Asas douradas - Fremione escrita por Lumos4869


Capítulo 42
Capítulo 42 - Tarde demais


Notas iniciais do capítulo

Heeeeey!
Não consegui me aguentar e decidi postar essa capítulo de uma vez. O capítulo 42 foi algo que já havia planejado desde o começo da história e espero que gostem!
Boa leitura!

ALERTA: O capítulo a seguir contém temas que podem causar desconforto para quem for sensível



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Capítulo 42 -  Tarde demais

Hermione sentiu um calafrio e estremeceu seu corpo todo. Seu coração estava pesado, mas não tinha a mínima ideia do porquê de estar sentindo assim. A castanha tentava manter o foco no que Harry falava para ela e Rony, sem sucesso. Aparentemente, ele e o diretor embarcariam em uma aventura com a intenção de destruir uma das Horcruxes de Voldemort. 

— Desculpa Harry, não estou conseguindo me concentrar. - ela confessou. - Algo de ruim está para acontecer. 

— Mione? - Harry sussurrou um pouco confuso.

— Não sei explicar, é como uma intuição, sabe? - ela tentou explicar.

— Você quer que eu chame Fred? - Rony questionou a amiga. Os gêmeos ainda estavam no castelo. 

— Não não, está tudo bem. - ela sorriu. - Além do mais, Ronald, eu sei muito bem cuidar de mim mesma sem precisar da ajuda de seu irmão. - ela cerrou os olhos.

— Eu tenho certeza disso. - o ruivo respondeu. - O problema é o que Fred fará conosco... - ele apontou para ele mesmo e Harry - ... se alguma coisa acontecer e não avisarmos ele. - ele sorriu sem graça e Hermiome riu.

— Não se preocupe com isso. - Hermione respondeu. - Provavelmente é só um mal pressentimento.

***** 

George olhava sem interesse para o Mapa Maroto. Ele e Fred estavam jogados no sofá do salão comunal de Grifinória sem fazer nada. Provavelmente era a quinta vez que olhava novamente o mapa. 

— Engraçado. - ele comentou ao notar algo no mapa.

— O que foi? - Fred levantou a cabeça.

— Hope, não consigo achá-la em nenhum lugar. - ele franziu a testa. Toda vez que observava o mapa maroto, o ruivo tinha o costume de procurar seus amigos e a lufana era a única que ele não havia encontrado.

— Como assim? - Fred se aproximou do irmão. 

— É cara, já faz uns dez minutos que eu estou procurando ela e nenhum sinal. - ele apontou para o papel. - O trio de ouro está no quarto de Hermione, Luna está em seu salão comunal, Ginny está com algumas amigas na biblioteca e Nick está na enfermaria. Dá para ver Neville e os outros também, mas Hope é a única que não está aqui.

— Mas não tem como ela não estar no mapa. - Fred coçou o queixo preocupado. - Ela não tem a permissão de sair do castelo e é estranho ela sumir sozinha desse jeito.

— Fred, ela não sumiu sozinha. - George sentiu sua garganta se fechar quando chegou a sua conclusão. - Draco Malfoy também não está no mapa.

***** 

Essa era a segunda vez que Hope Lea Lovegood via toda sua vida passar diante de seus olhos. Ao menos ela poderia se reencontrar com Leo e lhe pediu perdão. Nada a prendia mais no mundo carnal e tudo que a pequena lufana queria era paz. Queria poder sentir sem ter medo de perder, queria poder sorrir sem ter medo de chorar. E ela não estaria sozinha, afinal, Leo sempre estava ao seu lado. Estava preparada para ir. Ah, estava sim. 

— Hope. - escutou seu nome ser chamado e sentiu seu coração se apertar ao reconhecer a voz dos gêmeos. Havia aprendido tanta coisa com eles... 

— Lea. - Agora era a voz de Hermione. Ah, como devia tanto a ela. Hermione era como uma irmã. Compartilhavam do dom dos anjos caídos e sabia que podia confiar sua vida a ela. Bom, se ainda tivesse vida.

— Hope. - Seu coração se quebrou ao reconhecer a voz de sua irmã. Luna parecia estar triste e machucada. Havia um tom de sofrimento em sua voz. Não, Luna não merecia isso. Sua irmã adotiva era a pessoa mais gentil e amorosa que havia conhecido. Hope a admirava e a amava do fundo de seu coração. 

— Luna não. - ela sussurrou. - Não machuquem ela, por favor. - sussurrou novamente e sentiu uma lágrima grossa escorrer pelo seu rosto. Espera... lágrima?

Assim que Hope abriu os olhos, ela sentiu seu corpo todo doer. Olhou em volta e reparou que estava em uma cama. O quarto em si era bem simples e a lufana estava sozinha. 

Aos poucos, ela começou a se recordar do que havia acontecido e de como havia parado ali. Se Draco Malfoy não havia a matado, o que raios ele queria com ela?

***** 

Um grito de pura angústia ecoou pelo banheiro feminino do segundo andar e em seguida, o barulho de um espelho quebrando foi ouvido. Draco Malfoy sentiu o sangue escorrer por entre seus dedos enquanto ofegava. Os pedaços quebrados do espelho mostravam um reflexo que ele já não reconhecia mais. Nem para matar uma garotinha ele servia. Draco soltou uma gargalhada alta enquanto segurava sua barriga. Era realmente patético a forma que falhava toda vez. Era pedir demais poder proteger sua mãe? A única pessoa que o amava?

É claro que nunca quis mal algum a garota Lovegood, muito pelo contrário. A ideia de que ele esteve disposto a matar uma criança e ainda arrancar seu coração o fazia sentir enjoado e doente. Ele estava preparado, sim, ele estava. Nunca teve ligações com a criança então deveria ter sido fácil, certo? Afinal, precisava proteger a si mesmo e sua mãe. Porém, quando preparou sua varinha para o golpe final e observou o rosto adormecido dela, ele travou. Assim como ele, Hope Lea Lovegood era apenas mais uma vítima da guerra e por céus, ainda era uma criança.

— Minha vida é uma piada. – o loiro murmurou entre suas risadas. Ele gargalhava, mas por dentro, tudo estava um caos. Não havia saída. Não havia respostas. Não havia um final feliz.

Sua risada foi diminuindo aos poucos até que tudo que havia restado era um garoto quebrado. Draco se olhou novamente nos cacos do espelho. – Deveria eu acreditar em felicidade, Weasley? – sussurrou ao se lembrar da conversa que teve com o ruivo. – Talvez não.

*****

George corria pelo castelo da forma mais rápido que podia. Amaldiçoou o fato do castelo ser enorme e mesmo que utilizasse das passagens secretas que conhecia, estava demorando mais do que esperava para chegar ao seu destino: o banheiro feminino do segundo andar.

— Merda Malfoy. Merda! – ele gritou para si mesmo. Enquanto ele e seu irmão procuravam separadamente por ele e Hope, o ruivo avistou o nome do sonserino no banheiro e tinha um pressentimento ruim sobre isso. Seu coração estava acelerado e se lembrando da conversa que teve com Malfoy no outro dia, sabia que se não chegasse a tempo, as consequências podiam ser desastrosas.

*****

Hermione deixou o pequeno vaso de planta que segurava se estraçalhar no chão. Suas mãos começaram a tremer e seus olhos estavam arregalados. Rony e Harry entraram em alerta ao ver o estado de sua amiga e a seguraram quando esta perdeu por um segundo a força nas pernas. A castanha estava com os olhos vidrados e parecia estar fora desse mundo.

— O que está acontecendo? – Harry perguntou em meio ao desespero. – Mione? Mione!

— Estou reconhecendo esses sintomas. – Rony murmurou. – Harry, ela está tendo uma crise. Algo de ruim, está acontecendo ou está para acontecer.

— O que? – o moreno perguntou confuso enquanto deitava sua melhor amiga na cama. Seu desespero aumentou quando Hermione começou a chorar e a se debater querendo sair da cama. – Mione, sou eu! Se acalme!

— Ela teve algo parecido quando você fez a terceira prova do Torneio Tribuxo. – Rony passou as mãos pelos cabelos ruivos nervoso. – Fred a levou até o lado e conseguiu acalma-la... É isso, Harry! Precisamos de água para acalmá-la! – ele correu para o banheiro e começou a encher a banheira. – Aguenta mais um pouco, Mione.

— Não, não faça isso! – a voz de Hermione ecoou pelo quarto assustando os dois rapazes. – Não se machuque...

— Mi? – Harry limpou com cuidado as lágrimas do rosto da amiga, mas recuou quando notou os olhos castanhos dela se tornarem dourados.

— ...Malfoy. – ela sussurrou e Harry e Rony trocaram olhares confusos. O que teria acontecido com o fuinha?

*****

Draco encarava o teto do banheiro sem interesse. Seu braço esquerdo estava mutilado repetidamente bem em cima de onde a marca negra costumava ficar. O caco de vidro que havia usado ainda era fortemente segurado pela sua mão que também sangrava, mas Draco Malfoy já não sentia mais nada. Nem dor, nem tristeza.

— Me desculpa, mãe... – ele sussurrou utilizando toda sua força. Ele se recusava a continuar vivendo dessa forma. Tantos anos fora manipulado por seu pai e pela ideia de puro-sangue que o sonserino agora se recusava a se deixar ser manipulado por alguém cruel como Voldermort. Se não bastasse ter vivido o tempo todo sobre as expectativas de Lucius Malfoy, agora ele também precisava matar em nome de uma cara que odiava. Matar uma criança, por céus. A imagem de Hope o assombrava e Draco deixou uma lágrima cair, pedindo silenciosamente desculpas para a lufana.

Tantas pessoas feridas por causa dele... Tudo porque Draco queria proteger quem ele amava. Era tão errado querer salvar sua mãe? O loiro se sentia sujo, condenado e fraco. Ele já não tinha esperanças para nada, nem para si e nem para sua mãe. Pediu perdão novamente a sua mãe e fechou lentamente seus olhos. Não iria mais sentir medo. Não iria mais fazer coisas que não concordava. Não iria mais se quebrar mais e mais toda vez que tentava tirar a vida de alguém. Por Merlin, Draco havia passado tanto tempo tentando matar pessoas... Não iria mais ser um comensal. Nem que isso tirasse sua própria vida.

Com dificuldade, Draco virou sua cabeça para encarar o estrago que havia feito em seu braço. O loiro não havia pensado duas vezes antes de pegar o caco mais afiado que havia encontrado e tentar tirar a marca que causava nele tanto repulsa e nojo. O primeiro corte que fez doeu, doeu muito. Porém, ele não se importava porque era uma forma de pagar por tudo que fez. Agora olhando seu braço, o sonserino se perguntava quando havia deixado de sentir dor. Seu sangue se misturava com a água que transbordava da pia com a torneira aberta e a cada segundo que passava, ele sentia cada vez mais suas forças irem embora. Malfoy riu de seu destino: que forma mais patética de se morrer.

Mas ele já não se importava. Agora era apenas esperar que a escuridão o levasse. Deveria ter sorrido mais. Deveria ter sido mais gentil. Deveria ter amado mais. Deveria ter vivido mais.

Mas agora era tarde demais.

 


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