Luzes de Natal escrita por Chloe Less


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas, eis eu aqui com uma one de Natal bem bolinho pra vocês.
Espero muito que gostem.
Vou fazer um bônus pequeno, provavelmente posto no dia 25 (sim, dona Chloe ama bônus). Mas era pra vir junto com o capítulo, só que não daria tempo de postar, já que vou viajar. Então coloquem a história nos acompanhamentos.

Boa leitura!



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Luzes de Natal

POV Bella

O clima frio era típico de dezembro, da janela do meu apartamento eu conseguia enxergar cada árvore completamente sem folhas, mas ainda não havia neve. O que era realmente estranho para o natal.

Porém não era apenas a falta de neve que tornava aquele natal atípico. Era o segundo natal que Renée e Charlie não estariam comigo.

O natal da família Swan era tradição. Cresci acostumada com um natal na grande mansão de meus pais, onde todos os funcionários se reuniam com suas famílias e ceavam conosco. Charlie largava suas tradicionais calças sociais de lado e vestia jeans, colocava um avental e se aventurava na cozinha junto com a cozinheira e quem mais quisesse. Renée trocava os saltos agulha por tênis e brincava com toda criança que viesse passar o natal com a gente.

Mamãe retirou o útero após meu nascimento, quando sua única irmã morreu de câncer, do mesmo jeito que sua mãe. Então, tendo uma única filha e sem outros parentes, meus pais, que sempre gostaram de casa cheia, criaram essa tradição. A grande festa Swan.

Eu lembrava com exatidão a animação de Renée ao decorar toda a casa, o olhar cúmplice e apaixonado que meus pais trocavam cada vez que passavam embaixo de um visco. E isso havia acabado.

Graças à um bêbado, eu havia perdido as minhas tradições, perdido minha família, perdido o meu porto seguro.

Ainda não havia feito dois anos desde que eles foram embora, mas depois de um mês de puro luto, perdendo peso e chorando todos os dias, lembrei que não era isso que eles queriam de mim. Que não era isso que eles haviam me ensinado. Não havia sido escolha deles, eu deveria me manter em pé. Então levantei da cama, tomei um banho e retomei as rédeas da minha vida.

Eu estava no controle da Swan Style. Ou quase isso.

Eu havia controlado grande parte das coleções deste ano, mas os assuntos administrativos eu ainda deixava nas mãos de Phil Dwyer, o braço direito de meu pai, até que eu me sentisse pronta.

A antiga mansão de meus pais se tornaria uma escola de artes, coisa que mamãe sempre foi apaixonada.

Era nítido que eu estava conseguindo gerir minha vida sem desmoronar. Mesmo com a dor constante, mesmo com a solidão e a saudade que nunca me abandonavam. Eu levantava todos os dias, tomava decisões e tentava não deixar com que o legado deles, a Swan Style, fosse por água a baixo.

Eu também cuidava de mim mesma. Apesar dos primeiros meses eu evitar sair para outra coisa que não fosse ligada à SS, Alice e Rosalie acabavam conseguindo me fazer sair, até que eu conseguisse sair sem sentir culpa.

Mas comemorar o natal era demais para mim. Eu apenas não conseguia celebrar a data favorita dos meus pais. Não ainda.

Eu havia comprado uma árvore de natal grande demais para alguém que passaria o natal sozinha, além de diversas luzes de natal e todo tipo de enfeite possível. O que já era um progresso, já que no ano anterior eu nem ao menos passei no frio de Nova Iorque. Mas eu ainda não tinha coragem. Era doloroso passar o natal sozinha, sem eles.

Estava assistindo uma comédia, o mais longe possível de dramas natalinos, enquanto tentava ignorar a existência da árvore ao lado. Eu estava cansada de ficar sozinha, o vazio do meu apartamento fazia com que a minha solidão se intensificasse.

Então em um ato desesperado, resolvi ir ao lugar favorito dos meus pais na cidade. Vesti uma legging preta, um casaco vermelho por cima de um tricô preto, botas sem salto, um gorro preto e caminhei alguns quarteirões até o Central Park.

Ainda era bem cedo, em dias normais muita gente ainda não estaria acordada, mas várias lojas pelo caminho estavam abertas, provavelmente querendo aproveitar os fregueses sem tempo, que sempre deixavam algo para comprar de última hora.

Luzes de natal enfeitavam o caminho. Eu podia vê-las por todo o caminho, nas árvores, postes e nas lojas. Olhar para aquilo me deu vontade de voltar para casa, deitar debaixo das minhas cobertas e sair apenas no dia 26. Mas eu precisava seguir em frente, eu não podia sofrer pelo natal pelo resto da minha vida.

Então passei em uma padaria, comprei alguns croissants e um cappuccino bem quente. O atendente sorriu, mesmo trabalhando na véspera de natal, com um gorro tosco de papai noel.

Entrei no parque determinada a ir para o lugar favorito dos meus pais. Um banco em um lugar escondido do parque.

Eles me levavam desde pequena lá, todas as vezes me contando de como se conheceram.

Os dois estudavam em Columbia, Renée cursava design de moda e Charlie fazia administração, se conheceram em uma aula de marketing. Charlie dizia que havia se encantado por ela no momento em que Renée discutiu com uma garota mimada sobre uma propaganda preconceituosa. Mamãe só percebeu a existência dele semanas depois, quando ele pediu as anotações dela.

Quando o semestre acabou, papai estava apaixonado, mamãe nem conversava com ele direito. Nas férias os dois acabaram se esbarrando no Central Park, Renée fugindo de um garoto que queria sair com ela, Charlie fugindo de seus pais. Os dois conversaram por horas naquele banco e foi naquele dia que mamãe se apaixonou.

Foi conversando naquele banco que eles perceberam o tanto de ideias em comum eles tinham, sentados no Central Park que eles planejaram a Swan Style. Foi naquele banco que papai pediu mamãe em casamento. Era naquele banco que em toda manhã de natal, os dois sentavam comigo e nós planejávamos o futuro.

Pensando nisso eu continuei a minha caminhada. Talvez eu não me sentisse mais sozinha como me sentia. Talvez o vazio fosse embora. Talvez eu lembrasse de como era a sensação quente de tê-los por perto mais uma vez.

Quando comecei a me aproximar o suficiente do lugar, vi que havia uma pessoa dormindo no banco dos meus pais, provavelmente um mendigo. Merda. Ele não podia ter deitado em outro lugar? Haviam vários outros bancos por perto e todos estavam vazios. Por que ele precisava dormir ali?

Logo minha mente pensou em como eu estava sendo mimada e mesquinha, o banco não era dos meus pais, era público. Eu tinha um duplex em um bom bairro de Manhattan, onde o aquecedor estava funcionando. Além de um monte de roupas e cobertores no closet. Eu não fazia ideia do que aquela pessoa devia ter passado ali, apesar da falta de neve o frio era congelante.

E se ele estivesse morto?

Me aproximei lentamente em um surto de coragem, querendo checar se a pessoa ainda estava viva. O peito subindo e descendo me tranquilizou.

Tênis de corrida, uma blusa de moletom e uma calça cinza. Ele não parecia um morador de rua, mesmo com a barba por fazer, mas eu também não conseguia enxergar alguém irresponsável quando olhava para ele.

E eu não queria parar de olhar. Havia algo nele que não deixava eu me afastar. O rapaz era lindo, sem dúvidas, mas eu queria ver seus olhos. Talvez seu sorriso se eu estivesse com sorte.

Não sei quanto tempo fiquei o observando dormir até ele finalmente abrir os olhos, rapidamente, sem me dar tempo de me afastar e o fazendo gritar.

Ele levantou rapidamente, sentando no banco e colocando a mão no coração. Não falei nada, apenas sentei ao lado dele, esperando que se acalmasse. Eu não sabia o que havia acontecido comigo, eu só não queria me afastar.

Olhei para ele tentando se acalmar, prestando atenção em suas feições agora que estava acordado. Os olhos verdes, mais brilhantes do que as esmeraldas que eu havia ganhado no último natal com meus pais, carregavam um sinal de cansaço. Dormir em um banco não deveria ajudar muito.

— O que você estava fazendo aqui? – perguntou depois de algum tempo. Sem olhar para mim.

— O parque é público. – retruquei.

— É público e tem outros bancos vazios. – resmungou.

— Tenho uma relação especial com esse. – respondi dando de ombros. – Não era a minha intenção te assustar.

— Tanto faz. – respondeu. Ainda mal-humorado pelo susto.

Eu não levantei do lugar, nem ele. Ficamos em um silêncio desconfortável até que eu tomei uma iniciativa.

— Eu sou a Bella. – falei virando-me para ele e estendendo a mão.

— Edward. – respondeu apertando a minha mão com as sobrancelhas franzidas. Dessa vez prestei mais atenção em sua voz, era rouca. Seria por sede ou era dele?

— Está com fome? Tenho croissants.  – ofereci mostrando a sacola.

Ele inclinou a cabeça e semi cerrou os olhos. Provavelmente tentando decifrar-me.

— Obrigado. – disse aceitando a sacola, provavelmente pensando se tratar de espírito natalino.

Mas se ele estivesse pensando nisso, estava errado. Renée e Charlie eram pessoas generosas e amorosas, me ensinaram sempre de que ajudar o próximo fazia bem a alma.

— Tem cappuccino. – ofereci o copo que ainda estava quente.

— Estou comendo seu café da manhã. – murmurou ele tentando recusar, as bochechas coradas.

— Eu não me importo. Não estou com tanta fome. – respondi oferecendo o cappuccino novamente.

— Coma comigo. – disse devolvendo os croissants.

Aceitei de bom grado, trocando o copo com a bebida pela sacola.

— Obrigado. – disse entre uma mordida e outra. A voz continuava rouca mesmo depois do cappuccino.

— Não é nada. – respondi dando de ombros.

Nós comemos em silêncio, a única coisa que se ouvia era o som da natureza e o barulho de nossas mordidas.

— O que faz aqui? – perguntei. Talvez fosse indelicado de minha parte, mas eu era uma garota curiosa.

— Eu dividia um apartamento com mais 3 colegas. – começou a contar. – Mas eu perdi o meu emprego faz duas semanas e mandei o dinheiro que eu tinha para os meus pais, então fiquei sem dinheiro pra ajudar com as despesas. Meus colegas me colocaram para fora.

— Ainda bem que não chama de amigos, porque amigo nenhum agiria assim. – falei indignada. Que pessoa colocaria outra para fora em situações como essa? – E você não tem mais ninguém aqui na cidade?

— Não. Meus pais e minhas irmãs moram em uma cidade pequena em Washington, Forks. Conhece? – perguntou.

— Não, você é de lá? – perguntei.

— Sim, nascido e criado naquela cidade fria e úmida.

— Mais fria do que aqui? – perguntei.

— Ah, alguns dias sim. E lá não existe verão. Apenas dias milagrosos que fazem sol.

— Sente saudades de lá?

— Não do clima, é bom ter estações. E a movimentação de NY é ótima. Mas sinto falta dos meus pais. Desde que vim para cá, vi eles e as gêmeas apenas uma vez, há três anos. – me respondeu. Eu sabia que era sincero, havia saudade em sua voz.

— Deve ser difícil para você, conviver com essa saudade. – falei. – Ainda mais quando não se tem ninguém por perto.

Eu tinha meus amigos, os funcionários que me viram crescer. Meus pais haviam morrido e era doloroso, mas pensar em Edward sem ninguém, me fez perceber que eu tinha muita coisa.

— Você parece entender de saudade. – comentou ele.

— Meus pais faleceram. Faz quase dois anos. Sou filha única. – contei. Era fácil falar com ele.

— Sinto muito. – respondeu segurando minhas mãos demonstrando apoio. – Eu sinto a falta de meus pais, sempre. Não consigo imaginar o que seria de mim se eles morressem.

— São solidões diferentes. – falei. – Eles eram os melhores pais do mundo. As pessoas mais bondosas e amorosas que eu já conheci em minha vida.

— Como era o nome deles? -perguntou.

— Renée e Charlie. – contei. – E como é o nome de seus pais?

— Esme e Carlisle. As gêmeas são Amber e Gianna. – contou.

Engatamos então em uma conversa sobre como era nossa família. Em pouco tempo eu me vi encantada com a doce Esme, queria conhecer Carlisle e seu amor por antiguidades. Senti a saudade de Edward de suas irmãs, Gianna e Amber, e quis que ambas estivessem por perto, para conversarmos sobre moda.

Conversar com Edward era fácil, eu sentia que o conhecia a anos, então não foi uma surpresa quando falei sobre minha família também. Não me gabei da mansão em que vivi, ou da empresa que eles haviam construído e eu tentava administrar agora. Falei apenas do que realmente importava, de como eu sentia falta de Renée e sua falta de filtro e de Charlie com sua completa falta de habilidade para dançar.

Eu estava certa, eram saudades diferentes. Dores diferentes. Mas era bom dividir com alguém, outra pessoa que entendia do vazio.

Apenas não vi o tempo passar ao lado dele, só percebi que estávamos conversando há muito tempo quando começou a esfriar. Ele já havia vestido outra blusa nesse meio tempo, mas continuava com frio, enquanto meu casaco continuava me mantendo aquecida.

Ele tentava não deixar transparecer que estava com frio, mas eu o enxergava tremer quando o vento passava um pouco mais forte. Meu coração doía de imaginar quantas noites ele havia passado ali no parque, com frio. Eu tentava não pensar, mas era involuntário. Não gostaria que ninguém passasse por isso, mas ele? Eu apenas queria o levar para casa.

— Está com frio? – perguntei o interrompendo em uma frase.

— Não, está tudo b-bem. – respondeu sendo traído por uma brisa que passou.

— Vem. – falei levantando e estendendo a mão para ele. – Vamos arranjar algo mais quente para você vestir.

— Não precisa, Bella. – falou, as bochechas coradas pelo frio.

— Deixe eu fazer isso, Edward. Por favor. – pedi com a minha melhor voz de suplica.

— Me prometa que não vai gastar muito. – disse ele olhando para minha mão estendida.

— Prometo que não vou gastar nada. – respondi.

Ele aceitou a minha mão e eu tratei de entrelaçar nossos dedos. Andamos lado a lado, nossos braços roçando a medida em que caminhávamos. Eu me sentia uma adolescente boba, mas eu o queria por perto, eu queria ajuda-lo.

Eu levei Edward para o grande prédio onde a Swan Style ficava. Ele era um grande prédio comercial, espelhado e glamoroso, de trinta andares, onde a SS ocupava apenas três. A fábrica ficava em outro ponto de Nova Iorque, mas as primeiras versões das roupas eram feitas aqui.

— Nós podemos mesmo entrar aqui? – perguntou Edward com um olhar desconfiado.

— Claro. – respondi sem dar detalhes.

Nós tínhamos uma sala com roupas para mandar para sessões fotográficas com modelos, estava cheia depois das sessões de natal. Observei Edward com um pouco mais de atenção, o medindo de cima a baixo, tentando adivinhar suas medidas. Era divertido fazer isso.

— Você tem realmente certeza de que ninguém vai ligar de pegarmos essas roupas? – perguntou Edward corado. Eu teria causado aquilo o olhando? Gostava de imaginar que sim.

— Sim, Edward. Podem estranhar, mas quando eu falar que peguei não vão ligar. – falei dando de ombros e virando-me para uma das araras. – Afinal, as roupas são minhas.

Eu não virei para ver sua expressão quando disse aquilo e ele ficou em silêncio, me deixando procurar algo para ele. Encontrei um casaco cinza, da ultima coleção e calças grossas, seria útil caso esfriasse ainda mais. Também achei roupas mais finas, porém confortáveis que seriam úteis para dentro de casa.

É, eu havia decidido. Levaria Edward para meu apartamento. Poderia parecer loucura, era loucura na realidade, mas eu deveria cuidar dele.

Qualquer pessoa me chamaria de louca, mas eu não queria ficar mais sozinha. Passamos o dia juntos, eu não poderia saber se era verdade o que ele dizia. Mas eu sentia que era verdade, que ele também estava sozinho.

Então apenas me deixei levar pelos meus instintos.

— Acho que isso está bom por enquanto. – comentei estendendo uma sacola com as roupas pra ele. – Você tem o corpo de um modelo.

— Obrigado por isso, Bella. – ele disse com os olhos voltados pra baixo, corado. – Nunca vou saber como te agradecer.

— Mantenha-se aquecido. – respondi.

— Com essas roupas?  Com certeza.

— Também. Mas passe o natal comigo. – fiz o convite.

— Ao mesmo tempo que quero aceitar, também quero brigar com você. Colocar alguém que você acabou de conhecer dentro de seu apartamento? Não é seguro, Bella. – disse com a testa franzida.

— Isso é você me mandando fugir enquanto há tempo? – perguntei.

— Não seja engraçadinha, Bella. – respondeu tentando se manter sério. – Sou seguro.

— Então não há o que ter medo. – retruquei piscando.

— Vou com você. Antes que você coloque outro desconhecido dentro de sua casa. – respondeu com os olhos estreitos.

Fiquei animada com sua resposta, então voltei a fechar as salas da SS para irmos embora.

Eu havia dado folga para todos os funcionários, desde as faxineiras até os outros estilistas, da semana do natal até um dia após o ano novo. Mas quando pegamos o elevador, haviam diversos executivos com seus ternos alinhados. Era natal, eles não deveriam estar aqui. Deviam estar com suas famílias, curtindo o dia.

Eles estavam ali por escolha própria ou por que seus chefes haviam mandado?  Qualquer uma das opções não pareciam boas para mim.

Quando saímos do prédio, entrelacei seu braço ao meu, uma forma de ficar mais próxima e o manter aquecido. Nós caminhamos conversando trivialidades, ele contando sobre seu último emprego e como ele havia sido demitido por derrubar sopa em um cliente arrogante. O sorriso que ele deu falando que não havia sido de propósito, irônico e de lado, mexeu comigo. Ele era realmente bonito.

Assim que chegamos em meu apartamento, senti Edward tenso ao meu lado. Ele parecia envergonhado pelo lugar que estava, não queria que ele se sentisse assim. Mas mesmo parecendo acanhado, ele não falou em como o lugar parecia luxuoso, do mesmo jeito que não perguntou nada sobre eu poder pegar roupas livremente na SS.

Edward fazia as perguntas certas, não sobre dinheiro, mas sobre a minha família e sobre mim. Eu não poderia ser mais grata por isso.

Dentro do duplex, peguei uma toalha para ele e indiquei onde era o banheiro.

Enquanto ele tomava banho, senti vontade de assar biscoitos natalinos. A mesma receita que papai fazia todos os natais. Talvez Edward me ajudasse quando saísse do banho.

Liguei o forno e chequei os armários em busca dos ingredientes necessários, era incrível que todos estavam lá, mesmo não sendo coisas que eu usava com frequência para cozinhar.

Edward entrou na cozinha com uma calça larga, de moletom e uma camiseta de mangas longas. O cabelo úmido e bagunçado o deixava ainda mais sexy. Assim que ele se aproximou o suficiente para eu sentir o cheiro de seu perfume, tive que reprimir um suspiro. Céus, por que ele tinha que ser tão atraente?

— Estou assando biscoitos. – contei. Tentando não me aproximar ainda mais.

— Precisa de ajuda? – questionou.

— Se você souber cozinhar, sim. – respondi rindo. – Renée era péssima na cozinha, eu e Charlie só deixávamos ela cortar as frutas e os legumes, se não era desastre na certa.

— Deveria ser engraçado. – disse rindo também. – Mas eu sei cozinhar. Dona Esme sempre dizia que eu deveria ganhar minha futura namorada sorrindo e a manter pelo estomago.

— Sua mãe é uma pessoa sábia. – comentei.

— Com certeza. – concordou. – Todo natal nós acordávamos cedo e fazíamos rabanadas.

— Devíamos fazer agora.

— Por que não? – respondeu dando de ombros. Depois de tudo o que sugeri hoje, fazer rabanadas provavelmente não deveria ser nada demais.

Foi brincando e rindo com Edward, fazendo biscoitos, que percebi que eu queria um natal de verdade. Eu não queria mais ficar sozinha. Queria tirar a decoração das caixas, terminar de montar a árvore e assar um peru.

Eu sentia falta do cheiro de biscoitos, das luzes de natal, dos viscos espalhados pela casa, da televisão ligada em algum filme natalino. Eu também sentia falta dos abraços quentes, das palavras de conforto, da companhia e dos suéteres combinando, mas isso eram coisas que eu não teria mais, pelo menos não com eles.

Quando dei por mim, estava chorando. Colocando para fora todas as lágrimas que guardei nos últimos meses. Toda a saudade e dor, tudo saindo rapidamente de meu peito, em meio as lágrimas.

Edward largou a assadeira sobre a mesa e me pegou em seus braços, minha cabeça recostando em seu pescoço.

— Eu si-sinto falta deles. – falei soluçando.

— Eu sei que sente. Acredite, eles com certeza queriam estar aqui. – disse me apertando em seus braços.

— Dói tanto. – chorei.

— Queria fazer parar de doer. – murmurou fazendo um carinho em meus cabelos.

— Natal era a festa favorita deles. E eu deixei morrer. – solucei. – Eles nunca iam querer que eu não comemorasse o natal.

— Então vamos fazer eles se orgulharem de seu natal. – disse me afastando um pouco e enxugando minhas lágrimas.

— Você me ajuda? – perguntei tentando me acalmar.

— Claro, Bella.

Nós colocamos os biscoitos no forno, tiramos o peru da geladeira e eu ri pensando que eu apenas precisava de companhia, já que havia comprado tudo para o natal. Em seguida peguei as caixas de enfeite de dentro do escritório e fui para sala, onde Edward me esperava olhando para a grande árvore.

— Tem certeza que você não queria comemorar o natal? – perguntou arqueando uma de suas sobrancelhas.

— Agora eu já não sei. – respondi rindo.

É, meu subconsciente queria comemorar o natal.

Nós dois começamos enfeitando a árvore de baixo para cima, agora falando sobre nós e não sobre a nossa família.

Em pouco tempo descobri que Edward desenhava para se divertir e que mesmo se tivesse dinheiro, não saberia o que cursar de faculdade. Mas que gostava de moda e que quando morava com a mãe, assistia todo programa possível sobre o assunto.

Contei a ele sobre o meu amor pelo o que fazia e que um dia, assumiria a presidência da SS de verdade. Falei sobre meu amor por música e contei sobre o piano que tinha no andar de cima, ele tocava violão.

De hobbies à comida, de televisão a situações engraçadas, fomos conversando sobre tudo, vez ou outra citando nossa família e amigos. Era realmente engraçado o quão natural os assuntos fluíam, sem pressão ou assuntos desagradáveis. Não parecia que eu havia conhecido ele essa manhã.

— Aqui está bom? – perguntou Edward em cima de uma cadeira, colocando um enfeite na parte de cima da árvore.

— Está ótimo.

Eu o observava com mais atenção, tendo a liberdade de seca-lo sem medo de ser pega. Edward ultrapassava os limites da beleza. Depois de um banho e de comer, em um lugar quente e com roupas confortáveis, ele ficava ainda mais lindo. Quando sorria, se tornava ainda mais atraente. Ele parecia um modelo.

Era isso, Edward era um perfeito modelo.

— Ei, Edward. Eu já sei com o que pode trabalhar. – falei feliz chamando sua atenção.

— O que? – disse com uma sobrancelha arqueada.

— Modelo. Você é perfeito pra isso. – soltei.

— Não, Bella. Você tá maluca. – respondeu. – Eu, modelo? Com certeza não.

— Não vejo motivos para não ser. É bem alto, suas medidas são boas, é bonito. – falei essa última parte corando. – Está decidido. Vou arranjar um jeito de te colocar no próximo catálogo da SS e no desfile pós ano novo.

— Bella, não precisa. – disse descendo da cadeira.

— Faça isso por mim. – pedi tentando soar convincente.

— Tudo bem. – concordou por fim.

— Obrigada. – disse me jogando em seus braços.

— Não, Bells. Eu que te agradeço. – falou me apertando.

Bells. Eu não ouvia alguém me chamar assim desde que papai se fora. Mas ao contrário do que imaginei, ouvir aquilo aqueceu meu coração. Era ainda mais especial saindo da boca de Edward.

Eu enxuguei uma lágrima solitária que resolveu escapar de meus olhos e me afastei, o puxando para a cozinha. Lá nós tiramos os biscoitos do forno e colocamos o peru para assar, enquanto voltamos para a sala, a fim de continuar a decoração.

Nós colocamos luzes de natal por todo o lugar possível, desde na árvore, até na cozinha. Então nós nos dividimos, colocando guirlandas nas portas e espalhando viscos pela casa. Acabei ligando o som com meu CD especial de natal, Carol of The Bells tocando repetidamente.

Meu coração estava transbordando de amor, o cheiro de biscoitos pelo apartamento misturado e o cheiro do forno começando a subir. Toda a decoração de natal. Era como um natal de verdade novamente, como meus pais haviam me ensinado.

Em um momento, decidi que queria viscos no teto também, então peguei uma escada e comecei a coloca-los. Assim que Edward viu o que eu estava fazendo, segurou a escada para que eu não caísse. Ele era tão atencioso.

Mas então a ficha caiu. Era um visco. Assim que eu descesse daqui, estaríamos os dois em baixo do visco. Havia sido de propósito? Ele queria me beijar?

Eu não tinha o poder de ler mentes, mas eu queria beija-lo. Me surpreendi por querer tanto alguém que eu havia acabado de conhecer. Mas eu queria sentir os lábios dele nos meus, queria seus braços em minha cintura, queria que ele nunca mais se afastasse.

Então fiquei ansiosa, enrolei alguns minutos, fingindo arrumar o visco. Eu seria rejeitada se o beijasse? Eu esperava que não. Até que tomei coragem e desci as escadas lentamente.

Edward segurou minha mão enquanto eu descia, seus olhos verdes prestando toda atenção em mim. O olhar que eu recebia dele me fazia sentir especial. Eu não estava em minhas melhores roupas, muito menos maquiada. Mas ele fazia eu me sentir desejada.

Eu parei no último degrau, ainda assim, Edward ficava um pouco mais alto do que eu. Nós dois em expectativa, um olhando nos olhos do outro, até que finalmente me aproximei e colei meus lábios nos seus. Os lábios dele eram doces e gentis, ele me beijava com cuidado, delicadeza. Existia amor à primeira vista?

Quando nos afastamos, suas mãos ainda em minha cintura, eu disse.

— Não peça desculpas!

— Não pedirei. – respondeu.

Eu não o havia trago para casa para isso, mas agora eu não queria me afastar.

Nós continuamos decorando a casa e preparando a ceia, roubando beijos um do outro enquanto cozinhávamos.

Em um momento, Edward pediu para mandar uma foto da ceia para os pais, querendo acalma-los e mostrar que estava bem. Acabei falando com seus pais, me apresentando como amiga e mostrando que cuidaria dele. A voz animada das gêmeas falando sobre como eu tinha uma casa bonita me fez rir e a voz amorosa de Esme pedindo para eu cuidar do filho dela e para me cuidar, encheu meu coração de amor e saudade. Eu queria eles aqui no próximo natal.

Sorri com o pensamento.

Hoje de manhã, eu apenas queria fugir do natal. Arranjar um jeito de fazer a dor da saudade de meus pais passar. Mas aqui estava eu, decorando minha casa atrasada, preparando uma mini ceia e pensando em um próximo natal.

Edward falava que eu o havia ajudado muito aquele dia, mas a verdade é que ele havia me dado muito mais. Com seu sorriso doce e seus olhos brilhantes, ele acendeu minha vida como luzes de natal, iluminando minhas ideias e me fazendo perceber que eu queria sim comemorar o natal. Só não sozinha.

Talvez o destino, os céus, Deus, meus pais. Bem, eu não sabia quem ou o que. Mas algo havia feito nossos caminhos se cruzarem e eu era grata por isso. Eu podia comemorar novamente, curtir as tradições de meus pais.

A saudade estava ali ainda, nunca iria embora. Mas toda a luz de Edward havia tornado aquilo mais fácil de conviver e eu não queria deixa-lo ir.


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Notas finais do capítulo

*Lembrem que isso é uma ficção, não coloquem pessoas que você não conhece dentro de casa!

Ei, amores! O que acharam? Estou curiosa para saber.

Espero que tenham boas festas de fim de ano. Todo amor e paz possível. Volto dia 25 provavelmente.
Beijinhos ♥



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