Wake Up escrita por ahyuga


Capítulo 1
Capítulo 1




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— Não. Isso não está acontecendo!

— Querido....

— É MENTIRA!

O grito desesperado atravessou o corredor, junto a um adolescente que, agora, estava sem rumo.

— Draco... Eu sinto muito...

A senhora de cabelos castanhos abraçava o garoto, tentando passar todo o conforto que também precisava naquele momento.

— Ela prometeu que voltaria para mim... – O soluço impediu que concluísse a frase, não importava seu sobrenome naquele momento, toda a dor que sentia não podia ser contida. – Ela prometeu...

— Hermione já quebrou alguma promessa? – A senhora passava a mão nos cabelos loiros, tentando conter o próprio desespero.

— Não.

— Ela vai acordar.

Draco ergueu a cabeça, encarando os olhos castanhos, iguais aos da garota que agora estava respirando apenas com a ajuda dos diversos aparelhos conectados a si, cada um emitindo um ruído diferente. 

O sentimento de perda era sufocante, nunca pensou que poderia sobreviver a tanta dor. Mas ele precisava ser forte, precisava estar forte para quando ela acordasse e procurasse por ele.

— Sua mãe está preocupada, ligue para ela.

O rapaz assentiu, saiu às pressas de casa e não avisou a ninguém o que estava acontecendo.

Suspirando caminhou até a saída do hospital, com o telefone em mãos, não foi uma ligação longa, mas suas poucas palavras foram o suficiente para calar sua mãe, que parecia prestes a passar-lhe um sermão.

Narcisa não era uma mulher de ficar sem palavras, mas naquele momento sentiu que nada que falasse poderia diminuir o sofrimento de seu menino. Hermione era a garota escolhida por Draco, ele a amava desde que descobriu o que era esse sentimento, por muitas vezes o casal Malfoy aconselhou seu primogênito a se afastar da menina, ela não era adequada, não tinha a educação necessária. Mas por mais que quisessem ela longe de seu filho, jamais desejaram mal a pobre garota.

Draco desligou e sentou em um banco na praça, de frente para a entrada do hospital.

Um pesadelo. Só podia ser isso. A qualquer momento iria acordar sendo chacoalhado pela garota, ela iria resmungar que ele estava tirando suas cobertas, ele iria puxa-la para seus braços, a beijaria, então ela iria resmungar mais e tentar afasta-lo, mas ele não se afastaria e a beijaria de novo e de novo, até não restarem mais forças para discussões.

Sentiu uma lágrima solitária escorrer por seu rosto.

—–––––––––

As palavras do médico não faziam sentido em sua cabeça, eram tantos termos técnicos que em vez de esclarecer suas dúvidas estava apenas gerando mais.

— Apesar do estado crítico, Hermione não apresenta piora no quadro, com exceção do ferimento na cabeça não houve nenhum outro dano grave. – Os pais da garota estavam sentados abraçados ouvindo atentamente as palavras do responsável pela saúde de sua filha.

Mesmo dois meses após o acidente Hermione ainda não havia acordado, para o desespero de Draco.

— Gostaria de ser otimista e dizer que ela irá acordar a qualquer momento, mas não posso lhes dar falsas esperanças. – O doutor, já acostumado a situações assim, tentava transmitir o máximo de calma para a família abalada. – Acreditamos que seus ferimentos externos irão curar sem mais problemas e em algumas semanas ela estará respirando sem a ajuda dos aparelhos.

— Mas isso não é uma garantia de que ela vá acordar? – A voz de Draco estava rouca devido a poucas noites bem dormidas.

— Não. Preciso que vocês entendam que mesmo que ela esteja em perfeito estado, não sabemos o real dano que a pancada gerou em seu cérebro. – A Sra. Granger voltou a chorar, sendo amparada pelo marido que lutava contra as próprias lágrimas. – Controlamos o inchaço, mas não sabemos quais as sequelas que podem ter ficado.

Após mais algumas palavras os três foram deixados sozinhos, cada um preso em seus próprios pensamentos.

— Eu preciso ir, tenho prova de final de semestre hoje.

— Tudo bem, querido, boa sorte.

Sr. Granger apenas assentiu, sem levantar a cabeça. Draco saiu da sala, sua cabeça rodando com as palavras do médico.

Sua menina ia acordar. Ela precisava.

—–––––––––

13 de agosto de 2005

Hermione,

Esses três meses foram um verdadeiro inferno.

Você não tem noção da falta que faz, preciso de alguém que me obrigue a estudar, alguém que me acorde todos os dias pela manhã, alguém que coloque alimentos saudáveis na minha geladeira, alguém que brigue comigo quando trato os outros mal, alguém que me teste e me faça ser uma pessoa melhor, mas, esse alguém, só pode ser você.

Fui te visitar no hospital, sua mãe pintou suas unhas de azul, não gostei muito, não parece uma cor que você usaria, mas você fica linda de qualquer forma. Ainda tem algumas marcas no seu braço de onde estavam as agulhas, mas você parece cada dia mais viva. Até seus cabelos estão voltando a ter brilho.

Todos na faculdade perguntaram por você, alguns disseram que iam te visitar e nunca foram, outros estão indo toda a semana, a Wesley fêmea é uma dessas. Ela que emprestou o esmalte azul. Acho que ela seria uma boa amiga para você, mesmo que não goste daquele irmão imbecil dela, a garota parece ser um pouco menos insuportável.

Minhas notas estão péssimas, meu pai está ameaçando me mandar para outro país, quer que eu tenha as melhores notas, ele não entende que não consigo me concentrar sabendo que você pode não acordar mais...

Por incrível que pareça minha mãe está me apoiando, do jeito dela, mas está. Ela não fala nada sobre seu estado, mas me abraça sempre que estamos sozinhos. Pela primeira vez ela está me tratando com carinho e me sinto protegido assim.

Mas meu lugar é nos seus braços, volte pra mim. Por favor.

Acorde,

Com amor, Draco.

 

Draco selou a carta e a guardou na mochila, precisava tanto conversar com sua garota que não podia mais segurar as palavras para si, quando ela acordasse poderia ler suas cartas e assim saberia que em nenhum momento foi esquecida ou deixada de lado.

Juntou o resto de suas coisas e deixou o campus, ninguém o cumprimentou no trajeto até a saída, mas muitos o encaravam com pena.

O hospital lhe passava sempre a mesma sensação. Uma mistura de paz e ansiedade. O silencio do local o fazia pensar que era o lugar mais tranquilo do mundo, mas ao mesmo tempo a tristeza das pessoas que passavam o deixavam atendo a qualquer notícia ruim que poderia chegar.

Ela estava tão serena na cama, os cabelos curtos estavam penteados para trás e já não tinha mais tubos em sua boca, forçando ar para os pulmões.

Seus pais não estavam no quarto, Draco ia sempre no mesmo horário e preferiam deixar que o rapaz tivesse um momento a sós com Hermione.

— Tenho novidades para você. – Ele beijou sua testa, sentindo o perfume fraco que seus cabelos exalavam. – O professor Snape decidiu me dar uma segunda chance e na próxima segunda vou refazer a prova.

O bip do monitor cardíaco permanecia inalterado, mas isso não prendia a atenção do rapaz.

— Domingo vou revisar toda a matéria, sei que você não gostaria que eu jogasse todo seu esforço para me fazer entender aquelas formulas no lixo. – Com um sorriso amarelo ele segurou a mão direita de Hermione, a apertando carinhosamente. – Meu pai ainda está furioso com meu desempenho escolar, diz que um Malfoy não pode se deixar abater dessa maneira, mas ele nunca passou por algo ao menos semelhante para saber como devo ou não me sentir.

Nada. Nada se alterou.

— Vou deixar uma carta para você, espero que acorde logo para poder lê-la. – Draco se levantou, precisava ir logo para casa, sua mãe havia marcado um jantar importante. – Preciso ir agora, mas vou avisar seus pais que estou de saída, não gosto da ideia de você sozinha nesse quarto. Eu te amo.

Antes que sua voz falhasse, Draco saiu do quarto, avisou ao casal que voltaria no dia seguinte e com o coração apertado foi para casa.

Sua mãe o esperava na porta com os braços abertos e sem necessitar qualquer palavra ele se a abraçou, afundando o rosto no pescoço da mãe e se permitiu chorar.

—–––––––––

30 de novembro de 2005

Hermione,

Não sei mais quais argumentos usar com meu pai, mesmo com minhas notas melhorando ele colocou na cabeça que preciso ir para a américa e concluir o curso por lá.

Sinto que estou em um beco se saída. Se pelo menos você estivesse aqui para me aconselhar, ou para enfrentar ele....

Acorde,

Com amor, Draco.

 

15 de dezembro de 2005

Hermione,

Meu coração está quebrado, meu pai está me pressionando cada dia mais e é como se eu fosse uma transação que não está dando certo e não seu filho.

Minha mãe disse que novos ares seria bom para mim, que preciso desse tempo para colocar minha cabeça no lugar.

Penso que se aceitar isso, me mudar, seria como estar desistindo de você e eu nunca faria isso.

Acorde,

Com amor, Draco.

 

— Apenas um sinal Hermione, qualquer coisa que me faça ver que você está me ouvindo. – A voz sussurrada soava desesperada aos ouvidos de qualquer pessoa que a escutasse.

Mas novamente nada aconteceu, nenhuma alteração no monitor.

— Eu prometo voltar para te visitar e vou continuar escrevendo as cartas. – Foi umas das decisões mais difícil que o rapaz já precisou tomar. – Minha mãe está me esperando na recepção, ela vai me levar no aeroporto. Eu te amo Hermione, nunca esqueça isso.

Uniu seus lábios levemente, a garota na cama não esboçava nenhuma reação.

Draco saiu do quarto sem olhar para trás e sem notar a lágrima solitária que escorreu pela bochecha da jovem.

—–––––––––

“Acordo para te dar um beijo, mas você não está lá

O cheiro do seu perfume ainda está preso no ar

É difícil

Ontem pensei que tinha visto sua sombra passando por aí”

 

This Town – Niall Horan


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Notas finais do capítulo

Bom, aí está um projeto que anda rondando minha cabeça.
Eu já tenho a linha do tempo pronta, com todos os fatos que vão acontecer decididos... Mas preciso saber das opiniões de vocês hehe
Vai ser uma fanfic curta, com menos de 10 capítulos... E o ritmo de postagem vai depender do feedback que eu tiver.

Se você gostou, por favor, deixe seu comentário, favorite, faça propaganda...



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