Minha Vida não é Nada sem Você escrita por Letícia Silveira


Capítulo 22
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Por favor, voltem, leitoras amadas *-* Capítulo 21: Ponto de vista de Jacob Black. Chapter 21: Jacob Black's point of view.



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- Ro-Roberta? - Perguntei, ou melhor, gaguejei surpreso.

Dúvida era o que passava pela minha mente. O que a Roberta estava fazendo naquele Hospital? Ainda mais no quarto da Nessie!

Não havia motivo para ela estar lá, afinal, ela devia ter ficado sabendo sobre algum acidente na estrada; porém como ela havia parado lá no Hospital?

Um olhar cúmplice foi trocado entre ela e o Embry, pelo o que pude perceber. Ou talvez eu só estivesse procurando sarna para me coçar, como diz o ditado popular.

- Sim, Jake, sou eu. - Roberta respondeu a minha pergunta que era para ser retórica, mas como ela é loira, não entendeu o sentindo. Por isso, também, que eu adorava a Nessie. Ela entendia-me e era loira, porém o seu tom acobreado era inigualável.

Não tive coragem de fitar a Renesmee naquele momento, apenas sustendando-me com as imagens que cercavam os meus enleios. Não podia, pois, ver a sua cara decepcionada; eu era fraco de mais. E eu sabia disso. Aliás, eu admitia isso.

Quando o amor estava em jogo, eu não podia simplesmente ignorar e eu precisava ser sincero. Eu amava-a e, justamente por isso, não podia magoá-la. Pode parecer um tanto complexo, porém para eu estava claro: caso magoasse a Nessie, eu sentiria a sua dor. A dor mais insuportável do mundo. Dor essa responsável pelo amor, que parece só causar dor. Isso é, quando estamos separados daqueles que amamos. Caso contrário, é o sentimento mais prazeroso do mundo.

- Roberta? O que faz aqui? - Ouvi a voz de Embry ecoar naquela minúscula sala, onde mal cabiam eu e o Embry um lado do outro. Não que quiséssemos aproximações, aliás, não que

Porém as expressões de Embry estavam completamente diferentes. Antes, ele tinha uma expressão de dor estampada no seu rosto. Agora, sua expressão estava abobada. Parecia atônito, porém fitava intensamente a Roberta, que nem o encarara de volta. Ele tremia de leve, como se evitasse uma tragédia melhor e recolhesse-se.

- Como você sabe o meu nome? - Roberta perguntou, arqueando a sobrancelha. A seguir, ela virou o rosto, fitando a Nessie deitada sobre a cama. Seus olhos chegaram a marejar, porém não saíra uma única lágrima. Cínica.

- Como assim? Agora vai dar uma de desconhecida para cima dele? - Perguntei furioso, levantando-me e jogando as mãos para o alto. Uma coisa que eu não suportava era a hipocresia, e a coisa que ela mais fazia era ser hipócrita. Mesmo que ela fosse linda (mas não tanto quanto a minha Nessie), nós nunca daríamos certo juntos. Somos os opostos um do outro e, mesmo eu tendo sido o ficante dele por duas semanas (é, isso infelizmente aconteceu), nunca entenderíamo-nos.

Notei as feições de Edward, assim que não aguentei mais fitar aquela pessoa horrenda e sem sentimentos que estava na minha frente.

O marido de Isabella - eu, mesmo depois de quinze anos, ainda não havia me acustumado com isso - parecia estar há quilômetros de distância. Talvez perdido em pensamentos, realmente confuso com tanta coisa passando-se e com tantos devaneios curiosos com a presença da nossa ilustre convidada. Bufei. Realmente, era um tanto irônica aquela cena.

- Para a sua informação, eu realmente não o conheço. Apenas conheço você! - Roberta revidou, gritando em minha direção.

Eu estava um tanto distraído, com uma cara de paisagem, deixando claro o meu desinteresse.

- Jacob, aja como adulto. E, Roberta, estamos em um Hospital, tenha modos! - Edward proferiu, irritado. Parecia até que ele era o meu pai. Até porque eu pagaria para ver ele tratando-me como um filho! Se bem que quando eu me casar com a Renesmee e... - Jacob. - Trincou os dentes. Limitei-me a dar de ombros. Quem mandou ser enxerido?

Edward balançou a cabeça negativamente em resposta ao meu ato. Não importei-me e, buscando coragem, fitei a cara chocada de Renesmee. Ela não merecia estar passando pela aquela situação, no mínimo, embaraçosa de minha parte.

- Mas da onde você acha que eu te conheço, moreno? - Roberta perguntou, encarando Embry assustada, como se estivesse com medo ou algo do gênero. - Talvez seja de quando eu namorava o Jake. - Ela murmurou vitoriosa, com um sorriso.

Alguém pode me dizer QUAL É O PROBLEMA DAQUELA MENINA?

Ela ainda não compreendera que eu tinha uma namorada, e que esta estava impossibilitada fisicamente em uma cama de Hospital... À sua frente! Ouvi um suspiro, provavelmente de Edward, que, em uma situação como essa, manteria a sua calma inabalável - o que, às vezes, irritava até.

- Eu não posso, Jacob. E, por favor, procure não gritar. - Edward murmurou, respondendo a minha pergunta, porém não querendo que Roberta ouvisse.

- Ja-Jake, vocês namoraram? - Ouvi aquela voz que parecia controlar o meu coração, pois ele logo começou a bater mais rápido, o que eu não achava que fosse possível. Antes daquele momento, daqueles acontecimentos e daquela nova realidade.

- Claro, queridinha. Afinal, eu vim aqui com um propósito, o qu... - Roberta decidiu falar, porém aquilo não estava aliviando a tensão ou, até mesmo, o meu nervosismo. Antes que ela pudesse concluir, Embry decidira interferir.

Ele parecia estar tremendo levemente, talvez nervoso também. Teria ele medo de que a Nessie abalasse-se? Pois não havia outra possível resposta. Pensava eu, pelo menos.

- Roberta, não há necessidade de explicar-se. Eu sei que você veio aqui dedurar-me, pelo o que mandei-a fazer. Porém não é preciso, afinal, eu já contei a eles sobre eu ter forçado-lhe a beijá-lo, lembra? - Embry perguntou, fazendo movimentos estranhos com a cabeça, ao mesmo tempo que reforçava a última frase que dissera.

Ele parecia querer convencê-la de algo, mas de quê? Era óbvio que os dois haviam armado contra mim, o que resultou na infelicidade da Nessie. Eu não era o inocente naquela história, entretanto eles não eram os mocinhos também. A verdade era que eu não tinha a menor idéia do que eles poderiam estar tramando ou terem tramado.

- Como assim? Hmm, nem sei o seu nome direito, guri. Talvez eu já tenha te visto antes, mas... Afinal, quem é você? - Ela perguntou, finalmente a fitar Embry profundamente. Na verdade, ela praticamente analisou-o.

Seus olhares pareceram transformar o ambiente da sala. Vi os olhos da menina fixarem-se nos de Embry, porém ele não fez diferente. Notei um sorriso estampar-se na face de Embry. Ao mesmo tempo, com a minha super audição, não pude deixar de notar a aceleração dos seus batimentos cardíacos. A respiração de Embry tornou-se irregular; e, como se não bastasse, todos os Cullen fitavam a cena à minha frente. Devia ser um tanto embaraçaso para a Roberta - não que eu preocupasse-me demais com isso - saber que todos naquela sala conseguiam saber quando ela ficava envergonhada. Mas, de qualquer jeito, ela não sabia mesmo.

Alguma coisa estranha estava acontecendo. Seria por que ela havia reconhecido-o?

- Ele é o guri que te pagou para beijar o meu namorado. - Renesmee respondeu à pergunta dela, quebrando o clima de olhares entre Embry e a Roberta. Porém ela disse tão brava que faltara apenas dizer a palavra "vadia" no final. Eu conseguia ver a ira por detrás de sua face delicada.

Edward suspirou, aproximando-se de mim. Pegou-me pelo braço, rebocando-me para fora da sala, parecendo querer proclamar algo importante. Entretanto eu dava prioridade à Renesmee, que poderia sair no tapa com aquela moça nojentinha, cuja eu namorei. Era um tanto repugnante pensar que eu havia namorado-a por beleza. Eu nunca fui tão fútil assim, então por que resolvi tornar-me o que eu mais odiava? Era a mesma coisa que... Render-me como condenado para os Volturis. Sem ofensa, Edward, já que você deve estar nos meus pensamentos.

- Eu entendi, Jacob. Agora, eu preciso te contar uma coisa muito importante, que Embry fez e teve. - Edward murmurou no meu ouvido, pois eu relutava a sair daquela sala.

Todavia, dei-me por convencido, logo retirando-me dali. A Renesmee olhou interrogativa para o pai, em seguida para mim. Porém eu apenas dei de ombros, afinal, eu realmente não sabia sobre o que tratava-se.

Rebocado pelo corredor, acabamos - eu e Edward - por entrar em uma sala, no mínimo, suspeita.

- Até parece, menino! Eu tenho mulher! Aliás, aquela que você queria! - Edward exclamou indiganado pelos meus pensamentos.

Ora, eu era inocente. Ninguém o mandara investigar o que eu pensava e, ainda mais, quem disse para ele levar-me a uma sala

- Chega. Eu preciso te contar a verdade. - Edward disse com o maxilar trincado.

- Sobre o quê? - Perguntei, sem compreendê-lo.

- Embry. Ele não 'contratou' a Roberta. Ela não mentiu, ela não o conhecia... Até agora. - Edward afirmara, hesitante.

Balançei a cabeça negativamente. Era muita informação para a própria! Como assim ele NÃO contratou-a? Seria isso possível? Mas, por qual motivo, ela teria surpreendido-me daquele jeito? E por que Embry mentira? Afinal, o que fora aquela reação no quarto?

- Acalme-se, Jacob! - Pediu Edward, provavelmente, sem conseguir entender a linha do meu raciocínio. Ou, talvez, apenas não conseguia responder a todas as minhas perguntas.

- Então explique-me exatamente o que aconteceu... E está acontecendo, pois estou perdido nisso tudo! - Exclamei, totalmente confuso.

Em resposta, Edward pediu para eu sentar-me, enquanto ele andava de um lado para o outro naquele pequeno cômodo.

- Eu li a mente de Roberta. - Declarou. - Ela lembrou do momento em que te viu e te beijara, alegando estar totalmente surpresa sobre a sua nova aparência, de acordo com ela, mais alegre. Ela veio para cá a fim de explicar-se, pois descobrira sobre o acidente, mesmo não tendo descoberto, ainda, que Renesmee era a sua namorada. Pela sua versão, Roberta estava aqui para consolá-lo, porém ela achhou outra desculpa agora. - Edward dissera rapidamente, segurando o riso ao concluir.

Tentei raciocinar, entretanto pensamentos conclusivos não estavam presentes. Resolveram tirar uma folga ou algo do gênero. Só podia!

Não entendia tamanha cara de pau da parte dela, afinal, ela havia sido responsável por aquilo acontecer. Por partes.

Eu também tinha certa porcentagem de culpa, pois eu havia namorado-a antes. Eu deveria ter esperado, deveria. Eu havia namorado a Roberta há um tempo atrás, enquanto Leah apenas consolava-me. Eu nunca havia reparado no quão abalada ela ficava quando eu contava sobre o meu relacionamento com, naquela época, Robbie. Eu não sabia nem, ou melhor, se quer por que eu chamava-a assim. Fora força de expressão.

Todavia, logo em seguida, acabei por namorar Leah, pois percebi que não aguentava vê-la triste. Afinal, ela ajudou-me o tempo inteiro, sem nunca deixar-me a ver navios sem a sua ajuda. Ela não mostrou-me paixão, mas sim compreensão. Pelo menos, que eu senti. Ela sentira mais. Finalmente, a dona das madeixas escuras achara o seu lugar certo. Enfim ela seria feliz ao lado do John.

- Jacob? - Ouvi a voz serena de Edward murmurar curiosa. Ele sabia que, literalmente, eu estava perdido em pensamentos.

- Como? Desculpa, viajei. - Falei figurativamente, realmente sentando-me. Eu sabia que algo estranho estava por vir.

- Então, vou explicar o que aconteceu mais um pouquinho. Embry mentira para você e para todos nós, menos eu. Ele não queria ver Renesmee chorar ou ferir-se, porque sabia o quanto machucaria a si própria, além de você, Jacob. O seu amigo não queria vê-lo sofrer, ainda mais depois dos quinze anos que passara remoendo-se. Ele nunca trairia-lhe. - Edward falou, surpreendendo-me.

Embry sempre quisera o meu melhor e o de Nessie, então. Porém, ele realmente amava e ama ela, a minha namorada. Eu deveria confiar nele e nunca poderia ter feito o que eu fizera há pouco tempo: discutir com ele. Eu havia praticamente brigado, além de discutir, sobre as suas ações, que só queriam proteger-me.

- Então... Quer dizer que... Mas o Embry não... Como? - Perguntei sem conseguir formular uma pergunta completa. Minha cabeça estava uma bagunça, enquanto as minhas mãos tremiam. Reação involuntária a vampiros. Suspirei.

- Não, Jacob, não é por minha causa que você está tremendo. - Edward contestou o meu pensamento. - Isso é por que você é o Alfa e deve saber o que está acontecendo com Embry... Bem, deveria, mas está tão preocupado consigo e a sua 'amada', ou devo dizer, a minha filha? Qual é o problema com as

Nem respondi, pois fora uma pergunta retórica - ou talvez não.

Entretanto, eu estava preocupado demais com o problema de Embry. Se ele estava tremendo a ponto de eu sentir, era possível que fosse algo muito sério.

- Edward, temos que voltarmos. - Falei seriamente, porém Edward limitou-se a rir. Arqueei a sobrancelha, não entendendo-o.

- Não há por que preocupar-se. Embry está bem, aliás, estou vendo que ele já está com pensamentos apaixonados para cima dela. - Provocou ele.

- O EMBRY? Ele está tendo pensamentos sobre a minha Ness?!! - Perguntei irritado, acabando por derrubar uma bandeija que estava sobre a cômoda daquele quarto não ocupado.

- Não, está pensando na Roberta. - Edward murmurou calmamente, recostando-se em uma velha poltrona bege.

Espera, a Roberta? Como assim? Teria Embry tido... Não, era quase impossível que isso tivesse acontecido. Afinal, ele já devia ter visto-a... Achava eu.

Começei a relembrar os momentos que passamos juntos, mas dei-me conta de que eu nunca havia apresentado-a à tribo; eu nunca tivera, pois, tal oportunidade. Tudo bem, quem eu queria enganar? Eu tivera vergonha de fazê-lo. Todos sabiam, obviamente, sobre o meu impriting perante a Nessie. Porém, o que quase ninguém sabia, era que eu estava necessitado de carícias, se é que os meus leitores entendem-me.

Então, realmente, o Embry tinha sofrido im-impriting?

- Sim, Jacob. Embora os seus pensamentos não estejam muito claros, sim, ele sofreu impriting pela Roberta. - Edward respondeu, entre risos.

Em resposta, joguei o travesseiro branco, que estava sobre a cama, em sua direção.

- Malditos reflexos. - Reclamei, assim que ele agarrou o travesseiro e pôs atrás de sua cabeça, exatamente em sua nuca.

Enfim, o que aquilo queria dizer? Embry deixaria, finalmente, a Nessie livre? E ela não sentiria mais ciúmes da Roberta? Se bem que eu adorava vê-la com ciúmes...

-

-

Um tempo passara-se, e eu já encontrava-me no quarto de Renesmee dentro do Hospital. Bella já havia contado à Renesmee o que ocorrera relativo à Roberta e Embry. Porém, pelo visto, ela não havia respondido ao seu amor. Pois, quando eu passei próximo a ela, Roberta chegou a piscar o olho para mim.

No final, não soube direito o que ela, realmente, resolvera fazer no Hospital. Se era para consolar-me, saíra tarde demais. Se era para ajudar-me, não adiantara nada. Se era para pedir desculpas à Ness, não fizera nada para mudar isso. Nem um pedido de desculpas fora feito, o que irritou-me.

- Ness, ela tinha que pedir desculpas a você! - Retruquei novamente, pois ela sempre dizia que não, já havia perdoado-a. Duvidava que, internamente, ela tinha feito-o.

Embry havia ido embora, sem nem fitar-me novamente. Ele parecia extremamente confuso, além de que alegara ter coisas a fazer. Eu tinha apenas um palpite: Roberta. Com certeza, ele iria convidá-la para sair ou algo do gênero. Mas eu sabia que ele apenas necessitava vê-la, pois eu não era diferente com a Nessie. Aliás, nenhum

- Jake, não precisa se preocupar. Eu sei que eu só vim parar aqui por causa daquele maldito caminhão. Estava escrito no destino, não havia como mudar. Não se preocupe a toa. Desde que ela não volte a dar em cima de você, com ou sem Embry, por mim tudo bem. - Renesmee afirmou, cerrando os olhos lentamente, como se estivesse cansada.

- Ness, não durma agora, pois tem uma visitinha para você. - Edward disse, adentrando no quarto com um sorriso no rosto. Estranhei o que ele dissera, porém não pude sentir nenhum odor diferente no ambiente. Então apenas dei de ombros.

Edward saiu de fininho pela porta, aumentando a curiosidade da minha namorada. Se é que contínhamos esse laço ainda. Estávamos tão frios um com o outro - ou melhor, ela comigo - que eu já não sabia mais o que significava um beijo. Eu estava sedento, mas não apenas de carinho, como também de companhia.

- Olá. - Ouvi uma voz conhecida, um pouco aguda, porém de certo modo macia. Eu conhecia muito bem aquela mulher, porém eu não conhecia-a a ponto de descobrir que, um dia, ela viria a um Hospital para visitar uma filha de Isabella Cullen, ainda por cima, a Renesmee.

- Oi, Leah. - Renesmee murmurou um pouco envergonhada.

Sim, era a Leah. Aquela que menos esperaríamos naquele ambiente, ainda por cima aproximou-se da Nessie para abraçá-la.

Notei que o John, integrante da tribo Quileute há pouco tempo, estava na porta, de braços cruzados sobre o peito e um sorriso matreiro estampado em sua face.

- Oi, John. E aí, cara? - Perguntei, levantando-me e fazendo um cumprimento de mão com ele.

Eu não tinha muita afinidade com ele, entretanto não podia dizer que o John era alguém chato ou legal. Eu achava-o, no mínimo, engraçado. Mesmo que, a última vez que o 'vi' - pois estávamos transformados - não fora nada agradável.

- Eu também não sou cumprimentada? - Leah perguntou, com os braços receptivamente abertos.

Encarei-a depois de fitar a Nessie. Esta não estava nem um pouquinho preocupada; pelo menos, não parecia.

- Claro que vai ser. - Murmurei, mesmo um pouco hesitante.

Acabei por abraçá-la, sentindo novamente aquele aroma que acalmava-me nos momentos mais difíceis. Senti novamente aquela pele lisa, que limpava as minhas lágrimas em momentos de dores profundas. Senti novamente aquele aconchegante abraço, que tanto ajudava-me nas horas em que eu desmoronava, demonstrando a minha maior fraqueza nesse mundo. Claro que ela tinha que ser relacionada ao amor. Afinal, este é o sentimento que mexe com as nossas almas, fazendo-nos demonstrar as maiores fragilidades e as nossas reações mais estranhas e dolorosas. Talvez alguma pessoa já tenha sentido-se arrependida de amar, porém nunca deveria ter sentido-se assim. Eu já vivi a experiência de perder alguém que ama-se e nunca passaria por isso novamente. Então recomendo não ter aquilo pelo qual sofrerá posterioramente. Mas, claro, assim que tivé-lo, não deixe-o escapar.

- Há quanto tempo, Jake! Nem te conto! - Leah exclamou, com muita intimidade, o que até apavorava-me. O que estaria ela tramando?

- O que é, Leah? - Perguntei, separando-me dela.

Notei a falta que o seu afeto fez-me nesse meio tempo. Não que eu trocasse-a algum dia pela Nessie, isso jamais! Porém notei que sentia-me como sem um pedaço do novo Jacob, aquele forte que tornou-se graças à Leah, após a 'sumida' de Renesmee.

Eu sabia que amor era aquele que eu sentia pela Leah: de mãe. Podia parecer estúpido ou, no mínimo, estranho; eu, entretanto, estava convicto que sempre amei-a assim.

Eu, praticamente, não soube como era ter uma mãe. Cresci de modo independente, ajudando o meu pai, que achava-se um incômodo para mim, mas agradecia muito pelo meu esforço em ajudá-lo. Eu nunca soube o que era afeto, até eu ficar carente dele. Leah foi a primeira mulher que ajudou-me a reerguer-me sem contatos íntimos - como Roberta fizera. Ela, realmente, amava-me, mas era de um modo diferente. Leah deveria apenas ter visto-me indefeso e, com o grande coração que eu sei que ela tem - mas nunca quis demonstrar -, ajudou-me. Eu apenas tinha que agradecer aquela mulher, pois, graças a ela, eu reencontrei Renesmee. Caso contrário, eu poderia estar tanto no inferno quanto no céu. Se é que eles existem. Cruzes, até arrepiei-me de pensar.

- Quer que eu conte, Lee? - John perguntou repentinamente, tirando-me de tais devaneios.

Um pouco atordoado, fitei os dois que, abraçados, sorriam um para o outro. Eu sabia que sentimento era aquele capaz de fazer Leah sorrir. Não que eu estivesse sendo rude ou contraditório a tudo o que eu já havia dito antes, porém ela nunca demonstrou facilmente os sentimentos. Por esse motivo, ela nunca sorriu de modo desnecessário.

- Pode ser. - Respondeu ela, ainda com o tal sorriso, que tanto corroera a minha curiosidade.

- Estamos namorando! Com anel de namoro e tudo! - John comemorou, faceiro.

- Parabéns, novo casal! - Renesmee parabenizou.

Fitei atordoado. Ainda mais atordoado, devo dizer. Eles estavam namorando tão... Repentinamente. Espera, não era ciúmes o que eu sentia, era?!

- Jacob? Não vai nos parabenizar também? - John perguntou, mesmo sabendo que eu poderia ter uma reação ruim.

Sorri amarelo, apenas falando algumas palavras soltas como "Parabéns" e "Felicidades". Eu não estava muito contente. Não sabia se o verdadeiro motivo era aquele que o meu cérebro fazia-me pensar. Eu sabia que podia ter problemas emocionais envolvidos, porém não improtei-me.

O raciciocínio lógico que eu tivera fora que o John sempre foi um mulherengo. Então por que ele mudaria agora com a Leah?

- Então, Ness, viemos saber como você veio parar aqui? Porque, agora que eu não estou morando mais em casa, eu fiquei curiosa para saber o que está acontecendo fora de casa. Afinal, não moro mais com o tagarela do Seth. - Leah murmurou, sentando-se em um banco próximo à cama da Nessie. Engoli a seco. Elas estavam parecendo muito íntimas para o meu gosto.

- Ai, foi uma história bem trágica. O Embry... - Renesmee começou a contar, mesmo aquela não sendo a verdadeira versão.

Eu desliguei-me daquele ambiente, daqueles acontecimentos, daquele Hospital.

Lembrei-me que ninguém - eu e Edward - resolvera contar à Nessie sobre a verdadeira versão dos fatos. Conversaríamos com o Embry, para depois tomarmos providências.

Aliás, eu estava há um bom tempo sem correr pelo mato, sentindo a liberdade bater em meu pelo. Por isso, resolvi fazer uma ronda, já que Forks estava quieta demais para o meu gosto.

- Ness, Leah e John, eu preciso ir fazer ronda. Já volto. Até, amor. - Falei à Nessie, a qual eu dei um beijo em sua testa, de despedida. Na verdade, eu ia beijá-la com um selinho, porém ela moveu a cabeça, deixando-me beijá-la em sua testa.

Não ouvi cumprimentos de despedida, apenas saindo apressadamente pelos corredores, pois eu estava começando a sentir-me sufocado naquele ambiente. Talvez fosse a confusão dos meus enleios ou dos meus sentimentos.

A Renesmee parecia estar brava comigo, talvez pela presença inesperada e sem sentido de Roberta - cuja presença eu pediria para Embry tirar a limpo depois. A Leah parecia ter esquecido todos os momentos que passamos juntos, o que causava-me muita tristeza. E o John... Bem, o John poderia machucar os sentimentos da Leah a qualquer momento. Ou seria apenas paranóia minha?

Esperava eu que sim, porém isso teria uma única consequência: eu estaria sentindo ciúmes.


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