Cold Coffee escrita por amysantiagos


Capítulo 3
I've just seen a face


Notas iniciais do capítulo

Oii gente!! Aqui é a Nati com mais um capítulo, dessa vez com a narração da Diana. E o personagem de hoje é o Philip, que é representado na nossa história pelo Logan Lerman. Enfim, sem mais delongas, boa leitura!



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Capítulo II

Diana

Após anos de expectativa, semanas de estresse por conta dos vestibulares e noites sem sono, eu finalmente podia afirmar que havia conseguido passar para a universidade que sempre havia desejado. E, melhor ainda, estava com a companhia da minha cara-metade, a amiga com quem eu passei a maior parte dos meus dias desde a infância, Jade. Eu e ela pusemos todas as nossas forças para fazer com que nossos últimos anos como estudantes fossem lado-a-lado, e graças aos deuses tudo deu certo no final. Além disso, tive a agradável surpresa de também estar sendo acompanhada pelo meu namorado, Leonard.

As coisas entre mim e ele haviam começado um pouco turbulentas, visto que na época em que começamos a namorar eu gostava de outra pessoa, mas no final acredito que as coisas deram certo. Sim, tínhamos nossas diferenças, e às vezes ele ultrapassava os limites de espaço pessoal que eu tinha para oferecer, mas Leonard sempre esteve ao meu lado e no fundo eu acreditava que ele só queria o meu bem.

Enquanto desempacotávamos as caixas, as fotografias que havíamos escolhido para trazer me levaram ao passado que eu estava me esforçando para esquecer. Ter visto a mim e Jade, pequenas, sem saber o que o futuro guardava foi o suficiente para provocar um sentimento nostálgico no meu coração. A lembrança de Philip, trazida no meio da confusão, provocou um calafrio na minha espinha. A sensação perdurou por alguns segundos até que Jade fez um comentário e eu comecei a rir. 

Quando terminamos as coisas, uma das veteranas, Lisa, entrou no nosso quarto e nos convidou para uma festa de boas-vindas. Eu fiquei extremamente animada e pude ver que Jade sentia o mesmo, então logo perguntei se poderia levar Leonard como acompanhante. Eu sabia que ele se sentia desconfortável caso eu saísse sem a companhia dele, e fiquei agradecida quando Lisa contou que todos os novatos haviam sido convidados.

Assim que ela foi embora, senti meu telefone vibrar, e sem nem precisar olhar para o visor já sabia de quem a ligação estava vindo. Leonard começou me perguntando sobre como eu havia me instalado no dormitório e que roupa eu usaria para a festa; no final das contas, nossa conversa acabou durando um bom tempo, até o momento em que Jade achou melhor irmos nos arrumar. No caminho para o local da festa, eu e ela nos perdemos umas três vezes: o campus era gigante, e nossa falta de noção geográfica ainda maior. Leonard nos encontrou no meio do processo e nos acompanhou até o local, com alguns bufos vindos de Jade de vez em quando. 

Quando chegamos à festa, imediatamente notei a diferença que era das festas de colegiais. A imagem de um casal se beijando enquanto uma terceira pessoa jogava cerveja em suas cabeças se fez marcada no meu cérebro, e quando mostrei aquilo para Jade ela quase deu um berro. Leonard, que não gostava de música alta, apertou minha mão com mais força.

— Ei, que tal irmos pra um lugar mais... privado? – ele falou no meu ouvido. Imediatamente assenti com a cabeça e avisei à Jade que iríamos conhecer o local.

Caminhamos de mãos dadas por volta do campus e, mesmo estando bem afastados do local da festa, ainda podíamos ouvir a música eletrônica. Leonard parou quando viu um chafariz e me levou até o prédio que se localizava atrás dele.

Ele se encostou contra uma parede e pôs a mão em minha bochecha. Naquele momento, no qual trocávamos olhares e a luz da lua iluminava o rosto dele de forma tão serena e angelical, eu quase senti como se tudo estivesse se encaixando. Como se eu realmente havia tomado a decisão certa em relação a nós dois.

A verdade era que, desde o começo do nosso namoro, eu me senti culpada por acreditar que estava mentindo para mim mesma e para ele. Eu sabia e tinha certeza, inicialmente, de que o que sentia por ele era superficial, e caso as circunstâncias tivessem sido diferentes eu nunca teria aceitado aquele encontro, muito menos concordado em ser sua namorada. Porém, eu estava exausta, principalmente após ter passado tanto tempo tentando chamar a atenção de Philip, tentando fazer com que ele gostasse de mim. Tivemos alguns momentos em que eu senti certeza de que ele iria se confessar e confirmar as dúvidas que na época eu cultivava, mas ele nunca o fez. Por isso, me senti desencorajada, desacreditada no amor, e justo quando esses sentimentos vieram à tona, Leonard apareceu. Sendo assim, ao longo do tempo eu me forcei a acreditar que poderia me apaixonar por ele do jeito que ocorrera com Philip. 

Eu tive muita incerteza em relação a isso, tendo em vista a diferença da minha idealização do que seria um relacionamento e o jeito como as coisas de fato eram. Leonard me trazia flores de vez em quando, me levava ao cinema, se lembrava de datas importantes que até eu não conseguia lembrar, e no geral se mostrava apaixonado por mim, mas isso não mascarava o outro lado dele que aparecia conforme às situações. Ele também era ciumento, possessivo e gostava de colocar a si mesmo num pedestal quase que constantemente. Por isso, Jade me incomodava dizendo que ele não era o cara certo, mas nem todos os homens são perfeitos, certo? E, se ele havia me aturado durante todo esse tempo, mesmo com todas as minhas dúvidas, eu não via razão em simplesmente acabar com tudo e depois lidar com as consequências. Não; Leonard esteve sempre lá, e por mais que ainda tivessem momentos em que eu sentia insegurança, no final do dia minha decisão se mantinha a mesma. 

Ele se inclinou para perto de mim e deu início a um beijo intenso. Colocou uma de suas mãos na minha cintura e a outra no meu cabelo, e assim ficamos por um bom tempo, sem uma troca de palavras sequer. Leonard nunca fora o tipo conversador e comunicativo, apesar de eu estar constantemente o incentivando a falar, e sempre que começávamos uma conversa a sós ele a terminava com um beijo. 

Depois de alguns minutos, eu me soltei de seu corpo e peguei um pouco de ar.

— E aí, você não me falou sobre seu companheiro de quarto... – eu comentei, ainda sem fôlego.

— Uh... sei lá, ele não marcou muita presença. Me pareceu alguém que provavelmente fez parte de um clube de xadrez ou, sei lá, um coral escolar. Não importa.

— Ah, mas você tem que se esforçar pra pelo menos ser amigo dele... vocês vão passar quatro anos juntos!

Leonard revirou os olhos.

— Vou me esforçar pra me manter ocupado o suficiente pra não ter que conversar com aquele garoto. Ele tem cheiro de solidão e perfume para idosos.

Forcei uma risada e olhei em direção ao local onde a festa se passava. Do nada, comecei a sentir minha barriga roncando e me lembrei do cheiro de comida que havia sentido assim que chegamos no local, mascarado pelo odor do álcool. Quando me virei para Leonard, ele estava confuso.

— O que houve? – ele perguntou.

— Acho que vou lá pegar uma coisa pra comer, estou com fome – confessei. – Quer alguma coisa?

— Fico te esperando aqui – ele disse. No momento em que fui me afastar, ele segurou meu braço. – Cuidado com os caras lá. Eles são doentes, nunca se sabe o que eles podem fazer com você.

Franzi a testa por causa de seu comentário, mas ignorei a sensação estranha que desceu em mim. Com um sorriso, fiz meu caminho até a festa novamente e me lembrei de Jade. Será que ela estava se divertindo? Eu odiava deixá-la sozinha em situações assim, especialmente quando havíamos prometido ficar juntas o máximo possível na faculdade. No entanto, eu sabia que ela levava tudo na boa, apesar de tudo, e caso o mesmo acontecesse com Leonard, ele abriria margem para interpretar o contexto de forma exagerada e se faria de vítima. 

Assim que cheguei no local da festa, vi uma mesa com hambúrgueres e cachorros-quentes distribuídos em diversas bandejas. Havia uma multidão de pessoas dançando loucamente no caminho, e eu tive que usar minhas imbatíveis habilidades de escudo humano para me proteger dos corpos suados ao meu redor. Em um ponto da jornada, acabei batendo de cara no sovaco de um dos estudantes, que provavelmente tinha dois metros de altura e estava tão bêbado quanto o organismo dele permitiria. Imediatamente me desculpei e cheguei à mesa. 

Decidi pegar um hambúrguer para mim e um cachorro-quente caso avistasse Jade em algum lugar ali. Me virei e me pus na ponta dos pés para tentar ampliar meu campo de visão, mas não encontrei nenhum sinal dela.

Ao invés disso, meus olhos continuaram revistando a sala enquanto eu me movimentava para fora da multidão, e assim que saí da pista de dança improvisada, me deparei com a figura de alguém que eu nunca esperaria encontrar naquele lugar.

Alto, olhos azuis, o mesmo rosto de bebê que eu e Jade zoávamos, os braços largos e o cabelo bagunçado: tudo aquilo me remeteu às memórias do colegial e senti uma pontada no meu estômago. Ele me encarou de volta, do mesmo jeito que fazia nos velhos tempos, de uma forma como se eu fosse a única pessoa naquele lugar, tão intensamente quanto uma explosão. Como eu não sabia o que fazer, o que me restou foi largar as duas comidas no chão e sair correndo na direção oposta a ele, à procura de Jade. 

Não podia ser o Philip. Simplesmente, não podia.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que vocês acharam? Ficou menor que o primeiro e teve uma leve enrolação, mas esse capítulo é beeem importante para a história (como vocês podem ver). Não se esqueçam de comentar o que vocês acharam, isso incentiva muito a gente a continuar postando. Um beijo ♥



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