lugares que ela quis ir. Até quando ela foi no banheiro, eu fiquei esperando na porta.

— Luke, você não precisa ficar comigo a noite toda, pode se divertir por aí se quiser. Não quero estragar sua balada. - Ela só podia estar ficando na bêbada mesmo.

— Você quer que eu saia de perto de você? - falei alto em seu ouvido. O samba rolava forte e estávamos perto da banda, bem no meio da muvuca. - Nataly olhou em meus olhos e balançou a cabeça negativamente fazendo um biquinho. Meu Deus, como eu queria beijar aquela boca. - Ainda bem, porque mesmo que você dissesse que sim, eu não iria sair daqui de jeito nenhum. - ela virou o rosto um pouco de lado e sorriu.

— Por que você tem que ser assim tão príncipe hein, aluno? É difícil pra mim essas coisas…

— Que coisas? - Nataly estava me deixando cada vez mais confuso.

— Vem. Vamos dançar! - ela me puxou pela mão e nos levou para uma parte um pouco mais tranquila da pista. A banda iniciou um pagodinho romântico e Nataly encaixou seu quadril no meu, nos conduzindo naquela dança. Nossos corpos balançavam em perfeita sintonia, no ritmo exato da música como se tivessem feito isso a vida toda. Era muito louca essa conexão entre nós. Nossos rostos estavam cada vez mais grudadinhos e aquele cheiro do perfume dela me enlouquecendo. Eu não estava resistindo mais.

Nataly não fazia esforço algum para se afastar de mim, pelo contrário, a bailarina parecia cada vez mais querer me torturar com toda aquela aproximação. Eu sei que eu tinha prometido que deixaria as coisas acontecerem no tempo dela e era somente por isso, que eu ainda estava utilizando o pequeno fio de auto controle existente em mim. Porém, depois daquele selinho que trocamos no camarote, minha boca sentia desesperadamente, a necessidade em ter muito mais dela em mim. Eu tinha que me afastar e precisava ser agora, senão eu entraria num caminho sem volta. Nataly permanecia dançando com seu rosto coladinho no meu. Me afastei um pouquinho apenas para poder dar um beijo em sua bochecha e encerrar aquela dança. Eu já estava acostumado a enchê-la de beijos naquele local, já que eu não podia beijar em outro lugar. Eu, despretensiosamente, mirei em sua linda bochecha arredondada e estava a meio centímetro de alcançá-la, quando o inesperado aconteceu. Nataly Brooken virou a cara e nossos lábios se encontraram pela segunda vez naquela noite.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Não me matem... Mas eu precisei dividir esse capítulo...

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