A Proposta escrita por Maria Ester


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora....
Que capítulo difícil, viu?!
Fiz, desfiz. Li, reli.
Pesquisei sobre reações de crianças adotadas quando sabem que vão ganhar um irmão.
Queimei neurônios e saiu este capítulo que vocês irão ler agora.

Espero que gostem.

Não esqueçam de comentar o que acharam.

beijinhos.



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Cecília acordou com Gustavo ao seu lado já acordado, olhando-a.

— Você estava tão linda dormindo que eu não quis acorda-la.

— Que horas são? – passando a mão no rosto e sentando. – Preciso ver minha filha, ela já deve ter acordado a essa altura e não me encontrado na cabine. Deve estar assustada.

— Não se preocupe, pedi que uma funcionária fosse vê-la e avisá-la que você estaria na cabine ao lado. – Puxando-a de encontro a ele e dando-a um beijo convidativo. – Ela disse que Dulce ainda estava dormindo, mas que iria ficar por perto. Acho que ainda temos tempo. – Beijando-a novamente.

Cecília parecia estar em um conto de fadas, estava leve. Tudo que sonhara estava se realizando. E ela teve medo de realmente estar sonhando.

A noite passada foi como uma lua de mel. Lembrou-se de cada detalhe, das pazes, das palavras ditas, das carícias, de todas as vezes que Gustavo reverenciou sua barriga, ainda plana.

Parecia estar nas nuvens. E para a felicidade ficar completa, precisava contar a novidade a Dulce.

Será que ela iria gostar?

Cecília queria muito que a resposta fosse sim.

Tudo no seu tempo! – Ela pensou.

Já era tarde quando saíram da cabine.

Dulce já havia acordado e estava sentada na cama quando entraram.

Cecília e Gustavo já haviam decidido que só a contariam quando chegassem em casa.

Uma coisa de cada vez.

Sabiam que talvez aquela noticia abalaria a confiança de Dulce em relação a eles. E tudo que eles menos queriam era vê-la triste.

Entraram de mãos dadas e Dulce logo percebeu esse detalhe, dando um largo sorriso. Um sorriso que tinha sumido do seu rosto durante esse tempo da separação dos pais.

— Mamãe, porque você disse que ia dormir comigo e não dormiu?

Cecília sentou ao seu lado colocando-a no colo e dando um grande beijo em suas bochechas.

— Porque a mamãe e o papai tinham algumas pendências a resolver. – Olhando para Gustavo que estava ao lado delas e acariciava a mãozinha de Dulce. – E passamos a noite conversando sobre o futuro de nossa família.

Dulce estava com a voz animada, estava realmente feliz.

— É verdade papai? – Agora olhando para Gustavo. – Vocês não vão mais ficar separados?

— Sim meu amor, a mamãe e eu nos amamos e queremos ficar sempre juntinhos.

O sorriso dela caiu um pouco.

— E eu, continuarei com vocês?

Cecília a abraçou de modo protetor e deu um beijo em sua cabeça.

— Claro que sim, minha princesa. Sem você nós não somos uma família.

Gustavo a encarou com carinho e disse;

— Filha, sem você não somos nada. Nós te amamos.

— Eu também amos vocês, muitão.

O dia passou rápido, e o passeio no navio logo chegou ao fim. Dulce aproveitou praticamente todas as alas destinadas ao público infantil.

Tomou banho na piscina, assistiu uma peça no teatro, visitou a sala de jogos...

Já era noite quando chegaram em casa.

Dulce, como de costume, já havia dormido de tão cansada.

Cecília estava radiante.

Um pouco enjoada devido a gravidez, porém, feliz como nunca.

Gustavo, um pai e marido babão, que não sabia a quem dar mais atenção, se a Dulce ou Cecília.

Aquele dia tinha sido realmente especial e ambos estavam cansados. Tão cansados que dormiram cedo.

Ao raiar o dia, Cecília foi a primeira a acordar, com enjoos matinais. Ela já havia lido sobre isso e era normal.

Gustavo acordou em seguida, dando todo o suporte para Cecília.

Ao descerem para o café, Dulce já estava a mesa os esperando.

— Nossa Dulce, como você está mais linda hoje, quem te arrumou?

— Fran, mamãe. Gostaram do meu modelito?

— Está maravilhosa, meu amor! - Gustavo respondeu rindo.

Os três se alimentaram em uma atmosfera aconchegante e ao terminarem, foram até a sala de estar, para contarem a novidade a Dulce.

Gustavo pegou a menina no colo e colocou-a entre os dois no sofá.

Cecília decidiu começar a falar.

Que Deus a ajudasse e desse tudo certo.

— Dulce, nós temos uma notícia para te contar. – Percebendo que Dulce se aconchegava a ela com medo. – Meu amor, não se preocupe porque é uma notícia muito boa.

— É filha, sua mãe e eu esperamos que você goste, pois é muito importante sua opinião para nós.

— O que vocês querem me dizer?

Cecília olhou para Gustavo com um olhar apreensivo e ele deu continuidade.

— Filha, a mamãe está grávida, você vai ter um irmãozinho. Isso não é sensacional?

— Sim meu amor, você vai ser a nossa filha mais velha agora. E vai poder nos ajudar a cuidar dele. Olha que legal!

Dulce nada respondeu. Ela estava com um olhar vago, não saberiam ao certo dizer o que se passava na cabecinha dela. Talvez nem a própria Dulce pudesse descrever seus sentimentos nesse momento.

— Tudo bem mamãe, eu vou cuidar dele com muito amor.

Cecília a abraçou

— Mas você não parece ter gostado da notícia. – Passou a costa do dedo em sua face. – Saiba que nada irá mudar. Você continua sendo nossa filhinha amada.

— Sim Dulce, nós vamos continuar te amando do mesmo jeito. – comentou Gustavo.

— Eu sei papai, está tudo bem. Eu estou feliz com a notícia, de verdade. – Levantando-se do sofá e encarando-os. – Só estou um pouco cansada ainda. Acho que vou para o meu quarto.

— Tudo bem, deita um pouquinho, mais tarde eu vou lá te fazer um cafuné, tá? – Cecília a abraçou. – Nós te amamos.

— Está bem, eu também amo vocês. Está tudo bem.

Mas não estava, Gustavo e Cecília sabiam que não estava.

Eles sabiam que não seria uma notícia fácil para a menina, pois tudo era muito recente para ela. Eles sabiam do amor que ela tinha por eles, e era recíproco. Mas ela tinha medo.

Dulce passou por muitas privações, mesmo com sua pouca idade. E ela se acostumou a levar tombo da vida, a ser maltratada e tudo ali ainda era muito novo, todo o carinho que recebia.

Além de ser amada, ela era respeitada, tinha seu espaço, não somente físico, mas moral e estava com medo de perder tudo isso.

Decidiram não interferir na decisão dela. Dulce precisava de tempo, para pensar e assimilar os fatos. Com o tempo ela iria perceber que nada iria mudar.

Então era bom ela ter esse tempo sozinha para pensar...  

Dulce estava em seu quarto com seus pensamentos.   

Ela estava feliz, se sentia feliz pelos pais. Mas tinha medo.

 E se eles não me quiserem mais?

E se minha mãe e meu pai não gostarem mais de mim como dizem?

Esse neném é filho deles, eu não.

E se eles me colocarem em algum abrigo?

E se o bebê não gostar de mim, eles vão me mandar embora?

Deusinho, permita que não, eu não quero ficar longe deles. Permita que eles ainda gostem ao menos um pouquinho de mim.

Permita que eu não volte para a casa do meu padrasto.

Eu prometo que juro que cuidarei do bebê com todo amor, vou amar ele e dar carinho como minha mãe de verdade e meu padrasto nunca fizeram. Mas permita que ele goste de mim, para que eu não vá embora dessa casa.

Ele tem tanta sorte de ter uma mamãe e um papai de verdade.

A sorte que eu não tive!

 

 Eram muitas indagações e ela chorou, como nunca havia chorado na vida. Dulce nunca sentiu tanto medo e desespero como naquele momento. Nem mesmo quando o padrasto a obrigava a roubar e ela era pega.

O medo de perder as únicas pessoas que lhe davam amor era muito grande. Nada ali importava para ela, casa, quarto, brinquedo, roupa.

Ela poderia morar embaixo de uma ponte e passar fome, mas se estivesse com seus pais, ela estaria feliz.

Seu coração doía e ela não sabia o que fazer. Em outras circunstâncias falaria com eles, pediria ajuda para acalmar essa dor.

Mas dessa vez não, o que ela diria? Pensou.

Só uma coisa ela poderia fazer...  


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