Aquela música era como um soco no estômago, apesar das lembranças que me trazia, era a melhor música em que eu havia feito. Após alguns minutos, encontrei Estela do lado de fora e ela empolgada me contou que eu tocaria toda sexta, eu estava exausta, então apenas sorri e pegamos o carro rumo ao nosso apê.
As aulas começariam na outra semana, então tínhamos ainda uma semana de ''descanso''. Ok, isso certamente não aconteceu, pois Estela tratou de me arrastar para o shopping ou salão de beleza quase todos os dias e torrar toda sua mesada. Mas segundo ela, valeria a pena, tínhamos que começar o find arrasando. Eu não podia negar, Estela conseguia ser um porre quando queria. Mas isso logo passou quando o melhor dia da semana chegou, a famigerada e tão esperada sexta-feira. 
Quando me vi, estava de frente ao espelho admirando minha roupas, estava bonita, e eu não poderia negar isso. Estava com uma saia não muito curta soltinha preta e meias calças pretas. Uma blusa meia manga bem soltinha de crochê e minhas botas de salto. Meus cabelo estavam soltos e totalmente lisos devido a escova que havia feito no salão, minha maquiagem estava totalmente preta destacando meus olhos, mas não muito pesada, e nos lábios meu batom nude. Coloquei minhas argolas douradas e minha pulseira que eu não saia sem. Peguei meu violão e minha bolsa pequena e fui até Estela a agilizar. 

Me dei conta que eu estava no pub quando eu estava em cima do palco tocando Story of my Life, que confesso que adorava. Estava no meio dos meus pensamentos quando o vi no bar novamente, meu coração acelerou e o refrão da música começou a tocar. Ele sorriu para mim e eu juro que quase derreti. Eu não gostava de flertar, mas ao ver me encarando como se me comesse com os olhos, pensei na probabilidade de tentar. Ele era lindo e parecia solteiro. Ele estava com um copo vazio na mão, e assim que fui acalmando a música eu o encarei, e foi então que ele sorriu e piscou para mim, minha respiração ficou falha e eu sorri retribuindo a piscada. Assim que terminei a música pude ouvir palmas, e ele sequer se mexia. Tomei um gole de água e voltei para tocar mais algumas músicas. Quando comecei a tocar You Need Me, I Don't Need You, as pessoas se agitaram mais e começaram a dançar na pequena pista de dança que havia na frente do palco. Essa música era perfeita para agitar o pessoal difícil, mas a melhor. Olhei para o bar e o rapaz estava acompanhado e já não olhava mais pra mim, tentei ignorar e continuar a tocar. Após algumas músicas fiz uma pausa para comer. Estela me esperava com uma porção de batata frita e água sentei ao seu lado e comecei a comer as batatas. 

— Porque não foi até ele? - arqueei as sobrancelhas e ela riu. -  Eu vi vocês flertando, e acho que deveria ir até ele. 
— Tarde demais. - eu disse bebendo minha água apontando com a cabeça para  bar. 
— E parece que ele é bom. - ela disse olhando para o bar, virei para onde ela olhava e o vi saindo com a garota. 
— Não era pra ser. - dei ombros e ri da sua cara. 
— Com licença. - disse um rapaz se aproximando. Ele era alto, bem alto. Tinha os cabelos loiros e os olhos cor de mel, era bem musculoso, não que desse pra ver muita coisa, mas pela camisa marcando seus braços, era o que parecia.  - Não pude deixar de vir te elogiar pela belíssima voz. - ele sorriu simpático. - E gostaria de aproveitar e convidá-la para beber alguma coisa após o show. 
— Muito obrigada...
— Nick. 
— Muito obrigada Nick. - sorri tentando parecer simpática. - E eu adoraria. Me chamo Hayley. - estendi minha mão, ele a pegou e a beijou. 

Após o show, fui até Nick e bebemos algumas cervejas, ele era legal, mas não era o meu tipo de cara. Ta, quem eu quero enganar, queria que no lugar de Nick estivesse aquele moreno dos olhos escuros. Tentei afastar meus pensamentos  e focar em Nick. 
Estava ficando tarde, então, me despedi de Nick e peguei minhas coisas. Fui até o dono e ele me entregou o salário os dois shows. O agradeci e fui embora juntamente de Estela. 

A tarde de sábado teria sido maravilhosa se não fosse pela mudança dos nossos novos vizinhos da frente, ao qual nem conhecíamos ainda e ja odiávamos pelo fato deles terem ligado o rádio numa altura absurda e ainda escutando uma música terrível. E como se não bastasse, o domingo foi igual ao dia anterior. 
— Chega, eu não aguento mais. - disse Estela sentando no sofá.- Eu não consigo ouvir meus próprios pensamentos. - ela bufou se levantando. 
— Estela, seja gentil. - gritei indo atrás dela.
— Vou ser assim como eles estão sendo conosco. - ela chegou até a porta na frente da nossa e começou a bater freneticamente e forte, como era dificil de escutar pelo barulho ela apelou para a campainha. Estávamos quase desistindo quando a porta se abriu e a música cessou. - Vocês podem fazer o favor de desligar essa merda, estamos desde ontem de saco cheio dessas merdas de música, eu não consigo ouvir meus próprios pensamentos. - ela começou a despejar brava.
— Oh, sinto muito, não imaginávamos que estava tão alto assim. - disse um rapaz muito lindo, Estela tremeu e segurou minha mão. Ele tinha cabelos castanhos claros e os olhos o acompanhavam juntamente de um óculos de grau, a barba por fazer o deixava com um charme. - Pedimos perdão pelo transtorno, não estamos acostumados com apartamento. 
— Tudo bem. - eu disse. 
— Só manerem no volume, quero escutar meus pensamentos. E se forem escutar música alto, pelo menos nos convide e coloquem uma música boa. - Estela revirou os olhos e eu dei um cutucão nela. O rapaz riu e Estela quase derreteu. 
— Pode deixar. - ele piscou e nos encarou.- Me chamo Jessi. 
— Prazer, sou Hay e essa maluquinha aqui é Estela. - sorri simpática. 
— Não convido para entrarem porque isso aqui ta uma zona ainda, mas pera ai. - ela virou pra trás e gritou. - LIAN, VENHA CONHECER AS NOSSAS VIZINHAS. - e assim que ele entrou no meu campo de visão, minhas pernas tremeram e minha respiração ficou falha. Era ele bem ali na minha frente, o moreno dos olhos escuros. Apertei a mão de Estela e respirei fundo. - Meninas, esse é Lian. Lian essa são Hay e Estela. - ele disse apontando para cada uma. E então seu sorriso se alargou ao me ver. 
— Prazer Estela. - ele acenou e me encarou. - Você canta muito bem, Hayley. - ele sorriu e picou. 
— Muito obrigada, fico feliz que tenha gostado. - sorri e olhei para Estela. - Então nós vamos indo, se precisarem de algo, estamos aqui na frente. - quando fomos nos virar senti uma mão me puxar me fazendo virar. 
— Te vejo sexta? - ele sorriu abertamente. 
— O dia que quiser. - pisquei o que fez ele ficar um pimentão, dei uma risada e entrei no meu apê. 
— SAFADAAAAAAAAA. - Estela se jogou por cima de mim no sofá. 
— Que cara lindo, pelo amor de Deus. - me abanei e rimos juntas.