Cold Coffee escrita por amysantiagos


Capítulo 10
I knew you were trouble


Notas iniciais do capítulo

Oii gente. Voltei com mais um capítulo! Desculpa a demora, mas acho que os acontecimentos de hoje vão compensar a espera. Boa leitura!!



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Capítulo IX

Diana

A conversa que tive com Philip na noite da festa gótica foi surpreendentemente confortante. O sentimento de culpa e ódio, que havia perdurado em mim desde o primeiro ano, desapareceu em questão de segundos após suas palavras, e ter ganhado a certeza de que nossa relação estava aos poucos voltando ao normal me garantiu uma noite tranquila e revigorante de sono.

Jade, como o esperado, estava ávida por saber tudo que havia rolado entre Philip e eu naquela noite, mesmo eu tendo contado todos os detalhes a ela quando cheguei no quarto. Ela não conseguia esconder o apoio que dava a nós dois como casal, e isso também significava que seu ódio por Leonard era tão evidente quanto. Por isso, quando estávamos no refeitório e o assunto surgiu, ela não falhou em contar tudo o que estava sentindo em relação aos meus problemas amorosos.

Eu não teria visto nenhum problema nisso – Jade é minha melhor amiga, afinal, e suas opiniões sempre foram prioridade pra mim – caso Leonard não tivesse aparecido subitamente durante seu desabafo, logo após ela ter comentado sobre o beijo na bochecha que eu havia dado em Philip.

É. Meus dias estavam contados.

— Haha... Então... – Jade disse, seu rosto vermelho ao ter visto minha expressão de pânico. – Eu lembrei, tipo, agora, que tenho uma aula em uns dois minutos? Uma pena, não é mesmo?

E, como se o espírito de Barry Allen tivesse encarnado em Jade, ela foi embora, me deixando sozinha na jaula com um leão faminto.

Meus músculos estavam parados, meu cérebro em pane e minha boca aberta esperando que alguma coisa saísse, enquanto Leonard parecia estar ficando mais raivoso à medida que os segundos se passavam.

— Eu te peço e deixo bem claro o meu pedido pra você não ir na festa, e o que você faz? – ele pergunta, retoricamente, cada palavra num volume mais alto que a outra. – Você vai na festa e dá uma porra de beijo no Waters! Qual o seu problema?

Eu não sabia o que responder. Por mais que eu havia errado em mentir para ele, ele também deveria reconhecer seu erro em me proibir de fazer as coisas. Como ele não entendia isso?

— Leonard, eu não sou seu bichinho de estimação! Você não tem o direito de me proibir nada! – eu respondi, deixando que minha raiva dirigisse o caminho.

— Eu sou teu namorado cacete!

— E daí? No colegial, quando você ia pra aquelas festas com os seus amigos sem mim, eu te proibi alguma vez? Não! Porque eu confio em você! Agora, mesmo eu tendo pedido desculpas umas milhões de vezes, você ainda tem o nervo de falar aquilo?!

— Acho que eu tenho sim, porque você acabou beijando o Waters! Nem que na bochecha, porra, pensa um pouco!

Meus punhos estavam cerrados e meu rosto estava vermelho e queimando. Eu sentia alguns olhares das pessoas no refeitório se dirigindo a nós, porém a maioria estava concentrada em seus próprios umbigos e, de qualquer forma, a audiência não importava.

— Tá de sacanagem, né? O Philip me acompanhou até o quarto quando era quase de madrugada, sendo que ele não tinha a obrigação. Foi uma forma de agradecimento! – eu rebati, odiando o fato de ele estar envolvendo Philip mais uma vez em nossas brigas.

— Dane-se, caralho! Você não tinha que estar nem ali primeiramente. Mentiu pra mim e ainda ficou com aquele espantalho!

— Sim, eu fiquei com ele! Ele, diferentemente de você, foi atencioso comigo! Você só pensa em si mesmo, Leonard. Quer que minha atenção seja só voltada a você. Mas existem outras pessoas no mundo além de você, caso você não saiba!

— Diana, tá maluca? Eu sou teu namorado e não aquele babaca!

Por algum motivo, ver Leonard insultando Philip doía mais do que qualquer blasfêmia que ele havia falado sobre nosso relacionamento. Eu não aguentava mais ouvir aquelas palavras; ele estava fora de si, e eu não iria pedir desculpas sendo que ele claramente estava errado e maluco. Então, peguei minha bolsa e me levantei, deixando claro que minha paciência estava acabando.

— Ei, pra onde pensa que vai? Não acabamos aqui! – Leonard afirmou, segurando meu braço.

— Me solta! – eu gritei. – Você não tem o direito de insultar Philip desse jeito e depois achar que vou ficar aqui beijando seus pés. Volte a falar comigo quando tiver entendido o que fez de errado.

E, assim, dei as costas a ele e fui embora. Eu sentia que lágrimas estavam prestes a cair, mas eu estava determinada a não chorar mais uma vez por causa de Leonard. Por mais que eu tivesse perdido fragmentos da minha dignidade muitas vezes ao longo de nosso namoro, eu me esforçaria a partir daquele momento para deixá-la intacta.

No meio da minha confusão, decidi procurar Jade; ela precisava saber do que havia acontecido e eu precisava ouvir o que ela tinha a dizer. Por isso, saí correndo em direção ao prédio que ela havia me mostrado num dia desses, onde ela tinha a maior parte de suas aulas. Porém, quando cheguei e me dei conta de que ela provavelmente já estaria em aula, vi que teria que esperar.

Decidi sentar em um dos bancos perto do local enquanto o tempo passava. Eu deveria estar me sentindo feliz por ter falado a Leonard aquilo que ele precisava ouvir, mas tudo que estava sentindo naquele momento era cansaço e ódio. Em meio a frustração comigo mesma, escondi meu rosto com minhas mãos, e permaneci assim até que ouvi uma voz familiar me chamando.

— Diana!

Era Philip.

Imediatamente me recompus e me forcei a sorrir, mas depois de alguns segundos meu sorriso havia se tornado genuíno.

— Philip! – eu exclamei, sorrindo, enquanto ele sentava-se ao meu lado. – Não está me perseguindo, né?

— Claro que não! Nossos encontros estão se dando pura e exclusivamente por conta do destino – ele afirmou. – Mas e aí, você tem o período da tarde livre que nem eu ou está matando aula?

— Matando aula, obviamente – respondi, tentando soar maliciosa, mas no final acabei rindo de sua expressão surpresa. – Tempo livre. Nunca fui de matar aula e você sabe bem.

— Quem sabe, né, as pessoas mudam...

— Sim, algumas fazem partes de bandas covers e simplesmente perdem a cabeça.

— Ei! Eu te falei que foi por apenas um ano, e caso você queira saber, eu me encaixei muito bem com o corte capacete do Paul McCartney.

— Ah, uma pena eu não ter visto essa pérola. Eu pagaria cinco libras pra ver...

— Interessante! – ele coçou o queixo. – Falarei com meu agente.

Eu não conseguia acreditar que o jeito bobo de Philip ainda era o mesmo, e por isso eu estava grata. Desde sempre, foi uma das únicas coisas que me deixava feliz em momentos tristes.

Enquanto ríamos de nossa brincadeira, Jade apareceu, sem fôlego.

— Diana! – ela gritou, vindo em nossa direção. – E Philip!

— Ah, se não é a Miss-Conta-Tudo! – eu disse, brincando. – Não estava em aula?

— O professor nos liberou mais cedo por causa dos testes... Vim correndo checar se você estava bem. Pelo visto, presumo que sim; bem até demais.

— Por que a urgência toda? – Philip perguntou.

— Ah, nada demais – eu garanti, antes que Jade fosse contar sobre minha briga com Leonard. Caso Philip descobrisse, ele só ficaria com mais raiva e o clima entre nós seria arruinado. – Estávamos conversando aqui de boa.

— Que ótimo! – Jade exclamou, sentando-se na grama à nossa frente mesmo tendo um espaço no banco entre Philip e eu. – Já que meus dois amiguinhos estão aqui, quero desabafar com vocês.

— Jade, por favor, sem besteiras... – Philip disse.

— Vai te catar, Philip! É importante! – Jade afirmou. – Então, quero dizer que... Luke me chamou para estudar com ele.

Minha boca se abriu.

— SÉRIO? – ela assentiu e nós duas começamos a pular sentadas enquanto soltávamos alguns gritinhos. – Então era sobre ele que você estava falando após a festa...

— Quem é Luke?

— Ah, um garoto da minha sala... – ela respondeu. – Um que eu estou começando a gostar, mas como isso é apenas um encontro pra estudo, não estou botando nenhuma esperança. Então, Di, vamos com calma e vamos manter a postura!

— Ainda sim, estou feliz por você amiga! Ele tem cara de ser uma pessoa ótima, e eu tenho certeza de que ele está caidinho por você. Só pode.

Jade riu e continuou a falar sobre Luke, com ocasionais observações humorísticas de Philip. Eu podia sentir que ela estava realmente investida nesse garoto: seus olhos brilhavam e seu sorriso aumentava. Jade é o tipo de pessoa que não se apaixona facilmente e com frequência, mas quando acontece, o sentimento vem de uma forma intensa e profunda. Por isso, só de vê-la feliz, toda a negatividade em mim por conta da briga com Leonard se dissipou.

Ficamos conversando até o horário de nossos respectivos próximos períodos, quando o sol já estava prestes a se pôr. Na hora de nos separarmos, Philip sorriu pra mim e disse:

— As cinco libras ainda estão valendo?

— Obviamente. – eu respondi e, sorrindo de forma travessa, lhe dei as costas e fiz meu caminho até minha aula de Sociologia, enquanto seu olhar pesava em mim.

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Depois de um dia exaustivo, minhas costas doíam e meu organismo estava implorando por doze horas de sono, porém eu tinha duas redações para fazer e umas dez fotos para editar. Por isso, precisava acelerar em direção ao quarto.

No caminho, meu telefone tocou umas cinco vezes, e eu sabia que todas tinham que ser de Leonard. Eu estava sem saco para uma outra discussão - mesmo se ele estivesse tentando se desculpar, ele acabaria arranjando uma maneira de voltar à briga.

Quando cheguei em meu dormitório, tive que abrir a mochila para procurar a chave, porém a tralhada de coisas que eu carregava lá dentro me deixou em pé por uns cinco minutos. No meio da minha procura, ouvi a voz de Leonard me chamando, vindo do fim do corredor.

— Diana. Precisamos conversar.

— Fale por você! – respondi, já com a chave em mãos.

— Diana, eu... Eu não entendo o que tá acontecendo entre a gente... Estávamos tão bem, e aí aquele Waters apareceu... – ele refletiu. Senti uma vontade súbita de rir, mas sabia que isso só pioraria a situação. – Eu te amo, mas recentemente eu ando sentindo que você não é a mesma.

— Eu não sou a mesma? Puxa, por que será isso, Leonard? "Pensa um pouco!" – eu rebati, fazendo as aspas. Ele ficou visivelmente com raiva do meu comentário e jogou no chão a chave que estava na minha mão. – Por acaso você tem cinco anos? Por que você fez isso?

— Porque eu vim aqui, tentar entender o que tá passando na tua cabeça, na maior sinceridade, e você me trata desse jeito! Eu não sou obrigado não, eu hein! Quer saber? Esquece! Quando você precisar de mim mas o único à sua volta for o Waters, aí eu quero ver!

Mal Leonard sabia que, durante todos esses anos, ele nunca havia sido a pessoa de quem eu precisei.

Com essas palavras, então, ele foi embora, parando para socar a parede enquanto andava. Se ele estava querendo que eu sentisse pena dele ou que eu lhe desse um pedido de desculpas, então estava enganado.

Muito enganado.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que estão achando até agora? Será que a Diana finalmente vai largar o Leonard? Me digam nos comentários!! Um beijo ♥