Um namorado para o meu pai escrita por Dama Magno


Capítulo 8
Capítulo 8: Chega de segurar B.O alheio


Notas iniciais do capítulo

Ahoy, gente!!! Aqui estou com mais um capítulo procês, reta final da história e espero que vcs gostem!!



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Claire viu, através da porta de casa, aquilo que esperava há semanas. Era como assistir sua série favorita e torcer para um casal, então eles finalmente compartilham o primeiro beijo; aquele que te tira o fôlego e faz ter vontade de gritar, tamanha sua felicidade. No caso a emoção era ainda maior, pois eram Dean e Castiel; era o fruto de seu trabalho o que ela colhia com os olhos. As mãos do moreno puxavam o mais alto pela nuca, enquanto Dean fazia o mesmo com a cintura de seu pai.

 

Meu pai, ela pensou e se lembrou desse fato, que tornou a espionagem constrangedora. Sentindo as bochechas arderem, mas com um grande sorriso no rosto, Claire deu as costas e foi para a cozinha beber água. No caminho comemorou com Alex seu contentamento e fez um post no Facebook falando indiretamente sobre a alegria de sua conquista. Aproveitando que já estava na cozinha, montou um lanche enquanto cantarolava alguma música pop que a namorada a obrigava a ouvir (e que ela gostava secretamente).

 

O som da porta da frente batendo foi o que explodiu a pequena bolha de felicidade, a fazendo cair na realidade. Seu pai apareceu na cozinha e Claire foi incapaz de esconder o sorriso diante da imagem esbaforida do homem, com os cabelos revoltos e face avermelhada. Os dois se encararam por alguns instantes em silêncio, até que a garota resolveu dar o primeiro passo.

 

— Então? — perguntou mexendo as sobrancelhas de forma marota, em um código sutil que dizia que ela sabia do beinos. Talvez um código  jovem demais para Castiel entender, pois suas palavras seguintes foram exatamente:

 

— Você está de castigo.

 

— O quê? — Ela questionou, incerta se ouvira direito.

 

— Castigo, duas semanas. Nada de sair com os amigos. — O homem repetiu e acrescentou, a respiração pesada.

 

— Por quê?!

 

— Por ter saído de casa sem avisar para onde ia, por ter ido a um bar e por… — Ele parou de repente, como se não soubesse mais o que falar.

 

— Por que você quer? — Claire disse desafiante, confusa com a situação, porém igualmente irritada com seu pai, que parecia estar puto da cara com alguma coisa.

 

— Por isso, por ser tão… Petulante!

 

— Que bicho te mordeu?! — Ela estava indignada, toda sua alegria havia desaparecido com o surto do homem a sua frente.

 

— Para o seu quarto, mocinha! — Castiel mandou apontando para cima, a fazendo rir com escárnio.

 

Mocinha?

 

— Três semanas e é melhor subir agora antes que eu resolva tirar seu celular. — Ele ameaçou.

 

Ofendida, Claire pegou o lanche que havia preparado e subiu para o quarto pisando duro. Ao chegar no local, fechou a porta usando o calcanhar e usando toda a força que tinha; jogou-se de costas na cama e colocou o prato sobre a barriga, dando uma mordida raivosa no sanduíche. Com uma mão segurou o celular e gravou um áudio para o grupo dos amigos, explicando a situação da melhor e mais rancorosa forma possível.

 

Não muito tempo depois ela decidiu que era melhor dormir, a cólica voltará a incomodá-la (antes estava soterrada pelos diversos acontecimentos) e estava tão cansada que sentia como se aquele dia houvesse durado uma semana. Sem contar que gostaria de esquecer o ataque de seu pai, pelo menos até o dia seguinte.

 

Antes de pegar no sono, no entanto, uma pergunta saltou em sua mente. Simples e certeira:

 

O que diabos havia acontecido?

 

***

 

Claire não queria arriscar perder a oportunidade de viajar com Alex, por isso ao longo de duas semanas obedeceu ao pai de forma mais que eficiente, mesmo que por dentro ela morresse de vontade de saber exatamente o que aconteceu com o homem. A garota notou durante esses dias presa em casa que ele havia se arrependido da briga que tiveram na cozinha, mas provavelmente estava tão envergonhado que não conseguia pedir desculpas. Algumas vezes isso era comum entre eles, em discussões sem sentido acabavam agindo como se nada tivesse acontecido depois de um tempo, pois não conseguiam colocar em palavras como estavam arrependidos, e ficavam tudo bem pois nenhum deles sabia disfarçar o que sentiam.

 

Quando finalmente pode sair de casa, disse ao pai que iria ao cinema com os amigos e recusou prontamente a carona oferecida dizendo que Krissy iria levá-la, mas que combinaram de se encontrar na casa da amiga. Castiel por natureza era ingênuo, somando a isso o fato dele estar com peso na consciência, ele foi incapaz de notar as meias verdades filha. Sim, Claire iria ao cinema com os amigos, no entanto os encontraria de noite, pois antes tinha que saciar sua curiosidade.

 

A casa de Dean tinha uma distância considerável de sua casa, um percurso de no mínimo trinta minutos a pé. Contudo, segundo Ben, o homem não tirava férias nunca e ficava na oficina até às cinco, o que a dava menos de vinte minutos para chegar até lá. Por sorte, o local ficava duas quadras depois de sua escola e que geralmente ela levava quinze minutos para chegar, apertando um pouco o passo Claire conseguiu chegar até o Winchester quando ele já se aproximava do Impala.

 

— Espera! — gritou enquanto corria para chegar até o homem.

 

— Hey, garota, o que fez aqui? — Dean perguntou, as sobrancelhas franzidas, mas sua voz não carregava nenhuma hostilidade, como ela acreditou que poderia acontecer. — Aconteceu algo?

 

— Sim — respondeu secando o suor da nuca, o mais velho a encarou com preocupação. — Vocês se beijaram, foi isso que aconteceu.

 

Com um longo suspiro, o Winchester pediu para que fosse seguido e logo os dois estavam em um pequeno escritório bagunçado que ficava nos fundos da enorme oficinal. Dean apontou para um sofá de dois lugares de couro preto, ele se sentou em um dos braços e Claire resolveu imitá-lo se sentando no braço que ficava próximo a porta.

 

— Sam disse que é mais fácil eu me tornar vegetariano que você desistir de algo, então vamos direto ao ponto. — Ele explicou, um sorriso pequeno surgiu no canto dos lábios avermelhados de batom da garota. — O que quer saber?

 

— O que aconteceu naquele dia? Uma hora eu vi vocês se beijando e na outra meu pai apareceu na cozinha me colocando  de castigo. — Outro suspiro escapou da boca do loiro, Claire o olhou em silêncio, apenas esperando.

 

— Sinceramente, eu também tô tentando entender —  respondeu, uma das sobrancelhas da garota se ergueu. — Quando ele recusou meu convite lá no estacionamento, pensei que tivesse mentido pra mim. Então ele me beijou e por um segundo eu acreditei que talvez isso pudesse dar certo. — O Winchester explicou, então continuou com uma expressão confusa: — Mas em seguida ele se afastou como se eu fosse o próprio demônio.

 

Claire continuou quieta, dessa vez não pra esperar ele falar, mas por estar pensando no que tudo isso poderia significar. Essa atitude não era comum, Castiel sempre foi um homem compreensivo, firme nas decisões e que nunca fugia de nada. Ela o conhecia melhor que qualquer outra pessoa, mas algo parecia estar fora do lugar, pois ela era a pessoa viva que o conhecia melhor. Havia coisas que apenas Amélia sabia, coisas do passado de seu pai que ele apenas compartilhou com ela; se sua mãe estivesse com eles, com certeza saberia o que fazer e o porquê dele estar agindo dessa forma.

 

— Aconteceu alguma coisa com ele quando vocês eram mais novos? — perguntou, talvez assim ela conseguisse a peça que faltava.

 

— Eu não sei, talvez. — Dean respondeu dando de ombros.

 

— Bom, dificilmente você saberia, não eram amigos — disse, mais para si mesma do que para ele.

 

— Eu não tenho certeza quanto a isso também. — Claire o olhou intrigada, Dean se virou para ela, colocando um dos pés sobre o sofá. — Eu cheguei a achar que éramos amigos, ou poderíamos ser, mas acabei estragando tudo.

 

— Sabe, você poderia ter dito isso quando perguntei se algo havia acontecido.

 

— Você queria saber dele quando perguntou.

 

— Mas... — Ela se interrompeu, apertou a ponte do nariz e continuou: — Deixa quieto, só explique isso.

 

***

 

Claire passou os seguinte vinte minutos ouvindo atentamente tudo o que Dean dizia. Como ele e seu pai nunca foram muito próximos, mesmo que fizessem alguns trabalhos juntos; como o loiro gostaria de ter sido uma pessoa melhor na adolescência, pois apesar de não ser nenhum valentão ele não tentava impedir nada (o fluxo natural, ele disse). Mas prestou atenção principalmente quando o homem começou a falar sobre a época em que Castiel o ajudou em História.

 

— Cas era incrível, explicava tudo com tanta facilidade que era impossível não entender o que dizia. — Ele dissera com um sorriso no rosto. — A gente se encontrava todo final de semana para estudar e eu só podia me arrepender de nunca ter sido amigo dele antes.

 

— E como estragou tudo?

 

— Eu nunca acreditei nessa conversa de que o homem e a mulher foram feitos exclusivamente um para o outro, sabe? Na verdade nunca achei que importava se a pessoa tinha um par de bolas em cima ou embaixo, nem se tinha os dois. Mas todos a minha volta se importavam e eu era um adolescente idiota, então quando me apaixonei por seu pai eu… Fui um idiota.

 

Então ele explicou como tratava Castiel quando estavam na escola, nunca esteve com Benny nas implicâncias, porém acreditava que o que fazia era pior. Dean fingia ser indiferente a presença do outro quando estavam em público, inclusive se aproveitava das aulas particulares como desculpa todas as vezes que o viam juntos, pois ele tinha medo que alguém notasse seus sentimentos pelo Novak.

 

— Eu nunca soube que ele sentia a mesma coisa. — Ele falou ao final, os dedos se enroscando uns nos outros. — Talvez eu tivesse coragem de enfrentar todos caso soubesse; mesmo que minha família sempre tivesse se mostrado aberta, eu ainda tinha medo, mas Cas valeria o esforço  — confessou.

 

— Meu pai deveria achar que você tinha vergonha de ser visto com ele e agora tem medo de se envolver novamente. — Claire apontou fazendo o rosto do mais velho se contrair, ela então pegou uma das mãos fortes entre as suas e sorriu. — Então aproveite essa oportunidade como sua segunda chance para fazer a coisa certa.

 

Por alguns instantes Claire acreditou que havia conseguido tocar Dean o suficiente para que ele não desistisse, o brilho nos olhos verdes permitiu que mais uma vez ela sentisse que estava próxima de seu objetivo. Até a trêmula e gaguejante voz do Winchester servir como um banho de água fria.

 

— Eu… Eu não posso. — Ele disse. — Seu pai é incrível, Claire, e justamente por isso eu não posso fazer nada. Eu vou estragar tudo, como sempre faço e eu não quero machuca-lo mais uma vez.

 

Claire se afastou do loiro com brusquidão, como se a mão dele de repente estivesse pegando fogo. Incrédula e raivosa, a garota o encarou boquiaberta, sabia que não podia culpá-lo ou julgá-lo por sua insegurança, mas a essa altura todos devem saber que ela não era muito racional quando irritada. Por isso, pouco antes de sair do escritório batendo a porta, ela disse:

 

— Você é um covarde!

 

***

 

Terminando de digitar a mensagem que dizia para os amigos que ela iria se atrasar um pouco, Claire atravessou a porta de casa “soltando fogo pelas ventas”, como diria o tio Gabe. Encontrou seu pai deitado no sofá, assistindo algum filme antigo qualquer, algo muito comum e que ela nunca antes havia parado pra pensar.

 

— Claire, pensei que estava no cinema. — Castiel falou enquanto se levantava, a garota abriu a boca para despejar toda sua frustração no homem, porém se freiou ao reparar nas olheiras que ele carregava.

 

— Eu tive que fazer uma coisa antes, então lembrei que deixei minha carteira em casa — mentiu e se aproximou. — O que está vendo?

 

— Casablanca. — Ele respondeu se sentando, Claire o imitou. — O que foi fazer?

 

— Falar com Dean — respondeu optando pela verdade. Castiel franziu as sobrancelhas e antes que ele pudesse falar qualquer coisa, ela complementou: — Eu vi vocês se beijando no quintal e pensei que finalmente tinha se resolvido, mas estava errada e precisava entender tudo, fui até ele porque você iria negar.

 

— Claire, você realmente precisa superar essa sua obsessão com a minha vida amorosa, eu não preciso…

 

— De outra pessoa pra ser feliz, eu sei — falou rolando os olhos. — E isso pode até ser verdade, mas eu sei que você precisa de outra pessoa pra ser ainda mais feliz.

 

— E você realmente acredita que Dean Winchester é a pessoa indicada pra isso? — Ele perguntou após um suspiro cansado, provavelmente exausto da insistência dela.

 

— Se vocês estiverem dispostos a superar o passado, sim. — Castiel a encarou indagador. — Dean contou como foi um babaca com você quando eram jovens, e ele realmente errou em te ignorar em público, mas um adolescente apaixonado e com medo geralmente é idiota.

 

— Você está insinuando que Dean gostava de mim? — Riu.

 

— Tô afirmando, ele disse isso com todas as letras e, sinceramente, acredito firmemente que ele ainda é. Assim como você.

 

— Claire, o que eu sentia por ele morreu há muitos anos. — A afirmação de seu pai a fez grunhir.

 

— Bom, então Dean só pode ser Deus, pois seus sentimentos ressuscitaram — rebateu debochada.

 

— Eu não me sinto assim por ele, não preciso de ninguém e menos ainda dele. — O homem tornou a afirmar, Claire se levantou finalmente sucumbindo à irritação.

 

— Okay, continue repetindo isso e talvez algum dia alguém além de você vai começar a acreditar — aconselhou com ironia. — Mas a verdade é que você não gosta de ficar no seu quarto sozinho e é por isso que passa a maior parte do tempo aqui embaixo, às vezes até dorme no sofá. E ambos sabemos que ele nem é tão confortável assim.

 

Dizendo isso a garota deu meia volta e seguiu em direção a porta, com a mão na maçaneta sentiu que não poderia sair sem antes dizer mais alguma coisa, então em um tom alto o suficiente para se fazer ouvir, ela falou:

 

— Sabe, Dean pode até um covarde inseguro, mas pelo menos ele não é um covarde em negação.

 

Com isso ela saiu, deixando para trás não somente seu pai, como sua vontade de continuar nesse “joguinho”. Ela poderia se enganar dizendo que bancava a cupido para o próprio bem, contudo era claro que realmente fazia isso pela felicidade do pai. Entretanto, se o próprio Castiel não queria saber de ficar com uma antiga paixão, não havia nada a ser feito. Era como todos insistiam em dizer.

 

Não era da sua conta.


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Notas finais do capítulo

Gente, uma hora vcs vão aprender que eu não sou muito confiável, mas temos ai uma explicação sobre o comportamento do Cas ahsuahsuahsuahsuahsuahs



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