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Is green eyes and freckles and your smile

Luna estava em seu quarto, olhando para o teto, sem se importar se a coroa de flores em seu cabelo estavam sendo destruídas pelo peso de sua cabeça imprensado ao travesseiro. Ou melhor, ela se importava, mas ao menos conseguia lembrar disso.

Tudo que Luna Lovegood conseguia ver desde dezoito horas antes eram olhos castanhos, sardas e um sorriso. O sorriso de Ginny Weasley, a aluna nova.

Por anos, todos na escola olhavam estranho para Luna. Seu jeito louco e sua intensidade incomodavam e a sua doçura fazia com que ela parecesse um alvo fácil, o que não era. Luna Lovegood era mais forte do que pensavam, ser gentil é mais difícil do que a maioria pensa. Mas Ginny, quando entrou na sala de aula, vários minutos atrasada, não se importou com os seus cabelos longos e bagunçados, seu vestido longo que a deixava parecendo uma hippie (não que ela achasse aquilo um defeito, é claro) ou seus pulsos cheios de pulseiras artesanais.

Ignorando todas essas características, Ginny cumprimentou a professora com um sorriso e sentou-se na carteira vaga ao lado de Luna (cadeira a qual que sempre estava desse jeito. Vaga).

— Oi. — disse Ginny, tirando o material da mochila e sussurrando para que a professora não visse que ela estava conversando no meio da explicação. — Adorei a coroa de flores, eu gostava de usar quando eu era menor. Não uso mais, porque Fred e George, meus irmãos, destruiriam. — a ruiva bufa, mas depois parece lembrar-se de algo. — Qual seu nome?

— Luna. Luna Lovegood. — Luna responde, com as bochechas coradas, por aquela ser a primeira vez que alguém falava com ela sem a intenção de machucar. — E eu posso fazer uma coroa de flores pra você durante a pausa. Se você quiser. — Luna adiciona rapidamente aquela última parte, e Ginny já estava com um sorriso brilhante que fez com que a loira ficasse desnorteada.

— Seria um prazer, Luna.

[...]

Pelo resto da aula, Luna e Ginny trocavam olhares suspeitos, que poucos pareciam perceber — e nenhuma das duas pouco se importavam com isso. Até onde elas sabiam, olhar não era proibido. E mesmo que fosse, os outros seriam tão culpados quanto. Além disso, ninguém poderia culpar Luna por não conseguir parar de olhar para os lindos fios ruivos de Ginny iluminados pelo sol, e ninguém poderia culpar Ginny por não conseguir parar de olhar para o rosto vermelho de Luna, que trazia um sorriso tímido nos lábios.

Luna já havia chegado na escola querendo voltar para casa, como sempre acontecia, e por isso mesmo não conseguia passar muito tempo sem olhar os olhos castanhos de Ginny: os olhos dela pareciam levá-la de volta para casa, onde tudo era seguro. Onde ninguém poderia machucá-la. Os olhos de Ginny Weasley lhe davam a sensação maravilhosa de estar voltando para casa.

I just want to know you better

Todos os alunos encaravam o relógio pendurado na parede, em cima do quadro negro. A cada movimento do ponteiro, a respiração de cada um ficava mais acelerada, com  a esperança de poder sair daquela sala que já lhes dava a sensação de abafamento. Quando o som do sinal finalmente ecoa, todos começam a arrumar suas mochilas habilmente e, segundos depois, já estavam atravessando o portal da sala.

Luna e Ginny faziam o mesmo: a primeira, com calma; a última, encarando a loira abaixada no chão, as mãos finas e delicadas pegando livro por livro, caderno por caderno, e guardando-os na bolsa.

Quando a professora sai da sala, deixando as duas garotas sozinhas, Ginny coloca uma das mãos nas costas de Luna, acariciando-as com um dos dedos.

— Eu quero conhecer você melhor, Luna Lovegood. — Ginny diz, sorrindo, e Luna olha para ela. De pé, na posição que estava... parecia um anjo. Antes, apenas seus cabelos estavam iluminados pelos raios do sol, mas agora... Quase toda a extensão do seu corpo: os cabelos, as sardas, os olhos, os jeans e a camisa azul larga com o emblema de um time de futebol que Luna não conhecia direito. Um anjo. Um anjo que lhe dava a sensação familiar de estar em casa, de colher flores no campo e de tomar um chá quente, recém preparado. — Eles dizem que você é estranha. — diz Ginny, apontando para as outras cadeiras da sala, já vazias, mas dando a entender que estava falando sobre os outros alunos. O corpo de Luna estremece; será que depois disso Ginny se afastaria, como todos os outros? Será que o universo era tão cruel assim à ponto de lhe dar o gosto daquela sensação boa e depois simplesmente... tirar isso dela? — Bom, eu também sou estranha. Deus me livre ser normal e ser do jeito que outras pessoas, senão eu, querem!

Ao falar aquilo, Luna sentiu como se Ginny tivesse tirado um peso dos seus ombros. Depois da ruiva lhe dar um sorriso e sair da sala, Luna sussurra, baixinho, também sorrindo:

— Eu também quero conhecer você melhor, Ginny Weasley.