POV Annabeth 

A noite no hospital foi longa. Percy estava deitado com a cabeça em meu colo, e não tive coragem de acordá-lo. Ele devia estar com os pensamentos a milhão achando que o pior podia acontecer a qualquer momento. E tudo que eu pensava era como eu poderia acalmá-lo. Do outro lado da sala minha mãe falava com Sally, eu não conseguia imaginar como estava sendo para ela. Estávamos naquela sala há tanto tempo que eu já não tinha mais noção de hora. Uma enfermeira entrou na sala e olhou para nós, acordei Percy rapidamente, e esse até me deu um susto com o pulo que deu.  

Todos nós ficamos ao redor da moça ansiosos por notícias. 

—Ele vai ficar bem – ela disse depois da tensão que se instalou entre nós. E enfim podíamos respirar aliviados - a sorte é que o carro deu uma bela freada antes de atingi-lo, isso com certeza salvou a vida dele. A batida não foi tão forte. Mas ele precisará ficar de repouso alguns dias. Quebrou duas costelas e o braço. Mas de resto vai estar novo em folha quando sarar. 

Percy se virou e me abraçou. Não tive nem coragem de dizer que estava me sufocando, sabia o quão tenso tinha sido a noite passada. Já podia imaginar nosso pequeno correndo de um lado para o outro e subindo em árvores como antes. Mal podia esperar para lhe dar um abraço. 

—Podemos vê-lo? - Sally perguntou. 

—Ele ainda está dormindo, por causa dos sedativos, mas podem vir sim – ela disse e todos fomos atrás dela. 

Entramos no quarto 311 e ninguém disse nada por alguns minutos. Ficamos observando o pequeno e enfaixado Tyson dormir tranquilamente, como se nada tivesse acontecido. Ele tinha alguns hematomas, mas se não soubesse o que tinha acontecido, nunca poderia imaginar que ele poderia ter perdido a vida.  

Sally sentou ao seu lado e pegou sua mão. Fazia cafuné com a outra e ela parecia a ponto de desabar. 

—Ah, meu menininho, estou tão feliz que você vai ficar bem – ela disse dando um beijo em sua testa e com os olhos cheios de lagrimas. Percy saiu da sala e eu o segui. Minha mãe veio logo atrás e decidiu ir tomar café na lanchonete do hospital.  

Segui meu amigo até a sala de espera, e esse desabou em uma das poltronas. 

—Ai Annie, eu não sei o que faria se você não estivesse aqui – ele disse com as mãos sobre o rosto. Eu o abracei e lhe dei um beijo na cabeça.  

—Calma Percy, eu sempre vou estar aqui com você - ele então pegou meu rosto e me deu um beijo rápido. Nem tive tempo de reagir – Perceu!  

—Desculpa, desculpa – ele disse jogando os braços para o alto em sinal de rendição.  

—Eu estou com o Luke agora – eu disse e a mágoa ficou clara em seu rosto – Não posso fazer isso com ele. 

Percy suspirou, mas assentiu, me deu um abraço em sinal de que estava tudo bem e voltamos a conversar. 

—Ei, mas você sabe que até o final do ano você vai perceber que está na verdade caidinha por mim, né? - ele disse todo convencido, aquele ameba! 

—Ah meus deuses – revirei os olhos e o encarei -Você se acha né, Jackson? 

—Eu não me acho, eu sou, meu bem – fingiu que jogava o cabelo cumprido inexistente para trás do ombro, como se fosse uma menina patricinha. O que nos rendeu algumas risadas.  

Papo veio, papo foi, e o mundo pareceu dar uma trégua para tudo o que estava acontecendo. Por preciosos minutos esquecemos aonde estávamos, e éramos só nós. Até que a porta  da sala de espera abriu e um homem de meia idade apareceu. Era a cópia exata de Percy, só que mais velha. Cabelos perfeitamente bagunçados, pele bronzeada e os mesmo olhos verdes cor de mar. 

POV Luke 

Passava das 3PM e nada da Annie dar notícias. Ela não retornava minhas ligações e eu tinha certeza de que ela já sabia. O que eu vou fazer?! Nosso namoro estava tão bom, fluía tão bem. E eu tinha que estragar tudo, como sempre.  

Thalia não tinha dito mais nada desde então. O que era um milagre, já que ela adorava falar. Estava sentada na cadeira do meu quarto roendo a unha e olhando para o chão pensativa.  

—Perdemos a Annie! Assim que ela descobrir, nunca vai nos perdoar – ela disse finalmente – eu nunca vou me perdoar. Preciso falar pra ela. 

Levantei e fui até ela.  

—Não vamos contar nada! Talvez ela não saiba.  

—Ah é, grande ideia. Porque ela adora mentiras e segredos. Vai ser bem pior ela descobrir por outra pessoa. Principalmente se essa pessoa for Rachel Dare. 

—Nós vamos contar para ela, mas primeiro quero descobrir como – ela estava com um olhar como se falasse “não tem jeito seu bosta” – calma que eu vou pensar e vai dar certo. 

—Me poupe! É melhor a gente só falar. 

—Deixa eu pensar! 

Naquele momento meu celular tocou. Era uma mensagem da Rachel. Uma foto minha na maior pegação com a Thalia. Virei para ela branco feito folha sulfite. Ela também estava olhando o celular e sua cara não me deu esperança de ser algo bom. 

—Ela mandou pra todo mundo, já tenho umas cinco mensagens perguntando se é verdade – ela disse, sua voz falhava e a minha talvez nem saísse. 

Disquei o número da Annie, rezando para que não tivesse visto a foto ainda. Talvez restasse uma chance de ela não ter visto nada e saber por mim primeiro. Quem sabe isso amenizasse as coisas.  

—Alô - sua voz saiu séria e meu sangue gelou na hora.