Capítulo especial – Fotografias

Hermione estava sentada na janela mais alta da Toca enquanto observava seus amigos jogarem quadribol. Era seu aniversário e haviam conseguido a permissão de Dumbledore de passarem o final de semana em casa. Seus amigos fizeram uma pequena comemoração no almoço e também havia ganhado muitos presentes (a maioria livros), mas mesmo assim, sentia um vazio no peito. Era o primeiro aniversário que passava sem seus pais, literalmente. Além disso, Fred e George saíram na noite anterior para uma missão de emergência e até agora não haviam voltado. Fred pediu desculpas várias e várias vezes por não poder estar em uma data tão especial, mas Hermione entendia que não foi escolha do ruivo e que ele sempre estava fazendo de tudo por ela.

— Mi? Posso entrar? – Harry bateu na porta e entrou sem esperar uma resposta.

— Já entrou né, bobão. – ela sorriu e o chamou para perto. Ele riu e se sentou ao lado dela. – Achei que estivesse jogando quadribol.

— Estava, até Nick me expulsar do jogo por ter me machucado. – ele deu de ombros. – Foi só um ralado, mas acho que ele ainda está bravo comigo por tê-lo derrubado sem querer com a vassoura. – ele coçou a cabeça sem graça.

— Você não consegue fazer nada sem se machucar, hein? – ela riu.

— Olha quem fala. Não sei como os professores ainda te consideram a melhor aluna. Cada confusão que você se mete... – ele falou em um tom brincalhão e recebeu um leve tapa dela.

— É porque apesar das coisas, eu sempre mantive minhas notas perfeitas, ao contrário de alguém. – ela riu e o cutucou com o cotovelo.

— Calúnia! – ele fingiu estar ofendido e logo depois riu. – Você deveria estar lá embaixo se divertindo também, sabia?

— Não quero morrer naquele jogo assassino no meu aniversário, Harry. – ela revirou os olhos e riu. – Além do mais, eu estava lendo um dos livros que eu ganhei.

— Falando em presentes... – ele fez um suspense. – Eu tenho mais presente para você. – ele sorriu e lhe entregou um ramo de girassol e um cartão.

— Ó Harry! Que lindo esse girassol! – Hermione sorriu abertamente. Amava flores.

— Leia o cartão com calma, okay? – ele deu um beijo na testa dela antes de sair do quarto. Assim que Harry saiu, a castanha abriu o cartão.

“Comecei a me interessar pela literatura trouxa a pouco tempo. Livros e palavras nunca foram algo que me atraíam, mas sem ao menos perceber, eu já estava mergulhado nesse mundo infinito de letras.

Você foi a razão.

Ps.: Aquele com pavor de aranhas é sua próxima parada.”

Hermione franziu a testa confusa com o cartão de seu amigo. Levou alguns segundos para que acendesse uma pequena desconfiança em sua mente. Ela sorriu com a hipótese e decidiu seguir o cartão, indo até sua próxima parada: Rony Weasley.

O jogo de quadribol já havia acabado e o ruivo se encontrava (claro) na cozinha. Ele comia um pedaço de uma das inúmeras tortas de Molly no canto da mesa.

— Aquele com pavor de aranhas é sua próxima parada. – ela recitou ao chegar próxima do amigo. Rony deu um pulo da cadeira e se engasgou, recebendo leves tapas nas costas. – Desculpa, não queria te assustar.

— Da próxima vez, me deixe ao menos terminar de comer antes de me matar, okay? – ele riu. Rony se levantou e foi até uma parte da cozinha, voltando com mais um ramo de girassol e um novo cartão. Ele lhe entregou sem dizer nada e se afastou.

“Comecei a ter, pela primeira vez, noites mal dormidas. Talvez fosse por preocupações, medo ou ansiedade. Ou talvez fosse apenas eu tentando entender o que estava acontecendo com o meu coração que batia de forma descontrolada.

Claro, você era a razão.

Ps.: Sua próxima parada é alguém sem o sangue mágico.”

A castanha sentiu seu peito se aquecer com aquilo. Procurou por Nicholas pela casa até o encontrar sentado nos jardins. Assim que a viu, o rapaz lhe entregou mais uma flor e um cartão. Nick a abraçou desajeitado de lado e entrou para a Toca.

“Acontecimentos desconhecidos me rodearam e eu conheci um lado meu que jamais imaginei. Procurei minhas respostas em livros, pessoas e diversos lugares até que finalmente entendi.

Novamente, você foi a razão.

Ps.: Que tal ir até sua eterna companheira ruiva?”

Hermione Granger estava levemente trêmula. Sabia muito bem quem era o verdadeiro autor daquilo tudo e só de pensar nele, seu coração acelerava.

— Talvez esteja a procura disso? – uma voz a surpreendeu por trás e a castanha se virou. Ginny a esperava com um sorriso enquanto segurava um girassol e um cartão. – Você merece. – a ruiva sussurrou quando deu um abraço apertado em Hermione.

“Encontrei a parte que faltava em mim. Eu sinto todos os dias como se pudesse escalar qualquer montanha, não importa o quão alta ela seja. Eu aprendi a voar sem asas. Eu posso fazer o impossível por um único sorriso.

E obviamente, você é a razão.

Ps.: Não vamos esquecer de nossa pequena anjinha.”

Hermione já tinha algumas lágrimas acumuladas no canto de seu olho e fazia de tudo para não chorar. Ela respirou fundo, sentindo seus lábios começarem a tremer. A castanha entrou na Toca e ficou surpresa ao encontrar todos os seus amigos sentados na sala. Todos estavam sorrindo e a olhavam com expectativa. Ela procurou Hope com os olhos e a encontrou escondida atrás de Rony. A loira riu levemente e entregou o cartão e a flor.

“Ficar longe de você é como ficar sem luz. Você sempre foi uma pequena adulta: cheia de responsabilidades e maturidade. Você foi obrigada a crescer rápido, mas em nenhum momento deixou que isso te abalasse e continuou caminhando firme e forte em direção à um futuro melhor. Você cuidou de cada um de nós. Você é a salvação e meu porto seguro. Você é uma aventura cheia de emoções ao mesmo tempo que é o mar calmo. Você é a razão de eu amar tanto como nunca pensei que fosse amar.

Você é a razão.

Ps.: Sua última parada é alguém como eu. Claro que mais feio e menos inteligente, mas prometo que ele é legal. Só não vai se apaixonar por ele hein? Lembre-se que por mais parecido que ele seja comigo, a obra-prima ainda continua sendo eu.”

Hermione riu com o final do cartão e trocou olhares com seus amigos antes de sair da Toca. Algo lhe dizia que sua última parada estava a esperando nos jardins e não estava errada. George Weasley a esperava com um sorriso torto e de braços abertos. Ainda estava em fase de recuperação por conta da morte de Angelina, mas não podia deixar de prestigiar o aniversário de sua melhor amiga.

— Feliz aniversário, Mia. – ele sussurrou e beijou sua testa. – Você merece toda felicidade do mundo.

— George. – ela sorriu e o abraçou. – O que aconteceu com a missão de vocês?

— Não havia emergência alguma, era apenas uma desculpa para que Fred pudesse organizar tudo. Aliás, aqui está seu último presente. – ele falou e com um movimento de varinha, todos os ramos de girassol se tornaram em um lindo buquê amarelo. O ruivo também colocou um colar com uma chave na ponta em volta do pescoço de Hermione. – Segure isso e aproveite. – ele sorriu e lhe entregou uma máquina fotográfica. Hermione ficou confusa com o objeto, mas logo sentiu tudo rodar e entendeu que aquilo era uma chave de portal.

Quando pisou novamente em terra firme, Hermione notou que estava em frente à loja dos gêmeos. Usou a chave que estava pendurada em seu pescoço para abrir a porta e quando entrou, se deparou com um corredor. O interior da loja havia sido transfigurado para um longo e branco corredor.

— Fred? – ela chamou ser ter uma resposta.

A castanha então decidiu seguir o corredor para ver encontrava Fred, mas parou ao notar que o corredor não estava vazio: havia fotos, várias fotos espalhadas pelas paredes. Hermione deixou que algumas lágrimas escorressem pelo seu rosto ao passar lentamente por aquele corredor. Ali estavam suas memórias, sua vida. Haviam fotos desde o início da amizade dela com os gêmeos até os dias atuais. Era uma verdadeira viagem no tempo. Ao chegar no fim daquele corredor de memórias, Hermione olhou uma última vez para trás e sentiu todo o seu corpo tremer. Eram tantas lembranças e momentos inesquecíveis...

Ela respirou fundo e limpou seu rosto antes de subir as escadas da loja. Caminhava lentamente em direção ao miniapartamento deles com o coração acelerado. O que Fred teria aprontado desta vez? Ela abriu a porta devagar enquanto seus olhos procuravam por sinal dele. E finalmente o encontrou.

O lugar estava decorado com velas e flores e no meio disso tudo, Fred a esperava com um sorriso enorme no rosto. Estava usando um terno azul escuro e seu cabelo estava bem arrumado. Ele segurava uma máquina fotográfica na mão e assim que Hermione entrou por completo no ambiente, ele tirou uma foto.

— Hey. – ele falou com a voz rouca e ela correu em sua direção. – Feliz aniversário. – ele sussurrou em seu ouvido quando a recebeu em seus braços.

— Fred! – ela exclamou ainda surpresa. – E-eu não sei nem o que dizer. – ela olhava a sua volta admirada.

— Hoje é o seu dia. O dia da minha garota. Eu sei que você está sentindo um vazio dentro do peito por conta de seus pais. – ele a abraçou pela cintura. – Mas tenha certeza absoluta de que eles te amam e que amariam estar aqui com você. Eu não posso preencher esse vazio por completo, mas eu quero estar ao seu lado em todos os momentos. Seja para caminhar junto ou para te dar forças. Com você eu aprendi o significado do amor. Eu entendi que amar é dizer não ao egoísmo. É cuidar, é doar, é lutar pelo aquilo que você acredita. Eu aprendi a amar cada pedacinho seu e mesmo as partes que eu ainda desconheço, eu tenho certeza que eu vou amar. Eu já fiz essa pergunta antes e tive minha resposta, mas eu quero fazer novamente. – ele se afastou dela e se ajoelhou, pegando do bolso uma caixinha preta.

— Fred... – ela se ajoelhou junto dele em lágrimas.

— Hermione Jean Granger, você aceita se casar comigo? – sua voz saiu levemente trêmula por conta da emoção. Fred enxugou o rosto antes de abrir a caixinha e revelar um lindo anel.

— Nós realmente fomos feitos um para o outro. – Hermione riu e ele ficou um pouco confuso. A castanha deixou o buquê em uma cadeira antes de tirar uma caixinha do bolso da blusa. – Eu sei que tecnicamente nós já somos noivos, mas eu queria te entregar esse anel que era de meus avós há um tempo. Você aceita se casar comigo? – ela perguntou e os dois se olharam antes de darem uma alta gargalhada.

— Só você mesmo, Mia. – ele a abraçou. – É claro que eu aceito me casar com você.

— Sendo assim, eu também aceito me casar com você. – a castanha riu. – A gente vai ter que conversar depois o que fazemos com esses anéis. – ela pegou as duas caixinhas e deixou ao lado do buquê. – Desde quando se tornou fotógrafo?

— Eu sempre tive uma câmera que me acompanhava em todos os lugares. – ele explicou. – Eu a deixava escondida e por ser mágica, ela tirava as fotos quando eu pedia.

— Por isso que tem tantas fotos e eu não me lembro de câmera nenhuma? – ela perguntou. – Esse é meu noivo. – ela sorriu e o beijou.

— Eu te amo, ratinha.

— Eu te amo mais ainda, grandão.

Os olhares de Hermione e Fred se encontraram e uma explosão de sentimentos aconteceu. Seus olhos transbordavam emoções e seus corações batiam como um só. Iniciaram o beijo de forma lenta, como se quisessem que aquele momento se congelasse e permanecesse para sempre assim. Fred a pegou no colo com cuidado sem quebrar o contato e a levou até a cama. A paixão e a química entre eles exalavam pelo quarto todo. Ele passou a mão na cintura dela por debaixo da blusa enquanto Hermione levantava a camisa de Fred para que pudesse tirar.

— Você tem certeza disso? – ele parou e perguntou preocupado.

— Mais que tudo nessa vida. – ela falou e sorriu maliciosa antes de terminar de tirar a camisa dele.

Naquela noite não havia Hermione Granger e Fred Weasley. Não havia guerra, não havia comensais. Não havia espaço para nenhum outro sentimento a não ser o amor. Seus corpos e corações se completaram e suas marcas brilharam intensamente.