Uma perturbação na Força.

O homem aleijado meditava dentro do tanque de bacta. Desde o desaparecimento do Décimo Quarto Pelotão, ele havia tentado rastrear seu comandante - sem sucesso, já que é mais difícil achar com a Força seres não ligados diretamente a ela. Mas ele havia sentido.

Medo. Morte. Raiva. Dor. Uma aura negra que ele nunca vira igual. Teria seu mestre notado também? Seus pensamentos foram interrompidos quando um servente encapuzado adentrou a sala escura, acendendo as luzes do tanque.

— Milorde, o comandante Cody está aqui.

— Uma surpresa, sim, mas bem-vinda... Avise-o de que irei ao seu encontro. Agora saia.

— Sim, senhor.

Usando a Força, ligou a drenagem do líquido de bacta. Os droides médicos retiraram-no do tanque e o deitaram na maca. Enquanto suas próteses eram recolocadas, relembrou sua frustração com o comandante: não era a primeira ou a segunda vez que ele desaparecia com o pelotão, o que o irritava profundamente. Com sua armadura negra quase toda posta, teve sua máscara e seu elmo colocados em sua face, fechando o seu capacete. Erguendo-se, a capa farfalhando a cada passo, o Sith deixou a sala.

Cody aguardava no meio da sala do castelo em Mustafar. Ter Blackgate e Yong ao seu lado não o tranquilizou nem por um segundo, muito menos quando as portas se abriram e a figura de preto se aproximou. A ruidosa respiração mecânica, os passos pesados; o soldado evitava olhar para o cinto, de onde uma arma muito familiar pendia. Mas ao mesmo tempo, não conseguia erguer os olhos para o rosto inexpressivo da máscara, que o encarava friamente.

— Comandante Cody - ele saudou com a voz despida de emoção.

Ele engoliu em seco.

— Lorde Vader.

— Por que razão você está em minha estação, e não reportando diretamente para o Governador Tarkin na Estrela da Morte?

— Peço perdão por importuná-lo, Comandante Supremo... - respondeu, - mas trago notícias importantes que precisavam ser entregues diretamente a você ou ao Imperador.

— Minhas desculpas, Comandante. Mas receio que seu relatório não seja relevante... deve se lembrar da pista falsa que me deu há alguns meses, que nos levou ao fuzilamento de vinte oficiais do Império.

Cody não precisava dessa lembrança. Mas não comentou nada, e nem pensou - pois também não era louco de responder ao lorde Sith daquele jeito.

— Um planeta novo. Achamos um planeta novo quando saímos dos limites da galáxia--

— E de que isso me interessa?- cortou Vader, impaciente.

— Descobrimos seres... um em particular... que pareciam ser guerreiros Sith. Como o senhor. Usavam varinhas... mataram nossos companheiros com... energia verde. Ergueram-os no ar, como se... usando a Força?

O ciborgue se calou. Sua respiração mecânica era o único som da sala. Blackgate e Yong se entreolharam, tensos, enquanto Cody olhava a figura de seu superior.

— Lorde Vader?

— Quando procurando por você, senti uma perturbação na Força, Cody; de bem longe. Mas não esperava que ela viesse de outra galáxia... de fato, isso deve ser reportado ao Imperador.

O comandante suspirou, aliviado. Sabia que se Vader não levasse a sério seu relatório, suas chances teriam acabado, e sua vida também.

— Obrigado pela informação. Ela foi muito útil... agora saia de minha presença.

— Desculpe-me?- ele respondeu, incomodado.

— Não fui claro, Comandante? Saia. Eu mesmo informarei o Imperador.

— Mas dirá quem lhe informou, não?

Cody nem notou quando Yong segurou seu próprio pomo de adão, sem conseguir respirar.

— Não é necessário. Principalmente se for vindo de você.

— Me desculpe, Lorde Vader... mas acho que eu deveria receber um pouco mais de reconhecimento. Não é justo...

— A vida não é justa, Comandante. E ponha-se em seu lugar... eu sei que você me teme. Só pela sua participação nas Guerras Clônicas e na Ordem 66 não quer dizer que sua importância ainda seja alta como na época.

Ele se virou e dirigiu-se à porta de onde havia vindo, deixando o clone de Jango Fett enfurecido.

— Sei que você é o Comandante Supremo... mas não pense que você é especial por isso. Afinal, muitos veteranos das Guerras Clônicas sabem quem você realmente é... Skywalker.

O ciborgue parou no meio do caminho, o que arrancou dele ao menos um sorriso de satisfação. Quando virou para trás, pronto para sair, viu os dois homens suspensos no ar, engasgando por falta de oxigênio. Yong já estava roxo; Blackgate estava com seus olhos saltados.

— Me diga, veterano... quantos do seu pelotão sobraram?

Cody estava horrorizado, e olhou para a silhueta de Vader ainda de costas. Então sentiu sua garganta fechar. Ele buscava o ar, e falhava; os corpos inconscientes de seus acompanhantes já estavam no chão.

— Ah - Vader respondeu à própria pergunta. - Só vocês três... Seria uma pena se o Décimo Quarto Pelotão fosse dissolvido... - a garganta de Cody se fechou ainda mais - por falta de membros.

Ele deixou-o cair, arfando. O ar retornava aos seus pulmões, enquanto ele estava estatelado no chão de metal.

— Da próxima vez que me vir... - o Sith estava com a mão quase fechada, e a abriu suavemente - lembre-se que Skywalker está morto. Não abuse de minha misericórdia...

E retirou-se, a capa farfalhando a cada passo pesado.

Tendo lidado com o soldado petulante, Darth Vader caminhou até a sala do projetor e se ajoelhou na plataforma. Mal o fez, a imagem do rosto de seu mestre, Darth Sidious, se materializou em um holograma.

— Meu aprendiz. Eu realmente precisava falar com você.

— Você sentiu a perturbação, mestre?

— Sim. Tem ideia do que isso pode significar, Lorde Vader?

Vader ficou calado por um instante.

— Outros Sith?

— Talvez sim... talvez seja outra fonte de escuridão mais antiga que os próprios Sith. Já ouviu falar de bruxos, meu aprendiz?

— Bruxos?... - indagou o ciborgue.

— Exatamente. Seres que canalizam uma contraparte da Força... a chamada Magia... por meio de objetos, como varinhas, vassouras e objetos comuns. Seres inferiores.

— Desconhecia a existência deles até agora. O nome Voldemort lhe é familiar, mestre?

O Imperador negou.

— Extraí-o da mente do soldado que me informou. Aparentemente, é este o... bruxo... que causou essa perturbação. Está do outro lado da galáxia. E ele acha que consegue me derrotar.

— Consegue, Lorde Vader?

Vader encarou o holograma.

— Não. Irei esmagá-lo como o inseto que é.

Sidious sorriu tenebrosamente.

— Você liderará uma expedição ao planeta... Terra... e encontrará esse falso lorde sombrio. Mostre-o o poder do Lado Negro da Força.

— Sim... meu mestre.

O holograma se dissipou. Vader se ergueu.

Virando-se para a porta, saiu da sala e dirigiu-se ao seu caça TIE modificado. O Governador Tarkin não ficaria feliz em emprestar uma legião de stormtroopers. Mas quem disse que ele precisava de permissão?

Duas semanas depois

A frota aterrissou nos destroços de Little Hangleton. Marchando, a legião desembarcou de cada uma das três naves. Seu Comandante Supremo o fez logo após o pelotão, examinando o ambiente.

— Montem um acampamento aqui. Peguem os pods de reconhecimento e façam uma varredura no planeta... iremos achar Voldemort e levá-lo ao Imperador. Esquadrinhem cada canto da Terra e tragam-no para mim.

No alto de uma colina distante, duas figuras de máscara e capuz negro observavam os stormtroopers montando o acampamento.

— Devemos chamar o Lorde das Trevas? - indagou o primeiro Comensal, puxando a manga de um dos braços e revelando uma tatuagem peculiar.

— Não acho que vá ser necessário. Avise os outros que os trouxas de armadura branca voltaram... vamos acabar com eles.

— E aquele de armadura negra? - apontou.

— Não vai nos dar trabalho. Vamos.

E, desaparatando, sumiram.