Ponto de Virada escrita por Cami


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal!! Um pouco atrasada, mas vale.



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Os dois estavam boquiabertos, e eu com certeza estava mais vermelha que minha tia tentando fazer exercício. Luke olhou para trás, deu de ombros e apenas soltou um "ops", quis socá-lo. Ele não se sentia mal. E por que se sentiria? Fez o que queria, e apesar de eu não querer admitir na hora, eu havia gostado.  

Saímos do carro e o casal ainda não tinha se mexido, quando eu ia falar alguma coisa, eles tiraram as palavras da minha boca. 

—Então vamos entrar? - disse Percy. Ele mantinha uma expressão de surpresa congelada no rosto e uma certa mágoa também. Mas o que ele queria? Que eu esperasse por ele até os oitenta anos, estivesse viúva e gaga? Aí é pedir demais.  

Pedimos nossos lanches e sentamos na mesa. O silêncio estava descomunal. Enquanto Luke tentava quebrar o gelo, Percy só conseguia me encarar, e eu estava começando a ficar desconfortável. Rachel ficava pegando em sua mão e de vez enquanto beijava sua bochecha e pescoço. Ela não parecia chocada, mas sim bem mais feliz do que o normal. Talvez achasse que eu fosse um risco para seu relacionamento, que estivesse fora do jogo agora. Cabeça de Alga começou a corresponder seus carinhos, o que fez meu sangue ferver, ele me lançava uns olhares desafiantes e eu só pensava como eu poderia retribuir.  

Luke continuava a tentar puxar assunto com os dois, então resolvi ajudar. Logo entramos em uma conversa que mais divertiu Rachel do que o resto. Os olhares continuavam, e quando Luke tentou pegar minha mão, e eu não afastei e fiz questão de que os dois vissem.  

Terminamos de comer e resolvemos ir para a festa. Entramos no carro e meu amigo estava radiante.  

—Nem comece com as perguntas estranhas Castellan! - falei nem dando chance para ele falar nada – eu não sei o que rolou e eu ainda estou tentando digerir o beijo.  

Seu sorriso só aumentou, e ele passou a mão pelos cabelos cor de areia como se fosse o máximo. 

—Eu beijo bem, pode falar! - ele disse convencido, e não consegui segurar a risada. Isso não o desestimulou, só aumentou sua áurea radiante. Enquanto ele seguia para a casa do Trevor, que era de fazer inveja a qualquer patricinha de filme adolescente. Tinha mais de três andares, uma piscina quase olímpica, junto a uma sauna, além da sala de cinema com tela de tantas polegadas que seria loucura tentar contar. 

Ele nos recebeu com um abraço caloroso, tipo urso, e nos mandou pegar alguma coisa para beber. A escola inteira estava lá, e poucos pareciam sãos. Como eu já esperava. Vi Thalia em um canto pegando um menino todo tatuado, Nico do outro lado pegando o Will, sempre achei que eles dariam um bom casal. E lá estávamos nós, cada um com uma cerveja na mão olhando pra cara do outro.  

O que eu não daria para ter ficado em casa. Rachel puxou Percy para algum lugar, provavelmente para se pegarem, o que apertou um pouco meu coração. Decidi pegar alguma coisa mais forte e pedi para o Luke me acompanhar em uma rodada de shots de tequila. Ele nunca recusava, era nossa bebida favorita.  

Depois de umas oito viradas estávamos mais altos que o Empire States, rindo até da mosca voando em volta do ventilador. Caímos no sofá e começamos aqueles papos cabeça que só bêbado tem. Ele enrolava uma mecha do meu cabelo no dedo e se aproximava sem vergonha. Eu nem liguei, deixei que fizesse, esquecendo por alguns instantes que estava na mesma festa que um certo alguém.  

—Sua pele fica tão bonita nessa luz. Meio alaranjada com algumas partes sombrias. Bem sexy – ele falou isso e eu não consegui segurar a risada. Gargalhamos um pouco e eu não sabia se era de nervoso ou da bebedeira.  

—Você também fica bonito nessa luz – eu disse e contornei a cicatriz que ele tinha no rosto com o dedo. Podia deixar qualquer um feio. Mas não o Luke, o deixava com um ar de misterioso, e mesmo que fosse estranho, combinava com seu rosto.  

Nos encaramos por alguns instantes, e aquele clima do carro voltou. Mas nenhum de nós fez nada, só ficamos ali, olhando um para o outro, por sabe lá quantos minutos. Até que Trevor apareceu, ele também estava tão tonto quanto qualquer um da festa. 

—Vocês vão ficar se olhando, ou vão se beijar – ele disse e fiquei vermelha de novo – essa tensão está me matando – o barulho de alguma coisa se quebrando na cozinha chamou a atenção dele, que foi até lá - galera, joguem bola lá fora! Já disse pra não empilhar os copos assim, não são gols!!! 

Rimos um pouco mais, só imaginando a cena. Ele então encontrou meus olhos e o mundo parou. Não sei se foi a bebida ou o clima que pintou de novo. Talvez tenha sido os dois. Porque deu coragem para ele se aproximar de novo na frente de todos que conhecíamos. Logo que nossos lábios se tocaram ele me puxou para mais perto pela cintura e eu cedi. Envolvida pelo beijo não sei por quanto tempo ficamos naquele sofá. Só sei que precisava ir no banheiro urgentemente. Beber tanto dá nisso.  

—Eu já volto – eu disse e ele fez beicinho, como se fosse funcionar – Castellan, isso nunca funcionou – eu disse rindo.  

—Está bem, está bem. Mas volta logo.  

Entrei no banheiro e fiz o que tinha que fazer. Enquanto lavava as mãos alguém bateu na porta.  

—Já vou sair! - respondi, mas a batida continuou – caramba! Calma - não adiantou nada, a pessoa não pararia enquanto eu não abrisse a porta – que saco! Não sabe esperar, não?  

Quando eu abri Percy se meteu pra dentro do cômodo, mandando eu ficar quieta. 

—Tá doido, é? - perguntei, nem acreditando no que ele tinha feito. Estava puto e nem conseguia olhar direito para mim. Não parecia estar bêbado, só muito bravo. 

—Eu é que pergunto! Agora deu de ficar pegando aquele merdinha? Umas oito pessoas vieram me perguntar se vocês estavam namorando. OITO! Não sou secretário de ninguém, ouviu? - ui que bravinho. 

Revirei os olhos e respondi. 

—Está com ciúmes, Jackson? - perguntei sorrindo maliciosamente. Ele ficou vermelho e me respondeu. 

—Vá a merda! Mas é claro que não. Não seja ridícula! - foi a minha vez de rir. 

—Ah, não me faça de burra Percy, então por que você está todo puto depois de me ver ficando com o Lu... 

—Não ouse falar o nome dele! 

—Agora quem está sendo ridículo? - eu disse e ele enrubesceu – o que aconteceu? Nós não éramos assim, contávamos tudo um para o outro, e agora só conseguimos ficar bravos – comecei a sentir as lágrimas se formando, e eu sabia que não ia conseguir contê-las por muito tempo. Maldita cachaça! Ou seria minha TPM? Droga, não sabia. 

—Eu também não sei, Sabidinha.  

Sentei naquele chão de banheiro encostada na porta, e provavelmente iria me arrepender depois, já que provavelmente haveria vômito de alguém espalhado por aí, pelo cheiro não duvidava. Ele sendo ao meu lado e eu apoiei minha cabeça em seu ombro.  

—Sinto sua falta, Cabeça de Alga. Essa semana passou tão devagar que pareceram meses. Você é meu melhor amigo. Não quero te perder – eu disse e minha voz falhou, dando espaço para as lágrimas escorrerem. Ele não disse nada, o que apertou mais meu coração - Quer saber, estou feliz se você estiver – disse olhando, finalmente, em seus olhos – se você estiver realmente gostando dela, por mim tudo bem – minha voz falhou de novo e eu quis morrer.  

Não conseguiria mais olhar para aqueles olhos cor do mar sem começar a chorar pra valer, estava com o emocional estourando e sentindo como se perdesse o chão.  

—Vou voltar para a festa – eu disse começando a me levantar, mas Percy me puxou. Olhou de novo para meus olhos, segurou meu rosto, e sem mais nem menos, me beijou.  


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam? Espero que tenham gostado!
Até o próximo capítulo.



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