A Proposta escrita por Maria Ester


Capítulo 21
Capítulo 21




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Logo amanheceu e o não houve melhora no quadro clínico de Dulce, que foi encaminhada para unidade de terapia intensiva (UTI) com o diagnóstico de dengue hemorrágica. Não era permitido que parentes ficassem ao lado do paciente nessas circunstancias.

Cecília estava em choque e se recusava a sair do hospital, mesmo que o médico e os enfermeiros já tivessem dito que assim que Dulce tivesse melhora, eles seriam comunicados.

 Gustavo, estava em desespero também, nunca tinha passado por isso na vida. Nem quando perdeu seus pais, jamais sentiu dor tamanha.

Minha filha tem que ficar boa, minha filha, não posso perdê-la.

Era como um mantra, que ele repetia em pensamento a todo momento. Não suportaria se acontecesse algo a menina. E Cecília, ele pensava consigo mesmo, ela não aguentaria. Teria que ser forte por ela também.

Gustavo foi ao encontro de Cecília que estava encostada em uma coluna e estava longe em pensamento. Grossas lágrimas escorriam de seus olhos. Gustavo a abraçou forte, tentando passar tranquilidade, mas ele bem sabia que aquele abraço era mais um conforto para ele mesmo. Depois de um tempo que mais parecia uma eternidade, ele se distanciou um pouco, limpou as lágrimas do rosto dela e fez um carinho em sua bochecha.

— Cecília, ouça... Não podemos fraquejar. – Voltou a abraça-la. – Ela vai ficar bem e tem que nos ver forte.

— Estou tentando, mas não é fácil você receber a notícia de que sua filha está na UTI.

— Vamos em casa, você tem que se alimentar, não come desde ontem.

— Não tenho fome. Não quero sair daqui. E se ela acordar e não me ver? Não, definitivamente não vou sair daqui.

— Ouça, nós só vamos lá e voltamos. Eu também não quero ir, mas não vai adiantar nada ficarmos aqui.

— Tudo bem, mas vou só tomar banho e volto.

— Nada disso, enquanto você não se alimentar, não deixarei você sair de casa.

Cecília revirou o olho e o convidou para ir.

O caminho foi silencioso.

Já se passava das três da tarde quando chegaram, tomaram banho e estavam se alimentando quando o telefone tocou. Gustavo atendeu, enquanto Cecília estava ao seu lado apreensiva.

— E aí? Anda Gustavo, para de suspense.

— Você estava certa, não deveríamos ter saído de lá.

Gustavo falou em um tom sério que deixou Cecília apreensiva.

— Ai meu Deus, o que aconteceu? – passando a mão sobre o cabelo. – Não me diga que...

— Que ela acordou. Ela acordou! – Falou em meio a risos e gargalhadas. - Vamos, ela já está no quarto dormindo, quero estar lá quando ela acordar.

Por impulso Cecília correu para seus braços e o beijou, recompondo-se, logo em seguida.

Logo estavam no hospital. Dulce ainda dormia quando chegaram. O médico lhes avisou que ela inda iria ficar dois dias internada pois o caso era grave, mas houve uma melhora significativa em seu quadro e ela não corria mais riscos.

Quando Dulce acordou, já era noite, Cecília estava sentada ao lado da cama, enquanto Gustavo tinha ido tirar algumas dúvidas com o médico.

Ao abrir o olho, a pequena tentava situar-se com o ambiente, quando Cecília pegou sua mão e fez-lhe carinho.

Dulce estava fraca, parecia mais magra e pálida. Mas nada disso importava agora, sua menina se recuperaria e voltaria a ser a mesma de sempre.

— Oi meu amor, você acordou... – Cecília beijou seu rosto. – Como você está se sentindo.

— Um pouco enjoada, mas só de ver você aqui já estou melhor. – Olhou ao redor como se estivesse à procura de alguém. – Cadê meu pai? 

— Ele deu uma saidinha, mas já já está de volta. Ele esta louco para te ver.

— Mamãe, minha cabeça está um pouco pesada, o que aconteceu?

— Meu amor, depois que nós chegamos, você piorou um pouquinho. Aí te deram um remedinho e você dormiu e acordou agora. Mas não se preocupa que você já está melhorando.

Gustavo chegou interrompendo a conversa das duas.

— Filha, você acordou! – se aproximou e lhe deu um beijo na testa. – Como você se sente, meu amor?

— Minha mãe fez a mesma pergunta. Estou um pouco enjoada. Quero ir para casa.

Gustavo olhou para Cecília que respondeu com cuidado ao comentário.

— Dulce, nós vamos passar mais dois dias aqui, até que você fique totalmente boa. Aí nós vamos poder ir para casa.

— Vocês vão ficar aqui comigo?

— Claro que sim minha florzinha, não sairíamos do seu lado por nada.

— Mamãe você e o papai são as pessoas que eu mais amo nesse mundo inteirinho. – Com os olhos cheio de lágrimas, Dulce encarava os dois. – Eu não quero nunquinha me separar de vocês.

Cecília sentiu que seu chão ia abrir-se diante dela. Deus, como iria explicar para sua filha que aquela união era passageira?

Não queria engana-la, teria que contar a verdade. Mas qual o momento certo, e qual verdade contaria se até agora sua própria vida era uma mentira?

 Gustavo pegou na mão de Dulce e acariciou-a.

— Meu amor, você passou por um trauma muito grande. É normal que você sinta medo de ficar sozinha. – Encarando Cecília que estava a sua frente, do outro lado da maca. – Mas saiba que independente das circunstâncias, nunca vamos nos distanciar de você.

— Minha Florzinha, você é o que temos de mais precioso nessa vida. Nós não vamos nunca te deixar sozinha.

— É que eu tenho medo. Eu não quero ficar longe de vocês.

— E não vai filha, nós prometemos.

Cecília olhou para Gustavo com os olhos marejados, ela não queria chorar, não queria demonstrar fraqueza.

Gustavo sabia o que ela estava sentindo, a conhecia como ninguém. Ele sabia que ela estava com medo da reação de Dulce, ele também estava. Não queria o fim, não queria que isso acontecesse, queria suas meninas ao seu lado. Teria que tomar uma decisão.

Mas qual? Ele não sabia.

A chantagem de Gustavo foi horrível. Cecília pensou. Ele acreditava em coisas terríveis sobre ela, mas, no último mês, lhe agraciara com algo que nunca demonstrou em anos de casamento: respeito, admiração.

Mal sabia ela que Gustavo sempre a respeitou e a admirou, mas era muito inseguro em relação a ela sempre prolongar o tempo em que iria enfim parar de tomar anticoncepcional.

Será que o casamento deles poderia dar certo?

Não, não era bom pensar assim.

A relação deles começara bem.

No início, era só o sexo que os unia, até ele se ajoelhar e lhe oferecer um anel de brilhante. Com aquele limite de tempo, talvez pudessem ter o namorico que a relação deles devia ter sido, que deveria ter acabado com o verão e se tornado uma doce lembrança.

Veio-lhe uma tranquilidade quando aceitou que não era uma refém, mas uma participante. Mas tinha Dulce, não queria ferir os sentimentos da menina. Teria que decidir como falaria com ela. Afinal sabia que não podia viver em um relacionamento amando sozinha. Gustavo não a amava, a queria apenas na cama e ela também o queria, mas queria muito além de sexo.


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