Capítulo 21 – Fique bem.

— Patronos? – Fred questiona confuso.

— Minha explicação ficou um pouco confusa, não é? – Hermione perguntou sem graça. – A lua cheia é referente a Remus e sua licantropia. Outra forma de se interpretar é também as minhas próprias transformações. Os animais seriam uma representação dos marotos que se tornaram animagos para ajudar Remus. Sirius está querendo dizer que se animais podem ajudar criaturas como lobisomens; criaturas puras poderiam ajudar anjos caídos. Ou seja, quando esses animais se tornam puros, na forma de um patrono, eles podem me auxiliar!

— Acho que entendi. – Fred coçou a cabeça. – Não sei como você concluiu isso tão fácil. – ele abraçou sua namorada.

— Oras, eu sou a bruxa mais brilhante dessa geração, não? – ela brincou.

— Realmente, minha namorada. – ele falou orgulhoso. – Acho que precisamos conversar sobre algumas coisas, certo?

— Certo. – ela se soltou do abraço e o puxou para que se sentasse na cama. – Sobre Malfoy...

— Eu vou com você, essa é minha condição. – Fred a interrompeu. – Eu continuo achando que isso é uma loucura, mas eu confio em você, Mia.

— Obrigada Freddie. – ela sorriu. – Eu sonhei com Nick e ele me falou sobre uma nova marca que surgiu em mim.

— Mais uma marca?

— Sim e dessa vez você também tem. – ela se virou e puxou seus cabelos para cima, mostrando uma pequena marca na nua. – É o símbolo do amor eterno, segundo ele.

— Eu tenho uma também? – ele passou a mão na nuca e Hermione afirmou.

— Não sei ao certo o que ela faz, mas se simboliza nossos sentimentos... – a castanha sorriu e Fred beijou a ponta do nariz dela.

— Então ela realmente vai ser eterna. – ele sorriu. Seu sorriso durou alguns segundos antes de sumir de seu rosto.

— Aconteceu alguma coisa, Freddie? – ela perguntou preocupada.

— Tenho um assunto importante para falar com você. – ele segurou suas mãos. – Eu espero muito que você compreenda, meu amor.

— Você está me assustando.

— Eu e George estamos planejando fugir daqui. – ele soltou de uma vez e abaixou seu olhar. Tinha medo da reação dela. – Não temos certeza se essa é a nossa melhor escolha, porém, precisamos estar preparados para a guerra e não conseguiríamos isso aqui. Além de que temos o sonho de abrir, finalmente, uma loja própria de logros.

— Fred... – Hermione começou.

— Obviamente eu não quero te deixar sozinha, ainda mais com tanta coisa acontecendo. – ele a interrompeu ainda sem encará-la. Fred levantou-se da cama e passou a andar de um lado para o outro nervoso. – Tem uma passagem secreta que liga Hogwarts a Hogsmeade. Posso sempre te visitar, principalmente durante as luas cheias. Eu sinto meu coração quebrar só de pensar que você vai ficar aqui sozinha.

— Fred... – ela tentou novamente sem sucesso.

— Mas você pode vir com a gente, Mia! – ele a encarou pela primeira vez e segurou seus ombros com delicadeza. – Eu posso cuidar e proteger você. Não que você precise, já que é mais poderosa que eu e George juntos, mas mesmo assim, podemos ser feli...

— Fred! – ela gritou e colocou suas mãos na lateral do rosto de seu namorado fazendo com que ele se calasse. – Eu entendi o que você quis dizer.

— Mia, por favor...

— Me deixa falar, homem! – ela exclamou e ele se calou novamente. – Eu entendo que é o sonho de vocês abrir essa loja. Que espécie de namorada eu seria se não apoiasse você nessa ideia? Não se preocupe comigo, estamos sempre ligados um ao outro, certo? – ela apontou para a marca em sua nuca. – Quanta a sua proposta... Eu não posso aceitar, Freddie. Eu amaria largar minhas preocupações e incertezas aqui e fugir com você, mas não posso. Harry, Ron, Gi, Lea... Todos eles vão precisar de mim. Além de que alguém precisa lutar aqui de dentro, não é? – ela acariciou o rosto dele. – Eu amo você.

— Eu amo você também. – ele a beijou. – Obrigado, Mia.

*****

— É engraçado que esse caderno não fala nada sobre patronos. – Hope falou enquanto analisava algumas páginas do caderno que Hermione recebeu de Malfoy.

— Bom, é uma teoria criada por Sirius. Ou até mesmo Remus, porque convenhamos, Sirius Black pensando em um enigma? – Hermione brincou. – Mas não custa nada tentar.

— Vocês encontraram alguma coisa sobre o ritual? – George questionou.

— Sim. – a mais nova falou e abriu em uma página específica que continha diversos rabiscos. – O problema é que Abraxas nunca é direto com o que ele quer escrever, vai levar um tempo para organizar tudo isso.

“Um ser tão corrompido como o ser humano não merece a pureza de um anjo. Jamais. Qual é o ponto de ser tão poderoso? De ser temido? A morte chega para todos. Quando chegar a sua hora, você vai poder olhar para trás e se sentir orgulhoso de seus feitos? Feitos esses que trouxeram tanta dor e angústia... Entenda uma coisa, querido amigo, quando chegar o fim, partirás sem levar nada daqui. E então, valeu a pena?”

Hermione leu o trecho sob o silêncios dos outros. Tinha quase certeza de que Malfoy estava se referindo a Riddle.

— Wow. – Fred soltou. – Eu nunca esperei que um Malfoy fosse tão profundo assim. – ele conferiu o horário e também o mapa maroto (que pegou “emprestado” de Harry) – Vamos testar a teoria de Sirius? Está quase na hora.

— Vamos. – Hermione e Hope responderam juntas. Eles deixaram o quarto da castanha e caminharam em direção a sala precisa, sempre observando o mapa. Sob o pedido de Hope, a sala ofereceu a eles o mesmo local de suas transformações.

— Eu quero que vocês se mantenham afastados da gente mesmo assim, okay? – a grifinória apontou a varinha na direção dos gêmeos que rapidamente concordaram e engoliram um seco. – É tão bom estar sempre no controle. – ela riu.

— Pronta? – Hope sorriu e estendeu a mão para a castanha que confirmou.

E assim como todas as outras vezes, as duas entraram nas águas calmas e esperaram a lua cheia atingir seu ápice. Hope se afastou um pouquinho de Hermione quando esta se curvou pela dor que sentiu.

— Merda, nunca vou me acostumar com isso. – Hermione soltou baixo.

— Vai melhorar, não se preocupe. – a loira sorriu. Suas transformações, ao contrário de Hermione, eram rápidas e quase não sentia dores. Hope apenas fechou seus olhos e amoleceu seu corpo para que suas asas pudessem ser liberadas.

— Que inveja de você. – a castanha falou com dificuldade. Ainda sentia dores por todo o seu corpo quando suas asas finalmente foram liberadas.

— Agora. – Hope gritou e os gêmeos entenderam o sinal. Com os olhos fechados, ambos movimentaram sua varinha e proferiram o feitiço. Da varinha de Fred, surgiu uma bela coruja enquanto uma hiena saía da de Jorge. – Uma hiena, por que será que eu não me surpreendo com isso?

— Eu ouvi isso, nanica. – George gritou do canto da sala.

— Era para ouvir mesmo. – Hope mostrou a língua em um ato muito maduro. Os patronos vieram rapidamente na direção das duas e as cercaram. – Está sentindo isso, Mione?

— Estou. – respondeu. Hermione, que antes estava de joelhos devido a sua dolorosa transformação, estava de pé. Ela inspirou profundamente antes de soltar o ar. A energia dos patronos envolvia o corpo das duas.

— Suas asas. – Fred falou. As duas o olharem sem entender até que perceberam que suas asas estavam um pouco maiores.

— A energia dos patronos nos fortalece. – Hermione concluiu enquanto observava seu reflexo na água. – Sirius estava certo.

*****

Duas semanas haviam passado desde aquela noite. Hermione, sendo Hermione, estava louca com as matérias e a proximidade dos N.O.M.s. Além dela estar focada nos estudos, ela também estava cobrando e enlouquecendo todos a sua volta.

— Mi, eu posso descansar um pouco? – Harry bocejou.

— De forma alguma! – ela estreitou os olhos. Estavam todos reunidos em volta da mesa do salão principal. Todos com a exceção dos gêmeos Weasley. – Onde estão aqueles folgados? Se eles pensam que vão fugir de mim...

— FRED E GEORGE WEASLEY, VOCÊS NÃO ESCAPAM DE MIM HOJE!— os alunos levaram um susto ao ouvir a voz fina de Umbridge do corredor. Alguns soltaram risadas baixas e outros apenas reviraram os olhos.

— É aí que você se engana, sapa velha! – Hermione reconheceu a voz de Fred. Ela girou sua cabeça na direção da porta a tempo de vê-la explodir e dois ruivos entrarem de vassouras no salão principal.

— Eles enlouqueceram de vez. – ela sussurrou ainda surpresa com os dois.

Fred e George riam alto enquanto bagunçavam todo o salão sob suas vassouras. Os alunos foram a loucura (mesmo os sonserinos) e se divertiam com a Umbridge correndo atrás deles. Os gêmeos sorriram cúmplices antes de soltaram diversos fogos de artifícios no lugar. Aproveitando a confusão que fizeram, eles se aproximaram de suas respectivas namoradas e lhe entregaram uma rosa vermelha.

— Para a mais bela flor do meu jardim. – Fred usou seu melhor sorriso ao entregar uma rosa e também uma carta a sua amada. Os alunos que não sabiam do romance dos dois ficaram chocados.

— Você ainda vai me matar de preocupação, Freddie. – Hermione sorriu de volta. – Fique bem. – ela falou ao finalmente entender qual realmente era a intenção dos gêmeos.

— Vou ficar. – ele sorriu. – Fique bem também. – ele se aproximou para beijá-la, mas teve que desviar de um feitiço vindo de Umbridge. – Ops... Tenho que ir. Vamos George!

— Só vamos! – o outro gêmeos respondeu e ambos voaram mais um pouco pelo salão (mais para desviar dos feitiços vindo da sapa) e então, eles voaram para fora sendo acompanhados por todos os alunos que estavam ali.

— Faça a vida dela um inferno, Pirraça! – Fred gritou ao vê-lo perto das janelas e recebeu um aceno de volta.

Quando chegaram ao jardim de Hogwarts, os dois soltaram mais fogos de artifícios que dessa vez, formaram a letra W no céu.

— Não desistam, galera! Esse é só o começo! – George gritou.

— E claro, venha nos visitar em nossa mais nova loja: a Geminialidade Weasley no Beco Diagonal! – Fred exclamou.

E então, ambos os ruivos partiram. O céu estava azul quando os irmãos Weasley deixaram o lugar que, por anos, foi sua segunda casa.

— Eles não têm jeito, não é? – Angelina se aproximou de uma Hermione com lágrimas nos olhos.

— Vou sentir falta deles.

— Eu também, eu também. – a morena suspirou antes de abraçar a castanha e ambas caírem em lárimas.