Dungeons & Monsters escrita por Tiago Mikaelson


Capítulo 1
Capítulo 1: Depois do Holocausto




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Com o nascer do sol, Lucian Rawlins já estava de pé e pronto para mais um dia árduo de trabalho. Com apenas 16 anos, Lucian já tinha que agir como um adulto completo. Com o holocausto, essa passou a se tornar a realidade de jovens como Lucian.

O holocausto foi como chamaram a grande devastação que a humanidade sofreu. Mais de 4 bilhões de pessoas morreram na época.

Em um dia qualquer um buraco surgiu no vazio do sistema solar que imediatamente foi identificado pelas organizações de pesquisas espaciais ao redor do mundo. Naquele dia o mundo observou a morte face a face.

Do buraco foi liberado uma energia selvagem que se espalhou como um vírus pelo sistema solar e continuou a se propagar pelo resto do universo. Não só isso, estranhas pedras negras que não deviam ser maiores que uma bolinha de gude foram cuspidas do buraco. Eram uma infinidade de bolinhas que voaram para todos os lados.

Inúmeras dessas bolinhas cairam na Terra e no local de impacto, que surpreendente não teve nenhum, surgiram cavernas, ou como é conhecido atualmente, dungeons (masmorras).

Das dungeons monstros saíram exatamente 30 dias depois. Armas humanas tinha pouco efeitos ou nenhum em vários monstros e assim, mais de 4 bilhões de humanos foram mortos e boa parte devorados.

Quando um humano matou um monstro mais fraco pela primeira vez, o monstro dropou, isso mesmo, como se fosse um jogo de RPG, um item caiu quando o monstro foi morto, e não foi qualquer item não. O item dropado foi um estranho e místico livro negro.

E assim nasceu o primeiro "despertado".

Foi descoberto que quando um humano mata pela primeira vez um monstro, ele dropa um livro preto.

Livros pretos são livros de Habilidade Únicas e são os responsáveis para despertar humanos.

A Habilidade Únicas dos livros pretos foram feitas especialmente para o humano que matou o monstro, mas isso não quer dizer que ele era o único que podia usar o livro, e assim começaram a surgir livros pretos para vendas, e isso queria dizer que 99% das vezes o dono do livro havia sido morto ou roubado.

Se um despertado mata um monstro, ao invés do livro negro, outros livros de habilidades ou itens são dropados.

Também foi descoberto que da pior forma que a cada 30 dias, se o número de monstros ultrapassar 5 mil dentro das dungeons, o escudo de luz que os impede de sair irá quebrar e o inferno na terra começará.

Com essas informações é fácil e óbvio imaginar qual rumo os humanos tiveram que tomar para sobreviver.

Mais de 100 anos depois do holocausto, a humanidade finalmente havia se erguido e a era dos despertados estava em seu auge, mas nem tudo era um mar de flores. Para aqueles que não eram despertados, se não tivesse dinheiro ou um cargo influente, a vida era pior do que antes do holocausto.

Esse novo mundo era um mundo onde os fortes eram respeitados e os fracos desprezados e, infelizmente, Lucian Rawlins estava no lado dos fracos e para piorar, era órfão. Seus pais morreram quando ele tinha oito anos por causa de uma quebra de masmorra.

E não só isso, ninguém da família dele era um despertado e assim ele já teve uma vida difícil, mas depois das mortes dos pais, tudo piorou.

Vivendo sozinho na casa que era de seu bisavô e que foi herdada pelo seu avô, depois seu pai e agora ele, Lucian batalhava todo santo dia para o pão de cada dia.

Lucian era um catador. Catadores trabalhavam no lixão em busca de recicláveis, mas seu sonho era, como de qualquer um na sua idade, ser um despertado. É claro que ele era realista e sabia que isso não iria acontecer, não com sua sorte.

Dando uma ultima olhada no espelho, seu olhar triste foi refletido. Ele encarava seu rosto sem um pingo de felicidade.

Lucian era moreno, olhos azuis e tinha uma boa aparência capaz de chamar a atenção das meninas e isso seria ótimo se não fosse o fato que nos últimos anos, mais precisamente 5 anos, o que chamava a atenção de todos não era seu rosto bonito, mas sim seu rosto deformado no lado esquerdo.

Quando mais novo, em um dia trabalhando no lixão, houve um acidente. Ácido espirrou no rosto dele o queimando atingindo até mesmo seu olho esquerdo o fazendo perder um pouco da cor azul e o deixando meio cego daquele olho.

Não só isso, ele também parou de sentir qualquer coisa que tocasse sua pele. Ele poderia se machucar e sangrar, mas se ele não visse com os próprios olhos, ele não saberia que estava machucado.

Cansado, como sempre, ele saiu de casa sem comer nada, e foi para o lixão.

Lucian morava na periferia da cidade e era o lugar mais próximo do lixão, apenas um muro com mais de 3 metros separava a periferia e o lixão da área nobre da cidade. Um portão fortemente protegido. É claro que havia outro muro protegendo a periferia do lixão. O lixão era fora das proteções dos dois muros, em outras palavras, era um risco ir para aquele lugar, pois monstros poderiam aparecer a qualquer momento. Felizmente o governo tinha alguma consciência de que recicláveis eram necessários, por isso havia alguns guardas com roupas especias que os protegem do mal cheiro ou qualquer doença derivado do lixão que faziam rondas pelo lugar.

Ele caminhou por uns cinco minutos antes de chegar ao muro que separava a periferia do lixão.

Como sempre, as pessoas o olhavam com claro nojo em suas faces. De longe algumas conversavam e apontavam para ele, umas rindo com desprezo, outras como se tivessem vendo a coisa mais nojenta na face da Terra.

Quanto a ele? Lucian aprendeu a ignorar. Ele tinha mais o que fazer do que se preocupar com o que pensavam sobre ele. Se importar com a opinião alheia não iria por o pão de cada dia na mesa.

Como os catadores eram contratados do governo, ele não tinha que pagar a taxa para atravessar o portão. Os catadores autônomos, por outro lado tinha que pagar 10 reais cada vez que atravessavam o portão.

Lucian pegou seu carrinho que flutuava a 30 centímetros do chão e o empurrou.

O lixão não tinha nada de especial. Simplesmente era um lixão.

Durante as próximas 3 horas, Lucian Rawlins trabalhou sem descanso. Seu carrinho já estava meio cheio com partes quebradas de eletrônicos. O contrato de Lucian com o sub grupo de catadores do governo era de que ele iria pegar apenas metais.

Havia algo de bom que surgiu do holocausto. O aquecimento global parou. Alguns lugares do planeta que eram quentes se tornaram nublados. Sorocaba era uma dessas cidades.

O mapa mundial permanecia praticamente o mesmo. A única diferencia era que inúmeras cidades desapareceram depois do holocausto. Foram destruídas por monstros e se tornaram inabitáveis.

Lucian Rawlins é descendente de australianos, britânicos, americanos e claro, brasileiros. Ele vive em Sorocaba, uma cidade do interior do estado de São Paulo, que por sua vez pertence ao maior país da américa latina, Brasil.

Das seis da manhã às três da tarde com intervalo das onze da manhã a uma da tarde para o almoço, esse era o horário de trabalho de Lucian.

Distraído, ele não notou um grupo de jovens se aproximando. Eram em seis pessoas. Todos tinham em torno de dezesseis a 21 anos. O líder sendo o mais velho.

Quando Lucian percebeu o grupo, já era tarde demais para sair e ignorar essas pessoas.

Lucian sabia muito bem quem eram.

Aquele era o grupo do Rafael. Um grupo de pessoas infelizes que gostavam de descontar suas infelicidades nos mais fracos.

 – Vejam quem encontramos aqui. – Rafael sorriu.

Todos o olhavam com escárnio. Era como se o culpassem pela desgraça que era a vida deles.

Lucian não estava disposto a se deixar ser intimidado naquele dia. Sempre voltava para casa machucado. Como ele não sentia dor, era bem provável que qualquer dia desses ele iria se machucar gravemente e só iria descobrir quando fosse tarde demais.

Alguns segundos antes deles se aproximar, Lucian já havia digitado as coordenadas no carrinho para que ele fosse para um ponto seguro. Toda manhã Lucian tinha a certeza de procurar lugares para se esconder caso isso acontecesse e em seguida salvava as coordenadas no painel do carrinho.

Então quando o grupo chegou nele, o carrinho já havia partido por trás de uma pilha de lixo.

Agora ele só precisava ganhar algum tempo para que Rafael e seu grupo não roubasse seu carrinho enquanto ele fugia.

Lucian os encarou friamente.

 – Rafael, todos estamos tentando trabalhar para sobreviver. Por que você insiste em me atormentar ao invés de fazer algo prestativo, como trabalhar, por exemplo?

 – E por que eu faria isso quando posso simplesmente te bater e depois roubar a sua colheita? – Rafael respondeu com uma pergunta.

O grupo atrás dele riram como hienas.

 – Patético... – Lucian murmurou, mas todos foram capazes de ouvir.

 – Um pedaço de merd# como você não tem permissão para dizer o que bem entender! – um dos capangas de Rafael rosnou.

 – Acho que cutuquei alguma ferida... – Lucian sorriu.

 – Peguem-no! – Rafael ordenou sem pensar duas vezes.

Lucian também não pensou duas vezes em jogar um saco de lixo bem fedido sobre eles, é claro que antes ele fez um rasgo.

Restos de comida e seja o que mais estava emanando aquela carniça caiu sobre o grupo sem terem tempo de desviarem.

Aproveitando este momento, Lucian correu virando pilhas e pilhas de lixo que juntas formavam um enorme labirinto.

Tendo agido rápido, Lucian conseguiu fugir do grupo e se esconder. Infelizmente ele não pode ir para o ponto onde seu carrinho havia ido. Ele teve que correr para os limites do lixão para despistar o grupo. Os limites eram lugares que ninguém com bom senso iria, mas para sobreviver, Lucian mandou o bom senso pastar.

Respirando fundo, ele se acalmou e olhou em volta. Para ser sincero...

 – Estou perdido... – ele não fazia ideia para que lado ficava o portão e que lado ficava a área onde monstros viviam.

Ele olhou mais atentamente tentando decidir para que lado ir.

 – Infelizmente, vou ter que arriscar.

Sem mais enrolação, ele escolheu um caminho e começou a andar.


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