Cold Coffee escrita por amysantiagos


Capítulo 15
Tell me why


Notas iniciais do capítulo

Oi amores! Como prometido, estou de volta com mais um capítulo pra vocês. E hoje temos personagem novo: sabe o Craig, que foi mencionado no penúltimo capítulo? Então, ele aparece hoje sim! E pra mim e pra Mafe, ele é representado pelo Josh Hutcherson. Agora sem enrolar mais, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/749772/chapter/15

Capítulo XIV

Jade

Após uma semana extremamente cansativa de provas e estudos, o sábado finalmente havia chegado. Todos os universitários estavam felizes, pois teriam tempo para descansar antes de voltarem a aprender mais e mais conteúdos. Mas eu não aparentava nenhuma animação, porque o fim das avaliações significava que o dia do meu encontro com Craig, amigo de Luke, havia chegado.

Eu honestamente não entendia o porquê de eu ter concordado em sair com esse garoto. Nunca fui uma menina que só aceitava o que os outros falavam para mim e, se fosse qualquer outra pessoa conversando comigo naquele dia, eu teria dito umas poucas e boas na sua cara. Mas o problema era exatamente esse: não era alguém aleatório ou para quem eu não dava a mínima, mas sim Luke Edwards.

Sim, eu já tinha desistido de negar a realidade e aceitei para mim mesma que estava gostando de Luke. Gostando de verdade. Aquele sentimento que eu só havia sentido por dois garotos, no máximo. E, mesmo assim, com Luke era diferente. Toda vez que estávamos juntos era como se o mundo deixasse de existir e nós dois fôssemos a única coisa que importava.

— Terra chamando Jade! — Diana quase gritou, tirando-me dos meus devaneios.

— Oi, Di. — falei enquanto me sentava na cama, local onde eu estava deitada desde depois do almoço.

— Já são quase 18h. — ela disse após fechar seu computador na escrivaninha, onde estava vendo uma série. — Você quer ajuda para se arrumar?

— O que eu quero mesmo é não ir nesse encontro idiota. — peguei uma almofada e coloquei em frente ao meu rosto, esforçando-me ao máximo para não gritar.

— Amiga, já te falei. — ela se sentou ao meu lado. — Esquece o Luke e foca nesse encontro. Vai que você não começa a gostar desse tal de Craig?

— Mas eu não quero gostar do Craig! — joguei o travesseiro no chão.

— Você está parecendo uma criança, isso sim. Vamos, vou te ajudar a ficar linda pra esse encontro.

— Di… — eu falei, tentando ignorar a vontade que eu estava de chorar. — eu gosto mesmo do Luke. Por que ele está fazendo isso comigo?

Ela me olhou com uma expressão triste e, sem dizer mais nada, me abraçou. Eu enterrei meu rosto em seu pescoço e senti algumas poucas lágrimas caírem. Ficamos assim por alguns minutos, ela me consolando e eu me sentindo extremamente inútil. Até que eu cansei de sofrer por alguém que parecia estar brincando com meus sentimentos, então parei de chorar e me levantei.

— Você tem razão. Vou arrasar nesse encontro e esquecer o idiota do Luke. — ela sorriu e então se levantou também.

— Ótimo! Vamos começar pela maquiagem então?

E assim passamos as seguintes duas horas. Primeiro eu passei uma maquiagem leve, porém bonita no meu rosto, enquanto ela escovava o meu cabelo com o secador. Depois, fomos até o armário e escolhemos juntas uma roupa e o sapato. Como estávamos no início de outubro, o tempo em Manchester já estava começando a esfriar, por isso optei por uma blusa de manga comprida, calça jeans e botas.

Quando havia escolhido também a bolsa e os acessórios, estava finalmente pronta. Dei uma olhada no espelho e gostei do resultado. Não estava arrumada demais, mas me sentia bonita, o que era perfeito para a ocasião. Despedi-me de Diana, que disse mais uma vez para que eu esquecesse Luke. Eu então dei um abraço rápido em minha amiga em agradecimento e parti para o restaurante japonês.

Cheguei na porta do local marcado exatamente na hora que estabelecemos, o que foi ótimo para mim. Sempre tive um pequeno problema com horários, então me sentia muito responsável quando conseguia chegar pontualmente. Olhei ao redor esperando encontrar Craig. Nesse momento me toquei que seria impossível, porque eu não fazia a mínima ideia de como ele era.

Sentindo-me muito burra por ter vindo a um encontro sem ao menos saber como a pessoa era, sentei em um dos bancos ao lado do restaurante e esperei. Provavelmente Luke havia lhe mostrado uma foto minha para o amigo ou pelo menos falado como eu era, então logo Craig me encontraria. Porém, após mais de 15 minutos de espera, estava muito irritada e prestes a ir embora, quando ouvi me chamarem.

— Jade? — olhei para o dono dessa voz, que estava andando em minha direção, e me surpreendi. O amigo de Luke era muito bonito. Apesar de ser um pouco mais baixo do que outros homens da sua idade, seus olhos tinham um tom castanho-esverdeado que eu nunca tinha visto antes e seu corpo era bem atlético.

— Eu mesma. Você é o Craig? — perguntei quando ele chegou mais perto.

— Mas é óbvio que eu sou o Craig, como eu saberia seu nome se não fosse? — ignorei a grosseria da sua fala e sorri, concordando. — Vamos entrando? Desculpa o atraso. Esse campus é enorme e eu sempre acabo me perdendo.

— Tudo bem, isso também acontece comigo direto.

Entramos no restaurante e sentamos em uma mesa de quatro cadeiras, que eu achei muito grande para apenas duas pessoas, mas a recepcionista disse ser a única disponível naquela noite. Eu olhei em volta e vi que todos os outros lugares estavam mesmo ocupados. Aparentemente, os universitários gostavam muito de comer comida japonesa em sábados à noite.

— Então, Jade, me conta um pouco sobre você. — Craig disse quando já estávamos sentados e olhando o menu.

— Tudo bem… eu nasci em Liverpool, mas morei em Brighton desde os meus dois anos de idade até agosto desse ano, quando me mudei para cá. — ele não desviou os olhos do cardápio em nenhum segundo, mas continuei a falar. — Não tenho irmãos de sangue, mas tenho uma amiga que conheço há tantos anos que já a considero minha irmã. O nome dela é Di…

— Licença, eu gostaria de fazer meu pedido. — ele me interrompeu descaradamente para chamar a garçonete e eu olhei para ele, novamente com raiva, mas também indignada. Já era a segunda grosseria da noite e nós estávamos conversando não tinha nem 20 minutos.

Ele pediu sua comida e olhou para mim, perguntando se eu já tinha escolhido o que queria. Contrariada, disse que o que eu gostaria de comer. A garçonete, que viu o jeito com o qual Craig me tratou, lançou-me um olhar de pena antes de nos deixar. Percebi o quão longo esse jantar seria e pensei em ir embora, mas lembrei da Diana dizendo que eu deveria aproveitar a noite, por isso decidi dar mais uma chance ao Craig.

— Tá, agora que você já falou um trilhão de coisas sobre você, acho que posso contar um pouquinho sobre mim. Isso se você deixar, claro. — ele brincou, achando que tinha arrasado na piada, mas eu só faltei tacar a minha bolsa em seu rosto.

— Claro, pode falar. — senti o gosto da ironia na minha boca, mas aparentemente ele não havia percebido.

— Então, eu sou de… — ele estava prestes a começar a falar de sua vida quando avistei ninguém menos do que Luke vindo em direção a nossa mesa. Fiz uma expressão de confusão e já ia perguntar a Craig o que estava acontecendo, quando ele também viu o amigo chegando.

— Oi, gente! — Luke disse quando chegou mais perto. — Que coincidência encontrar vocês aqui.

— Mas foi você que marcou esse encontro. — Craig rebateu, e eu pude ver que ele aparentava estar com raiva do colega de quarto.

— Ih, é verdade. Eu tinha esquecido completamente! Mas agora que estou aqui, será que posso comer com vocês?

— É que a gente… — Craig ia responder, mas Luke sentou-se mesmo assim.

Eu, que não estava entendendo mais nada, comecei a ficar muito estressada. Pela reação de Craig à chegada do colega, ele não sabia que Luke viria até aqui falar com nós dois e muito menos que sentaria conosco, atrapalhando nosso encontro, que, por sinal, não estava sendo um dos melhores. Mas, se os dois amigos não tinham combinado nada disso, por que raios Luke estava ali naquele momento?

— Então, continuando. — Craig disse, tentando ignorar a presença do colega. — Eu sou de Manchester mesmo e sempre morei por aqui. Por isso que meu sonho desde pequeno era estudar Arquitetura nessa universidade, o que eu acabei conseguindo fazer.

— Espera, você estuda Arquitetura? Eu também! Como nunca te vi em nenhuma das aulas?

— Você faz Arquitetura? — Craig me encarou com tom de deboche e eu não entendi.

— Craig, eu já tinha te falado que ela fazia o mesmo curso que você… — Luke começou antes que seu amigo pudesse responder.

— Eu não me lembrava, mas agora que estou pensando, você falou mesmo que era isso que ela estudava. — Craig se virou para mim. — Eu estou no segundo ano, por isso não temos aulas juntos. Mas estranhei quando Luke me contou do seu curso…

— E por que você estranhou, posso saber? Você nem me conhece. — respondi friamente, pois, pela maneira com a qual Luke quis disfarçar o deboche de Craig, já imaginava que a resposta daquela pergunta não ia me agradar nem um pouco.

— Eu queria pedir minha comida, cade a garçonete? — Luke tentou mudar de assunto, mas já era tarde.

— Luke, agora não. — encarei Craig e percebi que ele estava rindo. — Qual é a graça? Minha pergunta é muito difícil de responder?

— A graça é — Craig começou, ainda dando risada, o que aumentava ainda mais a minha raiva. — que mulheres são muito temperamentais. Mas eu sei sim responder sua pergunta, boneca.

— Craig, é melhor não… — Luke ensaiou, quando viu a minha expressão de puro ódio ao ser chamada de ‘boneca' por uma pessoa que eu havia acabado de conhecer.

— Eu estranhei, porque é um curso um pouco difícil. Para mulheres, quero dizer. Especialmente depois de te conhecer e perceber que falta um pouquinho de músculo cerebral aqui em cima. — ele apontou para sua cabeça e continuou a rir, achando que sua piada estava sensacional.

Precisei de alguns instantes para assimilar o que estava acontecendo. Primeiro, o fato de Luke querer me colocar com seu amigo extremamente grosso, machista e que não tinha a menor noção do que era educação. Segundo, a aparição repentina de Luke no meio do encontro que ele mesmo tinha arranjado, depois de ter simplesmente fugido de mim no domingo anterior. Por último, o comentário mais sexista da noite, que foi a gota d’água.

Sem aguentar mais nada daquilo, peguei minha bolsa, levantei-me e pensei em dizer algumas coisas para o Craig. Queria falar que ele precisava urgentemente ser educado, pois sua família tinha falhado miseravelmente nesse quesito. Tive vontade de chamá-lo de vários nomes, e nenhum deles era bonito ou gentil. Mas, apesar de querer gritar mil e uma coisas para ele, simplesmente virei as costas e fui embora.

Não havia caminhado nem cem metros quando ouvi Luke me chamar de longe. Considerei parar de andar para berrar com ele, mas preferi ignorá-lo e continuei meu caminho sem olhar para trás. Ele tentou gritar meu nome mais algumas vezes sem sucesso, até que ouvi passos mais rápidos e comecei a acelerar também. Mas, como ele corria bem mais depressa do que eu, conseguiu me alcançar e segurou meu braço.

— Jade, calma aí. — eu me virei e ficamos um de frente ao outro.

— Calma? Você quer que eu tenha calma? — comecei a gritar e ele não falou nada, dando-me abertura para finalmente falar tudo o que eu estava pensando. — Mas essa é a última coisa que eu tenho nesse momento, Luke! O que foi isso no restaurante? Ou melhor, o que caralhos foi que aconteceu com você?

— Jade, eu…

— Não, você nada! Eu estou falando e você vai ter que me ouvir. — eu o interrompi. — Qual é a sua, cara? Primeiro você foi grosso comigo, depois se desculpou e nós viramos amigos. Começamos a nos aproximar, e eu não consegui evitar…

— Evitar o que? — Luke perguntou após eu ficar quieta.

— Evitar gostar de você, merda! — eu gritei e ele arregalou os olhos. Não queria ter que admitir esse sentimento tão forte assim, no meio de uma briga, mas era o único jeito. — Cada dia que passava eu gostava mais de você, e achei que você estava sentindo o mesmo. Mas aí, quando estávamos no maior clima, você simplesmente fugiu! E depois  ainda tentou me juntar com seu amigo que, por sinal, é o homem mais machista e mal-educado que eu já vi na minha vida!

— E-eu… não sei o que te dizer. — Luke disse, com uma aparência triste, que também me confundiu mais ainda.

— Você pode me explicar o porquê disso tudo. Você pode me dizer que você não gosta de mim e isso tudo não passou de devaneios da minha cabeça, para que eu possa finalmente desistir de tentar te entender e seguir em frente. Você pode falar qualquer coisa, literalmente, que vai ser melhor do que essas dúvidas que pairam na minha mente e no meu coração.

— Eu não posso mentir e dizer que não gosto de você, Jade. Mas também não posso te explicar o porquê de eu agir dessa maneira.

— Se você gosta de mim, então por que está me fazendo sofrer desse jeito? — senti as lágrimas que eu estava segurando caírem e rolarem sobre as minhas bochechas.

— Jade, eu.. eu sinto muito. Mesmo — quanto mais ele falava, mais tinha vontade de chorar. Mas eu sabia que não podia fraquejar na frente dele. — Acho melhor a gente se afastar. De vez. Vai ser melhor pra mim e pra você também.

— Ótimo, porque pra mim já deu. — cheguei mais perto de Luke e olhei bem em seus olhos. — Eu não quero mais falar com você e muito menos olhar pra você. Não dá para  eu trocar de sala, mas saiba que, se eu pudesse, eu o faria. Cansei de você me fazendo sofrer assim. Eu não mereço isso.

Ele abriu a boca para falar alguma coisa, mas não saiu nada. Então ele concordou com a cabeça e virou as costas para ir embora, mas não sem antes me lançar um último olhar de desculpas. Enquanto ele caminhava para longe sem ao menos se virar para trás, eu, que estava chocada demais para conseguir me mover, só fiquei ali parada. Não tinha mais confusão nenhuma, porque eu havia desistido de entender tudo isso. Também não tinha mais raiva alguma, nem de Luke, nem de Craig.

Tudo o que eu tinha era um imenso vazio no meu coração.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então... quantos de vocês querem me matar agora? Preciso falar pra vocês confiarem em mim, tudo vai dar certo pra nossa Jade no final! Mas se a vida dos personagens não tivesse tantas reviravoltas não seria uma vida digna de ser escrita, não é mesmo? Me digam o que vocês acharam nos comentários e até a próxima, amores!!