Um namorado para o meu pai escrita por Dama Magno


Capítulo 9
Capítulo 9: Segue o baile


Notas iniciais do capítulo

Ahoy, meu povo!! Então, penúltimo capítulo aqui e espero que todos gostem! Eu não vou conseguir responder aos comentários agora, pq no momento em que escrevo isso (sábado) to me preparando pra ir pra uma festa e domingo tem broquinho pra ir ahsuahsuahhsha

Prevendo que estarei morta demais para fazer qualquer coisa, já to programando o capítulo e os comentários eu deixo pra responder depois, okay?

Espero que gostem e bom carnaval pra todo mundo!



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— Você estava certo, eu não deveria me meter em assuntos que não me dizem respeito. — Claire falou enquanto as unhas batiam repetidamente no vidro molhado do copo a sua frente.

 

Samuel olhou para ela e sorriu, não de uma forma presunçosa que mostrasse que ele sempre tinha razão, mas de um modo reconfortante e que dizia que ele sabia que não era fácil para ela abrir mão de algo que realmente desejava. Eileen passou por eles, dizendo algo para o namorado, mas saiu da cozinha logo em seguida. O Winchester se levantou e disse que voltaria logo.

 

— Pode pegar mais limonada, se quiser. — Ele acrescentou antes de seguir o mesmo caminho que a mulher.

 

Claire soltou um suspiro, breve e cansado, e se serviu mais um copo da bebida refrescante. Dando pequenos goles, a garota olhou em volta e sentiu um leve aperto no peito. A maioria das pessoas não se sentiriam tão a vontade na casa de um de seus professores, mas a maioria não tinha uma relação como a dela com Sam e nem possuíam um professor que morava em sua antiga casa, o local que sempre estaria em seu coração por estar repleto de boas memórias com sua mãe.

 

Havia crescido e vivido entre as paredes dessa casa durante dez anos, fora nesta cozinha que perdeu o primeiro dente e foi debaixo deste teto que ela conheceu a felicidade de se ter uma família unida. Ao mesmo tempo fora nessa casa que a dor e o choro diário a dominou por um ano, até o dia que seu pai resolveu vendê-la a um jovem e sua namorada. E, para ela, não havia pessoa melhor para cuidar do templo de suas nostalgias que Sammy.

 

— Desculpe a demora. — A voz do homem a trouxe de volta ao tempo presente. — Eileen precisava de ajuda com a revisão de um caso sobre… Quer saber, não vou te aborrecer com coisas jurídicas. — Sorriu se sentando de frente para ela.

 

— Um dia você vai ter que me contar porque resolveu mudar de profissão — pediu terminando de tomar a limonada.

 

— Claro, coloque na conta. — Sam brincou. — Mas você não veio até aqui apenas para reclamar ou querer saber da minha vida — pontuou olhando para a bolsa que estava pendurada no encosto da cadeira em que ela estava.

 

— Eu ainda não acredito que me convenceu a fazer isso — resmungou ignorando a ardência nas bochechas, remexeu na bolsa e então estendeu um pequeno bolo de papéis. — Antes de mais nada isso é apenas um rascunho e eu não tive tempo de revisar.

 

— É para isso que estou aqui, Claire. — O moreno capturou o bloco e o encarou com orgulho, enquanto ela mesma o olhava com insegurança. — Você tem potencial para isso e eu apenas quero te ajudar a explorar suas capacidades narrativas.

 

— Quem te escuta falar assim pode acabar pensando que serei a próxima J.K Rowling — comentou constrangida, Sammy sorriu.

 

— Talvez até melhor. — Claire riu.

 

— Certo, agora você forçou muito a barra — disse se levantando, pegou a bolsa e a colocou sobre um dos ombros. — Tenho que ir, ainda tenho que fazer as malas e Lexy ficou de passar em casa para me ajudar.

 

Sam acenou com a cabeça e a acompanhou até a porta, no caminho parou para se despedir de Eileen e imaginou se algum deles se importaria em ensiná-la a linguagem de sinais. Já do lado de fora da casa, a meio caminho de descer as escadas da varanda, o Winchester mais novo a chamou.

 

— Claire, sobre seu pai e meu irmão… — Ele começou incerto.

 

— Não se preocupe, eu já desisti e juro que não irei mais me intrometer na vida deles — assegurou.

 

— Isso é ótimo, mas o que eu queria dizer era outra coisa. — Ela o encarou com uma das sobrancelhas erguidas. — Apenas pare de esperar, é quando as coisas acontecem.

 

— Okay, Yoda — brincou rindo, Sam balançou a cabeça e então os dois se despediram.

 

Samuel tinha uma mania de falar as coisas por meio de frases misteriosas, que geralmente ela parava para refletir sobre, contudo a vibração em seu bolso a impediu de sequer repassar a fala em sua mente. Correndo, pois não queria deixar a namorada esperando, Claire não fazia ideia de como o professor estava certo.

 

***

 

Claire havia esquecido como era ser uma adolescente normal que não se importava com a vida amorosa do pai. Não tornou isso sua prioridade, mas brincar de cupido ocupara tanto tempo e espaço em seus pensamentos, que agora seus ombros estavam mais leves com a saída desse problema de sua vida. Era ótimo não gastar neurônios com uma atividade tão inútil quanto essa, saber que agora tinha espaço para confabular com os amigos. Tinha espaço em sua mente para lembrar de cada detalhe da vida das Kardashian ou da última fofoca das celebridades, para recitar os prós e os contras de Jelena. Muitos conhecimentos extremamente úteis poderiam ser usados para preencher esse vazio.

 

Pff, ironia.

 

Claire estava enlouquecendo. Que a chamassem de intrometida, de sem-o-que-fazer; poderiam culpar seus pais, ela mesma ou dizer que era por conta de algum astro posicionado de forma específica no seu mapa astral. Não importava, ela ainda sentia essa urgência em fazer algo por Castiel, porém realmente desistira desse objetivo e apenas queria tocar sua vida. Seguir em frente como quem sai de um relacionamento, por isso ocupava a mente com trivialidades ou algo realmente importante.

 

— Então, o que você acha que está acontecendo entre o Ben e a Krissy? — perguntou com a voz arrastada, apreciando o toque de Alex que acariciava sua cabeça.

 

Esquecer um amor com outro, dizem.

 

— Bom, eu não tenho certeza, mas sinto que sem a gente por perto durante esse mês, eles finalmente vão se resolver. — Ela respondeu rindo, Claire abriu os olhos e sorriu.  — O quê?

 

— Você é a garota mais linda que eu já vi na vida — declarou se deleitando com a vermelhidão que se estendeu pela face da namorada.

 

Alex se curvou tocando os lábios da loira com delicadeza. Claire contemplou a imagem da outra, se perguntou o que havia feito nessa vida - ou em qualquer outra - para merecer tê-la como amiga e namorada. Alex havia sofrido tanto e durante muitos anos, até ser adotada por Jody e Donna, e mesmo com todo o direito de odiar o mundo ela o abraçava com amor, sorria e mostrava a todos como a vida valia a pena ser vivida. Talvez justamente por ter sofrido não queria que ninguém mais se sentisse como havia se sentido, e por essa e outras razões que Claire acreditava ser a pessoa mais sortuda do planeta.

 

— Alex, eu te... — A porta se abriu abruptamente e a voz de Castiel chegou antes dele.

 

— Claire, preciso da sua ajuda. — Ele pediu e então notou a presença da outra adolescente. — Ah, ótimo, Lexy está aqui também, mais opiniões. — Sorriu.

 

— O que quer? — Claire indagou após bufar, o coração ainda acelerado.

 

— Gravata preta ou vermelha? — O homem ergueu as duas gravatas, aproximando-as de seu pescoço uma de cada vez.

 

A adolescente franziu o cenho e se sentou na cama, olhou para o pai e notou que os cabelos estavam molhados. Para além disso, ela também reparou que a calça jeans e o sapatos que ele usava eram novos, e que o blazer escuro junto a camisa de botão azul fazia parte do conjunto de roupas que ela sempre dizia que o deixava mais bonito.

 

— Sem gravata. — Alex falou antes que Claire conseguisse sair dos próprios pensamentos. O homem caminhou até o espelho da filha e observou as três opções.

 

— Tem razão, Lexy, obrigado. — Ele respondeu sorrindo para a nora. Sem dizer mais nada, saiu do quarto.

 

— Espera, você está saindo?! — Claire perguntou indo atrás dele logo após trocar olhares confusos com a namorada, que a seguiu.

 

— Sim, tenho um encontro. — Castiel respondeu saindo do próprio quarto, agora sem gravata em mãos. A garota travou no meio do corredor, fazendo Alex bater em suas costas.

 

— Um encontro?! — Praticamente gritou, correu escada abaixo, pois foi o caminho feito pelo pai. Chegou no último degrau a tempo de vê-lo arrumar o cabelo no espelho que ficava na parede ao lado da porta.

 

— Sim, um encontro. Deixei dinheiro na cozinha, caso queira chamar seus amigos e pedir uma pizza. Não me espere acordada — respondeu abrindo a porta.



— Espera — gritou antes que ele fosse embora. — Com quem você vai sair?

 

Antes que o homem pudesse responder o som de uma bozina chamou a atenção dos dois, Claire rapidamente igualou a distância que havia entre ela e o pai, o empurrou para o lado e não conseguiu evitar o som esquisito que saiu do fundo de sua garganta ao ver o belo Impala 67 estacionado na frente da casa.

 

Dean acenou para ela de dentro do carro, contudo gesto não retribuído por conta do choque. Claire não tinha certeza, mas teve a impressão de ouvir Castiel falar com ela e toca-la no ombro. Quando retornou para o plano terrestre, o carro e seu pai já não estavam mais presentes, Alex a chamou preocupada.

 

— Claire, está tudo bem? — A jovem perguntou colocando a mão sobre o ombro da namorada, que se virou para ela.

 

— Precisamos ir até eles. — Alex ergueu uma das sobrancelhas, mas logo em seguida suspirou.

 

— Eu dirijo.

 

***

 

Segundo sua namorada, enquanto ela estava paralisada pela surpresa, Castiel disse que eles iriam para um restaurante de nome francês esquisito. Uma pesquisa rápida na internet - que teria sido ainda mais, caso ela soubesse escrever o nome do lugar - e logo elas já estavam na direção correta para chegar até eles. Durante o caminho Alex não pode deixar de tentar convencê-la a voltar para casa, pois isso seria invadir a privacidade do pai dela.

 

— Vamos, Claire, pensei que tivesse entendido que isso não é da sua conta. — A morena disse quase que implorando para darem meia volta.

 

Depois de tudo o que havia feito e todo o estresse que viveu, Claire achava que tinha o direito de se intrometer mais um pouco; uma compensação.

 

Ao chegarem, Alex estacionou do outro lado da rua e se recusou a ir junto, brincando que a esperaria ali caso precisasse de uma fuga rápida. Antes de sair, Claire os procurou através das grandes janelas do restaurante. Por sorte os encontrou próximos a uma das janelas mais afastadas, talvez eles quisessem privacidade. Com medo de ser notada, a garota saiu do carro e desceu a rua antes de atravessá-la; ao se encontrar perto do estabelecimento novamente, esgueirou-se até ficar abaixo da janela. As mãos da Novak tremiam e ela não conseguia parar de sorrir, sua parte criança se sentia realizada por ser a espiã que sempre sonhou.

 

— … quando você me procurou, realmente fiquei surpreso. — Ela ouviu com certa dificuldade, a música ambiente e a distância tornavam a conversa deles difícil de entender com plenitude.

 

— Eu sinto muito por isso, Dean… — Seu pai disse a voz ficando muito baixa em seguida, voltando ao normal um tempo depois. — … então eu tive receio, mas depois de tudo o que Claire me falou, não pude mais me enganar. — Dean riu.

 

— Sua filha é durona, também me falou algumas verdades. Quando ela apareceu na minha casa...

 

Arrastar de cadeiras e a voz grossa de um funcionário a impediu de ouvir o resto. Em seguida uma mulher de voz esganiçada começou a reclamar sobre a chefe dela, enquanto o homem comparava cada coisa que ela diziam com uma história sobre pescaria. Impossibilitada de ouvir a conversa que realmente a interessava, Claire respirou fundo e decidiu arriscar, erguendo o corpo aos poucos, até ser capaz de ver o interior do restaurante. A primeira coisa que avistou foi o casal reclamão, que a fez rodar os olhos; ao lado deles estavam seu pai e Dean, rindo de alguma coisa que ela não fazia ideia do que era.

 

O casal continuou a reclamar e falar de pescaria, enquanto ela subia mais e mais, tentando ouvir o que os outros dois diziam. Sem notar o que fazia, Claire parou subitamente quando um pigarreio chamou sua atenção, só então ela notou que tinha metade do corpo para dentro do restaurante.

 

— Opa, boa noite — falou sorrindo para o casal.

 

— Garçom! — A mulher gritou, a voz ficando ainda mais esganiçada e chamando a atenção de todos.

 

— Claire! — Ouviu seu pai a chamar com surpresa, em segundos os dois homens já estavam próximos a ela, junto a um funcionário.

 

— Os senhores conhecem essa jovem? — O funcionário perguntou, Dean balançou a cabeça para Castiel e afastou o homem para longe deles, provavelmente explicando a situação.

 

— O que está fazendo aqui? — Ela abriu a boca para responder, mas Castiel a interrompeu com um suspiro cansado e indignado. — Quer saber, não precisa responder, só vá para casa imediatamente.

 

— Pai, eu…

 

— Pra casa, Claire. — Ele pediu novamente, dessa vez mais incisivo.

 

Sem opções ela se afastou da janela, mas não sem antes pedir desculpas ao casal reclamão. Atravessou a rua sentindo o olhar do pai queimando suas costas e entrou no carro, Alex deu partida e rindo da cara da namorada, as duas voltaram para casa.

 

***

 

De volta, Claire decidiu que iria esperar o pai voltar para que pudesse interrogá-lo. Alex se ofereceu para fazer companhia, mas ela recusou com delicadeza; se Lexy estivesse presente seria impossível tirar alguma informação sórdida do homem.

 

Para matar o tempo a garota se aconchegou no sofá, escolheu uma série na Netflix e relaxou. Sem ter ideia de quão cansada estava, acabou adormecendo na metade de um episódio. Acordou, no entanto, horas depois com o som da porta batendo e alguns sussurros.

 

— Espera, eu acho que a Claire está na sala. — Ela ouviu seu pai dizer, então passos seguiram até onde estava. — Claire, está acordada?

 

— Não — respondeu com um murmuro cansado, Castiel riu e a cobriu com a manta que ficava no sofá.

 

— Boa noite. — Ele disse e a beijou na cabeça.

 

— Pai? — O chamou sem abrir os olhos.

 

— Sim?

 

— Dessa vez terá segundo encontro? — Castiel riu novamente.

 

— Sim, e eu espero que tenha muitos outros.


Os passos então se afastaram, outros acompanharam escada a cima e sorrindo ela se deixou levar pelo sono novamente. Agora ela poderia dormir em paz, com a certeza de que finalmente havia conseguido um namorado para seu pai.


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Notas finais do capítulo

É isso ai, meu povo, o que acharam???!

Não vou me alongar aqui, então até depois ❤



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