Asas douradas - Fremione escrita por Lumos4869


Capítulo 27
Capítulo 27 - Feridas Abertas


Notas iniciais do capítulo

Enjoy!



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Capítulo 27 – Feridas abertas.

— Eu sou Hermione Jean Granger – ela fechou os olhos e respirou fundo. – Eu sou um anjo caído.

E então, pelas próximas duas horas, Hermione contou tudo que havia escondido de seus amigos durantes um ano e meio. Contou sobre suas transformações; sobre como os gêmeos descobriram e a ajudaram; sobre Hope, Leo e Nicholas; sobre o enigma de Sirius; sobre o plano com Malfoy e também sobre as intenções de Voldemort.

Harry Potter permaneceu em silêncio o tempo todo, mantendo seus olhos fixos no chão. Muitas coisas passavam em sua mente e tinha medo que se encontrasse os olhos de sua melhor amiga, ele fosse quebrar de vez.

— Por que você não nos contou antes? – Rony levantou-se de onde estava um pouco exaltado. – Você tem ideia do quanto estávamos confusos e preocupados com você e Hope na batalha do Ministério? Achávamos que iríamos perder vocês! – ele bagunçou os cabelos nervoso e Hermione abaixou o olhar.

— Eu não contei nada antes porque eu queria proteger vocês. – a castanha respondeu sem encontrar os olhos de seu amigo.

Nos proteger? Não somos frágeis, Hermione. – dessa vez foi a vez de Ginny de se levantar e Mione se encolheu. – Está certo que não somos os mais fortes ou poderosos, porém, estamos dando nosso melhor todos os dias porque queremos salvar quem amamos! Será que isso não é o suficiente para você confiar na gente? – a ruiva tinha lágrimas nos olhos que ela não permitiria escorrer. Sentia frustrada e assustada ao mesmo tempo. Isso tudo estava acontecendo com seus amigos, como ela não conseguiu perceber nada?

— Ginny... – Hermione chorava nos braços do namorado.

— Chega vocês! – Fred apertou a castanha em seus braços. – Eu entendo que vocês estejam magoados com o fato de não termos contado, mas fizemos isso para a proteção de vocês!

— E isso não tem relação com o fato de vocês serem frágeis ou não. – George continuou a fala de seu irmão. – Mas sim com o fato de que vocês são importantes para nós e essa foi a forma que achamos de proteger vocês! Se coloquem em nosso lugar, no lugar da Mia por um segundo! É errado querer proteger quem amamos?

— Será que vocês não entendem a gravidade? – Rony se aproximou dos irmãos. – Hermione e Hope podiam ter morridos! Elas têm um alvo nas costas delas esse tempo todo e não sabíamos de nada! Se caso tivesse acontecido algo, como vocês acham que nos sentiríamos? Acha que teríamos ficado felizes em terem nos protegido dessa forma? Será que vocês não veem que podíamos ter lutado ao lado de vocês? Que daríamos o nosso tudo por vocês?

— Chega. – Luna se pronunciou pela primeira vez. Ela tinha os olhos vazios, algo que assustava qualquer um que a conhecesse. -  Não adianta nada ficar discutindo isso agora. Essa foi uma decisão feita por eles e eu respeito isso. Vocês também deveriam. – ela olhou na direção de seus amigos que abaixaram a cabeça. – Não concordo, porém respeitarei. No momento, temos coisas mais importantes para nos preocupar. – ela falou e andou até Hermione que ainda estava sentada com Fred no chão. Luna se ajoelhou no chão ficando da altura de sua amiga e a abraçou fortemente. – Obrigada por cuidar de Hope todo esse tempo, Mione.

— Oh, Luna. – a castanha soluçou e abraçou a loira de volta. – Eu sinto muito por não ter conseguido proteger Lea direito.

— Não diga isso, Mione. – Luna falou baixo. – Você quase deu sua vida por ela. Tenho certeza que ela é muito amada por todos vocês.

— Ela está tão quebrada, Luna...

— Nós iremos juntar pedacinho por pedacinho dela. – ela falou e se afastou de sua amiga. – Não se preocupe, iremos juntar você também. – Luna tentou sorrir. – É para isso que serve os amigos, certo?

— Oh, céus. – Ginny veio até elas e se juntou ao abraço. – Iremos te proteger dessa vez, então confie em nós, okay?

— Eu sinto muito, Gi. – Hermione abraçou a ruiva com força.

Ficariam bem, no final. Tinham que acreditar nisso.

*****

Depois de horas de conversa tensa, Luna e Ginny subiram para o quarto de Hope enquanto os meninos e Nick ficaram no primeiro andar conversando entre si. Hermione e Harry estavam no quarto dela, já que o último havia pedido para conversar com sua amiga em particular.

— Eu não vou mentir para você e te dizer que eu entendo completamente suas razões ou que eu não estou chateado com você. – Harry falou assim que Hermione fechou a porta. Ela se sentou na cama e pediu para que ele se sentasse ao lado dela.

— Eu entendo que você esteja chateado comigo, Harry. – falou sem encontrar os olhos dele. Eu só posso pedir desculpas a vocês.

— Entende o que passava na minha cabeça enquanto você lutava contra Voldemort? Entende como ficou a minha cabeça ao ver minha melhor amiga com asas? Consegue imaginar como eu estava ao ver uma criança anjo ser morta na minha frente sem poder fazer nada ou ter sequer ideia do que estava acontecendo? – ele falou sem respirar. Precisava tirar tudo isso de seu peito. – Porra, eu te vi praticamente morta nos braços de Hope!

— Harry... – ela finalmente encontrou os olhos magoados de seu amigo e colocou sua mão na lateral do rosto dele. – E-eu estava com medo e assustada com tudo isso também. Sabe que o desconhecido sempre causa pânico, não é? Eu tinha medo que alguma coisa acontecesse a vocês, que eu perdesse meu controle... – ela acariciou o rosto dele levemente. – Você já tem tantas coisas nas suas costas...

— Mione. – Ele tirou a mão de Hermione de seu rosto e segurou ambas as mãos dela com força. – Eu consigo entender esses sentimentos porque teve e ainda tem várias vezes que eu penso se eu fiz a escolha certa em deixar você e Rony se arriscarem tanto por mim e meus problemas... Não só vocês, mas todos os meus amigos. Não sabe o quanto eu tenho medo de perder um de vocês... Talvez seja um pouco de egoísmo de minha parte, mas eu sinto mais seguro em ter vocês ao meu lado. Eu sinto que eu não seria nada e não conseguiria nada sozinho. – ele a abraçou. – Porque vocês são minha força e a razão pela qual eu luto.

— Oh, Harry! Eu sinto muito mesmo. – ela o apertou.

— Só me prometa, por favor, que dessa vez você não vai esconder nada de mim , okay?

— Prometo. – ela sorriu – Obrigada por tudo, Harry.

*****

Os primeiros dias após Hermione acordar foram turbulentos para todos. Hope, aos poucos, foi se recuperando emocionalmente com a ajuda de todos e principalmente de sua irmã, Luna, que se recusava a sair do lado dela. Hermione também ficou sabendo do artigo no Profeta Diário, mas decidiu ignorar qualquer rumor ou pergunta se viessem falar com ela sobre isso. Dumbledore aceitou a presença de Nicholas no castelo, já que ele não tinha um lugar para ir, porém, com a condição de que ele ajudasse Madame Pomfrey na enfermaria. Apesar de não possui magia igual os bruxos, ele entendia bastante quando o assunto era sobre curas.

— O que o famoso Sirius Black poderia querer com minha humilde pessoa? – Hermione brincou assim que entrou na sala do diretor. Havia recebido uma coruja com um pedido de Dumbledore para que ela fosse até a sala dele porque Sirius Black a esperava. Harry também foi chamado e já estava na sala.

— Acho que além do famoso, faltou o bonito, inteligente e charmoso Sirius Black. – o maroto abriu um sorriso de lado e se aproximou da castanha. – E claro, humilde e super modesto também. – ele a abraçou. – Como você está, menina?

— Eu estou indo aos poucos. – ela sorriu meio triste. – Queria me ver?

— Ah, sim sim. – ele se afastou para sentar em uma das cadeiras do escritório de Dumbledore que não estava presente na sala. – Eu conversei com Aluado e também com Dumbledore e decidi que ajudaria você e Hope a se fortalecerem cada vez mais. Seja fisicamente ou magicamente.

— E como você pretende fazer isso? – Harry perguntou com a sobrancelha levantada. Não que duvidasse da capacidade de seu padrinho, mas os poderes dos anjos caídos eram algo novo e que às vezes, nem mesmo os próprios anjos entendiam.

— Eu não sei ao certo magicamente, até porque eu não sou um especialista nessa área. – ele sorriu e deu de ombros. – Porém, eu conversei com Nicholas e ele também topou ajudar nos treinamentos. É exatamente pelo fato que os poderes de vocês exigem muito do físico que eu acho importante desenvolver essa parte. – ele explicou calmamente e Hermione ouvia tudo em silêncio. – Eu fiquei muito tempo preso em Askaban. Se todo esse tempo me serviu de alguma coisa, foi isso: meu preparo físico.

— Eu aceito. – a castanha prontamente respondeu. – Eu acho mesmo que estamos muito despreparadas para o que possa vir a acontecer e na minha opinião, se eu fosse mais forte, eu teria tido condições de salvar o Leo. – ela cerrou os punhos frustrada.

— Não se culpe pelo Leo, Mione. – Harry apoiou sua mão no ombro dela.

— Estava pensando também em dar alguns treinos extras a vocês da A.D. – Sirius falou.

— Aceitamos de bom grado. – Harry respondeu. – Treinos são sempre bem-vindos.

— Ótimo. – o maroto se levantou. – Começamos assim que vocês entrarem de férias. – ele bateu a palma da mão na outra. – Você acha que eu poderia dar uma vistinha rápida a Hope? Eu não tentei me aproximar antes porque eu sabia que ela precisava de tempo. Eu pensei em agradecê-la por ter salvado a minha vida. - ele coçou a cabeça um pouco sem graça.

— Ela está melhorando aos poucos. – Hermione suspirou.

— Eu posso te levar até ela, se Mione não se importar. – o moreno se ofereceu.

— Claro, Harry, sem problemas. – ela sorriu. – Eu preciso conversar com Nick mesmo.

Os três saíram do escritório de Dumbledore e se separaram no corredor: Harry e Sirius foram em direção ao dormitório de Hermione e ela foi em direção a enfermaria onde provavelmente Nick estaria.

No caminho, sua mente começou a viajar e diversos tipos de pensamentos a invadiram. Sua vida era tão “tranquila” até então e de repente, toda sua vida virou de cabeça para baixo. O pior disso tudo? É que Hermione sentia, quase tinha certeza, que tudo isso era só o começo de uma longa jornada.

— Ouch. – ela soltou ao esbarrar em alguém. Ela massageou seu ombro esquerdo e ao levantar o rosto para ver com quem havia trombado, Hermione deu de cara com Draco Malfoy, mas não era Draco Malfoy. Aquele com o nariz empinado, ar de esnobe, roupa e cabelo sempre impecável e a pele perfeita. Este à sua frente estava com o uniforme e cabelos bagunçados, olheiras de baixo dos olhos e com os ombros encolhidos. Este mesmo Draco Malfoy endireitou sua postura rapidamente ao ver com que havia trombado.

— Malfoy! – Hermione exclamou. – Eu estava mesmo querendo falar com você faz tempo, mas nunca te encontrava. O que aconteceu com você...? – ela tentou se aproximar dele.

— Não dê mais nenhum passo em minha direção. – o tom dele era lento e baixo. Havia um certo desprezo e raiva em sua voz.

— Malfoy? – ela o olhou sem entender nada.

— Foi tudo culpa sua. Sempre é, né? – ele foi sarcástico. – Obviamente, a Granger salva o anjinho dela e foda-se o resto, certo? – ele riu irônico e se desviou dela, dando as costas a ela.

— Onde raios você quer chegar? – ela aumentou um pouco seu tom de voz para que alcançasse Malfoy que andava para longe dela.

— Onde eu quero chegar, Granger? – ele parou e se virou novamente. – Tínhamos um acordo. Eu te entregava o diário de meu avô e te colocava dentro da minha mansão para que pudesse salvar a porra do seu anjo e em troca, você me ajudava a resgatar a minha mãe. – ele se aproximou dela com passos largos até ficar bem próximo dela. – E sabe o que aconteceu? Você salvou seu anjinho, meus parabéns. – ele bateu palmas fracas. – Ainda conseguiu sair ilesa, tanto você quanto seus capachos ruivos. Meus parabéns novamente. – ele bateu palmas fracas novamente e Hermione foi ficando cada vez mais pálida. “Por favor, espero muito que eu esteja errada.” Desejou a castanha.

— Malfoy...

— Oras, faça me um favor e fique calada. – ele rosnou. – Adivinha só quem apareceu de imediato na mansão porque vocês foram levados pela corrente? Lucius Malfoy. – ele falou o nome do pai de forma lenta e Hermione sentiu se coração apertar. – Fomos torturadas até estarmos um fio da morte. – ele riu. – E sabe qual é a melhor parte? Minha mãe estava grávida do merda que chamo de pai. – ele abriu os braços. – Preciso terminar o restante?

— Não me culpe desse jeito, Malfoy. – Hermione falou firme sem desviar o olhar dos olhos cinzentos dele. Por mais que falasse firme, havia uma dor profunda em seu peito. – Não fui levada de lá porque eu queria. Eu nem ao menos sabia que aquilo era uma chave de portal!

— Foda-se, pouco me interessa as suas desculpas. - ele a encurralou no canto esticando seu braço na parede ao lado dela. – Minha mãe perdeu a vontade de lutar e viver quando soube que perdeu o filho que nem ao menos sabia que existia. – ele olhou no fundo dos olhos dela e Hermione pode sentir toda dor que o loiro sentia. –Viva sua vida, Hermione Granger, sabendo que você carrega eternamente nas suas costas a morte de um inocente. – ele falou pausadamente e se afastou, lançando um último olhar de desprezo antes de ir para longe.

Hermione Granger escorregou até o chão e colocou a cabeça entre suas mãos. Sabia que não tinha culpa, mas a ferida era grande demais para que ela pudesse manter sua sanidade intacta naquele momento.

 Então Hermione gritou.

E gritou.


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